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terça-feira, 5 de junho de 2012

O inferno flex

Já com algum atraso, repasso a vocês trecho de uma coluna do Celso Ming no Estadão. Grifos meus.

Um pacote para o etanol

A mais importante conclusão que se pode tirar das informações de que se prepara, em Brasília, um pacote de incentivos para estimular o investimento na área de biocombustíveis – especialmente no segmento de açúcar e etanol – é a de que o governo deixou de ver o usineiro como mero aproveitador e oportunista. Passou a considerá-lo agente do crescimento econômico.

No ano passado, quando começou a faltar etanol no mercado, o governo Dilma o tratou como simples especulador com estoques. As duas principais decisões de então foram: reduzir a participação do etanol anidro na mistura com a gasolina (de 25% para 20%); e transferir a política do setor para a Agência Nacional do Petróleo, para que fosse enquadrado à política de combustíveis. Acompanharam as ameaças de confisco sobre exportações de açúcar, para que o usineiro aprendesse a ser responsável pelo suprimento de etanol.

Demorou para o governo ver que o setor não é o jogo de interesses de curto prazo que lhe parecia, mas que enfrenta disparada de custos sem contrapartida de retorno. Qualquer contratempo climático ou queda das cotações globais do açúcar – como as de hoje – pode bastar para derrubar a produção e inibir os investimentos.

No entanto, como já ocorre com o atendimento dado a todo o setor produtivo, o pacote em preparação leva todo o jeito de não passar de novo puxadinho, baseado na redução de alguns impostos, que não ataca os problemas de fundo.

A principal questão imediata, que atinge todo o setor de biocombustíveis e não só o do etanol, é a política de tabelamento dos preços dos derivados de petróleo, sobretudo da gasolina e do óleo diesel. Esse achatamento não debilita apenas a capacidade de investimento da Petrobrás. À medida que deprime também os preços do etanol, bloqueia investimentos tanto na cultura de cana-de-açúcar como na construção de usinas de destilação. E concorre para afundar um segmento altamente promissor da economia brasileira.

Isso significa que não basta distribuir alguma água benta para os usineiros para que seja garantida a recuperação do setor do etanol, hoje atolado em dívidas superiores a US$ 40 bilhões. É preciso que o governo reveja corajosamente a política de preços dos derivados de petróleo.

Mas só o restabelecimento da flutuação dos preços dos derivados do petróleo aos padrões internacionais não devolve competitividade estrutural ao setor sucroalcooleiro. Desdobramentos da crise global também poderiam baixar os preços do petróleo a níveis inferiores aos de hoje, a ponto de justificar o patamar atual dos preços dos combustíveis sem, no entanto, viabilizar o negócio do etanol.

E aí chegamos aos problemas dos altos custos estruturais, que derrubam a competitividade não só da área do açúcar e do álcool, mas também de todo o setor produtivo brasileiro: é a excessiva carga tributária, a precariedade e os custos elevados da infraestrutura, os onerosos encargos trabalhistas, a burocracia e tudo o mais.

Para resumir, ou o governo define claramente o que quer do setor de açúcar e do álcool e desenha uma política de longo alcance ou será responsabilizado pelo definhamento do setor de biocombustíveis – de que o governo Lula tanto se gabou.

Pois é, assim são os governos progressistas que eu prefiro denominar governos de palanque. Enquanto em campanha, desfilam o paraíso sobre a terra que todos nós usufruiremos sob sua batuta. Consumado o engôdo, descobrimos que não passam de um bando de incompetentes, ignorantes e vagabundos.

Uma das grandes conquistas do Plano Real foi a política de preços livres — o mercado dita o preço — que o PT nunca conseguiu entender. Preferiu o rotular de neoliberal e voltar com o velho tabelamento, ainda que velado, como acontece na vizinha Argentina que vai caindo pelas tabelas.

No caso dos derivados de petróleo, duplo ato lesivo: prejudica a Petrobrás e aos seus acionistas (nós no meio) — forçada a vender por preço inferior o produto que importa (e.g. gasolina) — e ao setor sucaro-alcooleiro que compete com preços artificialmente deprimidos, tudo em nome da manutenção do mito do paraíso lulo-petista do bem-estar social. E o que fez o governo? Deu uma ajuda às montadoras para ajudá-las a desovar estoques encalhados, agora que a nova classe média está de volta ao conforto da letra "D"; sem cartão, sem crédito e cheia de dívidas impagáveis. Mentira tem pernas curtas.

Então nos compramos carros flex e o governo sabota-nos deliberadamente. Ao invés de exportarmos etanol para o mundo estamos importando dos EUA aquilo que nos falta. Agora que não existem barreiras tarifárias para a exportação de etanol nós não o temos. Se isso não é um atestado de incompetência, então eu não sei mais o que é.

Investimentos em infraestrutura, redução do esbulho tributário e da "burrocracia" — presença indesejável do Estado na economia —, atitudes que minorariam o esforço para o crescimento produtivo e a geração de riqueza, nem pensar! O lulo-petismo passará à História como o responsável por não apenas deter o nosso avanço para a modernidade e para o crescimento, como nos fará retroceder aos anos pré-Collor, das carroças, do clientelismo e do atraso, tudo em nome do culto a uma personalidade nefasta em cujo dicionário nunca constaram verbetes como trabalho, honestidade, decência e honradez.

Voltando à vizinha Argentina, até mesmo o efeito Orloff a era Lula reinaugurou. Lembra-se do "eu sou você amanhã"? Pois é, não vai demorar para nós entrarmos no mesmo buraco de Cristina Elisabet Fernández de Kirchner. Não há outra razão para os malabarismos do governo a não ser esconder a inflação que já se instalou. Hoje o governo manipula preços e acabará por manipular índices — tudo como no país vizinho —, ambos hábeis em varrer verdades para debaixo dos tapetes.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Amigos, amigos... Negócios bem à parte

Eu tenho evitado escrever sobre certos assuntos, parte porque não conheço suas razões e causas de perto, parte porque os considero irrelevantes. Mesmo assim, hoje resolvi falar mal do quintal dos outros. Estou me referindo às recentes expropriações ocorridas na Argentina (YPF) e na Bolívia (TDE), por infeliz coincidência, ambas empresas espanholas. Eu estou certo que o ministro Rajoy não deve estar nem um pouco satisfeito com o ocorrido, o que não se dirá da diretoria da Repsol e da Red Eléctrica de España, respectivamente controladoras da Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF) e da Transportadora de Electricidad S.A. (TDE).

