sábado, 26 de maio de 2012

Da coxia


Vocês verão no texto a seguir que a informação que repasso a vocês é "velha", isto é, já se transcorreu um bom tempo desde que foi escrita. Ainda assim, não deixa de ser interessante lê-la e constatar que há fogo de onde sai a fumaça. Tomei a liberdade de grifar algumas partes.

Depois eu comento.

Até quando?

Será que vamos chegar ao fundo do poço?

Sábado fui ao aniversário de 50 anos do Chico Otávio, repórter do Globo. Lá estavam, entre outros, o Rubens Valente, da Folha, outros “jornalistas investigativos”. Estava também o Wagner Montes, cuja assessora de imprensa na Alerj é amiga do Chico. Soube de informações interessantes:

  1. Coisas mais graves do que as apuradas pela operação Monte Carlo (da PF, criada para investigar Demóstenes e Cachoeira) foram apuradas na operação Las Vegas, que trata de ligações do Cachoeira com a cúpula do Judiciário. Haveria material incriminando (em maior ou menor grau) nove ministros do STJ e quatro do STF. Só que o STF requisitou toda a documentação a respeito, determinando que a PF não ficasse com cópia, e sentou-se em cima da papelada. Isso era sabido não só pelo Chico Otávio (Globo) e pelo Rubens (Folha), mas (pasmem!) pelo Wagner Montes.
  2. Como a área de atuação de Cachoeira é perto de Brasília e ele tem desenvoltura e poder de articulação, ele atua como representante de um pool nacional de contraventores que exploram bingos, caça-níqueis, videopôquer e afins. Não fala só por ele. Daí sua desenvoltura (e seu dinheiro).
  3. Cachoeira é um arquivista compulsivo. Tem gravações telefônicas e em vídeo que comprometem todos os grandes partidos e inclusive gente graúda do governo federal. Tem um vídeo em que dá R$ 1,5 milhão a uma alta figura ligada à campanha da Dilma. O Globo e a Folha tem a informação, mas não sabem quem recebeu o dinheiro. E não têm provas.
  4. O contador de Cachoeira, cuja foto está nos jornais, está em Miami, com cópia de tudo o que ele tem gravado. Se algo acontecer com o patrão, vem tudo à tona.
  5. Cachoeira está chantageando o governo federal. Diz que não vai aceitar a prisão. Diante disso, o PT está pagando os honorários de Márcio Tomaz Bastos (R$ 16 milhões), que o defende e vai de jatinho à penitenciária de segurança máxima de Mossoró, onde Cachoeira está preso.(*) Folha e Globo têm a informação de que é o PT quem paga Márcio, mas não a publicam por falta de provas.

    (*)N.B. Cachoeira foi transferido para o Presídio da Papuda, no Distrito Federal, em 18 de Abril deste ano.


     
  6. Todo mundo está com medo de investigações sobre a Delta. Parece que ela – que contratou Dirceu como “consultor”, o que ele não nega – tem tido uma atuação muito mais agressiva do que as demais empreiteiras e cresceu de forma vertiginosa. Tem “negócios” com PT, PMDB, DEM, PSDB...
  7. Ninguém entendia muito bem porque Lula teria dado força à criação da CPI. Detonar Marconi Perillo parecia pouco para explicar uma CPI que pode abalar a República. Os jornais de hoje já dizem que o PT já pensa em recuar. De qualquer forma, como se vê, a Cosa Nostra chegou aos trópicos.


Meu pitaco:

O Brasil virou mesmo um caso da Máfia.

No seu famoso romance “O Poderoso Chefão”, Mario Puzo retrata como deveria ser “a nova visão do crime” na concepção de Vito Corleone. Para ele, o poder político era a chave e ele tudo faz para consegui-lo.

Don Corleone até mesmo abre mão de excelentes negócios, como o nascente (e promissor) comércio de drogas — rejeita a oferta porque sabe que poderia perder os políticos e juízes que tem no seu bolso — e a trama se inicia daí.

