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sábado, 14 de julho de 2012

A Educação pós PT — Ai! meus sais...

Depois do Haddad e do Mercadante, é isso que temos aqui:

Enquete no jornal O Tempo:

Qual seria sua primeira medida como presidente da República?

Resposta: Investiria maçissamente em edudação. 12/07/2012 - 13h44

Uau! Três erros em uma frase de quatro palavras...

Ah! Em tempo: o nosso Camões acima deve ter estudado naquela famosa cartilha do Haddad já que é de uma cidade administrada pelo PT há longa data.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

As cinco fases do luto de Dilma

Caiu a ficha! Dilma — só agora — percebeu que embarcou numa canoa furada. Pior, descobriu que nessa canoa ela é a própria rolha! Oito anos de "Era Lula" esburacaram o casco da Nau Brasil. Ó dó...

Na matéria publicada pelo Estadão fica claro a primeira fase do luto: a negação. Pela regra virão a seguir a raiva, a barganha, a depressão e, por fim, a aceitação (*), se bem que raiva, barganha e depressão já fazem parte do cotidiano da presidenta. Vamos à matéria, grifos meus.

Uma nação não é medida pelo PIB, afirma Dilma

Para a presidente, Brasil será um país desenvolvido quando todas as crianças e seus jovens tiverem acesso à educação de qualidade

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff afirmou na manhã dessa quinta-feira que a grandeza de uma nação não é medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), mas pelo que faz pelas suas crianças e adolescentes. "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas crianças e adolescentes, não é o PIB, é a capacidade de o País, do governo e da sociedade de proteger o seu presente e o seu futuro", discursou Dilma, diante de uma plateia formada, na maioria, por adolescentes, durante a 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente.

"O Brasil durante muito tempo conviveu com uma situação lamentável e terrível, ser um país com tantas riquezas, formado por um povo tão solidário, mas que uma parte imensa da sua população estava afastada dos direitos e, sobretudo, dos benefícios dessas riquezas e de tudo que esse país pode produzir", afirmou.

Dilma destacou programas do governo federal, como o Brasil Carinhoso e o Bolsa Família, prometendo aumentar - até o final de 2014 - de 33 mil para 60 mil escolas o número de escolas de ensino fundamental e médio que tenham dois turnos.

"Vamos disputar o que é a economia moderna, que é a economia do conhecimento, aquela que agrega valor, a internet, as tecnologias de informação. Esse país vai ser um país desenvolvido quando todas as crianças e seus jovens tiverem acesso à educação de qualidade", afirmou.

"Lugar de criança e adolescente é na creche e na escola, num ambiente seguro, é nas escolas técnicas, é nos campos esportivos, é em todas as manifestações artísticas, é sobretudo em um ambiente seguro, livre da miséria, da violência e dos abusos."

No encerramento do discurso, a presidente manifestou apoio à candidatura do brasileiro Wanderlino Nogueira Neto ao Comitê de Direitos da Criança da ONU. Dilma deixou o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, local do evento, sem falar com a imprensa, evitando comentar a redução da taxa Selic, definida ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
A presidenta deveria começar por devolver o diploma porque tal afirmação renega não apenas princípios da Economia como até mesmo a lógica mais tacanha. Com o que a presidenta pensa "proteger presente e futuro de nossas crianças e adolescentes"? Certamente não será com esse discurso vazio. Aliás, presidenta, falta-lhe o traquejo do seu antecessor para ficar distribuindo bravatas. A senhora simplesmente não convence.

O festival de trapalhadas, iniciadas por seu antecessor transmutaram nosso antes grandioso país num grande circo. Nem mesmo ao Paraguai impomos mais respeito, já que a senhora passou a ser joguete de Chávez e daquela perua argentina. Como mandatária a senhora só é boa em esgrimir impropérios e exibir nenhuma capacidade. Lembre-se, o Brasil é bem maior que a sua antiga lojinha de quinquilharias chinesas de Porto Alegre, aquela que a senhora já faliu.

E como o PIB teima em não subir — mesmo com esforços do seu ridículo ministro Mantega, apelidado "levantador-de-PIB" — nega-lhe a importância que tem (negação), berra com seus ministros (raiva), propõe e aceita os acordos mais espúrios que se possa engendrar (barganha). Não sei o que se passa entre as quatro paredes onde a senhora se esconde, mas é lícito imaginar que o peso da sua própria incompetência a faça vergar (depressão). Só não espero de você aceitação, porque lhe falta o mínimo de inteligência para isso.



(*) Elisabeth Kübler-Ross, M.D., On Death and Dying, 1969.

domingo, 8 de julho de 2012

Ainda o Paraguai...

Já está começando a parecer com novela — não sei se mexicana ou brasileira, mas uma de indiscutível mau gosto —, os desdobramentos do impeachment do presidente Lugo, "o sibarita". Na salada russa que se seguiu ao ato constitucional legítimo, a despeito das opiniões contrárias de pessoas de pequena ou nenhuma importância, pessoas que não sabem o que significado do termo democrático e muito menos o que seja Democracia, o episódio segue a produzir fatos. Repasso artigo de Celso Ming com grifos meus. Comento depois.

Não tem mais onde furar

Celso Ming

O presidente do Uruguai, José Mujica, já vinha denunciando que o Mercosul virou um chiclete. Depois das decisões tomadas na última reunião de cúpula, já não se sabe o que passou a ser.

Reunidos em Mendoza, Argentina, no dia 28, os chefes de Estado de Argentina, Brasil e Uruguai primeiramente suspenderam o quarto sócio, o Paraguai, sob o argumento de que a destituição do então presidente paraguaio, Fernando Lugo, tinha sido “esquisita”. Embora não fossem capazes de caracterizá-la como golpe de estado, como queriam, entenderam que ao presidente Lugo não fora concedida oportunidade de defesarecurso exigido em processos jurídicos, mas não propriamente em movimentos políticos.

