quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A Untada*

Só pode ser matéria paga ou o pessoal da New Yorker anda muito mal informado. Leiam a matéria que saiu na Exame Online — grifos meus.

Revista 'The New Yorker' publica artigo sobre Dilma
A matéria contará a história da presidente, com foco na trajetória econômica-social do País e terá o título "The Anointed", ou seja, "A Ungida", em tradução literal


Na avaliação da publicação, o Brasil tem um "orçamento equilibrado",
"dívida pública baixa", "quase pleno emprego" e "baixa inflação"

São Paulo - A revista norte-americana "The New Yorker" divulgou hoje uma prévia de um artigo sobre a presidente Dilma Rousseff que será publicado em sua edição de dezembro. A matéria contará a história da presidente, com foco na trajetória econômica-social do País e terá o título "The Anointed", ou seja, "A Ungida", em tradução literal.

A prévia do artigo ressalta que, até recentemente, o Brasil poderia ser avaliado como uma nação iletrada1 e economicamente instável. O texto destaca, contudo, que a economia brasileira está crescendo mais do que a economia americana e lembra que, na última década, vinte e oito milhões de brasileiros deixaram o nível da pobreza2.

Na avaliação da publicação, o Brasil tem um "orçamento equilibrado", "dívida pública baixa", "quase pleno emprego" e "baixa inflação"3. A publicação afirma também que a taxa de criminalidade é alta e recorda os problemas em infraestrutura, em estradas e portos.

O texto destaca ainda que o governo brasileiro é mais invasivo que o governo norte-americano e relembra os escândalos de corrupção na atual gestão. O artigo ressalta que ninguém acredita que a presidente está envolvida nas denúncias de corrupção, mas lembra que ela trabalhou por anos, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com algumas das pessoas que demitiu4. A matéria completa sobre a presidente Dilma relatará, segundo o texto prévio, a trajetória política da presidente Dilma Rousseff, inclusive o seu passado na luta armada.

É muita baboseira junta misturada com uma ou outra verdade. Aliás, todo mundo sabe que a grande mídia adoça a fala conforme o jabá que engole. Fosse um pasquim conservador de Iowa e eu daria mais crédito. Mas vamos lá, comento meus grifos.

  1. Poderia, não! O Brasil é uma nação iletrada e tem até certificado oficial da ONU, o IDH. Se quiser saber mais, leia "IDH na era Lula" e o parágrafo final de "O Paraguai é a nossa China, mas estamos longe de ser os EUA".

  2. Quanto aos 28 milhões que saíram da pobreza para o consumo (eita! palavra mágica), não é uma inverdade, apenas resultado pífio. No governo Médici, no início dos anos 70, mais de 35 milhões deram este salto. Vejamos, naquela época o Brasil tinha 90 milhões de habitantes, então o governo retirou 39% da população da pobreza e o fez com emprego e distribuição de renda de fato.
    Já o governo petista-ufanista — à custa de bolsas-esmolas e assistencialismo explícito —, isto é, dinheiros do Erário Público (nosso dinheiro!), remediou 14,6% da população. Como um programa de compra de votos, um sucesso; como um programa de inclusão social, um reles fracasso.

  3. Orçamento equilibrado, dívida pública baixa, quase pleno emprego e baixa inflação — só pode ser gozação! O orçamento é tão bagunçado que o governo precisa criar novos impostos para fechar a conta. Não fosse a DRU, já estaria no vinagre faz tempo. Dívida baixa? Só a nossa dívida interna se aproxima dos 2 trilhões de reais, aquela que paga juros "módicos" de 11,5% a.a. Quanto ao pleno emprego, só se Lula tivesse cumprido sua promessa de campanha, tanto a do primeiro mandato quanto a do segundo; ficou devendo uns 14 milhões de postos de trabalho para nós, mas inchou a máquina pública com alguns milhares de sinecuras para eles. Finalmente, a inflação, dominada no Governo Itamar e FHC, vem subindo e ganhando velocidade ultimamente. Prodigalidade e PT, tudo a ver.

  4. E para terminar, porque isso já está ficando chato, só um idiota completo acredita que num regime presidencialista o presidente não sabe o que se passa a sua volta. Pô! New Yorker, vocês estadunidenses inventaram o presidencialismo, querem que nós acreditemos nisso? Se o seu editor se chama Lewis Carrol eu aviso: a presidANTA se chama Dilma, não Alice; o Coelho Branco é o Zé Dirceu disfarçado e o Chapeleiro Louco é o louco do Lula, que raspou o cabelo e a barba enquanto trata da saúde.

  5. Ah! quase me esqueço. O Houaiss explica:
    Untada
    n adjetivo
    1. que se untou; que sofreu untadura
    2. suja de gordura; besuntada, gordurenta
     

Democracia É a vontade da maioria, NÃO a vontade do PT

O descaramento da canalha petista não tem limites. Como num disco defeituoso, ela repete indefinidamente: controle da imprensa... controle da imprensa... controle da imprensa...

O brasileiro ainda se arrependerá da Anistia — ampla, geral e irrestrita

Zé Dirceu et caterva, parem de bancar o Chavez! Isso aqui não é a Venezuela. Se quer controlar a imprensa, volte para Cuba! Lá só tem o Granma para publicar discursos do Fidel e do Raul.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Abrir janelas; bater o pó; enxotar porcos, ratos e baratas e deixar o sol entrar

Uma da minhas leituras prediletas é a The Economist. Ultimamente, este periódico tem falado bastante sobre os ventos que sopram aqui. Um artigo do último dia 26 chamou-me a atenção e repasso a vocês na íntegra. Para os pouco versados no Inglês, usem este link para uma tradução automática (sofrível) para o Português. Depois dou meu pitaco; grifos meus.

Cleaning the Brasília pork factory
In a never-ending telenovela of sleaze, Dilma Rousseff is tackling the excesses of patronage politics but not yet the underlying system


BY NOW Brazil’s president, Dilma Rousseff, must be finding the script wearily familiar. First come the corruption allegations, then the indignant denials, more evidence, equivocation and retractions—and finally another of her ministers has to walk. Since June Ms Rousseff has lost her chief of staff and the ministers of transport, agriculture, tourism and sport, variously accused of influence-peddling, bribe-taking, signing fraudulent deals with shell companies and diverting public funds into party coffers or their own pockets. Now Carlos Lupi, the labour minister, has become the latest to look as if he is heading for the exit.

He is accused of presiding over a department that charged kickbacks for government contracts, of personally accepting free flights from one of those contractors and of siphoning off public money to semi-phantom non-governmental organisations (NGOs). Mr Lupi’s response was pugnacious. He did not know the man in question and had never flown with him, he said. The only way to get him out of his ministry, Mr Lupi added, would be to shoot him (“and it would have to be a big bullet, because I’m a big guy”). Then came photographs of him with both businessman and plane. His defenestration seems to be a matter of time. Barring new revelations, he may go in a wider cabinet shuffle expected early in the new year.

The faxina (“housecleaning”), as Ms Rousseff’s removal of allegedly light-fingered ministers has come to be known, is popular. The latest opinion polls put her and her government’s approval ratings at record highs. But it merely scratches the surface of a problem with roots in the way that politics has developed in Brazil. All presidents since democracy was restored in 1985 have had to form variegated coalitions to obtain legislative majorities. But, complained Fernando Henrique Cardoso, a former president, earlier this month, a “system” has now developed under which parties demand ministries in return for their votes, and then use the public funds they thus gain control of to expand their membership.