Assim como no livro de Puzo, o que assistimos é a mesma trama novelesca. Jogo, drogas, tráfico de influência, etc, tudo demanda conexões nos três níveis do Poder — Executivo, Legislativo e Judiciário — e Cachoeira está presente em todos eles. Nada mais eloquente que ter para sua defesa o portentoso doutor Márcio, o preferido por dez em dez dos escroques endinheirados de Banânia. Estão entre sua seleta clientela os Lula da Silva, os EbatistaX, além de várias figuras mensalônicas. Pode aposentar-se agora que não consegue queimar seu pé-de-meia.

Será uma cachoeira (e não um rio) que lavará as cavalariças de Brasília? Duvido. A tão cantada república brasileira não nasceu, foi um aborto desde a primeira hora. Uma piada sem graça que contaram para um marechal doente e demente, contada por uma meia-dúzia de “patriotas” insatisfeitos. Seus pés tortos estão podres; balançam sobre o solo instável onde se assentou.

Mas tranquilizem-se, nada acontecerá; nossa república de pés-de-barro está salva. Já se sente ao longe o cheiro do orégano e do molho de tomates, a mozarela tostada faz bolhas; quem talvez não sobreviva ao cardápio sejamos nós.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O mau dos nossos governos é nossa falta de vergonha

Recebi há pouco do Roque Sponholz, aquilo que ele denominou ser um "desabafo" seu, mas que bem poderia ser uma bofetada em nossa cara... Como de hábito, grifos meus.

REDUÇÃO DE IPI; NÃO É POR AÍ !!!


Nenhum país do mundo combate crise econômica vendendo carros, exceto o nosso.

"Estúpida paixão pela máquina de quatro rodas
que substitui duas patas."
Incentivar a compra de veículos para o transporte individual através da redução de impostos e de financiamentos com juros baixos e prazos longos para atender ao lobby de montadoras em detrimento ao transporte coletivo, é medida demagógica, inconseqüente e criminosa com nossas cidades e conseqüentemente com seus cidadãos.

Desde a sua invenção, a propaganda glamourizou o uso do automóvel dando-lhe a falsa conotação com o status social. Daí a estúpida paixão do brasileiro pela máquina de quatro rodas que substitui duas patas.

Hoje o maior problema de nossas cidades é o tráfego. Nossas ruas não mais comportam o excessivo número de veículos que a cada dia nelas são despejados.

Nossas vias interurbanas transformaram-se em campos de batalha onde, a cada ano, morrem mais de quarenta mil brasileiros e outros tantos sofrem danos físicos irreparáveis.

A solução? Uma só: transporte coletivo eficiente, com canaletas exclusivas, com conforto, com rapidez...

Mas priorizá-lo e subsidiá-lo parece não ser a vontade deste governo.

Sua vontade é fazer com que o brasileiro atole-se em dívidas, seja o campeão da inadimplência, deixe de construir um quarto para abrigar um novo filho construindo uma garagem para abrigar um carro novo ou um novo carro.

E ainda falam em "mobilidade urbana". Ora tenham vergonha!!! Pensar momentaneamente e emergencialmente (devido a copa do mundo), em "mobilidade urbana" para meia dúzia de cidades, esquecendo-se das mais de cinco mil e quinhentas outras que também precisam de "mobilidade urbana" é, no mínimo, desrespeito e escárnio.

Enfim, lá vamos nós enfrentar o tráfego nosso de cada dia que o governo nos dá hoje.

Triste país este.

Roque Sponholz - Arquiteto e Urbanista

E pensar que se fala em decretar feriados nos dias de jogos (as férias escolares já estão decretadas — antecipadamente — pela infame "Lei Geral da Copa"), um acinte que só mesmo nossos governos aceitam passivamente. É como disse o Roque, "Triste país este."

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A verdade e a ferida


Li agora há pouco uma coluna do Carlos Chagas sobre a instalação da Comissão da Verdade. Despretensiosa a meu ver, ela mexeu com minhas lembranças do passado e com minha consciência do presente. Seguem abaixo algumas linhas desses meus devaneios.