Existem alguns articulistas que acreditam que tais movimentos possam ser favoráveis ao Brasil. Pode parecer lógico que este seja o caminho adotado, mas nosso governo insiste em negociar em bloco, isto é, no âmbito do Mercosul. Assim, a afirmação do professor de economia da FGV, Ernesto Lozardo, soa vazia: "De maneira geral, o Brasil tem um marco regulatório consolidado e assegura maior respeito aos contratos, dando guarida aos investimentos". Será?!

A Espanha — que já tem problemas de sobra em casa — parece ter sido escolhida como o Judas a ser malhado nessas plagas sul-americanas. Foi noticiado pela BBC-Brasil: "Segundo o relatório Panorama de Investimento Espanhol na América Latina 2012, divulgado pelo Instituto de Empresa de Madri em fevereiro passado, 30 das companhias de maior faturamento da Espanha enxergam com pessimismo a evolução de seus negócios em países como Argentina, Bolívia e Venezuela. Das empresas com filiais nesses três países, somente 15% planejam aumentar sua presença na Argentina em 2012, contra 4% na Bolívia e na Venezuela. No Brasil, entretanto, o índice é de 62%." Apesar dos números favoráveis, prefiro ler o quadro com cautela.

Eu vejo uma enorme pedra em nosso caminho: o Mercosul. Estou entre aqueles que acreditam que o Brasil jamais deveria fazer parte desse "bloco econômico", onde, a meu ver, as desvantagens superam em muito qualquer vantagem fictícia com que possam acenar. Algumas informações sobre os parceiros daquele "clube":

Fonte: FMI


Como podem ver, só existe um player neste clube e é o Brasil. É o dono do campo, da bola e do campeonato; só não se comporta como tal [ainda]. Com o devido respeito às nações amigas, o que se vê acima não é uma agremiação de iguais, então porque insistir nisso. Tudo bem, mantenha-se o Mercosul, mas não deixe que ele se torne um empecilho para a celebração de acordos bilaterais com os EUA, a União Europeia, o Japão, a Rússia, a Índia e quem mais venha. É um absurdo dar relevância a quem não tem relevância alguma. São nossos "parceiros" do Mercosul que dependem de nós, não o contrário, então é inadmissível que um El ministro de la Viuda determine o que entra e o que sai da Argentina, quando o acordo é de fronteiras livres, de livre comércio e de isenções fiscais. O Itamaraty deveria denunciar o fato imediatamente, mas é soft demais.

Ao contrário de Chile e Colômbia, dois outros vizinhos que firmaram acordos bilaterais com EUA, UE e Japão e, dessa forma gozam de tarifas diferenciadas para exportação, nós continuamos a defender que esses mercados precisam negociar conosco no âmbito do Mercosul. Em outras palavras, o que se faz é dar a 17% do PIB da associação, o controle sobre o todo. Melhor ainda: é como se 17% fossem iguais ou maiores que os outros 83% — coisa de gênio. Mas tem mais: La Viuda, que manda em 14,69% do clube, resolveu dar caneladas em empresas da Espanha, país membro da União Europeia com a qual tentamos há anos fechar um acordo "no âmbito do Mercosul". Com "amigos" assim, quem precisa de inimigos?

A hora é de deixar o proselitismo barato de lado e cuidar daquilo que é nosso. Se o Japão, ou a UE, ou mesmo os EUA acham mais fácil negociar com o Brasil em separado — paciência — amigos, amigos..., nossos negócios à parte e em primeiro lugar. Há milhões de brasileiros precisando de emprego e oportunidade e a responsabilidade desse governo Dilma (e de qualquer outro) é para com eles.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Deputado inglês mostra o que espera o Brasil, isto é, como receberemos o resto do mundo

A matéria da Exame Online me fez lembrar dos meus tempos de ginásio, quando estudávamos os investimentos da Corôa Portuguesa na Escola de Sagres, para a formação de navegadores, pilotos, cartógrafos, etc., considerada o pilar central do grande domínio português sobre os mares, descobrimentos e riquezas de além mar — conhecimento como forma de se obter riqueza e poder — uma receita ainda em uso nos dias de hoje e, inexplicavelmente, ignoradas por alguns países, o Brasil entre estes.

O que se pode depreender de tal fato, acontecido ainda no século XV, é que só investimentos em infraestrutura permitem grandes avanços em relação aos competidores diretos e à manutenção dos eventuais ganhos. E mais: não há infraestrutura mais necessária que a educação e o conhecimento, o que me leva a parabenizar o Governo Dilma pelo movimento, ainda que tíbio, à formação de profissionais noutros países, já que aqui nossas escolas vão de mal a pior e as exceções não preenchem os dedos da mão esquerda de Lula. Falta ainda o ensino básico: do maternal ao colegial temos produzido mais analfabetos funcionais que técnicos.

E o resultado dessa imensa massa ignara é o cataclismo que se avizinha, seja via Copa ou Olimpíadas:
  1. Bebidas serão proibidas nos estádios porque a Polícia é incompetente (e temos duas!) para coibir e punir abusos. A nossa daqui chega a proibir duas torcidas em campo — não há atestado de incompetência maior.
  2. Será decretado feriado nos dias dos jogos porque não haverá condições mínimas de se ir e vir — vias públicas congestionadas, transporte de massa inexistente ou claudicante e (mais uma vez) segurança pública ineficaz ou ausente.
  3. Todas as escolas deverão estar em regime de férias — que se danem seus filhos e a sua já parca educação. Se eles não estudassem tanto talvez fossem hoje um Ronaldinho ou um Messi.
  4. Ainda há mais, mas paro aqui. Espero conseguir um local bem longe daqui nessa efemérides, talvez uma ótima oportunidade para voltar aos Estados Unidos da América.
Já no outro mundo...

Deputados britânicos temem caos aéreo durante Olimpíadas

A chegada em massa de atletas e turistas para os Jogos Olímpicos pode causar um colapso em Heathrow, principal aeroporto do Reino Unido
A Qantas Boeing 747-400 (registration unknown) lands over the roofs of Myrtle Avenue at London (Heathrow) Airport. Taken by Adrian Pingstone in August 2004 and released to the public domain.
Aqui resolveremos com "puxadinhos" à brasileira.


As aglomerações nos terminais de Heathrow podem obrigar muitos passageiros a permaneceram por longo tempo dentro dos aviões após aterrissarem

Londres - Um comitê do Congresso britânico alertou nesta quarta-feira que a chegada em massa de atletas e turistas para os Jogos Olímpicos de Londres pode causar um colapso em Heathrow, principal aeroporto do Reino Unido e o de maior tráfego da Europa.

O presidente do Comitê de Cultura, Comunicação e Esportes, John Whittingdale, enviou carta ao ministro britânico de Cultura e Esportes, Jeremy Hunt, no qual fala da possibilidade de se formarem imensas filas nos guichês de controle de passaportes, dificultando o funcionamento do aeroporto.

