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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Cria de Lula e Dilma

Gigante pela própria natureza

...tampinha, penico de anão, pintor de rodapé, barriga de sapo,
pouca sombra, jogador de futebol de botão e PIBinho.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

As cinco fases do luto de Dilma

Caiu a ficha! Dilma — só agora — percebeu que embarcou numa canoa furada. Pior, descobriu que nessa canoa ela é a própria rolha! Oito anos de "Era Lula" esburacaram o casco da Nau Brasil. Ó dó...

Na matéria publicada pelo Estadão fica claro a primeira fase do luto: a negação. Pela regra virão a seguir a raiva, a barganha, a depressão e, por fim, a aceitação (*), se bem que raiva, barganha e depressão já fazem parte do cotidiano da presidenta. Vamos à matéria, grifos meus.

Uma nação não é medida pelo PIB, afirma Dilma

Para a presidente, Brasil será um país desenvolvido quando todas as crianças e seus jovens tiverem acesso à educação de qualidade

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff afirmou na manhã dessa quinta-feira que a grandeza de uma nação não é medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), mas pelo que faz pelas suas crianças e adolescentes. "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas crianças e adolescentes, não é o PIB, é a capacidade de o País, do governo e da sociedade de proteger o seu presente e o seu futuro", discursou Dilma, diante de uma plateia formada, na maioria, por adolescentes, durante a 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente.

"O Brasil durante muito tempo conviveu com uma situação lamentável e terrível, ser um país com tantas riquezas, formado por um povo tão solidário, mas que uma parte imensa da sua população estava afastada dos direitos e, sobretudo, dos benefícios dessas riquezas e de tudo que esse país pode produzir", afirmou.

Dilma destacou programas do governo federal, como o Brasil Carinhoso e o Bolsa Família, prometendo aumentar - até o final de 2014 - de 33 mil para 60 mil escolas o número de escolas de ensino fundamental e médio que tenham dois turnos.

"Vamos disputar o que é a economia moderna, que é a economia do conhecimento, aquela que agrega valor, a internet, as tecnologias de informação. Esse país vai ser um país desenvolvido quando todas as crianças e seus jovens tiverem acesso à educação de qualidade", afirmou.

"Lugar de criança e adolescente é na creche e na escola, num ambiente seguro, é nas escolas técnicas, é nos campos esportivos, é em todas as manifestações artísticas, é sobretudo em um ambiente seguro, livre da miséria, da violência e dos abusos."

No encerramento do discurso, a presidente manifestou apoio à candidatura do brasileiro Wanderlino Nogueira Neto ao Comitê de Direitos da Criança da ONU. Dilma deixou o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, local do evento, sem falar com a imprensa, evitando comentar a redução da taxa Selic, definida ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
A presidenta deveria começar por devolver o diploma porque tal afirmação renega não apenas princípios da Economia como até mesmo a lógica mais tacanha. Com o que a presidenta pensa "proteger presente e futuro de nossas crianças e adolescentes"? Certamente não será com esse discurso vazio. Aliás, presidenta, falta-lhe o traquejo do seu antecessor para ficar distribuindo bravatas. A senhora simplesmente não convence.

O festival de trapalhadas, iniciadas por seu antecessor transmutaram nosso antes grandioso país num grande circo. Nem mesmo ao Paraguai impomos mais respeito, já que a senhora passou a ser joguete de Chávez e daquela perua argentina. Como mandatária a senhora só é boa em esgrimir impropérios e exibir nenhuma capacidade. Lembre-se, o Brasil é bem maior que a sua antiga lojinha de quinquilharias chinesas de Porto Alegre, aquela que a senhora já faliu.

E como o PIB teima em não subir — mesmo com esforços do seu ridículo ministro Mantega, apelidado "levantador-de-PIB" — nega-lhe a importância que tem (negação), berra com seus ministros (raiva), propõe e aceita os acordos mais espúrios que se possa engendrar (barganha). Não sei o que se passa entre as quatro paredes onde a senhora se esconde, mas é lícito imaginar que o peso da sua própria incompetência a faça vergar (depressão). Só não espero de você aceitação, porque lhe falta o mínimo de inteligência para isso.



(*) Elisabeth Kübler-Ross, M.D., On Death and Dying, 1969.

domingo, 8 de julho de 2012

Ainda o Paraguai...

Já está começando a parecer com novela — não sei se mexicana ou brasileira, mas uma de indiscutível mau gosto —, os desdobramentos do impeachment do presidente Lugo, "o sibarita". Na salada russa que se seguiu ao ato constitucional legítimo, a despeito das opiniões contrárias de pessoas de pequena ou nenhuma importância, pessoas que não sabem o que significado do termo democrático e muito menos o que seja Democracia, o episódio segue a produzir fatos. Repasso artigo de Celso Ming com grifos meus. Comento depois.

Não tem mais onde furar

Celso Ming

O presidente do Uruguai, José Mujica, já vinha denunciando que o Mercosul virou um chiclete. Depois das decisões tomadas na última reunião de cúpula, já não se sabe o que passou a ser.

Reunidos em Mendoza, Argentina, no dia 28, os chefes de Estado de Argentina, Brasil e Uruguai primeiramente suspenderam o quarto sócio, o Paraguai, sob o argumento de que a destituição do então presidente paraguaio, Fernando Lugo, tinha sido “esquisita”. Embora não fossem capazes de caracterizá-la como golpe de estado, como queriam, entenderam que ao presidente Lugo não fora concedida oportunidade de defesarecurso exigido em processos jurídicos, mas não propriamente em movimentos políticos.

Em seguida, a troica assim constituída pela suspensão unilateral do Paraguai – a quem também não foi concedida oportunidade de defesa – optou pela incorporação da Venezuela ao bloco, embora não tenha cumprido previamente nenhuma das exigências previstas pelos tratados. Entendeu ela que a suspensão removeu também o veto do Senado do Paraguai à admissão da Venezuela.

Diante do ocorrido, parece claro que os golpistas – se golpe houve – não foram nem o Congresso nem a Corte Suprema do Paraguai, que convalidaram o impeachment, mas, sim, os dirigentes do Mercosul, que passaram a rasteira no Paraguai, com características de absurdo jurídico.

Dias depois, o próprio chanceler do Uruguai, Luis Almagro, que já havia sido contrariado no episódio pelo próprio presidente José Mujica, veio a público para afirmar que a manobra colocada em prática por 75% da cúpula do Mercosul não tinha validade jurídica.

Dados os desrespeitos aos acordos, o Mercosul já era o que o sambista Adoniran Barbosa chamou de “tauba de tiro ao álvaro”, porque “não tem mais onde furar”. O Mercosul não consegue ser nem sequer uma área rudimentar de livre comércio. O intercâmbio de mercadorias está bloqueado por travas de todas as categorias. Nessas condições, deixou de ser instrumento de integração econômica e social para ser um pastiche político que toma o formato dos interesses da hora.

