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sexta-feira, 17 de março de 2017

Lista fechada e financiamento público são inconstitucionais


Existe muita conversa e pouca substância legal nas alegações de que estaria sendo urdido no Congresso um movimento para se legalizar o financiamento público exclusivo de campanhas eleitorais, em resposta à proibição, pelo Supremo, do financiamento privado de pessoas jurídicas, isto é, de empresas.

É preciso, antes de mais nada, explicar as razões que levaram o STF a proibir o financiamento por empresas. Empresas não são pessoas e uma eleição nada mais é que a manifestação expressa de pessoas físicas que detêm o direito de votar e serem votadas. Essas pessoas também são conhecidas como cidadãos de plenos direitos

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Barbeiro

Recebi esta mensagem por e-mail e repasso a vocês:

O florista foi ao barbeiro para cortar seu cabelo. Após o corte, perguntou ao barbeiro o valor do serviço e o barbeiro respondeu:

— Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana.

O florista ficou feliz e foi embora.

No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um buquê com uma dúzia de rosas na porta e uma nota de agradecimento do florista. Mais tarde, no mesmo dia, veio um padeiro para cortar o cabelo. Após o corte, ao pagar o barbeiro, o padeiro escutou dele:

— Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana. O padeiro ficou feliz e foi embora. No terceiro dia, ao abrir a barbearia, havia um cesto com pães e doces na porta e uma nota de agradecimento do padeiro. No terceiro dia veio um deputado para um corte de cabelo. Novamente, ao ser perguntado pelo valor, o barbeiro respondeu:

— Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana. O deputado ficou feliz e foi embora. No dia seguinte, quando o barbeiro veio abrir sua barbearia, havia uma dúzia de deputados fazendo fila para cortar cabelo.

Essa é a diferença entre a maioria dos cidadãos e a maioria dos políticos. Como disse uma vez Eça de Queirós, "Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão."

NA PRÓXIMA ELEIÇÃO TROQUE UM LADRÃO POR UM CIDADÃO!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Não se mude do Brasil — mude o Brasil!

Há algum tempo eu ouvi do jornalista José Nêumanne Pinto uma frase que eu digo e repito desde 2002 quando Lula foi eleito pela primeira vez: "Lula é o presidente que melhor representa o Brasil". Uau!

Vindo de uma pessoa que dedica boa parte do seu tempo a defenestrar tal figura, seu partido e "copanhêros", não deixa de ser inusitado. Mas é a pura verdade, Lula é mesmo "a cara" de nossa sociedade. Você pode até não concordar com isso — eu até me envergonho de dizê-lo — mas o fato é que a maioria de nossa sociedade é de baixa qualidade, seja no quesito educação/formação ou no ético/moral. Assim, sem meias palavras, uma gentalha.

E como disse há muitos posts atrás, este é um dos males da Democracia: se a choldra é quem faz a maioria, então teremos a governança da choldra. Mas não é sobre Lula — ou a caterva que o elegeu — a razão do post; oportunamente voltarei a este assunto.Eu quero mostrar um vídeo bem curtinho, ao mesmo tempo explicativo e educativo, que mostra bem como as coisas são e como podem ser mudadas para melhor e para o bem. Vamos a ele!


Viram?! Não é nenhum bicho de sete cabeças. E mais: nem mesmo novidade é! Usado e aprovado pelos países desenvolvidos do mundo, o voto distrital pode ser uma realidade aqui também, aproximando o eleitor do eleito. Mutatis mutandi, como diz aquela propaganda de pneus, "O cidadão não é nada sem controle."

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Devagar com este andor

A coluna de anteontem do Celso Ming põe o dedo na ferida. Políticos e ambientalistas — via de regra — esgrimem soluções para a salvação do planeta sem conhecer bem os fatos, ou com apenas um conhecimento parcial deles. Vejam o texto abaixo (grifos meus), íntegra aqui.

Carro elétrico?

Muita coisa no Brasil reluz, mas não é ouro – especialmente quando se pretende resultado verde.

Uma dessas ideias reluzentes é a construção do carro elétrico, também chamado de carro verde, como se fosse instrumento ecologicamente correto – e nacional.


Quem pensa em carro elétrico pode imaginar que se trate sempre de uma máquina livre de poluição. E, no entanto, não é verdade que esse tipo de transporte não ejete gás carbônico na atmosfera. Pode até não emitir pelo escapamento, mas libera poluição pela chaminé, quando se produz a energia elétrica com a qual a bateria é carregada por meio da queima de derivados de petróleo ou de carvão.