The 513 seats in the lower house of Congress are now divided between 23 parties. Ms Rousseff’s governing coalition comprises ten of them, commanding 360 seats (an 11th, with 40 legislators, left after the transport minister was sacked). Several of its smaller members have no discernible aim other than to grow fat on public money. The biggest, the Party of the Brazilian Democratic Movement, an alliance of regional power brokers, switched to join her predecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, after he won in 2002 and will stay only as long as it suits. “We have a strong president who is unable to do anything without support in Congress,” says Sylvio Costa of Congresso em Foco, an anti-corruption watchdog. “And that support must be bought.”

When the solution found by Lula’s party managers in his first term—paying parliamentarians for their votes—came to light, the resulting outrage nearly brought him down. With cash ruled out, ministries and other grace-and-favour appointments were left as the main political currency. That led to ministerial inflation: Lula’s cabinet grew from 26 in 2003 to 37 when he stepped down last year. Some parties seem to have run “their” ministries for profit. The Communist Party, for example, has held the sports ministry since Lula took office. Under Orlando Silva, forced out shortly before Mr Lupi’s travails began, it is alleged to have demanded kickbacks on some contracts and funnelled money to affiliates through fake NGOs.

Some 25,000 jobs, including board and managerial posts at state-controlled firms and pension funds and in ministries’ regional offices, are also in the president’s gift. A senior official points out that 20,000 of these go to career civil servants, not party hacks. But the two are not mutually exclusive, points out David Fleischer, a political scientist at the University of Brasília. The test comes when a new party takes the presidency, as when Lula took office, he says. Then there was a wholesale clear-out. By the end of Lula’s second term a big share of senior managers in the federal administration and at state pension funds were trade unionists or members of his Workers’ Party (PT).

Ms Rousseff has shown little sign that she is interested in making radical changes to this political-patronage system. She has already added a 38th cabinet member (the boss of a new civil-aviation agency) and plans a 39th (a minister for small businesses). To streamline the government bureaucracy, officials place their faith in a new public-management council, chaired by Jorge Gerdau, a businessman. There is talk that some ministries may be consolidated. To go much further, the president would have to cut the number of ministries held by her own party (currently 18), and that looks unlikely.

More plausible is that Ms Rousseff will simply continue to sack the most egregious sinners as they are brought to her notice. She has been more parsimonious than Lula in disbursing funds for budget amendments pushed by individual legislators. Already her crackdown on ministerial miscreants has cut off the main (illegal) source of cash for small political parties, points out Alberto Almeida of Instituto Análise, a consultancy in São Paulo. Over time that might prompt a much-needed consolidation of the political system.

Officials insist that the government needs a large political base to be able to approve important legislation, such as a new oil-royalty law. They talk, too, of tax and pension reform. But much of Ms Rousseff’s political agenda—improving education and health, eliminating extreme poverty, and investing in infrastructure—does not require congressional approval. She could afford to be more radical in her political clean-up.
Eu gostaria de ler mais sobre o Brasil na The Economist, não necessariamente na linha do artigo acima, mas é que de lá também só se vê a lama de Brasília. Aquele namoro entre os dirigentes dos países mais ricos e avançados do mundo e o Lula Lelé, acabou. Eles se cansaram do mascote exótico e Dilma, a outra, não serve — não tem nada de fofinha e não fica bem em nenhuma foto.

O ano que passou (falta pouco, mas já se foi) foi dedicado à faxina. Na verdade, não foi bem assim, Dilma apenas reagiu às denúncias da mídia, nada mais. Por ela e pelo seu governo, tudo ficaria como recebeu do antecessor, uma Herança Bendita: cada um com sua(s) teta(s) e ela com os votos. A oposição cumpre o seu papel deficiente com maestria — não só não parece que existe, como não existe de fato; uma vergonha. Mas a mídia (sempre a mídia) não se conforma e insiste em por dedos nas feridas. Não é por outra razão que Lula e staff sempre quiseram calar a Imprensa, felizmente sem sucesso (por enquanto).

Agora, de volta ao texto, peço atenção para o último parágrafo. Ele sintetiza bem como é difícil para os outsiders entender o Brasil (e não é para entender mesmo!). Lá diz que "o governo necessita uma ampla base legislativa para aprovar legislações importantes necessárias para a execução do seu programa" e dá exemplos: "reforma tributária, previdenciária e royalties do petróleo", mas termina por afirmar que "melhorar a educação e a saúde, eliminar a pobreza extrema e investir em infraestrutura não dependem de aprovação do Congresso!" Ora, este é exatamente o programa do governo Dilma, então, não seria preciso aturar toda e qualquer roubalheira como pretexto para cumpri-lo; essa desculpa não mais serve. Então, se não há pretexto, a única finalidade dessa roubalheira é apenas e tão somente o roubo em si, a apropriação do erário para uso próprio e exclusivo; não há outra leitura possível. Daí que o artigo da The Economist arremata: "ela poderia ser mais radical na sua faxina política."

Opa! Faxina Política radical é aqui mesmo.

A charge tarda mas não falha

Há uns dias eu escrevi um artigo com este mote. Na ocasião, não encontrei nem uma charge que pudesse usar para ilustrá-lo. Pois hoje ela chegou; está aí o que me faltava. Valeu Roque!

Eu tenho os olhos da Dilma e as cores do PT

A ressurreição de Goebbels

Existem certas pessoas para as quais o ostracismo seria para nós uma benesse. Este Franklin tentou emplacar o controle da imprensa durante todo o governo Lula e — ainda bem — não logrou sucesso. Por enquanto...

Estranhamente, a mesma mídia que ele quis silenciar dá a ele espaço para verter seu vômito. Está assim na Exame Online, grifos meus.

Franklin: governo Lula comeu pão que o diabo amassou
Ao falar do governo Lula, ex-ministro-chefe Franklin Martins fez duras críticas à imprensa


São Paulo - O ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social Franklin Martins afirmou hoje que "é visceralmente" contra a censura nos meios de comunicação e argumentou que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu a mais absoluta liberdade de imprensa no Brasil. Ao falar do governo Lula, Franklin fez duras críticas à imprensa, destacando que "o governo do ex-presidente (Lula) comeu o pão que o diabo amassou na mão de boa parte da imprensa", sem, contudo, entrar em detalhes.

O ex-ministro, que também participou do Seminário por um Novo Marco Regulatório para as Comunicações, promovido pela direção nacional petista, na capital paulista, avaliou que as atuais normas do setor de comunicações estão ultrapassadas e considerou que sem um novo marco regulatório, a área das comunicações eletrônicas continuará a viver em uma espécie de "faroeste caboclo". O ex-ministro, autor do anteprojeto de um novo modelo de regulação dos meios de comunicação, considerou que existe hoje um "vale tudo" no qual não são seguidas as diretrizes previstas na Constituição federal. "Eu costumo brincar que é um cipoal de gambiarras do ponto de vista jurídico".

Franklin ressaltou também que o atual modelo de regulação cria um ambiente de incertezas no setor e criticou a análise de que a regulação da mídia pode trazer perigo à liberdade de imprensa. "Não há nada ameaçando a liberdade de imprensa no Brasil", afirmou. Ele avaliou ainda que esse discurso faz parte uma tática de interditar um debate público e transparente em torno do assunto. E defendeu que a imprensa possa ser criticada quando cometer equívocos. No seu entender, há hoje no País uma crise muito séria de credibilidade nos meios de comunicação.

Para o ex-ministro, a blogosfera funciona hoje como uma espécie de grilo falante da imprensa brasileira. E defendeu ainda que um novo marco regulatório para as comunicações inclua, entre outros pontos, a garantia de liberdade de imprensa, o respeito ao direito de resposta, o impedimento da formação de monopólios e a liberdade na internet.