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, bem que tentou empurrar o fechamento de um acordo do bloco com a China. O governo da Argentina não parece interessado em transformar o Mercosul numa plataforma de compras de produtos industrializados chineses. Mas, contra o interesse dos outros sócios, acha que poderia ter acesso ao baú de dólares da China, caso intermediasse manobras comerciais desse tipo.

A presidente Dilma acaba de assumir a presidência rotativa do Mercosul. Dada sua densidade na participação no bloco, o governo brasileiro bem que poderia liderar um movimento de recondução do Mercosul a seus objetivos originais. O primeiro passo seria aceitar seu rebaixamento da condição que jamais conseguiu ser, para o de uma incipiente área de livre comércio, dotada de um cronograma crível de desenvolvimento, para avançar em vez de continuar se desmantelando.

O problema é que o governo Dilma também não leva o Mercosul a sério. Não o considera mais do que instrumento para o exercício de práticas de boa vizinhança.

Começando pelo final, também não levo o Mercosul à sério. Já demonstrei isso claramente aqui e ainda não encontrei motivos para mudar minha opinião. Não há como manter uma relação de iguais entre desiguais e não há parceiros mais desiguais que aqueles do Mercosul.

O Brasil deveria estar negociando com os Estados Unidos da América, ou melhor, com o NAFTA, uma adesão ao grupo ou a sua ampliação para agregar países e mercados com um mínimo de similaridades sejam em termos de PIB ou de mercado.

Por razões puramente ideológicas, das mais infelizes do governo Lula, deixamos de assinar a proposta da ALCA — Área de Livre Comércio das Américas —, simplesmente porque ela partiu dos EUA. Ao invés disso, resolveu-se embarcar no discurso maluquete de Chávez. Como ele não conseguiu vender sua ALBA — Aliança Bolivariana das Américas, seja lá o que ele entenda por bolivarismo —, como alternativa para a ALCA proposta, passou a advogar sua entrada ad nutum no Mercosul. O termo latino se aplica assim: a Venezuela não cumpre nenhum dos pressupostos políticos para participar do grupelho então sua entrada só poderia ser por força de um ato discricionário. E assim se fez...

Os detratores do impeachment paraguaio, jornalistas e articulistas em sua maioria, agora defendem a quartelada venezuelana (mais uma) como fato puramente pragmático, porque a Venezuela tem a oferecer petróleo e um mercado muito maior que o paraguaio. Pode ser. Entretanto, é bom salientar que tínhamos um superavit comercial com o Paraguai de mais de US$  2 bilhões. Pode não ser muito, mas era um superavit. A Venezuela, por sua vez, continuará a fornecer petróleo aos EUA, seu cliente preferencial de sempre apesar dos muxoxos bolivarianos do seu ditador, digo, presidente.

O petróleo venezuelano — é bom que se diga — não nos será muito útil ao menos no curto prazo. Trata-se de petróleo pesado que nossas refinarias não têm capacidade de processar. Assim, o mais provável é que compremos derivados ao invés de óleo bruto. Ponto para o Chávez. O Paraguai, por sua vez, deverá procurar alternativas como as citadas aqui, aqui e aqui, enquanto tudo indica que ficaremos pendurados no pincel e sem saber para onde foi a escada, porque o PT insiste em governar para o partido e não para o País.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Envergonhando os desavergonhados — Ou: Como os burocratas roubam os contribuintes — Ou: Até parece que vocês não conhecem Banânia...

Uma das minhas publicações favoritas é a revista especializada em economia e negócios The Economist, que acompanho pela versão online. Fica aqui a dica de leitura.

Hoje leio nela uma matéria deliciosa sobre nosso "serviço público", uma das razões pela qual retornam apenas 3% (três por cento) das arrecadações tributárias — uma das maiores do mundo — aos "felizes" habitantes pagadores de impostos de Banânia.

Não é pouco o que se arrecada aqui. Os números oficiais mostram que a fatia de impostos que pagamos monta a 38% (trinta e oito por cento) do PIB, isto é, R$ 1,574 trilhões. Feitas as contas, apenas R$ 0,047 trilhões (ou R$ 472 bilhões) retornam para a sociedade na forma de investimento, daí para baixo, o que é absolutamente insuficiente. Basta olhar ao redor para ver.

A pergunta de R$ 1,527 trilhões (isto é, 1,574 tri menos 0,047 tri) é: o que é feito com o resto dos tributos pagos? Bom, o Estado gasta consigo próprio! É disso que trata a matéria da The Economist, no seu estilo jocoso e característico. Segue um trecho, grifos meus. Íntegra aqui. Versão traduzida (by Google) aqui.

Shaming the unshameable

How the bureaucrats rob the taxpayers


WHEN his time as São Paulo’s mayor finishes at the end of the year, jokes Gilberto Kassab, he will look for work in the garages of the city’s municipal assembly. This month the city’s legislature published, for the first time, the salaries of some of its 2,000 employees. Half the 700 people named, paulistanos were surprised to learn, take home more each month than the assembly’s chairman, who earns 7,223 reais ($3,508) after tax.

As well as parking attendants, the fat cats included press officers and a nurse in charge of a drop-in clinic for municipal workers who earns 18,300 reais a month after tax, 12 times the average private-sector wage. Their pay cheques were boosted by annual increments, long-service bonuses and the practice, standard in Brazil’s public sector, of claiming a large pension in your early 50s and staying on the job.

Publication of the data angered public-sector unions, which claimed it put their members at risk of theft or kidnap. Taxpayers doubtless feel that the robbery has been inflicted on them.

Bom, se você ainda não leu o suficiente, leia a íntegra do original ou a tradução automática pelos links dados acima.


Meu pitaco:


Não vou dizer que o conteúdo da matéria é novidade. Aqui mesmo, na Faxina Política, já desmascarei o esbulho da coisa pública. Chamamos os ladrões para cuidar do Erário, entregamos as galinhas às raposas há muito tempo; não era para se esperar nada diferente. O que chama a atenção é que nossa irresponsabilidade comece a chamar a atenção do pessoal lá fora, os mesmos de cuja mesa desejamos participar, quiçá um dia.

O que me pareceu — pelo texto da matéria — é que eles se darão por satisfeitos em nos atirar um osso ou dois, para que não os incomodemos com olhares de súplica, fome e eterna admiração, até porque a vergonha é toda nossa.