Na matriz energética global (veja o gráfico) apenas 19% da eletricidade é gerada por fontes não poluidoras [biomassa, nuclear, hidrelétrica e outras], incluída aí a nuclear. E aqui no Brasil, onde as usinas térmicas estão sendo chamadas a aumentar sua participação no mercado em que, hoje, predominam os recursos hídricos, a intenção de substituir carros convencionais por movidos a energia elétrica também não faz sentido, sobretudo quando se buscam respostas ambientalmente corretas.

Se 30% da atual frota (de 30 milhões de unidades) fosse movida a energia elétrica de fonte hídrica, seriam necessárias nada menos que 13 usinas do tamanho da hidrelétrica de Itaipu para abastecê-la.

Essas considerações já deveriam ser suficientes para que o novo regime automotivo em elaboração no governo reveja a intenção de incentivar a produção de carros elétricos no Brasil.

Mas há outras. Uma delas tem a ver com a bateria que vai nesses veículos. O carro elétrico está sendo desenvolvido há mais de dez anos nos grandes centros produtores de veículos. No entanto, até agora, pouco progresso se obteve na obtenção de baterias eficientes. Seu peso enorme (em torno de 500 kg) compromete o desempenho do automóvel. E sua baixa autonomia complica o recarregamento. Há quem argumente que a recarga pode ser feita à noite, na garagem do proprietário. Mas não se pode esquecer de que uma operação dessas exigiria elevação da capacidade das instalações elétricas, principalmente nos edifícios de condomínio residencial.

[...]

Além do mais, não se pode ignorar o potencial do pré-sal. Nos próximos cinco anos, o Brasil se tornará grande exportador de petróleo e, potencialmente, de seus derivados. E é necessário saber se, em vez de um pacote de incentivos ao carro elétrico, não seria melhor estimular a fabricação de novos motores a gasolina e diesel, mais eficientes e menos nocivos.

Assim, no papel, tudo fica bonito. Vá lá, eu até me sujeitaria a andar com um "peso morto" de meia tonelada no meu carro elétrico se fosse para colaborar com o meio ambiente e evitar o efeito estufa, mesmo que para isso o País (isto é, nós) tenha que construir mais uma dúzia de Itaipus. Um problema, entretanto, o Ming se esqueceu de mencionar. Apesar de termos a energia elétrica mais barata do mundo na geração, ela é a mais cara do mundo (ou das mais caras) na distribuição, ou seja, quando do seu consumo; culpa da nossa maldita carga tributária e das "políticas públicas".

O governo brasileiro tem especial predileção em tributar itens de consumo essenciais, quase sempre aqueles providos pelo próprio Estado, por monopólios ou oligopólios. Basta verificar o quanto há de imposto em combustíveis; água, esgoto e saneamento; telefonia; bebidas, tabaco, correios e concessões de serviços públicos como transporte urbano. E sabe por que? Porque você não tem para onde fugir. É o clássico "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come."

Seja "comida indigesta": grite, esperneie! Nós precisamos nos rebelar contra esse esbulho oficial e há meios para isso. Aí, do lado direito desta página, na barra vertical, eu presto meu apoio a movimentos sérios que lutam pela melhoria do País. Um, é aquele pelo Voto Distrital, que vocês já conhecem. O outro, é o Movimento Brasil Eficiente que visa não apenas redução de tributos, mas também a aplicação criteriosa e parcimoniosa dos recursos arrecadados. Juntos, esses movimentos pretendem melhorar nossa representatividade e valorizar nossas contribuições. Eu os recomendo e avalizo!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Onde nasce a corrupção?

Como tudo que há de bom e ruim no mundo ela nasce de nós. Não adianta muito apontar um dedo, sempre haverão outros três apontados para nós mesmos. Resumindo: nós somos os culpados. E já que os somos, cabe a nós encontrar soluções. Vejamos alguns exemplos de causas e efeitos:

Obras no Maracanã pagariam três Itaquerões (Cláudio Humberto - 19/Set/2011)
Os sucessivos governos do Rio descobriram um campo fértil para torrar o dinheiro público em obras para empreiteiras amigas. O Maracanã passa pela terceira reforma geral em apenas dez anos, com custos que já somam R$ 1,1 bilhão, suficientes para construir três estádios novos do Corinthians (R$ 470 milhões cada), o Itaquerão. A Odebrecht papou duas reformas nesse jogo, nos governos Rosinha e Cabral.