Dizem que retirar a casca da ferida ajuda sua cicatrização. É verdade. Nós fazemos isso instintivamente e até os símios o fazem, às vezes com auxílio do outros. Entretanto, é preciso ter cuidado. Se a casca ainda estiver aderida, a ferida reabre e supura.

Algo me diz que a democracia da qual usufruímos nasceu do reconhecimento dos erros cometidos de parte a parte, dos excessos de ambos. Chegou-se ao consenso de que o melhor seria passar a borracha e recomeçar do zero. Naquela época, ainda na minha juventude, não gostei. Queria a "minha" revanche. Hoje não penso assim.

Aprendi que "ganhar o jogo" ou "ter a última palavra" pode não ser o mais importante. Afinal, a vida é sempre mais longa que um momento da história. Vejo opiniões aqui e ali "exigindo a verdade", sem se preocupar se uns quinze minutos de fama e glória, valerão o presente conquistado. Isto me preocupa.

Aprendemos com erros e acertos. Temos entre nossos ditados um que diz "em time que está ganhando não se mexe", então por que revirar o lixo da história se o seu cheiro já não incomoda? Sabemos o que se passou. O que se arrisca é o risco de inflamar as feridas ao querer apressar sua cura. Hoje, passado já tanto tempo, eu ainda as deixaria como estão, curando-se lentamente, porque o risco de uma nova inflamação — assim eu penso — pode nos ser insuportável.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Que o céu não lhe caia sobre a cabeça

Hollande já tomou posse — é o novo presidente da França. Em outras palavras, chegou a hora de sair do discurso, do palanque (como se diz aqui) e assumir o leme do barco. É a hora da verdade, de sair da retórica e passar à ação, de concretizar as promessas de campanha, o que quase sempre não é fácil. O primeiro dia de Hollande foi choco como um schoppe (chope) aguado. Pode ter sido pela chuva, que manteve o seu eleitorado em casa e longe da festa, mas pode ter sido também pelo choque da verdade — a sorte estava lançada.

Diferentemente do que ocorreu aqui, com FHC, Lula ou Dilma (para citar os mais recentes), o povo francês sabe bem que Père Noël não existe. Não apenas o francês, mas o europeu, o que também inclui os gregos, ou deveria. E foi a situação da Grécia que anuviou a festa de Hollande. Afinal, já nem se discute mais se a Grécia vai ou não para o vinagre (outra expressão bem nossa), se fica ou não no Euro, isto é, se fica ou não na União Europeia; a questão agora é quando ela vai.

Já falei sobre este assunto antes e minha opinião não mudou. Atônito, vejo na imprensa daqui artigos românticos sobre o mau momento — faltou apenas passar a "sacolinha" para ajudar a Grécia saldar seus papagaios — com raríssimas exceções de lucidez, como Celso Ming (Estadão, de onde retirei estas tabelas) e Carlos Alberto Sardenberg (CBN). E não foi só aqui não: Paul Krugman (NYTimes) também desfiou seu rosário de lágrimas, algo inapropriado para um nobel de economia, mas que cai bem para a campanha de Obama — só não explica como ficará a Europa depois da aplicação do seu receituário. Eu arrisco um palpite: nada bem, mas já errei antes.

Aqui no Brasil não foi diferente. Por anos e anos tentamos de tudo. Tomamos garrafadas, passes e descarregos. Nada funcionou. Somente quando resolvemos tomar vergonha — quando a ficha finalmente caiu depois da tungada do Plano Collor — é que a coisa funcionou. O Real nasceu e venceu, mesmo assim com mais perdas e mais sacrifício. Tudo isso foi muito bem contado e documentado no livro "Saga Brasileira", da jornalista Miriam Leitão, cuja leitura recomendo. Entretanto, é interessante notar que a jornalista não se pôs vis-à-vis com seus colegas citados acima, como é de hábito, e foi até mesmo contrária a algumas posições ditas em seu livro e nas suas colunas diárias, escritas e faladas. Opinião é assim mesmo.