Em seguida, a troica assim constituída pela suspensão unilateral do Paraguai – a quem também não foi concedida oportunidade de defesa – optou pela incorporação da Venezuela ao bloco, embora não tenha cumprido previamente nenhuma das exigências previstas pelos tratados. Entendeu ela que a suspensão removeu também o veto do Senado do Paraguai à admissão da Venezuela.

Diante do ocorrido, parece claro que os golpistas – se golpe houve – não foram nem o Congresso nem a Corte Suprema do Paraguai, que convalidaram o impeachment, mas, sim, os dirigentes do Mercosul, que passaram a rasteira no Paraguai, com características de absurdo jurídico.

Dias depois, o próprio chanceler do Uruguai, Luis Almagro, que já havia sido contrariado no episódio pelo próprio presidente José Mujica, veio a público para afirmar que a manobra colocada em prática por 75% da cúpula do Mercosul não tinha validade jurídica.

Dados os desrespeitos aos acordos, o Mercosul já era o que o sambista Adoniran Barbosa chamou de “tauba de tiro ao álvaro”, porque “não tem mais onde furar”. O Mercosul não consegue ser nem sequer uma área rudimentar de livre comércio. O intercâmbio de mercadorias está bloqueado por travas de todas as categorias. Nessas condições, deixou de ser instrumento de integração econômica e social para ser um pastiche político que toma o formato dos interesses da hora.

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, bem que tentou empurrar o fechamento de um acordo do bloco com a China. O governo da Argentina não parece interessado em transformar o Mercosul numa plataforma de compras de produtos industrializados chineses. Mas, contra o interesse dos outros sócios, acha que poderia ter acesso ao baú de dólares da China, caso intermediasse manobras comerciais desse tipo.

A presidente Dilma acaba de assumir a presidência rotativa do Mercosul. Dada sua densidade na participação no bloco, o governo brasileiro bem que poderia liderar um movimento de recondução do Mercosul a seus objetivos originais. O primeiro passo seria aceitar seu rebaixamento da condição que jamais conseguiu ser, para o de uma incipiente área de livre comércio, dotada de um cronograma crível de desenvolvimento, para avançar em vez de continuar se desmantelando.

O problema é que o governo Dilma também não leva o Mercosul a sério. Não o considera mais do que instrumento para o exercício de práticas de boa vizinhança.

Começando pelo final, também não levo o Mercosul à sério. Já demonstrei isso claramente aqui e ainda não encontrei motivos para mudar minha opinião. Não há como manter uma relação de iguais entre desiguais e não há parceiros mais desiguais que aqueles do Mercosul.

O Brasil deveria estar negociando com os Estados Unidos da América, ou melhor, com o NAFTA, uma adesão ao grupo ou a sua ampliação para agregar países e mercados com um mínimo de similaridades sejam em termos de PIB ou de mercado.

Por razões puramente ideológicas, das mais infelizes do governo Lula, deixamos de assinar a proposta da ALCA — Área de Livre Comércio das Américas —, simplesmente porque ela partiu dos EUA. Ao invés disso, resolveu-se embarcar no discurso maluquete de Chávez. Como ele não conseguiu vender sua ALBA — Aliança Bolivariana das Américas, seja lá o que ele entenda por bolivarismo —, como alternativa para a ALCA proposta, passou a advogar sua entrada ad nutum no Mercosul. O termo latino se aplica assim: a Venezuela não cumpre nenhum dos pressupostos políticos para participar do grupelho então sua entrada só poderia ser por força de um ato discricionário. E assim se fez...

Os detratores do impeachment paraguaio, jornalistas e articulistas em sua maioria, agora defendem a quartelada venezuelana (mais uma) como fato puramente pragmático, porque a Venezuela tem a oferecer petróleo e um mercado muito maior que o paraguaio. Pode ser. Entretanto, é bom salientar que tínhamos um superavit comercial com o Paraguai de mais de US$  2 bilhões. Pode não ser muito, mas era um superavit. A Venezuela, por sua vez, continuará a fornecer petróleo aos EUA, seu cliente preferencial de sempre apesar dos muxoxos bolivarianos do seu ditador, digo, presidente.

O petróleo venezuelano — é bom que se diga — não nos será muito útil ao menos no curto prazo. Trata-se de petróleo pesado que nossas refinarias não têm capacidade de processar. Assim, o mais provável é que compremos derivados ao invés de óleo bruto. Ponto para o Chávez. O Paraguai, por sua vez, deverá procurar alternativas como as citadas aqui, aqui e aqui, enquanto tudo indica que ficaremos pendurados no pincel e sem saber para onde foi a escada, porque o PT insiste em governar para o partido e não para o País.

sábado, 7 de julho de 2012

O títere

Não sei o que viram nele, mas nunca me inspirou confiança. O olhar permanentemente enevoado e os modos rasteiros inspiram cuidados. Kassab é assim: extremamente discreto — dificilmente olha o interlocutor nos olhos — vende seu peixe a quem pagar mais. Oriundo de um partido quase morto — o DEM, ex-PFL — controla hoje o PSD, um dos maiores partidos do Brasil, especialmente agora que o TSE "reconheceu" que o tempo no horário político gratuito e participação no Fundo Partidário "pertence" ao político eleito e não aos partidos, contrariando uma decisão anterior do próprio TSE. Digamos que o TSE é episódico, senão conveniente ou conivente. O TSE, bem... o TSE é uma vergonha mas isso é assunto para outro dia.