Hum, a Odebrecht que "papou" duas reformas do Maracanã, é também a empreiteira que constrói o Itaquerão. Voltaremos a ela mais tarde. Agora faremos algumas comparações por ordem de grandeza:
  • Só esta reforma do Maracanã daria para construir mas de uma Alianz Arena (1,37 para ser mais exato), talvez o mais belo estádio do mundo. Se somássemos com as outras duas reformas já feitas — e que não serviram para nada —, além do custo de construção do Engenhão, acho que poderíamos fazer todos os jogos da Copa no Rio de Janeiro mesmo.
  • O Itaquerão, orçado acima por "módicos" meio-bilhão de reais, já é dado como inadequado pela FIFA. É que o projeto orçado foi para um estádio para 45 mil torcedores (para serem chamados espectadores eu exijo antes um teste de conforto) e a FIFA exige o mínimo de 65 mil. Ôpa! Para fazer esse puxadinho a Odebrecht quer um adicional e a obra vai aí para o 1 bilhão de reais. São só mais 530 milhões. O puxadinho é mais caro que a obra toda! Bestial, pá!
  • Outro exemplo, o Engenhão, também construído pela Odebrecht, custou a ninharia de R$ 380 milhões — 6 (seis!) vezes mais que o valor original orçado — para uma plateia de 46 mil torcedores. Dizem que será reformado para comportar 60 mil até as Olimpíadas. Alguém arrisca o nome da empreiteira?
  • E pensar que aqueles alemães primeiro-mundistas gastaram só 802 milhões de reais para fazer a Allianz Arena... E não fizeram em Itaquera não! É preciso voar por sobre aquele estádio para se ter uma real noção do que estou falando.
Bom, acho que deu para passar a ideia por trás dessas obras, nossas e deles. A questão é, por que elas são tão mais caras aqui? Note que eu "nem mencionei que elas são de pior qualidade também, só disse "mais caras". Se você disse "corrupção", acertou. Corrupção custa caro. Boa parte daqueles custos é dinheiro que foi, é ou será desviado para outras funções menos nobres como, por exemplo, financiamento de campanhas políticas e pagamento de palestras de ex-presidentes. Nossa Odebrecht, por exemplo, é a maior contratante das milionárias palestras de um tal de Luíz Inácio. Tem uma orelha minha à frente dessa pulga...

Mas Lula não é o único culpado; é só mais um. As campanhas políticas, por exemplo, são absurdamente caras aqui no Brasil, um país de dimensões continentais. Grandes também são os estados. Minas Gerais, por exemplo, tem aproximadamente o mesmo tamanho da França, o que não dizer de outros ainda maiores. É aí que o voto distrital pode ajudar e muito. Abaixo eu cito trecho de um artigo do Reinaldo Azevedo.

Voto distrital
A única — ÚNICA!!!—- maneira de baratear a eleição e, de fato, diminuir o peso do dinheiro (e, pois, as chances de corrupção) é o voto distrital. Por quê? Cada partido escolheria UM ÚNICO candidato em cada distrito. O país tem 513 deputados e, creio, terá em 2014 uns 127 milhões de eleitores. Grosso modo, cada distrito teria pouco mais de 247 mil eleitores. Em vez de ter de disputar eleição no estado inteiro, o candidato se concentraria naquela que é a sua área. A campanha ficaria mais barata, necessariamente — corrupção a menos. Não só isso: ele faria uma espécie de campanha majoritária; teria de convencer os eleitores e de ter efetiva representação numa determinada área. Cai a chance de um mero porta-voz de uma corporação ou de um lobby sair vencedor.

Outra medida saneadora — e que só vi citada aqui neste blog — é a proibição de doações para campanhas ou partidos políticos oriundas de pessoas jurídicas (i.e. empresas). Empresas, instituições, fundações e que tais NÃO VOTAM, então não há porque interferirem numa eleição com seu vultoso financiamento. E nós sabemos que as empresas, como a empreiteira mencionada acima (todas as empresas fazem o mesmo — só não as citei para economizar espaço e tempo), não jogam para perder. "Doam" para todos, à direita, à esquerda e ao centro, sem distinção. Não importa quem venha a ganhar, a "gentil doadora" saberá que tem como e onde cobrar. Nós, os contribuintes, pagaremos a conta no final.