Na carta, Whittingdale adverte que as aglomerações nos terminais de Heathrow podem obrigar muitos passageiros a permaneceram por longo tempo dentro dos aviões após aterrissarem no Reino Unido. 'A situação obrigaria algumas aeronaves a rodar em círculo sobre o aeroporto, enquanto outras ficariam retidas na pista', afirmou o deputado conservador.

O parlamentar relatou que membros do Comitê participaram de uma reunião com responsáveis pela empresa que administra Heathrow. Para os dirigentes da empresa, o principal desafio será no fim dos Jogos, quando a maioria dos visitantes tiver que deixar Londres em um período de poucos dias.

Contudo, os deputados, 'saíram da reunião sem estar convencidos de que Heathrow esteja preparado para a chegada de atletas, turistas e integrantes da 'família olímpica'', afirmou Whittingdale. Ele ressaltou que são perceptíveis as medidas tomadas para a chegada das pessoas e do material esportivo, mas que as filas de controle de imigração preocupam.

'Parece que se pensou pouco sobre como lidar com essas filas'. Ele ainda afirmou que a Agência de Fronteiras do Reino Unido garantiu que não há garantia de que seja possível abrir todos os guichês durante o período dos Jogos.

Entre as medidas tomadas pela direção do aeroporto, está um terminal provisório destinado exclusivamente ao retorno dos atletas e organizadores dos Jogos, nos dias seguintes a cerimônia de encerramento, no dia 12 de agosto.

O principal aeroporto londrino registrou em março deste ano, tráfego de 5,7 milhões de passageiros. Nos últimos 12 meses foi alcançada pela primeira vez a marca de 70 milhões de viajantes.

E a tal perguntinha de muitos bilhões de dólares: vocês acreditam que nossos eventos internacionais serão mesmo um sucesso? Para quem?

sexta-feira, 23 de março de 2012

Contrariando a contradição

Um blog que eu costumava frequentar e que, invariavelmente, me presenteava com grandes análises políticas, agora mostra-se tomado (ou seria cooptado?) por "progressistas", razão pela qual minhas passagens por lá acontecem quase que por acidente.

Numa dessas efemérides, encontrei mais uma pérola sobre a derrocada do Capitalismo, talvez uma daquelas que não se deveria atirar aos porcos, como nos foi ensinado no Sermão da Montanha. Segue o texto publicado aqui, grifos meus.

O grande desemprego e a contradição do capitalismo

Welinton Naveira e Silva
O desemprego que segue rapidamente aumentando em todo o mundo é fruto de uma das muitas contradições do sistema capitalista. Das contradições, essa é a mais séria, mortal e insolúvel. Está empurrando o sistema capitalista para a bancarrota final.
É simples perceber que o desemprego na sociedade tecnológica avançada tende a ser cada dia maior, por conta dos mais variados recursos visando substituir o trabalho humano, em todas as áreas da produção de riquezas, aceleradamente excluindo a mão de obra braçal e intelectual, sem exceção alguma, em desenfreada busca de maior agilidade produtiva, sofisticados e complexos produtos, em quantidades e qualidades jamais pensadas.
As vantagens da substituição do trabalhador por máquinas são inúmeras, incontáveis e indiscutíveis, além da obtenção de produtos com alto grau de padronização, confiabilidades e de baixos custos, qualidades essas, extremamente importantes para não perder o poder de concorrência, cada vez mais feroz, em todo o mundo. Assim sendo, cedo ou tarde, o trabalhador acaba indo para o olho da rua. Fica desempregado e perde o poder de consumo.
Por outro lado, as consequências do desemprego no sistema capitalista são devastadoras. Pois que este sistema possui dois pólos. Um deles, na condição de pólo produtor (indústria, serviços e comércio) e o outro, na condição de pólo consumidor, constituído de milhares de trabalhadores comprando e consumindo tudo que é produzido pelo pólo produtor. Para viabilizar o sistema, surge o dinheiro girando entre esses pólos, conferindo grande liquidez ao sistema.
A existência de um dos pólos está condicionada a existência do outro. Se extinguir um dos pólos, o outro desaba, implodindo o sistema capitalista. Assim, como o pólo consumidor vai sendo aceleradamente reduzido em todo o mundo, decorrente do desemprego tecnológico, o sistema capitalista está com data marcada para falir. A grande pergunta é quando isso vai acontecer, bem como as imediatas consequências logo após a falência súbita e global do sistema. Poderá precipitar uma guerra nuclear? Ninguém sabe, só Deus.
Se o lado racional do homem prevalecer, será então possível iniciar a construção de um mundo mais justo, fraterno, seguro e mais limpo, para toda a humanidade. As mais sofisticadas tecnologias já estão prontas para a solução de praticamente todos os males que ainda afligem o homem. Quem está em estado terminal é o sistema capitalista, não a humanidade. Muito menos a tecnologia. Que Deus nos ilumine.

Raras vezes pude presenciar tamanha quantidade de sandices, mas não me espanta que a pessoa que as gestou não tenha pudores de as expor publicamente, afinal, está aí o lulo-petismo a fazer misérias por quase uma década.

É interessante notar as inúmeras vezes em que o autor se contradisse no texto, especialmente quando ele tenta explicar o "fracasso" do Capitalismo com o sucesso do Capitalismo. São as tais pérolas...

O mercado hoje é francamente empregador, salvo nos casos do candidato à vaga não possuir qualquer expertise. Diga-se, a título de galhofa, faltam até peões de curral para as fazendas, o que não se dirá de engenheiros, técnicos e que tais. Algo está errado na equação socio-econômica publicada no texto. Senão, vejamos, a mecanização aumentou em muito a produtividade na indústria e no campo, o que permitiu bens duráveis e alimentos mais baratos, gerando consumo e emprego. A utilização de máquinas e robôs certamente eliminou postos de trabalho — nunca o emprego — mas o fez entre aqueles que, via de regra, exigem pouca ou nenhuma acuidade mental e/ou são altamente insalubres. O know-how e o intelecto continuam a ser mercadoria valiosa. Assim, não há vantagem em se substituir trabalhadores se suas tarefas envolvem o pensar e não apenas o fazer — tiro no pé é pouco capitalista.

Fatores de produção (e não "pólos" (sic), como no texto) são os building blocks da Economia e, por que não, do Capitalismo. Este é um sistema simples, auto-regulável e que se mostra eficaz há séculos. Mas como nada é perfeito, ele tem detratores. Marx, possivelmente o maior deles, surgiu com os devaneios do socialismo, a solução para todos os males. Sabemos todos onde foram dar os devaneios de Marx, tanto que seus apologistas "abraçam" a economia de mercado com a ânsia dos afogados. Está aí, se existe um perigo para o Capitalismo, ele está nesse "abraço-dos-afogados".