Cevado pelas benesses dos apoios celebrados, Kassab não se importa em pisar num ou noutro calo. Repasso abaixo uma matéria do Estadão, onde Roberto Brant, uma das pessoas mais sérias da política mineira, resolveu abandonar o barco de Kassab ao primeiro sinal de mau cheiro, até porque onde há mau cheiro há sujeira. Grifos meus.

Brant deixa PSD após intervenção de Kassab em BH

CHRISTIANE SAMARCO - Agência Estado

A intervenção do prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, em favor do PT na eleição de Belo Horizonte, produziu a primeira baixa no partido recém-legalizado. Inconformado com "o ato truculento" tramado no gabinete da presidente Dilma Rousseff para desmontar a aliança com o PSB do prefeito Márcio Lacerda, o vice-presidente nacional do PSD, Roberto Brant, abandonou o posto na direção partidária nesta sexta e anunciou sua desfiliação da legenda.

"Como é que o prefeito de São Paulo desembarca em Belo Horizonte para interferir na política mineira?", questionou o ex-deputado e ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso que ajudou Kassab a montar o PSD em Minas Gerais. "Dizem que ele o fez para pagar , mas fiquei magoado e ferido como mineiro e dirigente do PSD porque não fui ouvido e BH não é moeda de troca para isto", protestou.

Brant entende que a tese da nacionalização da eleição em Belo Horizonte, não justifica "de jeito nenhum" a intervenção, até porque Kassab está praticando a política do "faça o que eu mando e não faça o que eu faço". Afinal, destaca, em SP Kassab apoiou Serra, "que faz o discurso mais oposicionista do Brasil". Ele diz que, entre a presidente Dilma e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), não saberia em quem votar se a sucessão presidencial fosse hoje. "Não tenho restrição à Dilma", completa.

Brant afirma que o PSD foi constituído em reação ao autoritarismo dos partidos brasileiros, que em grande parte funcionam com comissões provisórias que são implodidas pela direção nacional sempre que há conflitos. No caso do jovem PSD, prossegue Brant, bastou um ano de existência e o primeiro embate, "e o partido implodiu".

O dirigente do PSD lembra que o PFL e o DEM mantinham a tradição de reuniões semanais da executiva nacional, com ou sem pauta de discussão. E reclama de que o novo partido jamais reuniu seus dirigentes. "Nascemos da crítica da falta de democracia no sistema partidário, mas o PSD se transformou rapidamente no mais antidemocrático, autoritário e personalista dos partidos relevantes no quadro nacional".

Ele reconhece em Kassab um político habilidoso que acumula vitórias, mas pondera: "Por mais talentoso e competente que o prefeito seja, ele é muito menos do que o necessário para se formar um partido que sirva à democracia brasileira. Kassab feriu profundamente as tradições e o sentimento de Minas e está contrariando os compromissos que ele mesmo firmou, com o exercício do poder pessoal levado ao extremo".

Questionado sobre a decisão radical de sair da vice-presidência nacional do PSD e se desfiliar sem sequer comunicar ao prefeito, Brant diz que poderia sair em silêncio, mas decidiu protestar e não tinha outra forma de fazê-lo. Ele entende que uma pessoa sozinha não pode governar um partido de 56 deputados e dois governadores, mas diz que não há como mudar esta realidade.

É inequívoca a manobra do PT para enfraquecer o pré-candidato Aécio. Todos sabem que a campanha presidencial de 2014 já se iniciou e que o primeiro movimento são essas eleições municipais.

Aécio está fazendo um grande esforço para ser o "nome das oposições". Ele até tem esforçado primeiro em remover obstáculos — Serra o maior deles — e parece ter conseguido. A fraqueza de quadros no PSDB paulista praticamente obrigou Serra a caminhar para o "cadafalso" da candidatura municipal inviabilizando uma quase certa pré-candidatura presidencial para 2014. Com o PSDB acuado em São Paulo e Minas, não se pode abrir mão de uma prefeitura como a da cidade de São Paulo, o que foi bastante conveniente para as pretensões do senador Aécio.

Isto não passou despercebido a Serra e a seus apoiadores — Kassab o maior deles — que podem ter resolvido jogar outras pedras no aparentemente "caminho das flores" de Aécio. Para ele, manter o governo de Minas e o da cidade de Belo Horizonte é fundamental. Além disso, aumentar sua penetração no Nordeste, notório reduto petista, daí a necessidade do apoio de Campos, Cid e Ciro Gomes. Assim, a manobra pode ter sido mais que um simples resgate de "débitos políticos atrasados com o PT", como apontou Brant, mas também uma provocação a Aécio.

Minar o processo político para a prefeitura de Belo Horizonte pode ter sido uma manobra pouco inteligente do "hábil" Kassab, que posa de cisne mas já se mostra mesmo como corvo e títere do PT.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Outro contra-vapor

Continua a render juros negativos o episódio Paraguai vs. "Tríplice Aliança", na verdade um ménage à trois político. É como dizia minha avó: "não adianta espremer que sai entre os dedos..."

Paraguai pode, enfim, aprovar base dos EUA


Questão controversa há anos no Paraguai, a instalação de uma base militar no país poderá agitar as eleições marcadas para abril. Suspenso da Unasul e do Mercosul, além de abrir caminho para alianças econômicas com Europa, China e EUA, o Paraguai cederia espaço estratégico na fronteira da Tríplice Aliança, “reduto terrorista”, segundo os americanos. O Mercosul vetava qualquer discussão sobre o tema.

Olho no Aquífero

Com a pretendida base no Paraguai, os EUA pretendem monitorar a maior reserva de água subterrânea do mundo, o Aquífero Guarani.

Sonho antigo

O Paraguai tem acordo de treinamento militar com os EUA, mas o ex-presidente Fernando Lugo resistia à instalação da base militar.

Inimigos, pero...

O bravateiro Hugo Chávez adora falar mal dos Estados Unidos, mas Obama continua sendo o maior comprador de petróleo da Venezuela.