Pior! Eles podem querer participar do butim! Se é assim tão fácil roubar os cordeirinhos de Banânia, por que não eliminar o middle man? E pensar que os sindicatos dos funcionários públicos de São Paulo estão preocupados com o roubo e sequestro dos seus nababos afiliados... Devem se preocupar com a invasão! Eles e nós, enquanto não se fazem as reformas...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Amigos, amigos... Negócios bem à parte

Eu tenho evitado escrever sobre certos assuntos, parte porque não conheço suas razões e causas de perto, parte porque os considero irrelevantes. Mesmo assim, hoje resolvi falar mal do quintal dos outros. Estou me referindo às recentes expropriações ocorridas na Argentina (YPF) e na Bolívia (TDE), por infeliz coincidência, ambas empresas espanholas. Eu estou certo que o ministro Rajoy não deve estar nem um pouco satisfeito com o ocorrido, o que não se dirá da diretoria da Repsol e da Red Eléctrica de España, respectivamente controladoras da Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF) e da Transportadora de Electricidad S.A. (TDE).

Existem alguns articulistas que acreditam que tais movimentos possam ser favoráveis ao Brasil. Pode parecer lógico que este seja o caminho adotado, mas nosso governo insiste em negociar em bloco, isto é, no âmbito do Mercosul. Assim, a afirmação do professor de economia da FGV, Ernesto Lozardo, soa vazia: "De maneira geral, o Brasil tem um marco regulatório consolidado e assegura maior respeito aos contratos, dando guarida aos investimentos". Será?!

A Espanha — que já tem problemas de sobra em casa — parece ter sido escolhida como o Judas a ser malhado nessas plagas sul-americanas. Foi noticiado pela BBC-Brasil: "Segundo o relatório Panorama de Investimento Espanhol na América Latina 2012, divulgado pelo Instituto de Empresa de Madri em fevereiro passado, 30 das companhias de maior faturamento da Espanha enxergam com pessimismo a evolução de seus negócios em países como Argentina, Bolívia e Venezuela. Das empresas com filiais nesses três países, somente 15% planejam aumentar sua presença na Argentina em 2012, contra 4% na Bolívia e na Venezuela. No Brasil, entretanto, o índice é de 62%." Apesar dos números favoráveis, prefiro ler o quadro com cautela.

Eu vejo uma enorme pedra em nosso caminho: o Mercosul. Estou entre aqueles que acreditam que o Brasil jamais deveria fazer parte desse "bloco econômico", onde, a meu ver, as desvantagens superam em muito qualquer vantagem fictícia com que possam acenar. Algumas informações sobre os parceiros daquele "clube":

Fonte: FMI


Como podem ver, só existe um player neste clube e é o Brasil. É o dono do campo, da bola e do campeonato; só não se comporta como tal [ainda]. Com o devido respeito às nações amigas, o que se vê acima não é uma agremiação de iguais, então porque insistir nisso. Tudo bem, mantenha-se o Mercosul, mas não deixe que ele se torne um empecilho para a celebração de acordos bilaterais com os EUA, a União Europeia, o Japão, a Rússia, a Índia e quem mais venha. É um absurdo dar relevância a quem não tem relevância alguma. São nossos "parceiros" do Mercosul que dependem de nós, não o contrário, então é inadmissível que um El ministro de la Viuda determine o que entra e o que sai da Argentina, quando o acordo é de fronteiras livres, de livre comércio e de isenções fiscais. O Itamaraty deveria denunciar o fato imediatamente, mas é soft demais.

Ao contrário de Chile e Colômbia, dois outros vizinhos que firmaram acordos bilaterais com EUA, UE e Japão e, dessa forma gozam de tarifas diferenciadas para exportação, nós continuamos a defender que esses mercados precisam negociar conosco no âmbito do Mercosul. Em outras palavras, o que se faz é dar a 17% do PIB da associação, o controle sobre o todo. Melhor ainda: é como se 17% fossem iguais ou maiores que os outros 83% — coisa de gênio. Mas tem mais: La Viuda, que manda em 14,69% do clube, resolveu dar caneladas em empresas da Espanha, país membro da União Europeia com a qual tentamos há anos fechar um acordo "no âmbito do Mercosul". Com "amigos" assim, quem precisa de inimigos?

A hora é de deixar o proselitismo barato de lado e cuidar daquilo que é nosso. Se o Japão, ou a UE, ou mesmo os EUA acham mais fácil negociar com o Brasil em separado — paciência — amigos, amigos..., nossos negócios à parte e em primeiro lugar. Há milhões de brasileiros precisando de emprego e oportunidade e a responsabilidade desse governo Dilma (e de qualquer outro) é para com eles.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Krugman é "oba-oba-Obama" desde menininho

É preciso ser no mínimo atrevido para criticar um laureado pelo Nobel, mas nunca dei muita bola para títulos e comendas, ainda mais para o Nobel. Então, não restam dúvidas quanto a minha impertinência em criticar Paul Krugman, economista e colunista do Estadão. Leio suas colunas com frequência, as versões traduzidas e as originais em Inglês, ambas igualmente insípidas e superficiais — Krugman deve ser melhor fazendo outra coisa. Abaixo, sua última coluna no Estadão, grifos meus.

A exposição dos Estados Unidos à Europa

Paul Krugman


Hoje é fato aceito que o destino da economia dos Estados Unidos nos próximos três trimestres – e também as chances de reeleição de Obama – dependem dos eventos na Europa. Portanto, talvez seja um bom momento para expressar um certo ceticismo.

O mapa acima – tirado daqui – nos revela que no total, as exportações para a Europa representam apenas 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Alguns Estados, particularmente a Carolina do Sul, estão mais expostos (possivelmente por causa de fábricas de montadoras europeias instaladas lá). Mas, de qualquer maneira, Obama não vencerá na Carolina do Sul. E num sentido mais amplo, mesmo uma queda brusca das exportações para a Europa só terá um pequeno impacto direto sobre a demanda.

OK, um alerta: a medida acima é apenas das exportações de produtos, e devemos aumentar a porcentagem talvez em 25% para levar em conta os serviços. Além disso, as exportações não são o único canal: se a situação na Europa provocar um evento tipo Lehman, transtornando os mercados financeiros em todo o mundo, tudo muda completamente.

E preciso dizer que existe um quebra-cabeça antigo envolvendo os ciclos econômicos em todo o mundo – as economias funcionam em sintonia mais do que é explicado pelos vínculos concretos em forma de exportações.

Com tudo isso, no entanto, ainda é bastante duvidoso se a iminente recessão na Europa terá realmente um impacto muito negativo aqui. Uma desvinculação não se sustentou em 2008-2009, mas foi um desastre memorável. Desta vez pode ser diferente.

Fiquei com clara impressão desse artigo ser uma opinião tendenciosa do autor sobre o assunto tratado — a crise europeia —, mas pode ser apenas uma impressão. Na minha imodesta opinião, Krugman erra ao separar a crise iniciada pela falência do Lehman Brothers (2008-2009) da atual. Na verdade, a crise europeia atual é a extensão da outra, ou ainda melhor, consequência dela.

