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Boas e Más Notícias sobre a eleição em São Paulo
A recente pesquisa do Datafolha sobre a sucessão em São Paulo trouxe boas notícias para alguns candidatos e más para outros.
Os trabalhos de campo aconteceram na quarta e quinta feira passadas, em um momento de pequeno significado político. Não são usuais os levantamentos na metade de junho, fase em que - especialmente nas grandes cidades - as campanhas estão absortas em movimentos internos, de composição de chapas e articulação de coligações.
Para o eleitorado, nada dizem.
Só no final do mês - quando termina o prazo para as convenções e se delineia o quadro definitivo -, surgem novidades. É lá que, tradicionalmente, as pesquisas são retomadas.
O Datafolha, por exemplo, nem em 2004 ou 2008 fez pesquisas em meados de junho. Deve ter tido razões para realizar essa agora.
Os números são particularmente ruins para Serra. Mostram que o tucano estacionou nos 30%, posição incômoda para quem tem 100% de conhecimento e precisa crescer.
E não foi por falta de mídia simpática que empacou.
O tamanho do problema que enfrenta pode ser avaliado comparando sua performance à de candidatos parecidos: ex-governadores que concorrem - ou que parecia que concorreriam - à prefeitura das capitais.
Nas pesquisas dos últimos meses, chegamos a ter sete com esse perfil.
Eduardo Braga (PMDB), Paulo Hartung (PMDB), João Alves (DEM) e Ronaldo Lessa (PDT) são os mais semelhantes a ele: além de governadores, foram prefeitos - respectivamente de Manaus, Vitória, Aracaju e Maceió.
Em nenhuma pesquisa, os três primeiros tiveram menos que 45% (mas Hartung já avisou que não disputará este ano).
Lessa está aquém, embora melhor que o paulista. José Maranhão (PMDB), em João Pessoa, igual - ainda que enfrente um prefeito bem avaliado. Serra só superava Almir Gabriel (PTB), que aparecia tão mal que desistiu da prefeitura de Belém.
É pouco para quem foi tudo na política da cidade e do estado - e acabou de ser candidato à presidência da República.
O cenário se torna mais preocupante se considerarmos que seus possíveis adversários têm todos biografias menos completas - nenhum ocupou cargo executivo, nenhum tem sua visibilidade. Para ele, deveria ser uma briga fácil.
Os 30% que obteve estão desconfortavelmente próximos dos 21% do segundo lugar, Celso Russomano - hoje em um partido de pequena expressão, o PRB, e sem mandato (e que, no levantamento anterior, estava com 19%).
Em terceiro lugar, há um empate quíntuplo: Fernando Haddad (PT), Soninha (PPS), Netinho de Paula (PCdoB), Gabriel Chalita (PMDB) e Paulinho da Força (PDT) têm entre 8% e 5%. Todos variaram dentro da margem de erro em relação à última pesquisa.
O único que melhorou foi o candidato do PT. De 3%, foi a 8%.
É pouco, mas é um desempenho razoável - para quem é “muito bem” conhecido por apenas 9% dos entrevistados e “um pouco” por 19%. Em outras palavras, para quem pode crescer na grande maioria do eleitorado, os 72% que o conhecem “só de ouvir (falar)” ou que sequer sabem quem é.
Com perspectiva semelhante, apenas Gabriel Chalita - conhecido por 32%. Os outros - de partidos minimamente competitivos - estão bem acima: Russomano por 71%, Netinho por 82%, Soninha por 60%, e Paulinho por 71%.
Quando a propaganda eleitoral começar, tudo pode mudar. A pergunta é que benefício trará a Serra - que está em sua oitava eleição majoritária - e aos demais candidatos que a população cansa de saber quem são.
A pesquisa não revelou nenhuma grande alteração no cenário. Mas tanto a estabilidade, quanto as pequenas mudanças foram negativas para o candidato do PSDB.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu nesta quinta-feira pela primeira vez que pode voltar a se candidatar à presidência. Lula disse no Programa do Ratinho, do SBT, que entra na disputa caso a presidenta Dilma Rousseff desista da reeleição com o objetivo de evitar a volta do PSDB ao governo.
“A única hipótese de eu voltar a me candidatar é se ela não quiser. Não vou permitir que um tucano volte a presidir o Brasil”, disse Lula.