A "economia marxista", se é que tal coisa existe, de tão eficaz produziu umas das maiores pobrezas do mundo. Cuba e Coreia do Norte são exemplos do marxismo dogmático, a Venezuela corre atrás do modelo, ao menos enquanto o timoneiro for Chávez. China e Vietnã querem economia de mercado com estado forte, isto é, fascismo; enquanto alguns países europeus, que brincaram com o distributivismo estatal, estão às turras com rombos orçamentários — única coisa em que os comunistas são experts em produzir —, além da corrupção, é claro. O socialismo já passou do estado terminal, é de cujus.

Pegando o gancho do final do texto em crítica, "se o lado racional prevalecer", jogaremos esta corja fora, limparemos sua sujeira e continuaremos a construir nosso presente e futuro sob os mesmos paradigmas de séculos de capitalismo, com dignidade para todos, sob o império da Lei, da Ordem, e porque também não, sob Deus.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Livre-mercado, uma ova!

Cada vez mais fica claro que o brasileiro é um "cidadão" de segunda-classe, um eterno tutelado do Estado, não importa em qual esfera. Somos tutelados como seres inferiores, eternas crianças com cérebros de pulga e QI de uma ameba. É revoltante. Um bom exemplo é o imbróglio da greve/lockout dos transportadores de combustível de São Paulo. Está assim no site da Quatro Rodas, grifos meus:

Aumento abusivo no preço do combustível deve ser denunciado

Segundo o Procon, prática pode levar a multa que varia entre R$ 400 e R$ 6 milhões

Por Vanessa Barbosa, de Exame.com | 07/03/2012

Os motoristas paulistanos precisam redobrar a atenção nos próximos dias para evitar pagar caro pelo combustível. Segundo o Procon-SP, os consumidores que se depararem com aumentos abusivos nos preços da gasolina e do álcool devem registrar denúncia.

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, é considerada como prática abusiva “elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços”. A definição cabe aos postos que aumentaram o valor dos combustíveis cobrado do consumidor no segundo dia de paralisação dos transportadores do produto.

O Procon lembra que é muito importante que o consumidor exija a nota fiscal e denuncie. Na Capital a denúncia pode ser feita pelo telefone 151. De acordo com o diretor executivo do órgão, Paulo Arthur Góes, as denúncias serão investigadas pelo “se confirmada a conduta, o posto será multado e o caso encaminhado ao Ministério Público, para análise da questão criminal”. O valor da multa varia entre R$ 400 a R$ 6 milhões.

Na página do Procon no Facebook, consumidores registram indignação com a alta dos preços em alguns postos, que já passam dos R$ 3,80 para gasolina comum, segundo alguns relatos, valor 40% maior que o comumente praticado, em torno de R$2,70, como ilustra a imagem acima.

Acompanho pela mídia que, em razão de uma greve (lockout) dos transportadores de combustíveis de São Paulo, proibidos de trafegar por certas vias em determinados horários, diversos postos de gasolina se viram sem estoques dos produtos ou na iminência de vê-los sem a devida reposição. Bom, isso é passado, mas não é sobre isso que eu quero falar.

Alguns postos de combustível, cientes de que o desabastecimento aconteceria inevitavelmente, aumentaram os preços de venda dos produtos que ainda tinham em estoque. Obviamente, consumidores acostumados a pagar um determinado valor, viram-se "esbulhados" (aspas necessárias, o termo é uma hipérbole) ao serem apresentados a um preço bem maior.

Ninguém gosta de ser surpreendido por um valor tão maior; mas o mercado é assim — se a mercadoria se escasseia, o preço sobe — a tal da lei não escrita da oferta e da procura. Se o consumidor fica revoltado com essa medida, o proprietário do posto se encontra em situação muito pior: além de não faturar por não ter o que vender, ainda terá de arcar com os custos fixos do seu negócio, isto é, o pagamento da folha, dos encargos sobre folha, aluguéis, água, luz, impostos, etc. Dada a margem ínfima de ganho sobre a venda de combustíveis, é bem provável que o prejuízo advindo desse "protesto democrático" precise ser diluído em um ou mais meses de vendas normais, necessários para amortizar lucros cessantes. Afinal, não estamos em regime de preços livres há quase duas décadas?!

O Estado, que em última análise é o responsável pela necessidade do cidadão usar transporte individual para o seu dia-a-dia, especialmente por não provê-lo de alternativas mínimas de transporte público de qualidade; é também responsável pelas vias terrestres sempre congestionadas, rodízios e horários de tráfego diferenciado e, finalmente, por intervir — sempre de forma atabalhoada — para terminar com a greves/lockouts ou para punir empresários, ambos, a meu ver, vítimas da sua ação ou omissão.

Na visão do Estado, o empresário deve vender seu produto escasso e depois se endividar para pagar suas obrigações. Os caminhoneiros deverão trafegar nos horários de conveniência do Estado e assumir os prejuízos de não trabalhar, se endividando para pagar seus custos e o financiamento do caminhão, entre outros. Reparem, o Estado demoniza a ambos e se exime de sua responsabilidade — não seria o caso do Procom fiscalizar os impostos extorsivos e o desvio das verbas do erário? Ah, isso não! O Procom não pode agir contra nenhum órgão de Estado, ou seja, em outras palavras, não presta para nada, ou presta para muito pouco!

Para terminar: a greve já acabou mas seus efeitos ainda se farão sentir por uns seis, sete dias. Volto a perguntar: se você fosse dono de um posto de combustíveis em Sampa, consideraria "abusivo" reajustar o preço dos produtos em seu estoque em 40,74%, como mostrado na matéria acima, ou seria apenas mais um patriotário?

domingo, 29 de janeiro de 2012

O "Império do Centro" visto de dentro

A China tem sido mostrada como o maior fenômeno econômico deste século. Existem até mesmo algumas pessoas de renome — com as quais eu não concordo em absoluto — que chegam a dizer que "a China salvou o Capitalismo". Nada mais falso e longe da realidade.

Talvez queiram criticar o Capitalismo como sendo a origem dos nossos males — e ele o é em grande parte —, mas não por ser Capitalismo mas por ele ser meritocrático. É difícil para a maioria das pessoas entender o que "meritocrático" quer dizer, muitos nunca ouviram a palavra antes, mas é bem a essência daquilo que separa Capitalismo de Socialismo, e de como este último jamais poderá prover aquilo que tanto condena no outro.