Isto porque a Europa (leia-se bancos europeus) está entre os principais credores dos títulos da dívida imobiliária americana (i.e. subprime). Na mesma linha, ainda existem muitas dúvidas na, digamos, pseudo-estatização da Fanny Mae e da Freddy Mac, as principais operadoras do mercado imobiliário americano, salvas da falência — dizem algumas línguas — por influência direta da administração Obama. Se a Europa anda no fio da navalha, então os EUA deveriam se preocupar sim senhor, até porque não há China que chegue para todos.

Fica, então, um travo de oportunismo eleitoreiro no ar ao se ler o artigo. Na opinião das tais línguas mencionadas no parágrafo anterior, e na minha, os Estados Unidos da América estão cada vez mais a cara do Brasil... Eu, hein! Seria a obamização da América igual a lulalização do Brasil? Se for, eles então sífu (royalties para "Nosso Guia"), que nem nós aqui.

domingo, 29 de janeiro de 2012

O "Império do Centro" visto de dentro

A China tem sido mostrada como o maior fenômeno econômico deste século. Existem até mesmo algumas pessoas de renome — com as quais eu não concordo em absoluto — que chegam a dizer que "a China salvou o Capitalismo". Nada mais falso e longe da realidade.

Talvez queiram criticar o Capitalismo como sendo a origem dos nossos males — e ele o é em grande parte —, mas não por ser Capitalismo mas por ele ser meritocrático. É difícil para a maioria das pessoas entender o que "meritocrático" quer dizer, muitos nunca ouviram a palavra antes, mas é bem a essência daquilo que separa Capitalismo de Socialismo, e de como este último jamais poderá prover aquilo que tanto condena no outro.

Eu os convido a assistir este vídeo da SBS Television — Australia, uma joia enviada por um dileto amigo que muito tem colaborado com este blog. Trata-se de um curto documentário de 14 minutos que mostra o fenômeno chinês visto in loco. Considero uma das matérias mais reveladoras que tive a oportunidade de ver.

A tradução e legendas foram feitas por mim e desde já peço desculpas por alguma falha. Não usei nenhum equipamento além do meu laptop e um software gratuito para produzir o vídeo legendado. Infelizmente, alguns efeitos especiais que gostaria de usar estão além dos recursos que disponho. Procurarei melhorar nos próximos. O maior tempo foi gasto na versão para o Português e sincronização — o Inglês australiano é bastante peculiar — precisei educar os ouvidos. Espero que gostem das "Cidades-Fantasmas da China".


E aí? Gostaram? Espero que sim. Agora, os pitacos.

É preciso entender a mecânica por trás da construção das cidades-fantasmas. Por mais estranho que pareça ser, há lógica na loucura. George Orwell, em seu livro "1984", dava a receita para contornar o efeito colateral do crescimento, isto é, o enriquecimento. No seu livro, a "guerra contínua" foi a forma encontrada para manter os povos ocupados, economicamente remediados quando muito, e absolutamente comprometidos com a causa socialista. Quem leu "1984" sabe que Orwell pinta um mundo em que não há futuro, só o amor ao Grande Irmão. Aquele casal de Pequim, que trabalha num salão de beleza e mora naquele cortiço horroroso, é para mim, mutatis mutandi, Winston e Julia de Orwell.

O que o governo chinês precisa fazer é "sumir" com o imenso superavit comercial que a China tem hoje com o mundo. O seu gigantesco PIB, que a põe como a 2ª maior economia do mundo, chega a ser ridículo quando em valores per capita. Dividido por mais de 1 bilhão de chineses, o PIB chinês per capita é 2,5 vezes menor que o nosso e algo como 9 vezes menor que o dos EUA, Europa e Japão, como salientei neste artigo aqui. O PIB per capita (ou PPP — Purchasing Power Parity) é a real medida da economia que gira, do mercado. O que se vê na China é a imobilização do capital na forma de construções gigantescas — "pirâmides para as quais não há demanda", consolidação de um "PIB sem melhoria para a população" —, como salientou Gillem Tulloch, o analista de Hong Kong.

Dar à população acesso ao produto do seu trabalho — acesso à riqueza — é fazer com que o Partido Comunista Chinês renegue todos os seus princípios. É abandonar o socialismo que divide e redistribui a miséria e partir para o capitalismo que premia a produção e a eficiência. Ora, já sabemos que não há dinheiro para todos e que o capitalismo é meritocrático — os que fazem mais, recebem mais; os que fazem menos, recebem menos. Na China, quem faz mais é o Estado, então é o governo chinês que fica com a maior parte ou quase tudo, isto com uma população de 400 milhões de excluídos, hoje. Lembram-se da grande preocupação do sociólogo Prof. Jou Ziao Xeng? A "polarização", ou melhor, a divisão em antípodas — chineses "com" e chineses "sem" — levaria a China ao caos. Como explicar a um cidadão, educado na doutrina socialista, que enquanto ele mora num misto de cortiço-pocilga, cujo aluguel custa metade do seu salário, seu compatriota anda numa Ferrari e mora num resort. Simplesmente não se explica nem se justifica.

Em rápida conversa com um diplomata brasileiro, fiquei sabendo que o governo chinês já iniciou uma intervenção para coibir a crescente especulação no mercado imobiliário e mesmo iniciar um programa de auxílio à aquisição da casa própria para pessoas de baixa renda. É o velho assistencialismo estatal — um tique socialista — que não sei se será possível ou exequível num país de 1,3 bilhão de pessoas. Mesmo assim, e apesar de senões, a China tem melhorado; não graças ao comunismo/socialismo maoista, mas ao pragmatismo de Deng Ziaoping que quis fazer da China algo melhor que uma gigantesca Coreia do Norte. Sob Mao — que fez justiça ao nome — 85% da população chinesa estava na pobreza absoluta. Então, não foi a China que salvou o capitalismo, como disse o Herr Dieter Zetsche, Chairman da Daimler AG e principal executivo da Mercedes-Benz, Não, bem ao contrário, foi o Capitalismo que salvou a China — ou a está salvando —, apesar de um ou outro rompante socialista.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Nunca antes na história "dessepaiz" o Brasil havia superado os Estados Unidos

Pois é, com Lula e Dilma superou. Vocês podem comprovar na revista Exame ou no Estadão. Grifos meus.

Custo de vida do Brasil supera o dos Estados Unidos

Dado é considerado preocupante para um país emergente



Rio - O custo de vida do Brasil superou o dos Estados Unidos em 2011, quando medido em dólares, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o PIB dos 187 países-membros. Este fato é extremamente anormal para um país emergente. Em uma lista do FMI de 150 países em desenvolvimento, o Brasil é praticamente o único cujo custo de vida supera o americano em 2011, o que significa dizer que é o mais caro em dólares de todo o mundo emergente.

Na verdade, há outros quatro casos semelhantes, mas referentes a São Vicente e Granadinas, um arquipélago minúsculo; Zimbábue, país cheio de distorções, onde a hiperinflação acabou com a moeda nacional; e Emirados Árabes Unidos e Kuwait, de população muito pequena, gigantesca produção de petróleo e renda per capita de país rico.