A primeira entrevista de Lula depois de diagnosticado o câncer na laringe em outubro do ano passado também serviu de palanque para o candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. O ex-ministro da Educação, empacado em 3% nas pesquisas de opinião, foi mostrado duas vezes, identificado como candidato de Lula, convidado a sentar à mesa de entrevista e alvo de fartos elogios.
A pedido de Ratinho, Lula justificou o fato de ter escolhido um nome novo para concorrer. “O prefeito de São Paulo quando começa a nascer qualquer que seja já nasce um pouco velho”, afirmou. Além de Haddad, Lula chegou ao SBT acompanhado do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, do deputado Ratinho Jr. (PSC-PR), do vereador José Américo e assessores.
Desde o início do programa Ratinho avisou que não faria perguntas incômodas ao ex-presidente. “Ele não é mais presidente da República e não tem que ser cobrado por nada. Vamos falar da saúde, da recuperação, de política e desse timeco do Corinthians”, avisou. Pouco depois, ao pedir que os telespectadores enviassem perguntas pela Internet, Ratinho foi ainda mais explícito.
“Aí começa todo mundo a mandar email com perguntinha besta mas eu não entro nessa. Vou conversar com o meu amigo Lula”, disse o apresentador. “Se for pergunta boa eu faço. Pergunta ruim não faço”, completou.
Quando faltava um minuto para o final do programa Ratinho citou o episódio com o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. “Eu nem ia perguntar sobre essa história do Gilmar Mendes porque o povão não entende muito”, disse o apresentador.
"Não tenho interesse em falar nisso. Quem inventou que prove a história. Quem acreditou nela que continue provando. O tempo se encarrega de arrumar as coisas", afirmou Lula
Ao longo de 44 minutos o ex-presidente foi alvo de elogios e teve o microfone à disposição para, com a voz fraca, atacar os adversários. Ao justificar as falhas no sistema de saúde pública, Lula acusou a oposição de acabar com a CPMF por vingança.
“Eles (adversários) não perceberam que não me prejudicaram mas prejudicaram o povo pobre. Por vingança me tiraram a CPMF que era imposto de rico”, afirmou.
Além de fazer política, Lula falou da vida fora da presidência e do tratamento contra o câncer na laringe. Lula falou das dificuldades do tratamento, da dor e de sua nova rotina. Apesar do assunto delicado, Lula mostrou bom humor ao comentar o terno que estava usando. “Eu brinquei com o Ratinho que este terno aqui comprei quando estava internado no hospital me preparando para por no caixão. Porque com terno velho eu não iria”, disse.
Até quando?Será que vamos chegar ao fundo do poço?Sábado fui ao aniversário de 50 anos do Chico Otávio, repórter do Globo. Lá estavam, entre outros, o Rubens Valente, da Folha, outros “jornalistas investigativos”. Estava também o Wagner Montes, cuja assessora de imprensa na Alerj é amiga do Chico. Soube de informações interessantes:
Coisas mais graves do que as apuradas pela operação Monte Carlo (da PF, criada para investigar Demóstenes e Cachoeira) foram apuradas na operação Las Vegas, que trata de ligações do Cachoeira com a cúpula do Judiciário. Haveria material incriminando (em maior ou menor grau) nove ministros do STJ e quatro do STF. Só que o STF requisitou toda a documentação a respeito, determinando que a PF não ficasse com cópia, e sentou-se em cima da papelada. Isso era sabido não só pelo Chico Otávio (Globo) e pelo Rubens (Folha), mas (pasmem!) pelo Wagner Montes.
Como a área de atuação de Cachoeira é perto de Brasília e ele tem desenvoltura e poder de articulação, ele atua como representante de um pool nacional de contraventores que exploram bingos, caça-níqueis, videopôquer e afins. Não fala só por ele. Daí sua desenvoltura (e seu dinheiro).
Cachoeira é um arquivista compulsivo. Tem gravações telefônicas e em vídeo que comprometem todos os grandes partidos e inclusive gente graúda do governo federal. Tem um vídeo em que dá R$ 1,5 milhão a uma alta figura ligada à campanha da Dilma. O Globo e a Folha tem a informação, mas não sabem quem recebeu o dinheiro. E não têm provas.
O contador de Cachoeira, cuja foto está nos jornais, está em Miami, com cópia de tudo o que ele tem gravado. Se algo acontecer com o patrão, vem tudo à tona.
Cachoeira está chantageando o governo federal. Diz que não vai aceitar a prisão. Diante disso, o PT está pagando os honorários de Márcio Tomaz Bastos (R$ 16 milhões), que o defende e vai de jatinho à penitenciária de segurança máxima de Mossoró, onde Cachoeira está preso.(*) Folha e Globo têm a informação de que é o PT quem paga Márcio, mas não a publicam por falta de provas.