Por pouco

Lula daria “pitacos” na reunião do Mercosul em Mendonza, Argentina. Não foi, para “preservar a voz” e porque Hugo Chávez também não foi. Poupamos a grana de cinco seguranças que o acompanhariam.

Na lista

O presidente do Uruguai, José Mujica, é candidato ao troféu “Biruta de Aeroporto” de 2012: disse antes que era a favor da entrada da Venezuela no Mercosul, agora revela ter sido pressionado pelo Brasil.

Pois é... já se foi o tempo que o Itamaraty era o forte do Brasil. Agora eles só dão bola fora...

terça-feira, 3 de julho de 2012

Pela culatra

Pode sair pela culatra o tiro dado na democracia paraguaia, patrocinado pela presidenta argentina — la viuda de Kirchner — e bobamente encampado por Dilma, Lula e pelo Itamaraty. Nunca antes na história dessepaiz a incompetência galgou cargos tão altos em Brasília.

Abaixo, algumas notas na mídia:

Livre comércio com EUA é opção para o Paraguai

O governo brasileiro agora está preocupado com as conseqüências de sua barbeiragem, ao colaborar na suspensão do vizinho estratégico Paraguai do Mercosul. É que o troco paraguaio pode ser devastador para o futuro do próprio Mercosul: correr para o abraço, assinando com os Estados Unidos um acordo de livre comércio. Assinar esse acordo é um velho sonho paraguaio que conta com a simpatia norte-americana.

Vaso quebrado

O Brasil vai tentar juntar os cacos e impedir o acordo de livre comércio com os EUA, que inviabilizaria o retorno do Paraguai ao Mercosul.

Dividir para reinar

O interesse dos EUA não é conquistar o mercado paraguaio para os seus produtos, mas concretizar o antigo projeto de dividir o Mercosul.

Só falta enterrar

Medidas protecionistas dos países-membros inviabilizaram o Mercosul como “mercado comum”. Foi reduzido a projeto de união aduaneira.

Bem feito

A entrada no Mercosul “Será prejudicial à Venezuela”, segundo a maioria dos votos na enquete do El Universal, o maior jornal do país.

Toda essa trapalhada, espera-se, ajude a detonar com esse arremedo de mercado comum. Aliás, como está claro acima, de mercado o Mercosul não tem nada — nem mesmo a semelhança com uma feirinha de bairro.

E Dilma teve o despautério de dizer que "a entrada da Venezuela foi por puro pragmatismo." Se foi, estava regado a 51.

domingo, 1 de julho de 2012

O verdadeiro golpe

Pesquei este artigo ontem, mas como já tinha escrito bastante, deixei para publicar hoje — dia em que pretendo descansar. Aliás, o mote do texto que repasso a vocês já foi tratado aqui mesmo.

O verdadeiro golpe no Paraguai

por Sandro Vaia (*)

A TV estatal do Paraguai ficou 26 minutos fora do ar por falta de energia elétrica e os alucinados constitucionalistas da Constituição alheia que cresceram como erva daninha nas redes sociais, viram isso como um sintoma de “repressão” e atentado às liberdades públicas.

Nunca se viu um golpe de Estado tão modorrento. Fora dos protestos protocolares de partidários do presidente deposto, o Paraguai continuou levando a sua vida de rotina.

O microfone da TV pública ficou aberto, o ex-presidente protestou diante de suas câmeras, o Congresso fez tudo dentro da normalidade, a Suprema Corte disse que tudo foi feito dentro da normalidade e até o advogado do deposto disse que tudo foi feito dentro da normalidade.

Mas muita gente não gosta da normalidade paraguaia e insiste em chamar de golpe uma decisão tomada por mais de 90% dos parlamentares, que se basearam rigorosamente na letra do artigo 225 da Constituição de seu país.

Dizem que foi tudo muito rápido e surpreendente. Que não houve tempo para defesa. Que o rito foi muito sumário. Mas tudo está previsto na Constituição, que dá ao Senado a atribuição de fixar o rito para o julgamento, o que foi feito através da Resolução 878.

O que resta dizer? Que a Constituição é de mau gosto e “disgusting” ao fixar um etéreo “mau desempenho” como motivo de impeachment?

Que o Legislativo paraguaio não tem polidez, educação e bons modos ao dar tão pouco prazo para a defesa do acusado?

É um pouco de cinismo e hipocrisia achar que dar mais tempo de defesa ao presidente destituído poderia salvá-lo do impeachment.

A queda dele foi resolvida por razões políticas, e nem 400 dias de prazo de defesa poderiam salvá-lo. Ele simplesmente perdeu catastroficamente o apoio político de sua base de sustentação e a votação do processo de impeachment apenas confirmou que ele perdeu as condições mínimas de governabilidade.

Se a Constituição do Paraguai tem um defeito, ele é de concepção: fixou critérios quase parlamentaristas para julgar um governo presidencialista. O presidente ganhou um voto de desconfiança – que apelidaram de “mau desempenho”- e caiu.

Como provar alguma coisa como “mau desempenho” se não através de critérios puramente políticos?

Essa é a Constituição que o Paraguai tem, não a que os palpiteiros da UNASUL acham que deveria ter.

Na Venezuela, por exemplo, casuísticas normas eleitorais permitem que 51% dos eleitores elejam 66 deputados enquanto 49% elegem 96 deputados- do partido do governo, claro. Alguém reclamou?

Enquanto a normalidade da vida democrática foi mantida no Paraguai e o próprio Lugo anunciou que pretende candidatar-se de novo nas eleições de abril de 2013, além de manifestar-se contra sanções econômicas contra seu país, a UNASUL e o Mercosul afastam o Paraguai de seu convívio, com a aquiescência bovina da diplomacia brasileira, a reboque do ativismo “bolivariano”.