Considerando economias diversificadas como o Brasil, contam-se nos dedos, desde 1980, os episódios em que qualquer um de mais de cem países emergentes apresentasse, em qualquer ano, um custo de vida (convertido para dólares) superior ao dos Estados Unidos.

Há uma explicação para isso. O preço da maioria dos produtos industriais tende a convergir nos diferentes países, descontadas as tarifas de importação. Isso ocorre porque eles podem ser negociados no mercado internacional, e, caso estejam caros demais em um país, há a possibilidade de importar. Mas a maioria dos serviços, de corte de cabelo a educação e saúde, não fazem parte do comércio exterior. Assim, eles divergem muito em preço entre os países.

Em nações ricas, com salários altos, os serviços geralmente são muito mais caros do que nos emergentes. Isso se explica tanto pelo fato de que a renda maior tende a puxá-los para cima, como pelo fato de que a mão de obra empregada no setor de serviços recebe muito mais e representa um custo maior. Dessa forma, é principalmente o setor de serviços que faz com que o custo de vida seja mais alto no mundo avançado. Na comparação com os Estados Unidos, os países emergentes são quase sempre mais baratos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Eu só tenho este comentário: o Brasil tem a maior carga tributária do mundo emergente; tem o maior custo de produção do mundo emergente (o Custo Brasil); o pior IDH do mundo emergente e também a pior educação. Tudo isso e também o governo mais incompetente e mais corrupto do tal grupo de emergentes; daí o resultado. Queriam o que?!!

A patuleia pode continuar acreditando no Nosso Guia mas a coisa só vai piorar. Escrevam aí: inflação, desemprego, inadimplência... tudo isso vai aumentar. O Brasil é agora uma república sindicalista. Você que é trabalhador, pode me dizer o que foi que já recebeu do seu sindicato ou da sua central sindical? Hein?!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O lulo-ufanismo: bater bumbos e não bater a corrupção, o analfabetismo, a inflação, o atraso tecnológico, a ignorância crônica e a pequenês de ideias...

Fim de ano, época de festas, e o governo "progressista" ganha para seu arsenal de meias-verdades (i.e. meias-mentiras) mais um dado isolado, fora de contexto, porém apto a alegrar a imensa maioria da população que sofre daquele incurável complexo de vira-latas, aquele sentimento de inferioridade que insiste em aparecer quando se compara nossa realidade com o que se vê nos enlatados de Hollywood, Canadá ou Europa: o terceiro mundo é aqui. Publico a única matéria a respeito do tal fato que não se encontra contaminada pelo ufanismo barato, ou "autolouvação", como no texto da coluna do Celso Ming no Estadão — grifos meus.

Ficou maior. E daí?

O Guardian – importante diário de Londres – publicou matéria nesta segunda-feira que já considera o Brasil a 6.ª maior economia do mundo, ultrapassando a do Reino Unido – segundo conclusões de consultoria privada inglesa. A “novidade”, no entanto, já constava em dados divulgados pelo FMI em setembro, mas pouca gente deu importância à projeção (veja a tabela).

O risco é o de que agora o governo de Brasília e o cidadão médio deem mostras de subdesenvolvimento e recebam a informação com doses excessivas de autolouvação – e, assim, se perca o senso de realidade.



Também em economia, o brasileiro tende a se considerar maioral. E, como no futebol, continua nutrindo a sensação de campeão do mundo. Lá pelas tantas, sobrevém a lavada de 4 a 0 do Barcelona em cima do Santos para devolvê-lo ao rés do chão. Assim, é preciso ver com objetividade notícias assim e a confirmação que virá mais cedo ou mais tarde.

Tamanho do PIB é como tamanho de caneca. E o Brasil é um canecão. Tem quatro vezes a população do Reino Unido e 35 vezes a sua área territorial. Natural que, mais dia menos dia, ultrapasse o tamanho da economia de países bem mais acanhados em massa consumidora e extensão.

Enfim, é necessário examinar esses conceitos não só pela dimensão da caneca, mas também pela qualidade de seu conteúdo. A renda per capita britânica, por exemplo, é mais de três vezes maior do que a do Brasil e a partir daí se começa a ver as coisas como realmente são.

A economia brasileira ainda é um garrafão de mazelas: baixo nível de escolaridade, concentração de renda, bolsões de miséria, déficit habitacional, grande incidência de criminalidade, infraestrutura precária, enorme carga tributária, burocracia exasperante, Justiça lenta e pouco eficiente, corrupção endêmica… e por aí vai.

É claro que isso não é tudo. O potencial é extraordinário não só em recursos naturais, como também em capacidade de inovação e de flexibilidade da brava gente.

Mas há a energia que domina um punhado de emergentes – e não só o Brasil. Enquanto o momento é de relativa estagnação dos países de economia avançada, é ao mesmo tempo de crescimento bem mais rápido das economias em ascensão.

Esse grupo, liderado pela China (que ultrapassou neste ano o Japão como 2.ª economia do mundo), responde hoje por cerca de 40% do PIB mundial, ou seja, por 40% de tudo quanto é produzido no planeta. É também o destino de nada menos que 37% do investimento global – registra levantamento do grupo inglês HSBC.

Tal qual em outros temas, estimativas variam de analista para analista. Mas é praticamente inexorável que, até 2050, pelo menos 19 emergentes estarão entre as 30 maiores economias do mundo.

Mais impressionante é a velocidade do consumo. Só a China incorpora ao mercado perto de 30 milhões de pessoas por ano. Na Ásia, a classe média – diz o mesmo relatório do HSBC – corresponde a 60% da população (1,9 bilhão de pessoas).

Boa pergunta consiste em saber se o mundo aguenta esse novo ritmo de produção e consumo.

CONFIRA



Estouro. Falta incluir os números de dezembro. É grande a probabilidade de que neste ano a inflação medida pelo IPCA estoure a meta (já admitidos os 2 pontos porcentuais de escape). Os levantamentos feitos em cerca de 100 instituições financeiras e consultorias pelo Banco Central apontam para inflação de 6,54%.

Por trás, a gastança. Embora não configure perda de controle, esse esticão é resultado da forte elevação das despesas públicas em 2010, ano de eleições, que o Banco Central acabou por tolerar.

Pois bem, o que existe por trás da notícia: nada! Nadinha mesmo. Porque como disse o Ming, não é o tamanho da caneca que importa, mas seu conteúdo. De nada adianta um PIB gigantesco (vejam o da própria China) se em relação à população ele é irrisório. A China ainda faz um barulhão porque é um governo totalitário, com estado forte e intervencionista. Assim posto, o PIB chinês é bem mais do estado chinês que do povo chinês, embora digam o contrário. O quadro apresentado acima passa a ser mais significativo se vocês prestarem atenção à terceira coluna. Para onde é que foi a China? E o Brasil e a Índia? Números bem menos expressivos, não é?