(*)N.B. Cachoeira foi transferido para o Presídio da Papuda, no Distrito Federal, em 18 de Abril deste ano.
Todo mundo está com medo de investigações sobre a Delta. Parece que ela – que contratou Dirceu como “consultor”, o que ele não nega – tem tido uma atuação muito mais agressiva do que as demais empreiteiras e cresceu de forma vertiginosa. Tem “negócios” com PT, PMDB, DEM, PSDB...
Ninguém entendia muito bem porque Lula teria dado força à criação da CPI. Detonar Marconi Perillo parecia pouco para explicar uma CPI que pode abalar a República. Os jornais de hoje já dizem que o PT já pensa em recuar. De qualquer forma, como se vê, a Cosa Nostra chegou aos trópicos.
Cleaning the Brasília pork factory
In a never-ending telenovela of sleaze, Dilma Rousseff is tackling the excesses of patronage politics but not yet the underlying system
BY NOW Brazil’s president, Dilma Rousseff, must be finding the script wearily familiar. First come the corruption allegations, then the indignant denials, more evidence, equivocation and retractions—and finally another of her ministers has to walk. Since June Ms Rousseff has lost her chief of staff and the ministers of transport, agriculture, tourism and sport, variously accused of influence-peddling, bribe-taking, signing fraudulent deals with shell companies and diverting public funds into party coffers or their own pockets. Now Carlos Lupi, the labour minister, has become the latest to look as if he is heading for the exit.
He is accused of presiding over a department that charged kickbacks for government contracts, of personally accepting free flights from one of those contractors and of siphoning off public money to semi-phantom non-governmental organisations (NGOs). Mr Lupi’s response was pugnacious. He did not know the man in question and had never flown with him, he said. The only way to get him out of his ministry, Mr Lupi added, would be to shoot him (“and it would have to be a big bullet, because I’m a big guy”). Then came photographs of him with both businessman and plane. His defenestration seems to be a matter of time. Barring new revelations, he may go in a wider cabinet shuffle expected early in the new year.
The faxina (“housecleaning”), as Ms Rousseff’s removal of allegedly light-fingered ministers has come to be known, is popular. The latest opinion polls put her and her government’s approval ratings at record highs. But it merely scratches the surface of a problem with roots in the way that politics has developed in Brazil. All presidents since democracy was restored in 1985 have had to form variegated coalitions to obtain legislative majorities. But, complained Fernando Henrique Cardoso, a former president, earlier this month, a “system” has now developed under which parties demand ministries in return for their votes, and then use the public funds they thus gain control of to expand their membership.
The 513 seats in the lower house of Congress are now divided between 23 parties. Ms Rousseff’s governing coalition comprises ten of them, commanding 360 seats (an 11th, with 40 legislators, left after the transport minister was sacked). Several of its smaller members have no discernible aim other than to grow fat on public money. The biggest, the Party of the Brazilian Democratic Movement, an alliance of regional power brokers, switched to join her predecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, after he won in 2002 and will stay only as long as it suits. “We have a strong president who is unable to do anything without support in Congress,” says Sylvio Costa of Congresso em Foco, an anti-corruption watchdog. “And that support must be bought.”
When the solution found by Lula’s party managers in his first term—paying parliamentarians for their votes—came to light, the resulting outrage nearly brought him down. With cash ruled out, ministries and other grace-and-favour appointments were left as the main political currency. That led to ministerial inflation: Lula’s cabinet grew from 26 in 2003 to 37 when he stepped down last year. Some parties seem to have run “their” ministries for profit. The Communist Party, for example, has held the sports ministry since Lula took office. Under Orlando Silva, forced out shortly before Mr Lupi’s travails began, it is alleged to have demanded kickbacks on some contracts and funnelled money to affiliates through fake NGOs.
Some 25,000 jobs, including board and managerial posts at state-controlled firms and pension funds and in ministries’ regional offices, are also in the president’s gift. A senior official points out that 20,000 of these go to career civil servants, not party hacks. But the two are not mutually exclusive, points out David Fleischer, a political scientist at the University of Brasília. The test comes when a new party takes the presidency, as when Lula took office, he says. Then there was a wholesale clear-out. By the end of Lula’s second term a big share of senior managers in the federal administration and at state pension funds were trade unionists or members of his Workers’ Party (PT).