É fácil concluir qual é o verdadeiro golpe no Paraguai e qual é seu objetivo: afastar o único obstáculo à entrada da Venezuela no Mercosul.

As tais “cláusulas democráticas” só valem para enquadrar os inimigos. Para os amigos, nem a lei.


(*) Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez. E.mail: svaia@uol.com.br

sábado, 30 de junho de 2012

Quem muito abaixa...

Nada como um dia após o outro. Já disse, mais de uma vez, que com a esquerda basta dar a corda que eles se enforcam sozinhos...

Crise entre PT e PSB chega a Belo Horizonte

Partidos esticam a corda até este sábado, último dia para convenções
O Globo

BELO HORIZONTE - Depois de romper em Recife e Fortaleza, PT e PSB se estranham em Belo Horizonte, com a pressão petista por uma coligação na chapa de vereadores. O PT ameaça implodir a aliança que, em 2008, uniu ainda o PSDB para a eleição de Marcio Lacerda (PSB). Se o partido do prefeito aceitar a exigência dos petistas, os tucanos prometem deixar Lacerda. Envolvidas numa complexa negociação, as três legendas esticam a corda até este sábado, último dia para convenções.

Temeroso com a possibilidade de rachas e sem saber o que é pior — perder o PSDB e o palanque com o senador Aécio Neves (PSDB) ou o PT, com forte votação em áreas mais pobres da cidade —, Lacerda tenta costurar um acordo.

O PT teme perder cadeiras na Câmara Municipal e estabeleceu como condição para apoiar Lacerda a coligação proporcional com o PSB. Rachados, já que uma ala da sigla defendia candidatura própria, os petistas tinham garantido o vice, o deputado federal Miguel Corrêa Júnior. Na negociação, o PSDB ficaria com a presidência da Câmara.

Na noite de quarta-feira, a Executiva municipal do PSB aprovou resolução que sinaliza o veto à coligação proporcional com os petistas. Mas, preocupado com um agravamento das relações entre PT e PSB em âmbito nacional, o presidente do PSB-MG, Walfrido Mares Guia, ainda não descarta a possibilidade de ceder aos petistas.

Vai, Mares Guia! ser gauche na vida...

Como se faz um golpe

Repasso a vocês o editorial de ontem do Estadão. Evitarei meus habituais grifos e comentários, mas é para ler e refletir.


Mercosul e autoritarismo

O Estado de S.Paulo

O Mercosul será um bloco muito menos comprometido com a democracia se os presidentes do Brasil, da Argentina e do Uruguai decidirem afastar o Paraguai, temporária ou definitivamente, e abrirem caminho para o ingresso da Venezuela, país comandado pelo mais autoritário dos governantes sul-americanos, o presidente Hugo Chávez. Mesmo sem esse resultado, qualquer punição imposta ao Paraguai será uma aberração. Será preciso imputar ao Legislativo e ao Judiciário paraguaios a violação de uma regra jamais escrita ou mesmo consagrada informalmente pelos quatro países-membros da união aduaneira.

Até a deposição do presidente Fernando Lugo, a Constituição de seu país foi considerada compatível com os valores democráticos. Segundo toda informação disponível até agora, nenhum item dessa Constituição foi violado no rapidíssimo processo de impeachment concluído na sexta-feira passada. Diante disso, nem mesmo o governo brasileiro, em geral afinado com a orientação dos vizinhos mais autoritários, qualificou como golpe a destituição de Lugo. Se não foi um golpe, como caracterizar a ação antidemocrática?

Ataques aos valores democráticos ocorrem com frequência tanto na Venezuela quanto em outros países sul-americanos, mas sempre, ou quase sempre, sem uma palavra de censura das autoridades brasileiras. Ao contrário: a partir de 2003, a ação diplomática de Brasília tem sido geralmente favorável aos governos da vizinhança, quando atacam a imprensa, quando se valem de grupos civis para praticar violências e outros tipos de pressão contra os oposicionistas e quando trabalham para destroçar as instituições e moldá-las segundo seus objetivos autoritários.

Não é preciso lembrar detalhes da ação do presidente Chávez para mostrar como seu governo se enquadra nessa descrição - embora na Venezuela, segundo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, haja excesso de democracia. Mas o chefão bolivariano é apenas um entre vários dirigentes sul-americanos com vocação autoritária.

A presidente Cristina Kirchner é um exemplo especialmente notável. Como presidente pro tempore do Mercosul, condenou prontamente a destituição do presidente Lugo e se dispôs a excluir o governo paraguaio da reunião de cúpula marcada para esta sexta-feira. Mas os compromissos da presidente argentina com a democracia são notoriamente frágeis. Não há nada surpreendente nesse fato, porque é muito difícil a convivência do populismo com os valores democráticos. A incessante campanha do Executivo argentino contra a imprensa é apenas uma das manifestações da vocação autoritária dos Kirchners e, de modo geral, dos líderes peronistas.

Essa campanha foi levada pelo chanceler argentino, Héctor Timerman, a Mendoza, onde ministros de Relações Exteriores se reuniram para preparar o encontro presidencial.

Já na quarta-feira à noite o ministro argentino falou sobre tentativas da "direita golpista" de enquadrar os governos da região e atacou o jornal ABC, de Assunção, acusando-o de haver incitado os políticos a depor o presidente Lugo. Atacou também os diários La Nación e Clarín, de Buenos Aires, por haverem, segundo ele, justificado o impeachment do presidente paraguaio. "Vemos diariamente", acrescentou, "a ideia de enquadrar presidentes como Cristina Kirchner, Dilma Rousseff e José Mujica."