Eu os convido a assistir este vídeo da SBS Television — Australia, uma joia enviada por um dileto amigo que muito tem colaborado com este blog. Trata-se de um curto documentário de 14 minutos que mostra o fenômeno chinês visto in loco. Considero uma das matérias mais reveladoras que tive a oportunidade de ver.

A tradução e legendas foram feitas por mim e desde já peço desculpas por alguma falha. Não usei nenhum equipamento além do meu laptop e um software gratuito para produzir o vídeo legendado. Infelizmente, alguns efeitos especiais que gostaria de usar estão além dos recursos que disponho. Procurarei melhorar nos próximos. O maior tempo foi gasto na versão para o Português e sincronização — o Inglês australiano é bastante peculiar — precisei educar os ouvidos. Espero que gostem das "Cidades-Fantasmas da China".


E aí? Gostaram? Espero que sim. Agora, os pitacos.

É preciso entender a mecânica por trás da construção das cidades-fantasmas. Por mais estranho que pareça ser, há lógica na loucura. George Orwell, em seu livro "1984", dava a receita para contornar o efeito colateral do crescimento, isto é, o enriquecimento. No seu livro, a "guerra contínua" foi a forma encontrada para manter os povos ocupados, economicamente remediados quando muito, e absolutamente comprometidos com a causa socialista. Quem leu "1984" sabe que Orwell pinta um mundo em que não há futuro, só o amor ao Grande Irmão. Aquele casal de Pequim, que trabalha num salão de beleza e mora naquele cortiço horroroso, é para mim, mutatis mutandi, Winston e Julia de Orwell.

O que o governo chinês precisa fazer é "sumir" com o imenso superavit comercial que a China tem hoje com o mundo. O seu gigantesco PIB, que a põe como a 2ª maior economia do mundo, chega a ser ridículo quando em valores per capita. Dividido por mais de 1 bilhão de chineses, o PIB chinês per capita é 2,5 vezes menor que o nosso e algo como 9 vezes menor que o dos EUA, Europa e Japão, como salientei neste artigo aqui. O PIB per capita (ou PPP — Purchasing Power Parity) é a real medida da economia que gira, do mercado. O que se vê na China é a imobilização do capital na forma de construções gigantescas — "pirâmides para as quais não há demanda", consolidação de um "PIB sem melhoria para a população" —, como salientou Gillem Tulloch, o analista de Hong Kong.

Dar à população acesso ao produto do seu trabalho — acesso à riqueza — é fazer com que o Partido Comunista Chinês renegue todos os seus princípios. É abandonar o socialismo que divide e redistribui a miséria e partir para o capitalismo que premia a produção e a eficiência. Ora, já sabemos que não há dinheiro para todos e que o capitalismo é meritocrático — os que fazem mais, recebem mais; os que fazem menos, recebem menos. Na China, quem faz mais é o Estado, então é o governo chinês que fica com a maior parte ou quase tudo, isto com uma população de 400 milhões de excluídos, hoje. Lembram-se da grande preocupação do sociólogo Prof. Jou Ziao Xeng? A "polarização", ou melhor, a divisão em antípodas — chineses "com" e chineses "sem" — levaria a China ao caos. Como explicar a um cidadão, educado na doutrina socialista, que enquanto ele mora num misto de cortiço-pocilga, cujo aluguel custa metade do seu salário, seu compatriota anda numa Ferrari e mora num resort. Simplesmente não se explica nem se justifica.

Em rápida conversa com um diplomata brasileiro, fiquei sabendo que o governo chinês já iniciou uma intervenção para coibir a crescente especulação no mercado imobiliário e mesmo iniciar um programa de auxílio à aquisição da casa própria para pessoas de baixa renda. É o velho assistencialismo estatal — um tique socialista — que não sei se será possível ou exequível num país de 1,3 bilhão de pessoas. Mesmo assim, e apesar de senões, a China tem melhorado; não graças ao comunismo/socialismo maoista, mas ao pragmatismo de Deng Ziaoping que quis fazer da China algo melhor que uma gigantesca Coreia do Norte. Sob Mao — que fez justiça ao nome — 85% da população chinesa estava na pobreza absoluta. Então, não foi a China que salvou o capitalismo, como disse o Herr Dieter Zetsche, Chairman da Daimler AG e principal executivo da Mercedes-Benz, Não, bem ao contrário, foi o Capitalismo que salvou a China — ou a está salvando —, apesar de um ou outro rompante socialista.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Como faz bem um pouco de pragmatismo

Pessoas que me conhecem, pessoalmente, sabem que sou fã do esporte a motor, especialmente da Fórmula 1. Venho acompanhando a categoria desde que tomei conhecimento de um certo Émerson Fittipaldi, campeão mundial da categoria, visto por mim num comercial da Texaco. Eu me encontrava nos Estados Unidos da América como estudante de intercâmbio e ver um brasileiro ser objeto de reverência (e referência) naquelas plagas era mesmo de chamar atenção. O ano era 1972 e passei a seguir o campeonato já no ano seguinte, não importava por que mídia. Fui feliz na escolha: o Brasil sempre deu excelentes pilotos e grandes campeões — isso todos sabem — mas não é sobre F1 ou sobre pilotos que quero falar; é sobre pragmatismo e respeito pela coisa pública, algo que faz muita falta aqui. Repasso uma rápida notícia da revista 4 Rodas que me chamou a atenção. Grifos meus.

Barcelona também analisa quebra contrato com Fórmula 1

Por Carlos Eduardo Garcia

A crise europeia, que atingiu em cheio países como a Espanha, já havia na semana passada forçado os organizadores do Grande Prêmio da Europa em Valência a pensar na hipótese de renegociar a realização de uma prova no local. Agora é a vez do governo de Barcelona pensar no caso, tanto em relação à Fórmula 1 quanto à Moto GP.

"Nós podemos reconsiderar a prova de Fórmula 1 ou Moto GP. Não está claro para nós que podemos pagá-los na situação atual", comentou Andreu Mas-Collel, ministro da economia da Catalunha. "Não é a primeira coisa que vamos reconsiderar, mas em tempos como estes, devemos olhar atentamente onde gastamos nosso dinheiro".

O circuito da Catalunha está no calendário da Fórmula 1 desde 1991 e também recebe os testes coletivos de inverno. Barcelona tem um acordo para sediar a corrida até 2016, que é o motivo de análise criteriosa.

"Há contratos que são mais caros para manter do que para quebrar", finalizou.

Pois bem, eu fico aqui imaginando nossos governantes salivando ante uma notícia dessas. Eu falo do ufanismo tupiniquim, que precisa bater no peito como um gorila e berrar para o mundo "como nós somos mais ricos, mais corajosos, mais machos, etc., e que esses espanhóis (na verdade, catalães e valencianos — fazem questão) não passam de umas bichonas medrosas" e por aí vai. Acho que não dá nem para os tais quinze minutos de fama que Warhol vaticinava, mas uns 80% da população (estou exagerando, já que só uns 20%, se muito, saberão ler a matéria), vai se deliciar.