Ms Rousseff has shown little sign that she is interested in making radical changes to this political-patronage system. She has already added a 38th cabinet member (the boss of a new civil-aviation agency) and plans a 39th (a minister for small businesses). To streamline the government bureaucracy, officials place their faith in a new public-management council, chaired by Jorge Gerdau, a businessman. There is talk that some ministries may be consolidated. To go much further, the president would have to cut the number of ministries held by her own party (currently 18), and that looks unlikely.
More plausible is that Ms Rousseff will simply continue to sack the most egregious sinners as they are brought to her notice. She has been more parsimonious than Lula in disbursing funds for budget amendments pushed by individual legislators. Already her crackdown on ministerial miscreants has cut off the main (illegal) source of cash for small political parties, points out Alberto Almeida of Instituto Análise, a consultancy in São Paulo. Over time that might prompt a much-needed consolidation of the political system.
Officials insist that the government needs a large political base to be able to approve important legislation, such as a new oil-royalty law. They talk, too, of tax and pension reform. But much of Ms Rousseff’s political agenda—improving education and health, eliminating extreme poverty, and investing in infrastructure—does not require congressional approval. She could afford to be more radical in her political clean-up.
Assalariados pagam mais IR que os bancos
Trabalhadores garantem 9,9% da arrecadação federal, mais que o dobro dos 4,1% pagos pelas instituições financeiras, aponta estudo
As distorções tributárias do País prejudicam a classe média, que contribui com mais impostos do que os bancos. Análise feita pelo Sindicato Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), e confirmada por especialistas, indica que os trabalhadores pagaram o equivalente a 9,9% da arrecadação federal somente com o recolhimento de Imposto de Renda ao longo de um ano. As entidades financeiras arcaram com menos da metade disso (4,1%), com o pagamento de quatro tributos.
"Os dados mostram a opção equivocada do governo brasileiro de tributar a renda em vez da riqueza e do patrimônio", avalia João Eloi Olenike, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). A face mais nítida desta escolha, segundo o especialista, é a retenção de imposto de renda na fonte, ou seja, no salário do trabalhador.
"São poucos os países que, como o Brasil, não deixam as empresas e as pessoas formarem riqueza," afirmou. "Todos os tributaristas entendem que não está correto, era preciso tributar quem tem mais."
O Sindifisco analisou a arrecadação de impostos federais no período de setembro de 2010 a agosto deste ano. Neste período, as pessoas físicas pagaram um total de R$ 87,6 bilhões em Imposto de Renda, incluídos os valores retidos na fonte como rendimentos do trabalho.
No mesmo período, o sistema financeiro gastou apenas R$ 36,3 bilhões com o pagamento de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), contribuição para o PIS/Pasep, Cofins e Imposto de Renda.
Procuradas, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e a Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) não se pronunciaram.
Motivo. Especialistas se dividem sobre as razões para a manutenção do que chamam de distorção tributária. Segundo o advogado tributarista Robson Maia, doutor pela PUC de São Paulo e professor do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários, o Brasil precisa cobrar tributos equivalentes aos de outros países, para não perder investimentos.
Na avaliação de Olenike, do IBPT, a estrutura tributária tem relação com o poder de influência de bancos e instituições financeiras. "Se fosse em qualquer outro país, o governo já tinha caído, mas nós não temos essa vocação no Brasil, o povo é muito dócil e permite que o governo faça o que quer."
No seu estudo sobre benefícios fiscais ao capital, o Sindifisco defende mudanças na legislação para reduzir as distorções e permitir menor pagamento de imposto por trabalhadores e maior cobrança de grandes empresas e entidades financeiras. "Não basta o Estado bater recordes de arrecadação de Imposto sobre a Renda, pois quem sustenta essa estatística é a fatigada classe média."
A política deve ser um compromisso em prol da justiça e, assim, criar as condições de fundo para a paz. Naturalmente um político procurará o sucesso, sem o qual não poderia jamais ter a possibilidade de uma ação política efetiva; mas o sucesso há de estar subordinado ao critério da justiça, à vontade de atuar o direito e à inteligência do direito. É que o sucesso pode tornar-se também um aliciamento, abrindo assim a estrada à falsificação do direito, à destruição da justiça. «Se se põe de parte o direito, em que se distingue então o Estado de um grande bando de salteadores?» — sentenciou uma vez Santo Agostinho (De civitate Dei IV, 4, 1).
Íntegra do discurso aqui.