Eu discordo! A imprensa, salvo uma ou outra publicação, bajulou o governo Lula descaradamente. A puxação de saco foi tamanha que parecia matéria comprada. Parecia, não! Era! E quem comprava o servilismo da mídia é esse senhor aí acima, o próprio Franklin Martins.

Era ele quem determinava onde o próprio governo e empresas estatais gastariam suas fabulosas verbas de propaganda. Franklin nasceu para ser a reencarnação de Goebbels. Repete mentiras ad nauseam até que se tornem "verdades". Sua defesa para a criação de um novo "marco regulatório" é apenas e tão somente uma chicana. Acena com "liberdade de imprensa", "direito de resposta",  o "controle de monopólios" e a "liberdade na Internet", como se isto não existisse. Seria mesmo hilário, não fosse trágico, que tenha tal petulância, até porque ele e o PT pretendem justamente o contrário. Franklin não passa de um cabotino, e dos piores do PT.

Vejamos, fosse verdade o que diz, ele não condenaria à morte o jornal Tribuna da Imprensa do Rio de Janeiro. Cheio de dívidas, luta para receber indenização da União há 32 anos! O jornal parou de circular em banca porque não conseguia anunciantes. Governo e estatais não anunciavam lá; agências também não, ou comprariam briga com o governo; um verdadeiro ato de linchamento; e isso porque seu proprietário, o jornalista Helio Fernandes ousou criticar o governo lula da mesma forma como criticara o de FHC, Itamar, Collor, etc.

Helio e a Tribuna passaram por todos esses governos, até mesmo os militares — criticou a todos —, mas não passou incólume por Lula. Gostaria de conhecer a opinião do Franklin a respeito, mas acredito ser essa a ideia que eles fazem de "liberdade de imprensa", "controle de monopólios" e "liberdade na Internet"... Convenhamos, é bem peculiar e desnecessária.

sábado, 26 de novembro de 2011

Petismo: a exploração do trabalhador pelo "trabalhador"

Diz a máxima comunista que o Capitalismo é a exploração do homem pelo homem. Millôr Fernandes, com sua estocada certeira e contundente, retrucou: "O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. O comunismo é o contrário."

Ge-ni-al !!

Mas não é sobre capitalismo e comunismo a razão deste artigo. A palavra-chave aqui é exploração. Repasso a vocês uma reportagem da Veja desta semana, grifos meus.

Assessores de Carlos Lupi pediam 1 milhão de reais por registro sindical

Nas últimas semanas, o país conheceu a extensa lista de serviços prestados pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi – não aos brasileiros, mas ao seu partido, o PDT. A edição de VEJA que chega às bancas neste sábado acrescenta à relação mais uma traficância em curso na pasta: um esquema de extorsão envolvendo assessores de confiança do ministro que cobram propina para emitir o registro sindical. O governo foi alertado para o caso há nove meses por sindicalistas ligados ao PT, mas nada foi feito a respeito.

Irmar: sem propina = sem registro
Quem relata o caso é o mecânico Irmar Silva Batista, que foi pego na engrenagem quando tentava criar o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sirvesp). Em 2008, o então secretário de Relações do Trabalho, Luiz Antonio de Medeiros, o apresentou a um assessor, Eudes Carneiro, que lhe pediu 1 milhão de reais para liberar o registro. Irmar se recusou a pagar e o registro não saiu até hoje.

Em fevereiro deste ano, Irmar enviou por e-mail uma carta para a presidente Dilma Rousseff e para o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. No documento, ele narra o caso e pede providências. O Palácio do Planalto acusou o recebimento da carta em 9 de março, mas na semana passada a assessoria de imprensa da Presidência informou que não foi possível fazer nada. Por motivos técnicos: o trecho que narrava a denúncia, estranhamente, teria chegado cortado na mensagem recebida. Ouvidos por VEJA, todos os citados por Irmar Batista negaram o pedido de propina.

Em entrevista à reportagem, Irmar Batista contou em detalhes o pedido de propina. Confira a seguir duas das respostas publicadas por VEJA:

O senhor foi achacado no Ministério do Trabalho? No fim de 2008, fui a Brasília reclamar da demora para registrar o sindicato. Procurei o Medeiros (Luiz Antonio de Medeiros, então secretário de Relação do Trabalho), que me levou a uma sala ao lado e disse: "O que o Eudes acertar, está acertado". Então ficamos a sós com o Eudes Carneiro (assessor do ministério). Antes da reunião, o Eudes mandou a gente desligar os celulares. Sentamos à mesa e veio a proposta indecente: eles pediram 1 milhão de reais para liberar o registro do sindicato.

O senhor fala em esquema, o que sugere que seu caso não foi o único? Vários sindicatos foram extorquidos, mas o pessoal tem medo de aparecer. Há outros sindicatos que também foram vítimas disso que aceitaram pagar propina.

O lulo-petismo, há muito, inaugurou a prática da exploração da classe trabalhadora. Sob o véu da mentira de ser "um partido de trabalhadores", eles usam a classe operária como massa de manobra para seu projeto de poder. O PT não almeja nada além de estar no poder, não importam por quais caminhos ou alianças.

Assim, é fundador e signatário do Foro de São Paulo, uma agremiação esquerdista em que organizações como o  próprio PT, a FARC, o Partido Comunista Cubano, a Frente Sandinista de Libertação Nacional, etc. Mais detalhes na Wikipédia (em inglês).

Falo diretamente com o patrão, captou?!
Então, em pleno governo Lula, aquele que tinha (tem?!) uma aprovação de 80% ou mais, já rapinavam a grana dos sindicatos, isto é, a nossa grana! Porque os sindicatos e centrais sindicais são fundeados pelo infame Imposto Sindical, a maior excrescência tributária que se tem notícia na História da Humanidade e do Trabalhismo. O governo nos esbulha 1 (um) dia de trabalho por ano, um dia inteirinho de cada trabalhador formal do Brasil e manda o dinheiro para os sindicatos e centrais sindicais. Dessa forma, o governo garante que eles (sindicatos e centrais) permanecerão mansos e silentes à sua ação, não importando em que lombo a borduna vai bater.

Isto também faz de um sindicato um excelente negócio para seus dirigentes; pouco ou nenhum trabalho e grana fácil no caixa. Não quero generalizar, mas a cada dia que passa brotam centenas de novos sindicatos, só para participar do butim do Imposto Sindical. E foi percebendo isso, certamente, que o lulo-petismo resolveu cobrar uma modesta comissão, uma joia, luvas ou como quiser chamar a quantia de R$ 1 milhão. Está aí uma razão porque a Dilma precisou por o rabo entre as pernas no caso Lupi — ela estava mexendo na seara do patrão. O PT fez do sindicalismo uma franquia; nada mal para quem deplora o Capitalismo, o (neo-)Liberalismo e a exploração do homem pelo homem. No fundo, no fundo mesmo, a razão estava com o Millôr... a diferença é que o lulo-petismo não conhece limites.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A sensação do dever cumprido

Ao apagar das luzes do seu primeiro ano de governo, Dilma sente a sensação do dever cumprido.

Agora Dilma, senta e balança.
Nunca antes na história desse País — royalties para Lula, o criador da criatura —, um governo realizou tão pouco (melhor, NADA!) em tão longo tempo. Uma nulidade absoluta seria um tantinho maior.

Não! Eu minto! Produziu uma miríade de escândalos de corrupção, todos ligados diretamente ao seu (?) Ministério, quase todos relacionados a desvios de verbas para capitalização indireta dos partidos da base aliada.