O problema é que "pau que dá em Chico dá em Francisco", dá no Zé, no Mané, dá em todos nós. A tal "crise europeia" não é só europeia, é mundial. Está aí desde 2008, apesar das "bravatas de marolinha" do Nosso Guia e dos seus acólitos, dona Dilma encabeçando a lista. Com dinheiro não se brinca, mas a máxima não foi escrita para PT et caterva.

Provas de F1 estão entre os eventos mais caros do mundo. A cifra paga para se ter o direito de sediar provas é altíssima. As mais tradicionais pagam algo em torno dos US$15 milhões/ano, mas há provas, como as dos países árabes, que pagam 40-50 milhões/ano. Os contratos são, em geral, pelo prazo de cinco anos, então, é uma baba de dinheiro que se precisa pagar só pelo direito de receber a efeméride.

Mas não é só isso não. Você precisa ter e manter um circuito adequado. Se for fazer um — como pretendem argentinos, mexicanos e texanos —, os números são da ordem de centenas de milhões. O de Xangai custou US$300 milhões, dizem. Ainda assim, falam que dá retorno...

Tudo bem, se fosse um negócio totalmente privado, mas quando é o dinheiro de um governo que banca a festa, há que se fazer escolhas, nominar prioridades — o tal do pragmatismo — e não é por outra razão que a última frase negritada acima é das mais lúcidas que já tive oportunidade de ler. É preciso ser muito responsável para com um povo, para se tomar uma atitude dessas e eu queria muito que um político daqui me desse um dia tamanho orgulho.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O lulo-ufanismo: bater bumbos e não bater a corrupção, o analfabetismo, a inflação, o atraso tecnológico, a ignorância crônica e a pequenês de ideias...

Fim de ano, época de festas, e o governo "progressista" ganha para seu arsenal de meias-verdades (i.e. meias-mentiras) mais um dado isolado, fora de contexto, porém apto a alegrar a imensa maioria da população que sofre daquele incurável complexo de vira-latas, aquele sentimento de inferioridade que insiste em aparecer quando se compara nossa realidade com o que se vê nos enlatados de Hollywood, Canadá ou Europa: o terceiro mundo é aqui. Publico a única matéria a respeito do tal fato que não se encontra contaminada pelo ufanismo barato, ou "autolouvação", como no texto da coluna do Celso Ming no Estadão — grifos meus.

Ficou maior. E daí?

O Guardian – importante diário de Londres – publicou matéria nesta segunda-feira que já considera o Brasil a 6.ª maior economia do mundo, ultrapassando a do Reino Unido – segundo conclusões de consultoria privada inglesa. A “novidade”, no entanto, já constava em dados divulgados pelo FMI em setembro, mas pouca gente deu importância à projeção (veja a tabela).

O risco é o de que agora o governo de Brasília e o cidadão médio deem mostras de subdesenvolvimento e recebam a informação com doses excessivas de autolouvação – e, assim, se perca o senso de realidade.



Também em economia, o brasileiro tende a se considerar maioral. E, como no futebol, continua nutrindo a sensação de campeão do mundo. Lá pelas tantas, sobrevém a lavada de 4 a 0 do Barcelona em cima do Santos para devolvê-lo ao rés do chão. Assim, é preciso ver com objetividade notícias assim e a confirmação que virá mais cedo ou mais tarde.

Tamanho do PIB é como tamanho de caneca. E o Brasil é um canecão. Tem quatro vezes a população do Reino Unido e 35 vezes a sua área territorial. Natural que, mais dia menos dia, ultrapasse o tamanho da economia de países bem mais acanhados em massa consumidora e extensão.

Enfim, é necessário examinar esses conceitos não só pela dimensão da caneca, mas também pela qualidade de seu conteúdo. A renda per capita britânica, por exemplo, é mais de três vezes maior do que a do Brasil e a partir daí se começa a ver as coisas como realmente são.

A economia brasileira ainda é um garrafão de mazelas: baixo nível de escolaridade, concentração de renda, bolsões de miséria, déficit habitacional, grande incidência de criminalidade, infraestrutura precária, enorme carga tributária, burocracia exasperante, Justiça lenta e pouco eficiente, corrupção endêmica… e por aí vai.

É claro que isso não é tudo. O potencial é extraordinário não só em recursos naturais, como também em capacidade de inovação e de flexibilidade da brava gente.

Mas há a energia que domina um punhado de emergentes – e não só o Brasil. Enquanto o momento é de relativa estagnação dos países de economia avançada, é ao mesmo tempo de crescimento bem mais rápido das economias em ascensão.

Esse grupo, liderado pela China (que ultrapassou neste ano o Japão como 2.ª economia do mundo), responde hoje por cerca de 40% do PIB mundial, ou seja, por 40% de tudo quanto é produzido no planeta. É também o destino de nada menos que 37% do investimento global – registra levantamento do grupo inglês HSBC.

Tal qual em outros temas, estimativas variam de analista para analista. Mas é praticamente inexorável que, até 2050, pelo menos 19 emergentes estarão entre as 30 maiores economias do mundo.

Mais impressionante é a velocidade do consumo. Só a China incorpora ao mercado perto de 30 milhões de pessoas por ano. Na Ásia, a classe média – diz o mesmo relatório do HSBC – corresponde a 60% da população (1,9 bilhão de pessoas).

Boa pergunta consiste em saber se o mundo aguenta esse novo ritmo de produção e consumo.

CONFIRA



Estouro. Falta incluir os números de dezembro. É grande a probabilidade de que neste ano a inflação medida pelo IPCA estoure a meta (já admitidos os 2 pontos porcentuais de escape). Os levantamentos feitos em cerca de 100 instituições financeiras e consultorias pelo Banco Central apontam para inflação de 6,54%.

Por trás, a gastança. Embora não configure perda de controle, esse esticão é resultado da forte elevação das despesas públicas em 2010, ano de eleições, que o Banco Central acabou por tolerar.

Pois bem, o que existe por trás da notícia: nada! Nadinha mesmo. Porque como disse o Ming, não é o tamanho da caneca que importa, mas seu conteúdo. De nada adianta um PIB gigantesco (vejam o da própria China) se em relação à população ele é irrisório. A China ainda faz um barulhão porque é um governo totalitário, com estado forte e intervencionista. Assim posto, o PIB chinês é bem mais do estado chinês que do povo chinês, embora digam o contrário. O quadro apresentado acima passa a ser mais significativo se vocês prestarem atenção à terceira coluna. Para onde é que foi a China? E o Brasil e a Índia? Números bem menos expressivos, não é?