O PIB per capita dos países ricos do mundo — aqueles que formam o G7 — é de quase 4 (quatro) vezes o do Brasil e Rússia; quase 10 (dez) vezes o da China e 32 (trinta e duas) vezes maior que o da Índia. Este indicador dá uma boa ideia do tamanho do mercado deles e o do nosso. Como se pode ver, d. Dilma falou muita bobagem em Bruxelas, mas duvido muito que a levaram a sério por lá.

Em que pese os esforços de uma esquerda cada vez mais intervencionista no Brasil, especialmente na mídia, nossos dirigentes ainda precisam observar a Constituição e uma ou outra lei, apesar do fôro privilegiado. Mas é preocupante que veículos de grande alcance como a Rede Globo tenham embarcado na canoa ufanista. Já fomos mais que a Itália e Reino Unido de fato, não esse bate-bumbo com jeito de corta-luz.

A coisa é tão descabida, tão despropositada, que fiquei pensando se é mesmo verdade que o metrô de Belo Horizonte se encontra como está há 40 anos; a tão propalada obra ELEITOREIRA da transposição das águas do rio São Francisco se encontra interrompida e abandonada; que nossas estradas só conhecem o "progresso" nas operações tapa-buracos e os portos e aeroportos do País são insuficientes, tacanhos, mal gerenciados e vergonhosos. Basta olhar para a infraestrutura desses países que acabamos de "superar" para ver o tamanho da mentira. Basta comparar a nossa EDUCAÇÃO com a deles, nosso IDH e o espetáculo do nosso crescimento. Balela!

Há muito eu critico o servilismo da mídia — cada vez mais amestrada —, sua submissão ao Poder. Tudo bem, sempre haverá a mídia "pró", mas no Brasil é uma quase unanimidade. Eu preciso ler vários jornais, dezenas de colunas, para encontrar uma opinião isenta, ou, quando muito, uma menos viciada. É bem verdade que quem paga a mídia são os anúncios e o Estado é o maior anunciante, mas poderiam ao menos disfarçar um pouco. Ainda verei uma direita responsável neste País e uma mídia isenta.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Os fatos desmentem a retórica

Dilma, a representante ad hoc do lulo-petismo, bradou do alto do seu palanque virtual que o Brasil cresceria 5% no ano que se avizinha. Aqui mesmo, eu disse que o único crescimento na sua gestão tem sido nos índices de corrupção — e isso em relação àqueles do governo anterior — já pródigo na roubalheira e na maracutaia.

Para que não pensem que é perseguição minha, vejam o que nos reporta o Celso Ming no Estadão (grifos meus):

Fazer escolhas

Dilma, inflação e recessão não têm medo de cara feia
A equipe econômica do governo Dilma já não insiste, como até há algumas semanas, em projetar o avanço do PIB em 2012 em 5%. Já trabalha com números mais modestos, ao redor dos 4%. No entanto, o Banco Central, bem mais realista, apontou quinta-feira, no seu Relatório Trimestral de Inflação, um crescimento do PIB de apenas 3,5%.

O que se pode dizer é que, num quadro de estagnação global, as tendências mais realistas para 2012 são de uma expansão mais modesto (sic) da economia brasileira, equivalente ao que se obterá neste ano.

O problema não é apenas esse, mas também o de que, além de enfrentar uma atividade econômica mais fraca, sobe o risco de que, em 2012, o governo Dilma também não consiga empurrar a inflação para o centro da meta (de 4,5%), como vem insistentemente prometendo e como está nos documentos oficiais do Banco Central. Leia a íntegra aqui.

O que se nota é um governo perdido entre maus resultados em ano pré-eleitoral. O pior disso tudo é que o governo abrirá ainda mais as burras para corromper o pleito eleitoral que se avizinha. É a velha receita lulo-petista: quem não tem competência para fazer compra o resultado das urnas, à vista e com dinheiro público.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Moonwalking 2: "O espetáculo do crescimento"

O tempo passa, o tempo voa, e vai ficando cada vez mais claro que o tal "espetáculo" foi mesmo apesar e não por causa de Lula, de Dilma e do PT. Em outras palavras: eles nunca tiveram competência; tiveram sorte! Lembrando até o que dizia o Jabor, cada vez que se falava da herança-maldita-do-governo-anterior, ele retrucava: vocês receberam uma herança bendita! E foi mesmo! Receberam, usaram e jogaram fora; como se faz com um papel higiênico sujo de... de... de merda! O lulo-petismo foi uma merda para o País, um atraso. Foi, não! Foi e ainda é!

Crescimento do PIB brasileiro (Fonte: IBGE) — Clique para ampliar
"Nunca antes na história dessepaiz" retrocedemos tanto. Retrocedemos mais ainda porque poderíamos avançar muito e alternamos entre crescimentos pífios e crescimento nenhum. Sabe-se agora que o que avançamos foi mais por inércia, o crescimento latente herdado dos governos FHC, do que algo feito pela gestão Lula e, agora, pela gestão Dilma. Na chamada "Era Lula" nos especializamos em ser a rabeira: somos a rabeira dos BRIC (na minha opinião, CRIB); a rabeira da América do Sul e nos safamos da América Latina porque nela tem o Haiti. Reparem no gráfico acima: Lula, que não teve uma única crise em seu governo (FHC teve 4, que me lembre), teve desempenho inferior a Itamar (93-94) que enfrentou e venceu a inflação. FHC consolidou o Plano Real, apesar das crises internacionais já mencionadas. Entregou o País saneado e em marcha de crescimento. Lula pegou a onda em 2003 e surfou até 2010; passou a prancha para Dilma já na areia. E como tudo que sobe tem que descer, a marolinha que Lula desdenhou veio detonando nossos índices, então tão promissores. Viram a década de 70? Naquela época o Brasil era o que a China é hoje...

9 anos de governo "progressista" e o Brasil despenca morro abaixo.

Lamentavelmente, a única coisa que tem crescido, consistentemente, é a corrupção e ela é a maior causa dessa nossa vocação para o desastre. A corrupção não é uma exclusividade de governos petistas (ou de esquerda), claro que não; corrupção é como a gripe — universal e onipresente — existe em todo lugar, em todo governo, em toda coisa. Mas o leitor há de convir, nestes governos petistas, ela — a corrupção — foi elevada a um novo patamar. Digamos que usaram de muita expertise para tornar a corrupção uma "coisa" de governo. Foram além do mero profissionalismo (banditismo?); eles não se limitaram a profissionalizar a corrupção: eles a institucionalizaram. A corrupção foi elevada à categoria de INSTITUIÇÃO no Brasil. É... eu sei que soa terrível, mas não sou o único a dizer isso nem o primeiro.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Um zero redondinho

Como este blog já alertou em artigos passados (procurem por "economia" e/ou "PIB"), o "sucesso" do lulo-petismo não passa de uma mentira repetida muitas vezes. Do alto da sua arrogância, tanto Lula quanto Dilma se arvoraram do "crescimento da economia brasileira". A verdade — como começa a ficar evidente — é que o Brasil cresceu APESAR do governo Lula, do PT e de seus associados. Falando assim — "na lata" — o Brasil cresceu porque o mundo inteiro cresceu, e cresceu pouco. Comparado aos demais BRICS, ficamos na rabeira.