Façamos assim então: removemos do processo de financiamento todos os intermediários, isto é, quaisquer formas de pessoas jurídicas. Também não é preciso qualquer Financiamento Público, como defende o PT. É só mais um intermediário para o nosso bolso. Retirados os middlemen, faríamos doações a quem nos aprouvesse, por sua simpatia, lábia ou, em última análise, por suas propostas. Erros e acertos por nossa conta, tudo ficaria bem mais barato. Nos EUA empresas não podem contribuir e mesmo as pessoas físicas têm um teto de contribuição. Se com todo esse cuidado eles ainda têm corrupção, imaginem se lá fosse como aqui. Deu até medo...

Olhando a coisa assim, não é de se admirar que paguemos tanto e obtemos tão pouco. Cada vez mais, ano após ano, campanha após campanha, a corrupção suga nossos recursos e nossas esperanças. Não é à toa que Millôr Fernandes disse uma vez "O Brasil é uma sucessão de governos médios; o atual pior que o que passou, mas ainda melhor que aquele que está por vir."

sábado, 10 de setembro de 2011

Antes de arrumar a casa é preciso ter a casa


Ano após ano e a coisa se repete: o Brasil é uma eterna casa desarrumada. É uma bagunça, uma esculhambação. Quase tudo está por fazer. Eu digo “quase” por pura preguiça de pesquisar. Fosse a fundo – sem exageros – eu afirmaria que “tudo” está por fazer, mas deixo o “quase” pelo benefício da dúvida e pela macunaímica preguiça de todos nós.

Passou-se o 7 de setembro, nossa maior data nacional, e a imprensa noticiou protestos contra a corrupção em todas as principais cidades do País, Brasília inclusive. Dizem até que lá a presidente saiu mais cedo para evitar os protestos e, quem sabe, as vaias. Tenho minhas dúvidas que fora este o motivo, afinal, Dilma faz bem o tipo do “bateu-levou”; o mesmo não se pode dizer da sua base-aliada, ministros e que tais. O fato registrado – entretanto – foi que “Dilma bateu em retirada”. Para mim, pegou muito mal, mas não sou eu naquelas saias.

Mas voltemos aos protestos. Protestar contra a corrupção, a roubalheira, a cretinice, o crime, o jogo, a pedofilia, os homófobos, xenófobos, políticos, sem-terra, com-terra e por aí vai, tem a mesma eficácia de protestar contra o mosquito da dengue. É isso mesmo! Você pode não gostar do mosquito, pode até temê-lo, pode gritar contra ele e ameaçá-lo de morte, mas se você não arrumar sua casa, e mais, se o seus vizinhos também não o fizerem, o ædes ægypti aparecerá para chupar seu sangue. E se for só sangue, está de bom tamanho, porque ele também poderá inocular vírus de ao menos duas doenças letais: dengue e febre amarela. Feito o silogismo, o resultado prático é um zero redondinho.

Existem soluções? Claro! Ao menos uma solução existe e, no nosso caso, tem defeito sério de nascença. Chama-se democracia representativa, mas falar de representação no Brasil é o mesmo que contar uma piada de mau gosto. Vamos nos ater aos regimes pós-ditadura que começam com a eleição de Tancredo e a posse de Sarney. Eu sempre achei que houve ali alguma sorte de prestidigitação, mas era tal a vontade popular de eleger e empossar um Presidente que fizeram vistas grossas. Digamos que empossar Sarney não tenha sido muito fiel às regras do jogo, ipsis verbis virgulisquæ.

Parte dos males vêm do nosso ordenamento jurídico: “se não está escrito, então não existe.” Este positivismo exacerbado faz da Lei aquilo que quase sempre é: letra morta. Juízes são meros leitores de códigos; não possuem liberdade nem mesmo para aplicar a pena. Tudo tem que estar escrito, letra a letra, vírgula a vírgula. Não se pode fazer Justiça assim, de forma absoluta, posto que é valor relativo. Da mesma forma que é o dolo que faz do ato violento crime, é a justa pena que lhe dá reparação. Nós sabemos que isto não acontece; nunca acontece.

Não digo que democracia é ruim, mas aqui é. Aqui ela não é nem representativa, nem proporcional. Pelos condões do nosso sistema político esdrúxulo, não somos representados nem por nossos vereadores, teoricamente cidadãos da mesma urbe. Você sabe: vota-se num, elegem-se outros. Se assim é, não há qualquer vínculo, compromisso, nada. O mandato é fátuo, uma falcatrua.