O PIB per capita dos países ricos do mundo — aqueles que formam o G7 — é de quase 4 (quatro) vezes o do Brasil e Rússia; quase 10 (dez) vezes o da China e 32 (trinta e duas) vezes maior que o da Índia. Este indicador dá uma boa ideia do tamanho do mercado deles e o do nosso. Como se pode ver, d. Dilma falou muita bobagem em Bruxelas, mas duvido muito que a levaram a sério por lá.

Em que pese os esforços de uma esquerda cada vez mais intervencionista no Brasil, especialmente na mídia, nossos dirigentes ainda precisam observar a Constituição e uma ou outra lei, apesar do fôro privilegiado. Mas é preocupante que veículos de grande alcance como a Rede Globo tenham embarcado na canoa ufanista. Já fomos mais que a Itália e Reino Unido de fato, não esse bate-bumbo com jeito de corta-luz.

A coisa é tão descabida, tão despropositada, que fiquei pensando se é mesmo verdade que o metrô de Belo Horizonte se encontra como está há 40 anos; a tão propalada obra ELEITOREIRA da transposição das águas do rio São Francisco se encontra interrompida e abandonada; que nossas estradas só conhecem o "progresso" nas operações tapa-buracos e os portos e aeroportos do País são insuficientes, tacanhos, mal gerenciados e vergonhosos. Basta olhar para a infraestrutura desses países que acabamos de "superar" para ver o tamanho da mentira. Basta comparar a nossa EDUCAÇÃO com a deles, nosso IDH e o espetáculo do nosso crescimento. Balela!

Há muito eu critico o servilismo da mídia — cada vez mais amestrada —, sua submissão ao Poder. Tudo bem, sempre haverá a mídia "pró", mas no Brasil é uma quase unanimidade. Eu preciso ler vários jornais, dezenas de colunas, para encontrar uma opinião isenta, ou, quando muito, uma menos viciada. É bem verdade que quem paga a mídia são os anúncios e o Estado é o maior anunciante, mas poderiam ao menos disfarçar um pouco. Ainda verei uma direita responsável neste País e uma mídia isenta.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Paraguai é a nossa China, mas estamos longe de ser os EUA

Na década de 70 os Estados Unidos da América iniciaram sua aproximação com a China comunista (ou continental). Até então eles só mantinham relações com a ilha de Taiwan (Formosa). Eu me lembro muito bem que um frisson correu o mundo naqueles dias em que Henry Kissinger visitou o país.

País extremamente fechado, populoso e cheio de problemas, a China daquela época não guarda o menor resquício com a de hoje, a segunda potência econômica mundial. E tudo começou com a visita do Mr. Kissinger. Daquele tempo até os dias de hoje, empresas dos Estados Unidos da América e de todo o resto do mundo, se transferiram para lá e pelos mesmos motivos: menor custo de produção. Já que — grosso modo — lucro é a diferença entre o preço de venda menos custos de produção; que é o mercado que fixa o preço de venda; sobram os custos como única variável passível de controle pelos produtores — não há como negar o óbvio.

Hoje, fico sabendo que outro país resolveu tomar o caminho da China e é um dos nossos vizinhos. Empresas, produtores rurais, micro e pequenos empresários estão descobrindo o Paraguai. É, ele mesmo, e pelos mesmos motivos que há algumas décadas muitos se mudaram para a Ásia. Escutem essa entrevista da CBN com o Presidente do Centro Empresarial Brasil-Paraguai. É um pouco longa (18 min.) mas vale a pena. Volto depois.


Ouviram bem?! Carga tributária, encargos sobre folha, produtividade, reinvestimento de capital, desoneração da produção, desburocratização, baixo número de impostos, etc. Ops! quase me esqueço: baixo custo de energia elétrica, certamente aquela mesma produzida em Itaipu (metade dela é do Paraguai) e que nós compramos do parceiro por “módicos” US$ 120 milhões/ano. Compramos, não! Comprávamos. Desde o mês de Maio passado nós pagamos o triplo — US$ 360 milhões/ano — pela mesma energia, presente de Dilma e Lula aos nossos vizinhos, afinal, eles nunca foram muito de respeitar acordos internacionais.

O Paraguai está se tornando o sonho de todo empresário brasileiro: primeiro, perder aquele maldito sócio — o Governo — que nunca ajuda, atrapalha muito e custa uma fortuna. Depois, condições favoráveis para a produção, especialmente em negócios com uso de mão de obra intensiva, com baixa oneração da folha, legislação simplificada, ampla possibilidade de reinvestimento do lucro e por aí vai. O Paraguai faz sua inclusão social com capital e trabalho ao invés de distribuir bolsas.

Voltando um pouco no tempo, quando Lula prometeu criar 10 milhões de postos de trabalho em seu primeiro mandato e não criou nem 6 milhões nos oito anos em que passou no Poder, fico imaginando se ele não se referia ao Paraguai... Vejamos: na entrevista acima foi dito que uma empresa que se instalou por lá há dois anos, começou com um quadro de 90 empregados. Hoje, ela já está com 700 (passados apenas dois anos), e investiu US$ 10 milhões para contratação de mais 2.500 para breve. Em ordem de grandeza, um crescimento de 678% em dois anos e planos de crescimento de mais 357%. Outra, do ramo de confecções, começou com 14 funcionários, já está com 124 e pretende chegar a 324 em breve. Em percentuais, isso dá +786% e +161%, desempenho invejável. Nunca ouvi algo assim ser noticiado no Brasil, talvez porque o governo local faça de tudo para desestimular o investimento e o negócio produtivo.
O grande empregador no Brasil é o próprio governo. Nos oito anos do governo Lula, ingressaram na administração pública 155.534 servidores, contra 51.613 no período do governo FHC. E tem mais: aqueles apaniguados que não conseguiram sua sinecura, logo, logo encontram uma ONG de onde fazem a sangria. O Estado virou um fim em si mesmo: não trabalha, custa muito, consome tudo o que arrecada e, guloso como só ele, ainda reclama que está pouco. E a choldra vil e ignara — aquela que dá a Lula os tais +80% de aprovação — ainda acha que não paga impostos. Se você quiser saber mais sobre a "evolução" do funcionalismo público, consulte o comunicado do IPEA aí ao lado.