Hollande quer crescer, ao que eu responderia: "e quem não quer?", tivesse oportunidade. O que eu já afirmei foi que ele ainda não disse como se dará o milagre. Citemos o Brasil como exemplo: péssima infraestrutura, deficit habitacional, deficit educacional, corrupção endêmica, carga tributária elevada, etc. Uma rápida olhada e logo se vê que há muito o que fazer. Não obstante, Lula não conseguiu criar os tais 10 milhões de empregos em 4 anos, mesmo havendo tanta coisa a se fazer. Nos outros 4, quando prometeu criar mais dez além daqueles que ficou devendo do primeiro mandato, também falhou. Acabou seus oito anos de governo com 6 milhões de postos criados ao invés dos 20 prometidos, ou 30% da promessa. E notem, não fizemos quase nada do que precisava ser feito — ainda há muito por fazer...

E na Europa? Salvo alguns países menos aquinhoados, tudo já foi feito! Por onde quer que se olhe, os países europeus se mostram prontos e acabados. Então, onde é que Hollande vai criar os tais postos de trabalho que precisa, o tal crescimento que julga indispensável? Não há tanto assim o que fazer por lá — tudo se mostra pronto e acabado (e muito bem feito) — então, eles só podem crescer "para fora" — exportando — exatamente o que a Alemanha que ele critica está fazendo. Se a Alemanha, com austeridade e muita exportação, foi o único país do bloco que conseguiu crescer (+0,5%, o que salvou a cara do bloco europeu do fiasco), não vejo como vão mudar a receita. Aliás, ao contrário do que foi noticiado pela mídia daqui e de boa parte do mundo, a recente derrota política de Merkel não foi pela política de austeridade, mas por estar ajudando — continua e estoicamente — países que se recusam a ser austeros, exempli gratia a Grécia. Em outras palavras, quem economizou não quer suas economias ajudando a quem desperdiçou. Pode parecer cruel, mas é sempre assim: uns trabalham e outros esperam que lhes passem a mão na cabeça.

Hollande tomou posse e logo seguiu de avião para a Alemanha onde Merkel o aguardava "de braços abertos". Logo após a decolagem, um raio atingiu o avião e o obrigou a retornar à terra por razões de segurança. Seria um (mau) presságio? Na dúvida, o novo Vercingetórix  — como bom gaulês — trocou de avião e foi para os braços da teutã que o esperava, porque gauleses só temem mesmo "que os céus lhes caiam sobre as cabeças." Os céus ou talvez uns gregos. Ui!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Amigos, amigos... Negócios bem à parte

Eu tenho evitado escrever sobre certos assuntos, parte porque não conheço suas razões e causas de perto, parte porque os considero irrelevantes. Mesmo assim, hoje resolvi falar mal do quintal dos outros. Estou me referindo às recentes expropriações ocorridas na Argentina (YPF) e na Bolívia (TDE), por infeliz coincidência, ambas empresas espanholas. Eu estou certo que o ministro Rajoy não deve estar nem um pouco satisfeito com o ocorrido, o que não se dirá da diretoria da Repsol e da Red Eléctrica de España, respectivamente controladoras da Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF) e da Transportadora de Electricidad S.A. (TDE).

Existem alguns articulistas que acreditam que tais movimentos possam ser favoráveis ao Brasil. Pode parecer lógico que este seja o caminho adotado, mas nosso governo insiste em negociar em bloco, isto é, no âmbito do Mercosul. Assim, a afirmação do professor de economia da FGV, Ernesto Lozardo, soa vazia: "De maneira geral, o Brasil tem um marco regulatório consolidado e assegura maior respeito aos contratos, dando guarida aos investimentos". Será?!

A Espanha — que já tem problemas de sobra em casa — parece ter sido escolhida como o Judas a ser malhado nessas plagas sul-americanas. Foi noticiado pela BBC-Brasil: "Segundo o relatório Panorama de Investimento Espanhol na América Latina 2012, divulgado pelo Instituto de Empresa de Madri em fevereiro passado, 30 das companhias de maior faturamento da Espanha enxergam com pessimismo a evolução de seus negócios em países como Argentina, Bolívia e Venezuela. Das empresas com filiais nesses três países, somente 15% planejam aumentar sua presença na Argentina em 2012, contra 4% na Bolívia e na Venezuela. No Brasil, entretanto, o índice é de 62%." Apesar dos números favoráveis, prefiro ler o quadro com cautela.