Não por acaso o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, saudou com entusiasmo os colegas argentino e brasileiro, ontem de manhã, no hotel onde os chanceleres começariam a discutir as sanções ao Paraguai. O Senado paraguaio tem sido o último obstáculo à inclusão da Venezuela entre os membros do Mercosul. Os Parlamentos do Brasil, da Argentina e do Uruguai já aprovaram.

Suspenso ou afastado o Paraguai, o obstáculo será removido e o Mercosul será governado pelo eixo Buenos Aires-Caracas. Quaisquer compromissos com a democracia serão abandonados de fato e as esperanças de uma gestão racional do bloco serão enterradas. Para precipitar esse desastre bastará o governo brasileiro acrescentar mais um erro diplomático à enorme série acumulada a partir de 2003.

O Brasil é lindo, o discurso é que não cola

¡Mercosucio, si!

 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Quantos juízes Lula tem no seu bolso?

Trecho de programa conjunto das rádios Band SP e BandNews BSB de hoje, com a participação de Cláudio Humberto, José Paulo de Andrade, Salomão Esper, Rafael Colombo e Joelmir Beting, onde se comenta o voto pró-Contas-Sujas do ministro Dias Tófoli e a revisão do princípio do voto partidário.

BandNewsBSBManhã 120629 (43171-57730) by FaxinaPolítica

Perguntas:
  1. Precisamos de uma "Justiça Eleitoral", essa jabuticaba tão brasileira?
  2. Precisamos de juízes que legislam ao invés de julgar?
  3. Precisamos de uma justiça que, quando julga, reinterpreta a lei segundo uma conveniência partidária?
  4. Que benefício se espera dela? Não é ela que, apesar do alto custo, tarda e falha?
  5. Será que "nossas justiças" promovem mesmo a Justiça ou apenas servem aos patrocinadores dos seus ministros?
  6. Na linha do comentário feito pelo ministro Marco Aurélio sobre a "excomunhão da Justiça Eleitoral", não seria oportuno "excomungar" também a Justiça do Trabalho, outro alto custo e pouco resultado?
  7. E o povo? O que é que o povo ganha disso aí?
Ora, o povo... O povo é só um detalhe!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Nada como estar em boa companhia...

Dei minha modesta opinião sobre o recente episódio ocorrido no Paraguai desde a primeira hora. Não me coube apoiar ou condenar o que fizeram lá, apenas notei que o que fizeram não desrespeitava seu ordenamento jurídico, e mais importante, não desrespeitava sua Constituição.

Infelizmente, as vestais de Banânia acharam por bem condenar o impeachment de Lugo sob as mais estapafúrdias alegações. Pérolas como "golpe constitucional" foram jogadas aos porcos, como mostrei aqui e aqui. Poucas foram as pessoas, além desse escriba, que mostraram a legalidade e a retidão do processo ocorrido em Assunção, como o Reinaldo Azevedo, o Arnaldo Jabor e o Merval Pereira. Em que pese o número dos "pró" ser bem menor que os dos "contra", não muda o fato. Fico com a minoria mas em boa companhia.

Mais: se você dispuser de um tempinho, escute o comentário de hoje do Merval Pereira na Rádio CBN. É para por uma pedra sobre o assunto, evitar mais baboseiras e mesmo impedir a repetição do fiasco intervencionista ocorrido em nossa embaixada em Honduras. Boa audição!

Uma Escolha de Sofia

Ainda no calor dos últimos acontecimentos, o clamor das ruas começa a incomodar...

Como no whisky, é a ressaca ou falta dela que indica a procedência.

Brasileiros que vivem no Paraguai comemoram a derrubada de Lugo

claudiohumberto.com.br
Se o governo do Brasil pedisse a opinião dos brasileiros residentes no Paraguai, os "brasiguaios", sobre a destituição do ex-presidente Fernando Lugo, certamente não ameaçaria qualquer retaliação pela decisão do parlamento daquele país. Agricultores que vivem e trabalham próximos à fronteira com o Brasil, os "brasiguaios" têm sido vítimas de perseguição de sindicalistas paraguaios, diante da omissão e até do estímulo do governo "progressista" de Fernando Lugo. Os brasileiros que vivem no Paraguai estão comemorando a derrubada de Lugo e a posse do novo presidente, Frederico Franco. “Nós estamos muito felizes. Isso é um avanço para a nossa agricultura”, afirmou o produtor brasileiro Afonso Almiro Schuster, há 39 anos em Santa Rosa del Monday, à repórter Cassiane Seghatti, do portal G1. Ela entrevistou vários outros "brasiguaios", igualmente felizes com o fim da era Lugo, cuja omissão irresponsável estimulou o conflito agrário armado no país, provocando a morte de pelo menos 17 pessoas apenas no mais recente, há dez dias.

Isto já fez nosso "ministro" Top-Top arrumar uma saída "honrosa" para a presidenta. A saída estratégica do aspone para assuntos internacionais chega tarde. O novo governo paraguaio já foi reconhecido pelos Estados Unidos da América e por outros países da Europa, isto é, o beicinho da Dilma, da Cristina e do Chávez não metem medo em ninguém, Paraguai no meio.

Brasil não vai interferir em assuntos internos do Paraguai, diz Marco Aurélio

claudiohumberto.com.br
Fiel à política "uma no cravo, outra na ferradura", o governo brasileiro informou que "não vai interferir nos assuntos internos do Paraguai". A declaração foi de Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais da presidenta Dilma. O governo brasileiro levou mais de 24 horas para emitir nota oficial condenado a "ruptura democrática" no Paraguai, muito embora a destituição de Fernando Lugo tenha obedecido o rito previsto na constituição daquele país.