Paraguai, China, EUA, todos parecem estar cumprindo o seu papel, menos nós. Os Estados Unidos da América transferiram postos de trabalho para a China mas mantiveram o controle sobre a produção de tecnologia de ponta. Assim, investem maciçamente em P&D — Pesquisa e Desenvolvimento —, têm as melhores escolas do mundo e formam os melhores profissionais. A consequência disso: são a economia dominante, muitas vezes maior que aquela que lhe segue. Conhecimento, estudo e qualificação profissional são palavras-chave para quem quer crescer. Assim como os EUA, rezam nessa mesma cartilha a Europa, o Japão e os Tigres Asiáticos. A China também investe enormemente no setor — suas universidades (pagas!, não gratuitas) já figuram no topo da lista onde a nossa melhor — a USP — se encontra em 169º lugar (depois de subir 84 posições, que vergonha!). Não vai demorar para também ela passar a exportar postos de trabalho — talvez até para aqui — porque Educação nunca foi nossa prioridade, vai sempre de mau a pior, e foi a grande responsável pela nossa péssima colocação no IDH.

E dizem que o Lula ficou chateado, reclamou da metodologia. Com ele é assim: se a criança tem febre, quebra o termômetro quando não joga a criança pela janela com a água do banho. Tem mais! Ele agora quer Haddad — seu ministreco da educação — prefeito de São Paulo!

Lula, vá te catar!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pense nisso quando achar "válido" o governo cobrar CPMF e outros impostos

Talvez por ser mineiro —  e dizem que mineiros não gostam de pagar impostos — mas tenho sido um crítico feroz da CPMF desde que foi criada, lá atrás, ainda como IPMF, pela ingenuidade de um certo Doutor Bocó e de outros tributos e taxas. Muito já se falou sobre este imposto e, recentemente, sobre o IR. Mas a verdade é que o grosso da carga tributária não ocorre aí. Veja a tabela de alguns produtos e o percentual de tributos que compõem o seu preço. Prepare-se, a lista é grande e os impostos um horror. No final eu arremato.



Percentual de Tributos sobre o Preço Final
PRODUTOS / SERVIÇOS
%

DE CONSUMO

Passagens aéreas
8,65%
Transporte rodoviário interestadual de passageiros
16,65%
Transporte rodoviário interestadual de cargas
21,65%
Transporte aéreo de cargas
8,65%
Transporte urbano de passageiros - metrô
22,98%
Medicamentos
36,00%
Conta de água
29,83%
Conta de luz
45,81%
Conta de telefone
47,87%
Cigarro
81,68%
CD
47,25%
DVD
51,59%

MÓVEIS E UTENSÍLIOS

Móveis (estantes, cama, armários)
37,56%
Mesa de madeira
30,57%
Cadeira de madeira
30,57%
Sofá de madeira ou plástico
34,50%
Armário de madeira
30,57%
Cama de madeira
30,57%
Vassoura
26,25%
Tapete
34,50%

VEÍCULOS E CORRELATOS

Automóvel
43,63%
Motocicleta de até 125 cc
44,40%
Motocicleta acima de 125 cc
49,78%
Bicicleta
34,50%
Gasolina
57,03%

ALIMENTÍCIOS BÁSICOS/INSUMOS

Carne bovina
18,63%
Frango
17,91%
Peixe
18,02%
Sal
29,48%
Trigo
34,47%
Arroz
18,00%
Óleo de soja
37,18%
Farinha
34,47%
Feijão
18,00%
Açúcar
40,40%
Leite
33,63%
Café
36,52%
Macarrão
35,20%
Margarina
37,18%
Molho de tomate
36,66%
Ervilha
35,86%
Milho verde
37,37%
Biscoito
38,50%
Chocolate
32,00%
Achocolatado
37,84%
Ovos
21,79%
Frutas
22,98%
Fertilizantes
27,07%

BÁSICOS DE HIGIENE E LIMPEZA

Sabonete
42,00%
Xampu
52,35%
Condicionador
47,01%
Desodorante
47,25%
Aparelho de barbear
41,98%
Papel higiênico
40,50%
Pasta de dente
42,00%
Álcool
43,28%
Detergente
40,50%
Saponáceo
40,50%
Sabão em barra
40,50%
Sabão em pó
42,27%
Desinfetante
37,84%
Água sanitária
37,84%
Esponja de aço
44,35%

EDUCAÇÃO E MATERIAL ESCOLAR

Caneta
48,69%
Lápis
36,19%
Borracha
44,39%
Estojo
41,53%
Pastas plásticas
41,17%
Agenda
44,39%
Papel sulfite
38,97%
Livros
13,18%
Papel
38,97%
Agenda
44,39%
Mochilas
40,82%
Régua
45,85%
Pincel
36,90%
Tinta plástica
37,42%
Brinquedos
41,98%
Mensalidade escolar (ISS DE 5%)
37,68%

BEBIDAS

Refresco em pó
38,32%
Suco
37,84%
Água
45,11%
Cerveja
56,00%
Cachaça
83,07%
Refrigerante
47,00%

LOUÇAS

Pratos
44,76%
Copos
45,60%
Garrafa térmica
43,16%
Talheres
42,70%
Panelas
44,47%

DE CAMA, MESA E BANHO

Toalhas (mesa e banho)
36,33%
Lençol
37,51%
Travesseiro
36,00%
Cobertor
37,42%

ELETRODOMÉSTICOS

Fogão
39,50%
Micro-ondas
56,99%
Ferro de passar
44,35%
Telefone celular
41,00%
Liquidificador
43,64%
Ventilador
43,16%
Refrigerador
47,06%
Videocassete
52,06%
Aparelho de som
38,00%
Computador
38,00%
Batedeira
43,64%
Roupas
37,84%
Sapatos
37,37%

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

Casa popular
49,02%
Telha
34,47%
Tijolo
34,23%
Vaso sanitário
44,11%
Tinta
45,77%


Fonte: IBPT - Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário

Considere ainda que você paga de 15 a 27,5% de IRRF, paga plano de saúde complementar, escola particular, IPVA, IPTU, INSS, DPVAT, TRLAV, Taxa do Lixo, etc. Ufa!, e ainda tem gente que acredita que pobre não paga imposto no Brasil. Lula — aquele prometeu reduzir impostos —, aumentou violentamente a carga deles em nosso lombo; Dilma vai pelo mesmo caminho e pior. Até quando vamos suportar tamanho esbulho e humilhação?

Nós mineiros somos mesmo arredios a tributos — todo mundo no fundo é. Nossos conterrâneos mais antigos fizeram uma revolta por conta da Derrama. Pois eu leio sobre a Derrama e sinto inveja! Fizeram uma revolta contra um imposto de 20%, com penas variadas que incluíam o degredo e execuções na forca, mas fizeram! Nós somos escravos do Estado por quase seis meses do ano e ainda fazemos salamaleques para aqueles pulhas. É revoltante!

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