Espera-se agora pela reforma ministerial... Entretanto, como imaginar que uma pessoa que não soube fazer seu Ministério — parte foi herdada do governo anterior (herança maldita?), parte foi moeda de troca pelo "apoio" dos partidos da base aliada —, vá saber como fazer ajustes. Vocês confiariam a reforma de suas casas ao pedreiro responsável por ela ter caído por sobre suas cabeças?

Eu me atrevo a dar uma sugestão: extinção da maioria deles. Ressalvados aqueles que realmente têm importância (em ordem alfabética) — Agricultura & Reforma Agrária; Defesa; Educação & Cultura; Fazenda; Interior; Minas & Energia; Planejamento; Relações Exteriores; Saúde; Trabalho, Indústria & Comércio. Pronto! Dez ministérios são mais que suficientes e é tudo que o País precisa. FHC começou com essa bobagem de criar muitas Pastas para contentar sua base e encher aquela enorme mesa de reuniões — um pavão em meio a perdizes.

Deu no que deu! Depois de Lula, e agora com Dilma, já batemos na porta do ministério 40; se Lula voltar, chegaremos ao ministério 51. Imaginem como seria a reunião ministerial — uma Babel. Dilma e Lula nunca presidiram nada, brincaram de "Seu Mestre Mandou" no Planalto com nosso dinheiro.

Até quando, Brasil?

Amarelou

Só nos sobrou o Chapulin Colorado

Lula, o SUS e o desabafo de uma profissional

Recebi hoje, num e-mail, o texto que se segue. Ao contrário do usual, achei por bem efetuar algumas correções no texto, já que o ato de reenviar mensagens introduz quebras de linha (paragrafação) onde não existe. Isto torna o texto original confuso, quando não muda seu sentido completamente. Também removi os grifos — os remanescentes no texto são de minha autoria — e tomei a liberdade de corrigir alguns erros de grafia, ao menos os mais evidentes. Espero ter mantido o texto fiel aos sentimentos da autora.

Depoimento da Dra. Liziane Anzanelo — Oncologista

Meus amigos, como oncologista digo que ninguém está desejando mal ao Lula ou aos pacientes sofredores de câncer, mas sabemos que quando um governante passa na pele o que um paciente passa para ter o direito a um tratamento digno e justo, ou mesmo morre na fila esperando um medicamento, uma cirurgia ou simplesmente pela ineficiência do sistema, temos que nos revoltar!!!

Por que todos não têm o... direito de ter um diagnóstico no sábado e iniciar o tratamento na segunda??? Me digam um paciente que conseguiu essa presteza, ou que tratou linfoma com a droga de ponta que a Dilma usou, ou vai fazer infusão contínua com cateter e bomba de infusão de uso domiciliar. Por que não nos exasperarmos por nem todos terem os mesmos direitos??? Somos diferentes porque não temos convênios ou cargos importantes??? E a Constituição Federal não diz que temos todos os direitos e somos iguais???

Temos sim, que aproveitar essa situação e mostrar que há diferenças nos tratamentos e lutar pelos direitos dos mais fracos. Não é justo que um paciente espere 30-40 dias para ter um diagnóstico patológico, ou aguarde na fila de cirurgias, simplesmente porque não há mais médicos se submetendo aos salários de fome que o SUS paga!

Pagar de 10 a 17 reais de honorários de quimioterapia por paciente/mês é simplesmente um achaque! Pagar 1.200 reais por mês para médicos da rede pública, por 20 horas de trabalho, e fazê-los atender 18 pacientes ou mais em 4 horas, é um abuso! Eu quero sim, que ele [Lula] se cure e tenha um excelente tratamento, que com certeza já está tendo, mas e o paciente que atendi hoje que não teve a mesma sorte e está morrendo no hospital com menos de 30 anos...

E as mulheres com câncer de mama que não conseguem usar o tratamento mais moderno? E a fila da reconstrução mamária das mulheres mastectomizadas? E as filas imensas da radioterapia, que só não são maiores pela abnegação de radioterapeutas que tratam os pacientes SUS em suas clínicas privadas, muitas vezes arcando com os custos do tratamento para verem seus pacientes melhor atendidos?

Temos sim que falar, temos que mostrar à população que não é assim que ocorre no dia a dia de pacientes oncológicos, que ficam sentados dentro de ambulâncias o dia todo aguardando para voltarem para suas casas após terem feito seus tratamentos ou seus exames cedo pela manhã, aguardando aqueles que fazem exames e tratamentos á tarde.

Se vocês não sabem o câncer é uma doença que mais mata somente vindo atrás das doenças coronarianas. Quase um problema de saúde pública! E seus custos são altos sim, mas não justificam que para custeá-los temos que sacrificar pacientes que teriam chances reais de cura, que hoje mesmo a doença se encontrando em estágios avançados chegam aos índices de 50%.

Sinto muito se o Lula está passando por isso, mas com certeza não está lutando para ter seu medicamento e passando por um grave estresse para ver quando vai começar ou quando vão lhe chamar para iniciar seu tratamento! Queria que todos os pacientes oncológicos tivessem o direito ao tratamento de ponta oferecido no Sírio ou no Einstein!!

Somente nós médicos sabemos o dilema ético de dizer ao paciente que terá que fazer um tratamento, mas que talvez não tenha acesso no sistema, por exemplo, a hormonoterapia estendida para câncer de mama após uso de Tamoxifeno, não disponibilizada a pacientes do SUS porque não tem código para esse tratamento, haja visto que a tabela está desatualizada.

O SUS diz que paga tudo, as tabelas realmente não dizem qual tratamento o médico deve fazer, o médico pode prescrever o que quiser, entretanto, o valor pago pelo código da doença é ínfimo e não cobre os novos tratamentos. Quem paga a conta??? Os hospitais filantrópicos??? Os hospitais públicos já tão sucateados??? Ou deixamos assim e não nos indignamos — afinal eu não tenho nada a ver com isso, na minha família ninguém tem câncer e eu tenho convênio de saúde, para que vou me preocupar??? Quando a água bater naquele lugar, quero ver...

Sorry pelo desabafo! Mas é irritante escutar tanta coisa de quem não tem a mínima noção do que seja a saúde nesse país, e isso que em Blumenau e no Sul, vivemos num paraíso, comparado com o resto do país!

Dra. Liziane Anzanelo
Oncologista - Blumenau - SC

Eu gostaria de tecer alguns comentários:

  1. Eu me solidarizo com a Drª Liziane. Minha mulher é Médica-Pediatra e também atende na rede pública (SUS), então sei muito bem de onde vêm as queixas. Via de regra, os pacientes da rede pública se revoltam contra médicos e atendentes sem saber que a maioria das pessoas ali — senão sua totalidade — está fazendo das tripas coração para que os pacientes sejam minimamente atendidos com alguma dignidade. Dificilmente se rebelam contra o administrador público, única e exclusiva causa do status quo.
  2. Quando surgiu na Internet o movimento "Lula, vá se tratar no SUS", eu não pude fazer nada além de apoiar. Já escrevi sobre o assunto, mas quero deixar bem claro: todo político devia — OBRIGATORIAMENTE — se tratar pelo SUS; seus filhos só poderiam cursar a escola pública; viajariam por nossas "belas" estradas em seus carros e pagariam pedágio do próprio bolso; se fossem de avião, comprariam seus tíquetes como qualquer um, pagariam taxas aeroportuárias e fariam check-in junto à choldra. Tem mais: não teriam outra proteção senão aquela dada pelas polícias militar e civil, e por aí vai... Garanto que nosso País se transformaria numa Noruega em menos de 20 anos. Lá — e em muitos outros países — é assim!
  3. O fato da Constituição dizer sermos todos iguais é apenas retórica; blá, blá, blá; conversa fiada. Se o Povo não se manifestar como um, tudo aquilo é letra morta. Infelizmente, tudo indica que a maioria está satisfeita como está! Está aí um mal da Democracia, sobre o qual já escrevi mais de uma vez.
  4. Vocês viram quanto ganha um médico? Viram?! Pois é, aquilo lá é a paga por seis anos de universidade, dois anos de residência e vários cursos de especialização, seminários, congressos, etc. Se for pago por um plano de saúde então, não é mais que uns 30 reais por consulta. Não vejo outra razão para a piora do nosso sistema de saúde, apesar do que disse Lula.
  5. Por fim — e para não me estender mais — gostaria muito que aquele paciente da Drª Liziane se salvasse, aquele de 30 anos e que não tem acesso a exames, medicamentos de ponta, bomba de infusão contínua e que tais. Não desejo ao Lula a mesma sorte — não sou hipócrita! Se ele escapar dessa, paciência, mas só posso mesmo desejar a ele uma boa morte — Justiça Divina, se preferirem.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Os Poderes acima do Povo e da Lei