Mesmo assim, vários "pensadores" brasileiros continuam a condenar o "golpe legal" ou "golpe democrático" ocorrido no país vizinho. Pessoas como o Carlos Heitor Cony, Kennedy Alencar, Míriam Leitão e outros do naipe. Por incrível que possa parecer, foi do Jabor uma das poucas análises precisas da situação. Enquanto isso, nosso governo continua a bater cabeça em clima de barata voa, como já declarei. Esse pessoal precisa entender que o processo político em outros países se faz segundo suas leis, usos e costumes, não segundo os nossos.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Brasil é lindo, o discurso é que não cola

Nunca antes na história dessepaiz
os extremos estiveram tão próximos...

Tem cara de porco, focinho de porco, orelha de porco, rabo de porco...
...então é porco!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Com que voto que eu vou?

Do blog do Noblat, postagem de Marcos Coimbra, uma boa análise da campanha eleitoral da Cidade de São Paulo. Depois dou meu pitaco; grifos meus.

Boas e Más Notícias sobre a eleição em São Paulo

A recente pesquisa do Datafolha sobre a sucessão em São Paulo trouxe boas notícias para alguns candidatos e más para outros.

Os trabalhos de campo aconteceram na quarta e quinta feira passadas, em um momento de pequeno significado político. Não são usuais os levantamentos na metade de junho, fase em que - especialmente nas grandes cidades - as campanhas estão absortas em movimentos internos, de composição de chapas e articulação de coligações.

Para o eleitorado, nada dizem.

Só no final do mês - quando termina o prazo para as convenções e se delineia o quadro definitivo -, surgem novidades. É lá que, tradicionalmente, as pesquisas são retomadas.

O Datafolha, por exemplo, nem em 2004 ou 2008 fez pesquisas em meados de junho. Deve ter tido razões para realizar essa agora.

Os números são particularmente ruins para Serra. Mostram que o tucano estacionou nos 30%, posição incômoda para quem tem 100% de conhecimento e precisa crescer.

E não foi por falta de mídia simpática que empacou.

O tamanho do problema que enfrenta pode ser avaliado comparando sua performance à de candidatos parecidos: ex-governadores que concorrem - ou que parecia que concorreriam - à prefeitura das capitais.

Nas pesquisas dos últimos meses, chegamos a ter sete com esse perfil.

Eduardo Braga (PMDB), Paulo Hartung (PMDB), João Alves (DEM) e Ronaldo Lessa (PDT) são os mais semelhantes a ele: além de governadores, foram prefeitos - respectivamente de Manaus, Vitória, Aracaju e Maceió.

Em nenhuma pesquisa, os três primeiros tiveram menos que 45% (mas Hartung já avisou que não disputará este ano).

Lessa está aquém, embora melhor que o paulista. José Maranhão (PMDB), em João Pessoa, igual - ainda que enfrente um prefeito bem avaliado. Serra só superava Almir Gabriel (PTB), que aparecia tão mal que desistiu da prefeitura de Belém.

É pouco para quem foi tudo na política da cidade e do estado - e acabou de ser candidato à presidência da República.

O cenário se torna mais preocupante se considerarmos que seus possíveis adversários têm todos biografias menos completas - nenhum ocupou cargo executivo, nenhum tem sua visibilidade. Para ele, deveria ser uma briga fácil.

Os 30% que obteve estão desconfortavelmente próximos dos 21% do segundo lugar, Celso Russomano - hoje em um partido de pequena expressão, o PRB, e sem mandato (e que, no levantamento anterior, estava com 19%).

Em terceiro lugar, há um empate quíntuplo: Fernando Haddad (PT), Soninha (PPS), Netinho de Paula (PCdoB), Gabriel Chalita (PMDB) e Paulinho da Força (PDT) têm entre 8% e 5%. Todos variaram dentro da margem de erro em relação à última pesquisa.

O único que melhorou foi o candidato do PT. De 3%, foi a 8%.

É pouco, mas é um desempenho razoável - para quem é “muito bem” conhecido por apenas 9% dos entrevistados e “um pouco” por 19%. Em outras palavras, para quem pode crescer na grande maioria do eleitorado, os 72% que o conhecem “só de ouvir (falar)” ou que sequer sabem quem é.

Com perspectiva semelhante, apenas Gabriel Chalita - conhecido por 32%. Os outros - de partidos minimamente competitivos - estão bem acima: Russomano por 71%, Netinho por 82%, Soninha por 60%, e Paulinho por 71%.

Quando a propaganda eleitoral começar, tudo pode mudar. A pergunta é que benefício trará a Serra - que está em sua oitava eleição majoritária - e aos demais candidatos que a população cansa de saber quem são.

A pesquisa não revelou nenhuma grande alteração no cenário. Mas tanto a estabilidade, quanto as pequenas mudanças foram negativas para o candidato do PSDB.

Meu Pitaco:


Eu gostei da análise do Coimbra, inclusive quando ele mencionou que Serra, personalidade amplamente conhecida do público brasileiro e, mais ainda, do público paulista, mostra um evidente desgaste político ao exibir estáticos 30%, quase um Russomano. Acho que o eleitorado se cansou dele...

Também a comparação com outros políticos em situação semelhante (ex-governadores e/ou ex-prefeitos em campanha pela prefeitura, cada um no seu galho) ele se mostra apenas em penúltimo lugar (!), uma incômoda colocação para quem, há menos de dois anos, obteve grande exposição em campanha presidencial. Aliás, é bom que se diga, Serra se mostrou em situação bem melhor naquela época, algo como 40% de intenções contra os 3% de Dilma, medidos também no início da campanha. Desnecessário dizer que Serra perdeu o embate e me parece bem a ponto de perder mais um.

Isto me trás à memória uma frase sobre Aécio Neves, quando este ainda procurava a indicação do seu partido para aquele pleito presidencial, relativa "a demonstração pública de sua capacidade em aglutinar diferentes agentes políticos [em torno de si]". Ora, se é público e notório que Aécio tem tais qualidades, também é que Serra é exatamente o oposto — centralizador, seu adjetivo mais conhecido.