Já disse aqui que sou pelo voto distrital, já seria um bom começo, mas ainda é preciso algo mais. Nós precisamos de uma reforma completa – uma nova casa –, porque a que está aí é impossível de se arrumar. Não dá para continuar a fazer “puxadinhos”, remendos e embondos. É caso de derrubar e fazer certo desde o chão. Não precisa inventar algo totalmente novo. Foi querendo ser “original” que fizemos o monstrengo que aí está. Existem boas “plantas” aí que podem ser copiadas. Eu gosto muito de usar uma como exemplo: a “casa” dos Estados Unidos da América. Territorialmente, é muito parecida com a nossa. Ambas são da mesma idade; mesmo material de fabricação (imigrantes) e são divididas em cômodos autônomos (estados [con]federados). A diferença essencial está no projeto arquitetônico. Vejamos algumas diferenças:

  1. Os EUA são uma confederação de estados independentes. O Brasil é uma federação de estados dependentes. Grosso modo, lá, cada estado cuida de si – arrecadam e aplicam seus tributos in loco –, recorrem à União naquilo que lhes falta. Aqui, tributos são enviados para a União e aquilo que lhes falta (ou seja, quase tudo) precisa ser “garimpado” pelos nossos representantes (deputados, senadores, lobistas e até governadores), um beija-mão como nas antigas cortes monárquicas.
  2. Nos EUA o número de representantes (deputados) é fixo. São 435 cadeiras com mandato de dois anos. Cada um dos estados tem direito a um mínimo de 1 (uma) cadeira. Como são 50 estados (territórios e protetorados têm um representante sem direito a voto), as demais 385 cadeiras (435   50) são distribuídas proporcionalmente à população de cada estado e ajustadas conforme censo decenal. E no Brasil? Bom, aqui é o seguinte: cada estado tem o mínimo de 8 e o máximo de 70 representantes, sendo o número de cadeiras determinado pela população de cada estado. Não há limite para o total de deputados. Vamos tentar explicar as diferenças do sistema representativo de cada um.
    1. Nos EUA, a eventual criação de um novo estado não cria mais cadeiras na Câmara Baixa. As mesmas 435 deverão ser redistribuídas. No Brasil, um estado cuja população for de 8 pessoas (estou exagerando), todas as oito serão deputadas federais. A Câmara passará de 513 deputados para 521, com todos os ônus.
    2. Nos EUA, pelo último censo, 709.760 habitantes são representados por um deputado, em média. Na verdade, o maior número é de 999.243/deputado (Montana, com 1 deputado) e o menor, 526.284/deputado (Rhode Island, com 2 deputados). A razão do maior pelo menor é de 1,9. Traduzindo, um voto de Montana vale aproximadamente a metade de um de Rhode Island. Aqui já é um “pouco” diferente. Cada deputado deveria representar a 362.013 habitantes, mas estado a estado, razão e proporção chegam a ser ridículos. O estado mais populoso, São Paulo, tem 70 representantes (o máximo), o que dá 570.344/deputado. O menor, Roraima, tem 8 deputados (o mínimo), cada um representando 53.175 habitantes. A razão do maior pelo menor é de 10,73. Traduzindo, os cidadãos de São Paulo têm, proporcionalmente, menos representantes na casa legislativa que os de Roraima (70 ÷ 10,73  6). Surpreso?! Não conheço prova mais cabal da nossa democracia não-representativa. Se quiser saber mais, dê uma olhada aqui.
  3. Eu ia entrar fundo no Senado, mas o texto já está longo demais. Vou resumir assim: nos EUA são apenas 2 (dois) senadores por unidade da federação e não existe aberração da suplência, nem senador para o DC. Total: 100 senadores com mandato de 6 (seis) anos. Aqui é um pouco “melhor”: são três por estado (mantiveram a aberração do biônico da ditadura) e mais três para o DF, outra aberração. Total: 81 senadores com mandato de 8 (oito) anos.
Uma mudança tão radical passa por ampla consulta à população. Mais até. Passa pela melhoria desta mesma população, o que envolve educação, informação, debate. Precisamos crescer como NAÇÃO, como país já somos grandes. É preciso dar um basta a esta tutela do estado – não somos mais crianças. Cuidamos tão bem de nós próprios, como não seremos capazes de cuidar do nosso País, da nossa Casa? É hora de começar a conscientizar o povo que não está tudo tão bem assim. É preciso dizer-lhes que uma mentira repetida muitas vezes não se torna verdade, e de que aquele cara – aquele que se acha “o cara” – só quis mesmo “se arrumar”, e diga-se, fez um excelente trabalho – arrumou-se muito bem.