Eu vejo uma enorme pedra em nosso caminho: o Mercosul. Estou entre aqueles que acreditam que o Brasil jamais deveria fazer parte desse "bloco econômico", onde, a meu ver, as desvantagens superam em muito qualquer vantagem fictícia com que possam acenar. Algumas informações sobre os parceiros daquele "clube":

Fonte: FMI


Como podem ver, só existe um player neste clube e é o Brasil. É o dono do campo, da bola e do campeonato; só não se comporta como tal [ainda]. Com o devido respeito às nações amigas, o que se vê acima não é uma agremiação de iguais, então porque insistir nisso. Tudo bem, mantenha-se o Mercosul, mas não deixe que ele se torne um empecilho para a celebração de acordos bilaterais com os EUA, a União Europeia, o Japão, a Rússia, a Índia e quem mais venha. É um absurdo dar relevância a quem não tem relevância alguma. São nossos "parceiros" do Mercosul que dependem de nós, não o contrário, então é inadmissível que um El ministro de la Viuda determine o que entra e o que sai da Argentina, quando o acordo é de fronteiras livres, de livre comércio e de isenções fiscais. O Itamaraty deveria denunciar o fato imediatamente, mas é soft demais.

Ao contrário de Chile e Colômbia, dois outros vizinhos que firmaram acordos bilaterais com EUA, UE e Japão e, dessa forma gozam de tarifas diferenciadas para exportação, nós continuamos a defender que esses mercados precisam negociar conosco no âmbito do Mercosul. Em outras palavras, o que se faz é dar a 17% do PIB da associação, o controle sobre o todo. Melhor ainda: é como se 17% fossem iguais ou maiores que os outros 83% — coisa de gênio. Mas tem mais: La Viuda, que manda em 14,69% do clube, resolveu dar caneladas em empresas da Espanha, país membro da União Europeia com a qual tentamos há anos fechar um acordo "no âmbito do Mercosul". Com "amigos" assim, quem precisa de inimigos?

A hora é de deixar o proselitismo barato de lado e cuidar daquilo que é nosso. Se o Japão, ou a UE, ou mesmo os EUA acham mais fácil negociar com o Brasil em separado — paciência — amigos, amigos..., nossos negócios à parte e em primeiro lugar. Há milhões de brasileiros precisando de emprego e oportunidade e a responsabilidade desse governo Dilma (e de qualquer outro) é para com eles.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Sarkozy na cabeça

Antes do primeiro turno das eleições francesas, eu cravei: "Sarkozy ganha no final." Droga, falei isso não porque goste do cara, muito menos pelas alternativas que se apresentaram para seu lugar — igualmente ruins. A razão é que a França está naquela péssima situação de fazer a melhor escolha entre as piores; uma escolha de Sofia. Já vi esse filme aqui.

Estive na França, pela última vez, em 2001. A moeda ainda era o Franco, se bem que duraria apenas mais um mês ou coisa assim. A França melhorou muito depois do Euro — economicamente, quero dizer — tanto que foi tomada por hordas e mais hordas de imigrantes, todas em busca do paradis français. Agora que temos haitianos tomando nossas fronteiras de assalto, é bom que se saiba o que ocorre de fato lá (e aqui) antes de adjetivar esse ou aquele de "xenófobo".

Há uma grande diferença daquilo que convencionamos chamar de imigrante para o estrangeiro que busca resolver sua miséria às custas dos povos que já se sacrificaram o bastante para viver razoavelmente bem. A maioria dos que "fazem a América ou a Europa" são apenas chupins em busca de um ninho conveniente. Pouquíssimos são aqueles dispostos a pagar ônus para auferir o bônus de uma sociedade moderna e aberta. Quantos desses estão dispostos a contribuir para aquela sociedade antes de cobrar suas benesses? Pois eu me arrisco a dizer que dentre as centenas de milhares pode-se contá-los com os dedos de uma só mão.