O Brasil é sui generis... Está lá, no parágrafo único do artigo 1º da Constituição da República: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição." Muito bonito, mas o que esses "representantes" fazem com tal poder? Na minha opinião, usam-no para benefício próprio ou de apaniguados. Repasso um texto publicado na Exame Online — grifos meus.

Senado libera passaporte diplomático para indicados
A assessoria da Casa alega que, como não existe norma proibindo, o documento pode ser solicitado por cada um de seus parlamentares

Brasília - O Senado autoriza os 81 senadores a requerer pessoalmente passaportes diplomáticos ao Itamaraty, inclusive para terceiros. A assessoria da Casa alega que, como não existe norma proibindo, o documento pode ser solicitado por cada um de seus parlamentares. É o que explica o fato de o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) ter obtido passaportes especiais para o chefe da Igreja Internacional do Reino de Deus, pastor Romildo Ribeiro Soares, conhecido por R.R. Soares, e para sua mulher, Maria Madalena Bezerra Soares. Eles são tios do senador.

A portaria do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, concedendo esses passaportes diplomáticos foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) na última sexta-feira, 18. A polêmica é que a concessão se dá em nome da instituição Senado e não do parlamentar. Nem o pastor nem sua mulher têm ligações com o parlamento brasileiro.

Na Câmara, os deputados têm de recorrer à segunda secretaria para obter o documento. Crivella defende que cabe ao Itamaraty analisar o "mérito" do pedido. Nesse caso específico, ele acredita que o ministro Patriota se convenceu pelos "carimbos do passaporte do pastor com centenas de viagens. Todas elas para atender milhares de brasileiros que vivem lá fora". Ou seja, o pastor evangélico estaria executando uma das atribuições do próprio Itamaraty. "O parlamentar tem todo o direito de pedir o passaporte", insiste.

Crivella afirma não ser esta a primeira vez que ele pede e obtém passaporte para R.R. Soares. "Ele viaja tanto, tanto, tanto, que na hora de fazer fila, ele pega a de prioridade diplomática", justifica, referindo-se a um dos motivos para ter o passaporte.

A assessoria do Itamaraty limita-se a informar que "os passaportes diplomáticos são concedidos de acordo com a legislação". A maioria dos senadores recorre à Coordenação de Atividades Externas (Coatex) para obter passaportes e outros serviços do Itamaraty. O líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), disse desconhecer a brecha para os colegas pedirem o passaporte sem a intermediação do órgão da Casa. "Isso é um absurdo, é uma exceção que não se admite", protesta. "Isso para mim é o início da farra do passaporte". O líder diz não entender a importância dada ao passaporte diplomático que, na sua opinião, "não tem nenhum valor especial".

O nome para isso é aparelhamento do Estado. Estão usando as Instituições da República para benefício próprio. Se isso não é crime, então nada mais é! Vamos instalar logo a anarquia e fazer do Brasil uma grande Somália.  Eu vou dar minha opinião da forma mais educada possível: vocês aí em Brasília — os aboletados em todas as instâncias do governo — na sua função, falsos representantes do povo, contrafações e empulhações grosseiras. Vocês são uma vergonha, mas gostaria de poder usar palavras mais contundentes para adjetivá-los.

Para um cidadão brasileiro, ouvir a alegação desse senador Crivella de que "seus tios viajam muito e precisam da benesse de um passaporte diplomático" é simplesmente nauseante. O passaporte diplomático identifica seu usuário como representante diplomático de seu país natal. Vocês acreditam que o R. R. Soares e sua mulher são representantes da República? Vocês acreditam?! 

Eu não acredito que os tios do senador precisem usurpar as funções do Itamaraty (nem que tenham competência para isso) para "atender a milhares de brasileiros no exterior", mas posso imaginar que tal benesse poderia ser para facilitar, por exemplo, o contrabando de dinheiro para o exterior — faz mais sentido, embora não tenha elementos para transformar a conjectura numa acusação. Lembro-os, há precedentes. Pastores já foram pegos em Miami com numerário não declarado e presos pela Justiça dos Estados Unidos da América. Falo do bispo e da bispa da Igreja Renascer, fato amplamente noticiado, que não dispunham dos passaportes vermelhos do Itamaraty àquela época. Um dos benefícios dos passaportes diplomáticos é a "não-revista" de bagagem, não apenas a "fila mais curta" da alfândega. A desobrigação de visto de entrada é outro, mas tem mais: o passaporte também é totalmente gratuito! Não é lindo?!

Convenhamos, a verdade é uma só: Crivella e os Soares representam muitos votos para o governo — dentro e fora do Congresso — e as eleições municipais estão aí. Agora, qual foi a razão que o ministro Patriota viu para atender ao inciso II da Portaria nº 98 de 24/Jan/2011?Lá diz: "demonstrar que o requerente está desempenhando ou deverá desempenhar missão ou atividade continuada de especial interesse do país, para cujo exercício necessite da proteção adicional representada pelo passaporte diplomático."
Passaportes vermelhos para ratos vermelhos...
Tudo a ver!

E aí, ministro? Eu quero saber qual a MISSÃO ou ATIVIDADE desses e outros APANIGUADOS (eu queria usar outro adjetivo) que merecem o beneplácito do Itamaraty. Vai dizer ou vai por o rabo entre as pernas e correr?!

Eu disse acima que o Brasil era sui generis, mas acho agora que não; é apenas e tão somente sem vergonha! Só mesmo assim para aceitar passivamente a ratonice das instituições, o esbulho do erário e o escárnio dos ladrões aboletados no Poder. E pensar que se cortaram cabeças na França por muito menos que isso...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Quem te viu, quem te vê... PT

"No fundo, no fundo, é uma questão de ponto de vista;
uma hora se vê o voto, outra hora se vê a cifra." (E. German)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Incêndio

Circula pela Internet uma dessas fábulas dos tempos modernos. Recebi uma dessas hoje e resolvi repassar a vocês.

Um prédio de 4 andares foi totalmente destruído pelo fogo; um incêndio terrível. Todas as pessoas das 10 famílias de sem-teto que haviam invadido o 1º andar — filhos de presidiários que ganham salário de R$ 850,00 — faleceram no incêndio.

No 2º andar, todos os componentes das 12 famílias de retirantes que viviam dos proventos do "Bolsa Família", também não escaparam.