Mas aqui, para a patuleia vil e ignara (e ponha ignara nisso), o pouco que cresceu, relativamente, foi mais que o bastante. É preciso admitir, Lula tem sorte. Estava no lugar certo na hora certa, e passados oito anos de vento em popa, ainda arruma uma jabuti para por em cima do poste. Aliás, a figura de um jabuti no poste é bastante apropriada: Dilma não faz nada — não pode fazer nada —, tal e qual um jabuti no alto de um poste. Ficará ali, guardando o lugar do dono, até que ele decida ser conveniente retirá-la para assumir. Toda a lama, ovos, pedras e impropérios serão dirigidos ao jabuti, assim como tem sido.

Como agora! Está lá no Estadão a notícia nada alvissareira de que o Brasil estagnou. Uê, mas nossa presidANTA não estava a se jactar que nenhuma crise nos atingiria, que nós tínhamos um mercado interno imune a ventos e trovoadas? Pois deviam caçar-lhe o diploma, mestrados e doutorados fake. Quem não soube administrar uma lojinha de 1,99 em Porto Alegre não ia saber lidar com as finanças de um País, não é? Olha aqui no que deu:

Com indústria e serviços em queda, economia fica estagnada no 3º tri
No acumulado de 12 meses, o crescimento da economia foi de 3,7%; no ano, o PIB avançou 3,2%


SÃO PAULO - A economia ficou estagnada no terceiro trimestre de 2011 na comparação com o período anterior, sobretudo pela queda da atividade na indústria e em serviços. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 0% no período. Em valores correntes, o PIB foi de R$ 1,05 trilhão. (Clique no título para ver a reportagem completa, em especial ao infográfico.)

Sejamos honestos, o lulo-petismo tem "qualidades": são muito eficientes em aparelhar o Estado, em cooptar partidos e instituições, e na autopromoção. Afora isso, são como saúvas. Eu confesso, saúvas devem ter alguma boa qualidade que me escapa. Talvez por isto, pela minha própria ignorância, eu não veja outro modo de lidar com elas a não ser o extermínio. Se alguém souber de alguma serventia para as saúvas, me avisem! Deve existir ao menos uma que justifique poupá-las do triste fim. Afinal, já descobriram qualidades até mesmo nos cupins.

A mesma graça não reservo ao PT e ao lulo-petismo: é preciso acabar com eles antes que eles acabem com o Brasil, como se diz das saúvas...

domingo, 25 de setembro de 2011

O Estado: custa muito e não serve de nada

O Estado aqui nos custa uma barbaridade. Assim, num cálculo rápido e grosseiro, o Estado brasileiro custa algo como R$  541,4 bilhões (34,44% do PIB, descontados os 1,6% reinvestidos no País) e o meu glorioso Estado de Minas Gerais consegue ser ainda pior. Pior porque é dos que mais taxa e no qual se presta um dos piores serviços ao cidadão. Exemplo? Segurança pública! A matéria abaixo está em todas as mídias. Texto e imagem reproduzidos do Estado de Minas (grifos meus).
“Deveriam colocar uma faixa alertando para não estacionar carro no Bairro Funcionários”, desabafa o diretor comercial Kleber Alher, 35 anos, que nesta quinta-feira afixou, no cruzamento da Avenida Getúlio Vargas com a Rua Maranhão, uma faixa com apelo numa tentativa de recuperar um terabyte de informações. “Todo o meu backup estava nos dois HDs roubados”, lamenta.

Cidadão espera mais da bandidagem que das autoridades

Kleber conta que na noite da última segunda-feira, por volta das 19h40, estacionou seu carro naquele cruzamento e seguiu até um restaurante, onde se sentou no segundo andar. “Em 20 minutos o garçom veio me avisar que haviam estourado o vidro traseiro do meu carro e levado uma mochila”. Como informa a faixa, ele perdeu um notebook e dois HDs externos.

A primeira atitude do diretor comercial foi acionar a Polícia Militar. “Fiquei no local por duas horas e meia esperando a polícia, que não chegou. Procurei uma delegacia, que estava muito cheia, e não consegui fazer o Boletim de Ocorrência”, conta. No dia seguinte, Kleber foi até a delegacia do Bairro Estoril, onde conseguiu registrar a queixa após duas horas de espera.

“Não há o que fazer e a polícia não vai atrás desses ladrões”, desabafa Kleber destacando a sensação de impotência e impunidade. “As pessoas vieram me falar que eu sou louco de deixar uma mochila no carro estacionado ali, porque é muito alto o índice de furtos de veículos no Funcionários. Isso é um absurdo”, reclama.

Segundo Kleber, a faixa que mandou afixar é mais um protesto que uma tentativa de reaver o que perdeu, embora tenha esperança. "Vai que o ladrão se interesse em receber esse dinheiro. A gente não sabe o que passa nas cabeças das pessoas", pondera. Trabalhando na área de tecnologia em telecomunicações, ele enfatiza o prejuízo das informações que perdeu com o furto dos HDs.
O cidadão esgotou quase todo o tema. Resta-me apenas dar alguns pitacos:
  1. Morei por mais de 15 anos em Belo Horizonte. Eram outras épocas aquelas. Podia-se andar a pé pela cidade, durante as altas horas, sem qualquer incidente. Vez por outra encontrava-se duplas de soldados, apelidados Cosme e Damião, a pé ou a cavalo. Hoje, ou o PM está na caserna, ou atrás de uma mesa ou sentado num banco de carro. Não se vê mas policiais patrulhando as ruas, nem mesmo em áreas nobres como a Savassi (Funcionários). Com tanta moleza, o crime toma conta. E eu estou falando do "pequeno" crime.
  2. Parece que a situação lá consegue ser ainda pior, já que o cidadão não conseguiu nem atendimento nas delegacias. Onde está o enorme (50.000+) efetivo de policiais mineiros? De férias?
  3. Familiares meus que ainda vivem em BH já tiveram casas furtadas e carros roubados. Notem, estou falando de roubo, não furto. Foi com ameaça de armas e por mais de uma vez. E eles nem moram na Zona Sul...
  4. Quando uma dada região é classificada como "alto índice de crimes", espera-se ao menos uma reação da Segurança Pública aumentando-se o policiamento ostensivo no local. Tudo indica que a Savassi tem é policial de menos e ladrão de mais.
  5. Quando uma celebridade ou "autoridade" for a vítima, há possibilidade disso mudar. Até lá, resta evitar "dar moleza" com seus pertences. E prepare-se para negociar com os ladrões, já que o Estado não dará ajuda, nem assistência.
Isso me faz lembrar do Chico Buarque (Julinho da Adelaide) dos meus bons tempos...
Acorda amor
Que o bicho é brabo e não sossega
Se você corre o bicho pega
Se fica não sei não
Atenção
Não demora
Dia desses chega a sua hora
Não discuta à toa não reclame
Clame, chame lá, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Resumo da ópera: reflexos da queda da Taxa Selic