Uma vez instalados na "nova pátria", amontoam-se em guetos; não por serem jogados lá pelos nativos, mas porque lhes faltam o mínimo para se integrarem na sociedade, tais como os rudimentos da língua e dos costumes. É um processo de autoexclusão. Assim, na França, principalmente nos banlieues parisienses e nos das grandes cidades, acumulam-se aos milhares, especialmente os "imigrantes" oriundos de ex-colônias francesas africanas cuja extensa lista pode ser vista aqui.

Na Alemanha ocorreu algo similar com os turcos. Contratados como mão de obra temporária e barata, especialmente necessária para a construção civil, eles acabaram por se estabelecer por lá definitivamente, alguns de forma legal, outros não. O que eu pude notar quando lá estive é que não há de parte dos alemães um movimento xenófobo, mas um incômodo por estes "imigrantes" não se esforçarem por fazer parte da comunidade alemã. Na verdade, existe até um "separatismo" por parte dos turcos. Há entre eles até mesmo aqueles que não se julgam no dever de obedecer à lei alemã — querem leis específicas para eles baseadas na Charia muçulmana. Entre quatro paredes, tudo bem, mas em sociedade, este é um comportamento intolerável.

Bem ao contrário do que divulga a mídia — nacional e internacional — não é culpa da ortodoxia nem do conservadorismo que a Europa se encontra à porta do caos. Ela está assim pela distribuição farta e irresponsável de benesses (a fundo perdido) feitas por governos socialistas ou comunistas, progressistas como preferem ser chamados. Na França, os "anos Mitterrand" foram pródigos em obras faraônicas como a da Pirâmide do Louvre e a do Grande Arche de La Defense, sem se esquecer da Bibliothèque Nationale, cujo entorno é pavimentado por pranchões de mogno brasileiro com mais de 10cm de espessura! Fico só com essas, mas tem muito mais. Gastou-se de roldão economias de décadas, somadas à concessão de aposentadorias precoces e o melhor do bem-estar francês. Uma hora a conta chegaria e chegou, para a França, Espanha, Grécia e toda a Europa progressista.

Na Alemanha não foi diferente. A queda do Muro e a reunificação do país durante o governo Kohl custou fortunas. Um bom exemplo daquilo que foi encontrado do lado de lá do muro — e que o foi feito para consertar —, pode ser visto na magnífica sequência de fotos da revista Der Spiegel, um exemplo eloquente do fracasso da proposta socialista. Eu os convido a ver fotos de dois "paraísos", o socialista e o capitalista, aqui com tradução automática do Google. São várias fotos — estilo antes e depois —, ou seja, era assim no tempo do socialismo e ficou assim depois que o capitalismo assumiu. É bom que se tenha isso em mente quando escutarem as lorotas dos esquerdistas de sempre. Nada como fatos para se contrapor aos argumentos, especialmente aos falsos.

Mas voltemos ao Sarkozy, cujo destino será selado neste próximo Domingo — o dele e o da França. Ele ganhará ou perderá pela ação ou omissão do Front National, partido de Marine (Jean-Marie) Le Pen, ou melhor, dos seus eleitores. Marine já sinalizou que não dará sua bênção a nenhum dos dois. Qualquer que seja o resultado ela sairá ganhando no final, embora eu acredite que ela pudesse se beneficiar ao participar de um segundo governo Sarkozy — há mais similaridades entre eles do que com os socialistas de Hollande. Por outro lado, ela pode estar apostando no "quanto pior, melhor" que seria um governo socialista. Pode ser, mas eu não vejo vantagem em assumir terra arrasada, quem quer que seja o culpado. Voltem às fotos da Der Spiegel e perguntem-se se valeu à pena reunificar as Alemanhas. Eu lhes afirmo que a maioria dos alemães ocidentais — hoje — optariam por deixar aquele muro bem de pé.