O 3º andar era ocupado por 4 famílias de ex-guerrilheiros, beneficiários de ações bem sucedidas contra o Governo; todos filiados a partidos políticos da Base Aliada e com altos cargos em estatais e empresas governamentais. Também faleceram.

No 4º andar viviam engenheiros, médicos, advogados, professores, empresários, bancários, vendedores, comerciantes e trabalhadores com suas famílias. Todos escaparam.

Imediatamente, a Presidenta da Nação e toda a sua assessoria mandaram instalar um inquérito para que o Chefe do Corpo de Bombeiros local explicasse a morte dos "companheiros" e o porquê de somente os moradores do 4º (e último) andar terem escapado. O Chefe dos Bombeiros respondeu:

"Eles não estavam em casa. Estavam trabalhando."

É óbvio, assim como em toda fábula, tratar-se de uma ficção, mas "historinhas" como esta traduzem o imenso desconforto que as ações populistas e eleitoreiras, fundeadas com recursos do erário, causam na parcela da população que trabalha, paga impostos e não elegeu ou coaduna com esses governos.

sábado, 19 de novembro de 2011

Criminoso: governo incentiva endividamento pessoal para fomentar consumo

Acabo de ler a matéria no Estadão. Só mesmo num curral de ovelhinhas, pastoreadas por lobos, tal ignomínia seria possível. É justamente essa a imagem que me vem à cabeça: 200 milhões de ovelhinhas branquinhas a balir satisfeitas no curral do abatedouro. Leiam alguns trechos (grifos meus):
BC incentiva crédito no momento em que dívida de brasileiro bate recorde
Desde a crise de 2008, a dívida total dos brasileiros saltou 80,7% e o valor das parcelas pagas mensalmente cresceu 60%


BRASÍLIA - O governo volta a incentivar o crédito para o consumo em um momento que, teoricamente, tem ingredientes arriscados: brasileiros nunca deveram tanto e nunca comprometeram parcela tão grande do salário para pagar as dívidas. Desde a crise de 2008, quando o governo aumentou a oferta de crédito para manter a economia aquecida, a dívida total dos brasileiros saltou 80,7% e o valor das parcelas pagas mensalmente cresceu 60%. Enquanto isso, o salário aumentou bem menos: 33,3%.

Dados do Banco Central revelam que o endividamento das famílias está no nível mais alto da história: pessoas físicas devem cerca de R$ 715,19 bilhões aos bancos em operações das mais simples, como o microcrédito e o cheque especial, até financiamentos longos, como o imobiliário e de veículos, passando pelo caro cartão de crédito.

Segundo o BC, cada brasileiro deve atualmente 41,8% da soma dos salários de um ano inteiro, um recorde. Há pouco mais de três anos, quando começou a crise de 2008, brasileiros deviam o correspondente a 32,2% de sua renda de 12 meses.

Pela metodologia usada nesses cálculos, o endividamento é o total das dívidas de uma família em relação à sua renda somada em um ano.

Como pode ser possível, que às portas de uma crise global de grandes dimensões, onde a Europa (ou boa parte dela) pode ir para o vinagre em questão de meses — e com ela o resto do mundo —, nosso (des)governo tome uma atitude dessas para poder arrotar sua empáfia nos fóruns internacionais como aconteceu com Dilma no último encontro do G-20 em Nice, França. É absurdo que se jogue a economia de um país e o futuro do seu povo no lixo apenas para adornar a própria arrogância.

Notem que a situação periclitante da economia das famílias brasileiras é perfeitamente conhecida pelo Banco Central, consequentemente pelo governo. Fossem eles minimamente responsáveis, estariam pedindo à população cautela, especialmente quando se aproxima uma época de consumo desenfreado — o Natal. Tudo indica que será um daqueles Natais em que os "financiadores de campanhas políticas" (banqueiros, grandes lojistas e industriais) farão a festa e as "ovelhinhas" pagarão a conta.

Quando é que haverá uma — ainda que ínfima — reação a esses desmandos? Não dá para esperar as próximas eleições. Alguém precisa subir numa tribuna do Congresso e denunciar mais esse crime.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Fitness

Todos os ministros e a coleira também.

A bunda exposta na janela

A canalha perdeu a vergonha. Eles já não se importam em serem desmascarados, não mais se escondem ou rastejam. Entre um bater da carteira alheia e a rapinagem da coisa pública, o pessoal do Poder (todos eles — executivo, legislativo e judiciário — e em todos os níveis) passam-nos a mão na bunda sem a menor cerimônia.

A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...
"Passar a mão na bunda" é das coisas mais acintosas que eu conheço. É aviltante, chulo, sórdido mesmo. Eu fico pensando qual seria o nível de violência com que eu retrucaria a tal ato de desrespeito e não consigo pensar em nenhum menor. Não é mais o caso de agredir o ofensor com palavras ou discursos, por mais intensos e violentos que sejam. Não! Para certas agressões, nem mesmo a Pena de Talião se aplica — não há nada que se equipare —, é preciso deixar a retórica de lado e partir para a reação física!

Este desabafo em muito se deve à "novela Lupi" que passa em todos os canais, que é só um capítulo da pantomima que começou há nove anos. Eu já sabia há muito que Dilma não é a presidente do Brasil, nem presidenta, como ela quer — quando muito presidANTA —, mas ela devia manter ao menos um mínimo de pudicícia, de amor-próprio e de decência, até para o bem de sua própria imagem e a das mulheres que diz representar. Gente como esse Lupi devia ser demitida com desonra e humilhação publicas. Nossa primeira mulher presidente é um péssimo exemplo, um desserviço às outras mulheres do Brasil e do mundo. Se era somente para se exibir, presidenta, a senhora devia ao menos deixar o cabresto do Lula em casa.

Eu ando mesmo muito indignado. Eu sou de um tempo em que melhorar a nossa vida e a da nossa sociedade era uma META. E é por isso que a música do Gonzaguinha não me sai da cabeça. Estivesse ele ainda vivo — tenho certeza — sairia à rua indignado cantando É. A música está aí, com Simone, e a letra completa também — prestem atenção a ela, o que a letra diz! E lhes faço a pergunta: É isso que está aí que a gente quer?!



É
Gonzaguinha

É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...

A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...

É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...

É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação...

É! É! É! É! É! É! É!...

É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...

A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...

É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...

É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação...

É! É! É! É! É! É! É!...

Sim! eu quero.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

1000 palavras

Se me dão limão, faço limonada;
se me tiram o cabelo e a barba, faço palhaçada!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Brasil, pobre república

Ontem foi aniversário da República — nada a comemorar — foram 122 anos mal vividos. Salvo um ou outro bom momento, nossa república (a Velha e a Nova) não foram além de sucessões de golpes ou a ratonice da coisa pública. Nasceu torta, de golpe ilícito contra a monarquia instalada, cometido por um marechal doente, mal informado e idiota. Tiraram-no febril da cama, puseram-no sobre o cavalo e ele se deixou conduzir pela súcia golpista. Deodoro foi levado à Praça da Aclamação e de lá depôs a monarquia constitucional parlamentarista de D. Pedro II, de quem se dizia amigo. Muy amigo...