Agora é a nossa vez !!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Estamos mesmo escandalizados?

Ontem foi o dia da Jaqueline Roriz, absolvida pelo plenário e à revelia do Conselho de Ética, depois de ter sido flagrada embolsando propinas em vídeo e a cores. Tudo bem, não foi em HD e o som não era Dolby, mas imagens e sons cristalinos. Turvo? Nebuloso? Criminoso? Só o ato!


A coisa foi bem acintosa. A rádio CBN até fez sua Charge do Jornal com o mote.

É rir para não chorar. Da mesma CBN, ouvi os comentários de Lucia Hippolito e Wálter Maierovitch que também repasso a vocês.


Parte da sociedade está indignada — ao menos "minha parte" está — mas temo que nosso número não seja suficiente para incutir medo ou pudor nos nossos "representantes". Voto distrital é uma saída, isto é, o representante da parte da sociedade à qual pertenço se indignaria comigo.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

"Voto Proporcional Misto", outra chicana bem petista

O deputado petista Henrique Fontana (PT-RS) saiu-se com essa pérola de proposta para a reforma política. Por que não rasgar logo a Constituição? Está lá, artigo 14, caput, e bem claro:
A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, etc...
Ele quer tornar o voto em lista mais palatável para seus pares. Ora, o chamado "voto em lista" é inconstitucional, pelo simples fato de que ele é indireto. Nesta modalidade, você não vota no candidato; vota numa lista ordenada preparada pelos caciques de um partido ou coalizão de partidos. Apurada a votação, os votos dados à lista elegerão tantos "candidatos" quantos possíveis, observada a ordem de inserção na lista. Para mim, voto em lista é uma perversão e fere o pouco de história republicana que temos.

Não fosse o bastante, o deputado resolveu juntar esta aberração à outra, o voto proporcional ou voto de legenda, um entulho autoritário que o PMDB et caterva prometeram remover após o regime militar mas que, convenientemente, mantiveram para benefício próprio. Alguém aí ainda se lembra do Senador Biônico? Veio na mesma cesta do voto proporcional e também aguarda remoção. Mas voltemos ao assunto.

Voto proporcional, modalidade que está em vigor, é aquele dado ao partido ou coligação quando se vota no candidato. Entendeu? É, eu sei que é confuso mas a intenção é esta mesma: confundir. A melhor forma de explicar é esta: quando se vota no candidato, o partido ao qual ele pertence recebe o mesmo voto. Ele será usado para calcular o famigerado coeficiente eleitoral. A explicação está aí no link, mas a verdade é uma só: você vota em um candidato honesto e elege alguns crápulas. Simples assim.

Quanto mais honesto, famoso, simpático, engraçado ele for, melhor. O Dr. Enéas, uma pessoa sabidamente séria, levou outros cinco correligionários quando foi eleito com a maior votação que um deputado jamais teve neste país (royalties para Lula). Infelizmente, Dr. Enéas Carneiro foi abandonado pela sua penca de ineptos na primeira hora. Afinal, nenhum deles tinha qualquer compromisso com o eleitorado — que não os elegera — não teriam com ele próprio. Acredito que nenhum deles tenha se reelegido, mas a lição foi aprendida. Um novo fenômeno de votos carreou outros incompetentes com ele: 2010 foi o ano Tiririca! Isso explica alguns dos efeitos da aberração.

Já imaginou as consequências? Uma das razões para nossas casas representativas se encontrarem como estão é isso aí. E o brilhante deputado se presta para "salvar" nosso corrupto sistema político unindo duas estultices numa só. Deve ser a lógica petista do "dois erros fazem um acerto". Não fazem não! Fazem um erro ainda maior.

Eu não compro essa não! Este é mais um esbulho contra a vontade do eleitor, especialmente aquele menos informado que acredita estar contribuindo para a melhoria da comunidade onde vive, do seu Estado e da União. Eu sou pelo voto distrital, sou contra o financiamento público de campanhas — gasto inútil de dinheiro público — e a favor de doações de campanha exclusivas de pessoas físicas.