Não quero desqualificar Serra, muito menos qualificar Aécio. Critico a ambos com a mesma desenvoltura que os elogio, dependendo do momento. O fato é que, para se fazer política aqui, é necessário negociar, transigir. O que sobra em um falta no outro.

O recente episódio Lula-Maluf sinaliza bem isso. Maluf é uma raposa, um sobrevivente na política. Há que se notar que ele se mantem à tona em meio a borrascas e marolas, e com grande desenvoltura. Então, o que teria feito essa raposa se escafeder da quase celebrada aliança com Serra e o PSDB? Reinaldo Azevedo diz/supõe que foi porque Serra não se dobrou às exigências do Maluf... Será? Eu já acho que não. Na minha modesta opinião, Maluf abandonou o barco que sabe afundar — uma conhecida característica de ratos, grandes sobreviventes — no puro instinto.

Eu não sei dizer ainda se a candidatura Haddad vai decolar — há muita água para passar sob essa ponte — mas se Lula já fez seu hat trick antes, pode fazê-lo de novo agora, ressalvado outros fatos como o julgamento do Mensalão e mesmo o Escândalo dos Aloprados, ambos imputáveis ao PT e que podem ofuscar e mesmo detonar com a campanha e o partido. Diria ainda que vai depender mais dos oponentes de Lula-Haddad do que deles próprios. Mesmo assim, salvo um milagre, uma mudança de conduta, não vejo muita esperança para Serra; nem eu, nem o Maluf.

Não posso dizer que é instinto (nunca fui lá muito instintivo), mas enquanto lia a matéria, surgiu-me a lembrança da música de Noel. Pus a letra abaixo. Cai como uma luva, não cai?!

Com Que Roupa?
Noel Rosa

Agora vou mudar minha conduta
Eu vou pra luta pois eu quero me aprumar
Vou tratar você com a força bruta
Pra poder me reabilitar

Pois esta vida não está sopa
E eu pergunto: com que roupa?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?

Agora eu não ando mais fagueiro
Pois o dinheiro não é fácil de ganhar
Mesmo eu sendo um cabra trapaceiro
Não consigo ter nem pra gastar

Eu já corri de vento em popa
Mas agora com que roupa?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?

Eu hoje estou pulando como sapo
Pra ver se escapo desta praga de urubu
Já estou coberto de farrapo
Eu vou acabar ficando nu

Meu terno já virou estopa
E eu nem sei mais com que roupa
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O Brasil é lindo, o discurso é que não cola

Ainda morro disso...

Nunca sei se o pior já passou ou se ainda está por vir...

 

Explicações são devidas; resta saber a quem.

Do blog do Camarotti direto para vocês, grifos meus.

Eduardo Campos pede explicações a Erundina

O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, está reunido neste momento, em Brasília, com a deputada federal Luiza Erundina.
O cacique pede explicações sobre declarações de que ela poderia recuar no posto de vice de Fernando Haddad na disputa pela Prefeitura de São Paulo, após o anúncio, com foto, do apoio de Paulo Maluf ao candidato petista.

Eduardo Campos deve manifestar sua surpresa pelo posicionamento de Erundina, sem que o assunto tenha sido levado ao conhecimento do comando partidário.

Participam também do encontro o vice-presidente do PSB, Ricardo Amaral, e o secretário da sigla Carlos Siqueira.

Meu pitaco:


O neo-cooptado Dudu Campos foi pego de surpresa pela reação de Erundina em não aceitar a convivência política explícita com Paulo Maluf e seu PP, apesar da existência da convivência implícita — ambos apoiam o governo Dilma, assim como apoiaram o governo Lula. A verdade é que a puxada do tapete onde se encontrava o governador de Pernambuco pegou muito mal para ele. É que nesses tempos modernos exige-se que os presidentes de partido tenham seus filiados em rédea curta — "éguas" xucras como Erundina não podem ser toleradas, nem "éguas", nem "potros". Lula, por exemplo, soube como por a liça na Marta, já Dudu...

Num post abaixo eu já exortava Erundina ao imediato rompimento com o conchavão. Tudo indicava que — enquanto eu escrevia aquelas linhas — ela chutava o pau da barraca. Bem feito! E não há motivos para Dudu Campos se melindrar porque as razões de Erundina são históricas — ela fez justiça ao seu passado, seu presente e seu futuro. O que eles nunca deveriam ter feito é pôr Erundina e Maluf na mesma baia. Aí já é demais, né? Campos tomou chumbo na asa — nada diferente do que ele fez com Aécio em Minas — o que é um consolo, afinal, "chumbo trocado não dói!"

Para terminar, eu sei que o minuto e meio de Maluf na TV não são de se desprezar, mas há limites. Existe uma tênue linha que separa o desejável do condenável e Lula e o PT perderam essa noção após os mais de oito anos no poder. É como no dito: "O poder corrompe; o poder absoluto corrompe absolutamente." Não é assim tão difícil entendê-los...


Aliás, a dica de leitura na charge do Sponholz é perfeita. Nem é assim tão nova — eu mesmo venho indicando a obra de Orwell desde os primeiros anos do primeiro governo Lula — tamanhas são as coincidências entre ambos. E minha opinião ainda não mudou. Nada explica melhor o lulo-petismo que "A Revolução dos Bichos" (Animal Farm) de George Orwell. É um livrinho pequenininho, pode ser lido em poucas horas, mas mostra bem o "pensamento" por detrás disso que está aí. Boa leitura!

O Brasil é lindo, o discurso é que não cola

No PT é assim: O castigo A traição vem a cavalo!

Não foi nem um namorico de Verão...