Formas de governo são apenas isto: formas. Ressalvadas as diferenças de rito, todas são boas (ou más). O que eu noto, entretanto, é que no período monárquico era (foi) melhor. Por exemplo, o Parlamento daquela época foi um dos melhores da nossa História, senão o melhor dentre os melhores — nada a ver com nossa atual "representação".  Mesmo à época haviam vozes discordantes do golpe, como a do Visconde de Ouro Preto, que escreveu em seu livro "Advento da Ditadura Militar no Brasil" (grifos meus):
O Império não foi a ruína. Foi a conservação e o progresso. Durante meio século, manteve íntegro, tranquilo e unido território colossal. O império converteu um país atrasado e pouco populoso em grande e forte nacionalidade, primeira potência sul-americana, considerada e respeitada em todo o mundo civilizado. Aos esforços do Império, principalmente, devem três povos vizinhos ao desaparecimento do despotismo mais cruel e aviltante. O Império aboliu de fato a pena de morte, extinguiu a escravidão, deu ao Brasil glórias imorredouras, paz interna, ordem, segurança e, mas que tudo, liberdade individual como não houve jamais em país algum. Quais as faltas ou crimes de dom Pedro II, que em quase cinquenta anos de reinado nunca perseguiu ninguém, nunca se lembrou de uma ingratidão, nunca vingou uma injúria, pronto sempre a perdoar, esquecer e beneficiar? Quais os erros praticados que o tornou merecedor da deposição e exílio quando, velho e enfermo, mais devia contar com o respeito e a veneração de seus concidadãos? A república brasileira, como foi proclamada, é uma obra de iniquidade. A república se levantou sobre os broqueis da soldadesca amotinada, vem de uma origem criminosa, realizou-se por meio de um atentado sem precedentes na história e terá uma existência efêmera!

Instituída a República — pau nascido torto —, tivemos uma sucessão de golpes e revoltas: Canudos, Armada, Federalista, Sedição, Vacina, Chibata, Acre, Contestado, 1923, Princesa, Tenentista, 18 do Forte e 1930 — todas na República Velha; depois a Constitucionalista de 1932, Vargas (Integralismo, ANL, Intentona, Estado Novo), Populismo (revoltas localizadas) e o Golpe de 1964 com seus mais de 20 anos de governo militar e supressão de direitos civis.

Constituições foram 8 (oito) ao todo, sendo que a de 1946 é considerada a melhor de todas elas, infelizmente substituída pela de 1967, sob o regime militar. Como preconizou o Visconde de Ouro Preto, a república aqui tem "existência efêmera", morrendo entre rebeliões e golpes; renascendo nas suas muitas "constituições"; extinta e recriada muitas vezes ao longo desses 122 anos. Jabor expressa bem a sensação do momento:


E agora, quando parece que finalmente estamos ficando em pé sobre a terra, outro mar de lama ameaça a República (novamente) e nossa incipiente e frágil Democracia. Não posso afirmar que sob uma monarquia seria diferente — eu, pessoalmente, acredito que sim, que reis e rainhas ao menos se corariam de vergonha —, já para presidentes (e presidentas), ministros variados (inclusive os togados) e parlamentares, é apenas e tão somente um ligeiro desconforto.

Mentira tem pernas curtas, nariz grande e nome

Fatto per GepetoLula

Lupi: balança... balança... mas não cai!



Se cair, será o sétimo (em 11 meses)


Se ficar, será por "justiça"



Se cair, será por corrupção (o sexto)


Se ficar, desmoraliza a presidente (é ex do Lula)



Se cair, foi "fogo amigo"

Se ficar, foi por amor ("Dilma, eu te amo!")



Caindo ou ficando, eu como a pizza
e te mando a conta

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Paraguai é a nossa China, mas estamos longe de ser os EUA

Na década de 70 os Estados Unidos da América iniciaram sua aproximação com a China comunista (ou continental). Até então eles só mantinham relações com a ilha de Taiwan (Formosa). Eu me lembro muito bem que um frisson correu o mundo naqueles dias em que Henry Kissinger visitou o país.

País extremamente fechado, populoso e cheio de problemas, a China daquela época não guarda o menor resquício com a de hoje, a segunda potência econômica mundial. E tudo começou com a visita do Mr. Kissinger. Daquele tempo até os dias de hoje, empresas dos Estados Unidos da América e de todo o resto do mundo, se transferiram para lá e pelos mesmos motivos: menor custo de produção. Já que — grosso modo — lucro é a diferença entre o preço de venda menos custos de produção; que é o mercado que fixa o preço de venda; sobram os custos como única variável passível de controle pelos produtores — não há como negar o óbvio.

Hoje, fico sabendo que outro país resolveu tomar o caminho da China e é um dos nossos vizinhos. Empresas, produtores rurais, micro e pequenos empresários estão descobrindo o Paraguai. É, ele mesmo, e pelos mesmos motivos que há algumas décadas muitos se mudaram para a Ásia. Escutem essa entrevista da CBN com o Presidente do Centro Empresarial Brasil-Paraguai. É um pouco longa (18 min.) mas vale a pena. Volto depois.


Ouviram bem?! Carga tributária, encargos sobre folha, produtividade, reinvestimento de capital, desoneração da produção, desburocratização, baixo número de impostos, etc. Ops! quase me esqueço: baixo custo de energia elétrica, certamente aquela mesma produzida em Itaipu (metade dela é do Paraguai) e que nós compramos do parceiro por “módicos” US$ 120 milhões/ano. Compramos, não! Comprávamos. Desde o mês de Maio passado nós pagamos o triplo — US$ 360 milhões/ano — pela mesma energia, presente de Dilma e Lula aos nossos vizinhos, afinal, eles nunca foram muito de respeitar acordos internacionais.

O Paraguai está se tornando o sonho de todo empresário brasileiro: primeiro, perder aquele maldito sócio — o Governo — que nunca ajuda, atrapalha muito e custa uma fortuna. Depois, condições favoráveis para a produção, especialmente em negócios com uso de mão de obra intensiva, com baixa oneração da folha, legislação simplificada, ampla possibilidade de reinvestimento do lucro e por aí vai. O Paraguai faz sua inclusão social com capital e trabalho ao invés de distribuir bolsas.

Voltando um pouco no tempo, quando Lula prometeu criar 10 milhões de postos de trabalho em seu primeiro mandato e não criou nem 6 milhões nos oito anos em que passou no Poder, fico imaginando se ele não se referia ao Paraguai... Vejamos: na entrevista acima foi dito que uma empresa que se instalou por lá há dois anos, começou com um quadro de 90 empregados. Hoje, ela já está com 700 (passados apenas dois anos), e investiu US$ 10 milhões para contratação de mais 2.500 para breve. Em ordem de grandeza, um crescimento de 678% em dois anos e planos de crescimento de mais 357%. Outra, do ramo de confecções, começou com 14 funcionários, já está com 124 e pretende chegar a 324 em breve. Em percentuais, isso dá +786% e +161%, desempenho invejável. Nunca ouvi algo assim ser noticiado no Brasil, talvez porque o governo local faça de tudo para desestimular o investimento e o negócio produtivo.
O grande empregador no Brasil é o próprio governo. Nos oito anos do governo Lula, ingressaram na administração pública 155.534 servidores, contra 51.613 no período do governo FHC. E tem mais: aqueles apaniguados que não conseguiram sua sinecura, logo, logo encontram uma ONG de onde fazem a sangria. O Estado virou um fim em si mesmo: não trabalha, custa muito, consome tudo o que arrecada e, guloso como só ele, ainda reclama que está pouco. E a choldra vil e ignara — aquela que dá a Lula os tais +80% de aprovação — ainda acha que não paga impostos. Se você quiser saber mais sobre a "evolução" do funcionalismo público, consulte o comunicado do IPEA aí ao lado.

Paraguai, China, EUA, todos parecem estar cumprindo o seu papel, menos nós. Os Estados Unidos da América transferiram postos de trabalho para a China mas mantiveram o controle sobre a produção de tecnologia de ponta. Assim, investem maciçamente em P&D — Pesquisa e Desenvolvimento —, têm as melhores escolas do mundo e formam os melhores profissionais. A consequência disso: são a economia dominante, muitas vezes maior que aquela que lhe segue. Conhecimento, estudo e qualificação profissional são palavras-chave para quem quer crescer. Assim como os EUA, rezam nessa mesma cartilha a Europa, o Japão e os Tigres Asiáticos. A China também investe enormemente no setor — suas universidades (pagas!, não gratuitas) já figuram no topo da lista onde a nossa melhor — a USP — se encontra em 169º lugar (depois de subir 84 posições, que vergonha!). Não vai demorar para também ela passar a exportar postos de trabalho — talvez até para aqui — porque Educação nunca foi nossa prioridade, vai sempre de mau a pior, e foi a grande responsável pela nossa péssima colocação no IDH.

E dizem que o Lula ficou chateado, reclamou da metodologia. Com ele é assim: se a criança tem febre, quebra o termômetro quando não joga a criança pela janela com a água do banho. Tem mais! Ele agora quer Haddad — seu ministreco da educação — prefeito de São Paulo!

Lula, vá te catar!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

CPMF, CSS ou FTT: certas cangas só convêm ao pescoço alheio

Escapamos de novo!, ou melhor, escapamos de mais uma. Se a tal da FTT fosse aceita pelo G-20, no minuto seguinte a CPMF seria recriada aqui. Repasso a coluna do Celso Ming e volto em seguida. Como de hábito, grifos meus.
Não emplacou
Uma das poucas propostas concretas levadas à reunião de cúpula do Grupo dos 20 (G-20), terminada na sexta-feira, em Cannes, França, foi a criação imediata de um Imposto sobre Transações Financeiras (FTT, na sigla em inglês).

Mas esse projeto não mereceu mais do que uma observação paralisante no comunicado dos líderes do G-20: “Tomamos conhecimento da iniciativa de alguns de nossos países de taxar o setor financeiro, inclusive por meio de uma taxa de transação financeira, entre outros objetivos, para dar suporte ao desenvolvimento”.

Para não retroagir à ideia original, elaborada pelo economista americano James Tobin, em 1971, foi o presidente da França, Nicolas Sarkozy, seu grande entusiasta, que decidiu encaminhá-la para que os dirigentes do G-20 a abençoassem e transformassem em lei. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, a acolheu com algum fervor e a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, não escondeu seu apoio, mas dois vetos decisivos bloquearam o plano no G-20: o do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que, no entanto, não objetou que fosse adotado livremente por outros países; e o do primeiro-ministro da Inglaterra, David Cameron.

Ao contrário do que pareceu aos desavisados, não se trata de uma CPMF global. Se é para fazer uma comparação com uma taxa vigente no Brasil, a mais parecida é o nosso Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

O fato gerador da CPMF é (foi) qualquer movimentação feita em conta-corrente bancária. O IOF incide, a alíquotas variadas, sobre algumas transações financeiras (câmbio, crédito, posições compradas em derivativos cambiais, etc.). O FTT também alcançaria apenas algumas transações (veja abaixo).

Há mais uma diferença de fundo entre o IOF e o FTT. O IOF tem funções regulatórias, enquanto o FTT nasceria com objetivos arrecadatórios, embora até agora não muito claros. Alguns documentos falam em obter recursos para ajudar a capitalizar os bancos. Outros, que os volumes seriam usados para investimentos e, assim, financiariam a recuperação.

A rejeição sumária do tributo no âmbito do G-20 deixa os líderes da Europa com a opção que lhes sobrou: a de encaminhá-lo à discussão para implantá-lo na União Europeia (bloco dos 27). Ainda assim, teria de vencer a ferrenha oposição da Inglaterra.

O ex-presidente do Banco Central Europeu Jean-Claude Trichet advertiu antes de deixar o cargo que esse imposto não poderia ser regional: “Ou será global ou será impraticável”. A partir do momento em que vigorasse em somente um punhado de países, bom pedaço das transações financeiras migrariam para onde não houvesse tributação. A Inglaterra não o quer por entender que a city londrina, maior centro financeiro do mundo, correria o risco de perder negócios. E, de quebra, há o problema dos paraísos fiscais, grandes polos que fogem sistematicamente das leis das regulações globais.

No seu formato original, o FTT cobrado na União Europeia aplicaria alíquota de 0,1% nas liquidações de negócios com ações e títulos; e de 0,01% nos contratos de derivativos. Nesses moldes, teria potencial para arrecadar mais de 110 bilhões de euros (US$ 79 bilhões) por ano.
Eu tenho comigo que o Reino Unido nunca fez parte da União Europeia. Digo mais: eles nunca fizeram parte da Europa! Quem me abriu os olhos para essa característica dos insulares foi George Orwell, quando li seu 1984 pela primeira vez. Eles não se misturam, quando muito se relacionam na Commonwealth com as ex-colônias, e claro, sempre com um misto de inveja e respeito com a ex-colônia que os deixou para trás (i.e. EUA). Eles não colocarão azeitonas nessa empada.

Voltando ao tributo vetado, quero comentar alguns dos meus grifos acima. Vamos lá! A proposta do tal tributo é "para dar suporte ao desenvolvimento". Ora, isso é estúpido e ridículo. Não existe na História da Humanidade um tributo com tais características. Para ter uma finalidade tão nobre, a coisa teria de ter características de uma doação, sendo que as que ousaram levantar esta bandeira se revelaram mera gatunagem. Quem aí se lembra ou ouviu falar do "Doe Ouro para o Bem do Brasil"? Acreditem, muita gente entregou joias de família para o bem do País. Os doadores recebiam em troca da doação uma aliança de alumínio onde se lia: "Eu Doei Ouro para o Bem do Brasil"... Para o bem de quem?!!

Depois que o pessoal acordou, só sobrou a vergonha de terem sido passados para trás. Eu nunca mais vi essas alianças de alumínio, até porque ter uma era admitir ter feito papel de idiota. Não, todas jazem no abismo profundo mais próximo. Então, para não perder a meada, tributo é violência de fato, tanto que precisa ser imposto, forçado, ou não se arrecada nada.

Tributar movimentações financeiras é uma jabuticaba amarga e — porque não falar logo com todos os efes e erres —  BURRA. Toda movimentação financeira, que já tem custos de serviço embutidos, aumentará ainda mais com esta ou qualquer outra tributação adicional. O resultado será o aumento do custo do dinheiro e de tudo o mais que ele compra e paga. Daí a observação do Trichet: "ou será global ou será impraticável", porque se alguém ficar de fora, ele será o rei da cocada; a última bolacha do pacote. A China está louquinha para aceitar o papel, como também EUA e a Ilha.

Dentre o quase-nada da reunião do G-20, algumas pérolas. Eu acredito que o Trichet deva ser um grande gozador, até porque um tributo "global" não produzirá efeito prático algum, isto é, se todo mundo é tributado igualmente, todos ficarão exatamente onde já estão. Por outro lado, adotar uma coisa assim — isoladamente ou em grupo — só fará com que seu país ou grupo fique em desvantagem em relação aos demais. No presente caso, os demais são os EUA e o Reino Unido. Convenhamos, se colocar em desvantagem é a última coisa que a Europa quer ou precisa — salvo para os gatunos espertos.

Como parece que os dirigentes europeus ficam sem cérebro quando a coisa aperta, foi preciso que Oba-Oba-Obama e "seu" primeiro ministro vetassem a jabuticaba, ou melhor, polidamente a recusaram. A eles, o meu "muito obrigado!", o meu mais sincero thanks-a-bunch for keeping us CPMF safe! 

Até que enfim Obama serviu para alguma coisa...