A semana começa em clima de "barata-voa" nos mercados. Baixa geral nas bolsas de todo o mundo, exceto nos EUA onde é feriado (ufa!), assim como aqui. Mas tem mais. O Focus Relatório de Mercado (i.e. a opinião do mercado privado sobre a nossa economia), refletindo as medidas do Bacen da semana passada, aponta o seguinte quadro:
  1. Redução da previsão de juros futuros, que impacta diretamente na queda do serviço da dívida. O governo espera promover um crescimento econômico de 4% ainda neste ano e de 5% no próximo, mas o mercado não acredita em nada além de 4% nos dois anos (na verdade trabalham com valores mais para 3,5% que para 4%). Convenhamos, em ambos os casos, ficamos entre o extremamente ruim e o pífio.
  2. Aumento da taxa de inflação futura. Traduzindo, maior tolerância do governo com o aumento da inflação, ou ainda, a meta de 4,5% a.a. vai para o vinagre. Para os que acreditam que alguma inflação possa ser benéfica eu sempre respondo que o único benefício prático da inflação é esconder a incompetência. A inflação destrói a meritocracia, talvez a razão de ser defendida por "governos [ditos] progressistas".
  3. E claro, a "independência do Banco Central" foi para as cucuias. Quem manda é a presidente (é?) e o Tombini se perdeu pelo nome: tombou.
Alguém sempre pode pensar que o mercado é um bicho insensível, que eu faço parte da "zelite", que o povão está satisfeito e é isso que importa. Vá lá! No curto prazo tudo é festa e a longo prazo estaremos todos mortos, mas já existem sinais de que a "nova classe média" — eufemismo para a ascensão das classes C, D e E para os patamares de consumidores contumazes — dá sinais de "cansaço".

Consumir, quando se tem crédito, é uma beleza. O problema sempre está na conta do cartão, no cheque-especial negativo e na impossibilidade de se garantir a perenidade do emprego. O brasileiro é imediatista — quer consumir agora, não importa a que preço (ou taxa). Mais que demonstrar ter atitude inconsequente, revela total irresponsabilidade com seu próprio futuro. Existe aumento constante da inadimplência, isso é fato. O último aumento foi de 6,37% (em relação ao ano passado) e foi a sétima alta consecutiva do índice! Resta ver até quando se manterá o crédito aberto. Com a redução das taxas de juros, não será por muito tempo, ou será por custo muito maior. É esperar para ver.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

É fácil apontar defeitos sem mostrar soluções que prestem

Escreve o jornalista Carlos Chagas, na sua coluna de hoje, que reproduzo a seguir em parte.

A hora de mudar o modelo

A ortodoxia econômica neoliberal ainda vai nos estrangular. Iniciada por Roberto Campos quando ministro do Planejamento do primeiro general-presidente, Castelo Branco, esse modelo alcançou o ponto alto no período de Fernando Henrique. Foi mantido pelo Lula e agora por Dilma Rousseff. A palavra de ordem é cortar gastos, mas onde?

Decidiu o governo derrotar a PEC-300, que estabelecia piso salarial para policiais militares e bombeiros. Também vetou reajustes para os aposentados que recebem mais do que o salário mínimo. Nem quer ouvir falar de vencimentos mais dignos para professores e médicos do serviço público. Além de engavetar a emenda 29, que regulamenta os recursos para a saúde.

Não seria mais fácil aumentar a taxação do lucro dos bancos? Ou cobrar imposto de renda do capital-motel que chega do exterior de tarde, passa a noite e vai embora de manhã? Que tal obrigar os investidores de fora a permancerem um ano no Brasil, aqui reinvestindo seus lucros? E o Imposto Sobre Grandes Fortunas, que foi para a gaveta? Taxar terras improdutivas seria boa solução, assim como a importação de produtos estrangeiros, em especial os supérfluos que vem da China. Pelo menos, acabar com os subsídios dados por diversos estados a esses produtos, via concessão de créditos do ICMS.

Estabelecer mecanismos para o retorno ao país de centenas de bilhões de dólares mandados ao exterior por especuladores e bandidos. Adianta muito pouco o ministro Guido Mantega tirar paliativos da cartola. O que se esgotou foi a estratégia responsável por mais uma crise mundial. O governo já reduz investimentos sociais. Logo estará criando novos impostos para o cidadão comum, reduzindo salários e aumentando o desemprego. Melhor seria mudar o modelo.

Se quiserem ler o restante, íntegra aqui.

Pois bem, assim no papel fica até bonito, mas no fundo mesmo é um monte de bobagens. Eu até gosto do Chagas mas quando ele começa a falar de "neoliberalismo", "FHC" e que tais, só sai besteira. O problema não está com o modelo econômico, está no modelo político. Nosso estado privilegia o gasto de custeio ao invés do gasto com investimentos. É uma "farra" com o dinheiro público. Abra um jornal, ligue a TV ou o rádio e está lá o festim dos ratos no Tesouro. Está aí uma das razões para essa taxa obscena de juros num país investment grade. Nada a ver com Roberto Campos, FHC, Meirelles, Mantega. É bom que se diga que estaria muito pior não fosse o modelo de austeridade fiscal, lei contra a qual o PT e outros partidos "progressistas" votaram CONTRA; não fossem as privatizações e os incentivos dados às exportações com a desoneração de impostos (o Brasil exportava tributos).

PEC-300, emenda-29 e outros penduricalhos da nossa pobre Constituição nem deveriam existir. É um absurdo que algo para ser cumprido nessa terra precise ser objeto de matéria constitucional. Isso é ignorância. Policiais, bombeiros, professores, médicos, enfermeiros, etc., precisam receber salários condignos e suficientes pelo simples fato de que o serviço que prestam é indispensável. Se eles não recebem o suficiente é porque os Delúbios, Valérios, Gleisis, Paloccis, Malufs, Dirceus — e porque também não dizer também Lulas, FHCs, Jobims, Amorins, Sarneys, Cabrais, Aécios e que tais — passaram lá antes. É isso mesmo! Essa corja toda passa a mão na maior parte do dinheiro. Vou dar alguns números para vocês, que se não forem exatos, estão bem próximos da realidade:
  • A carga tributária no Brasil é da ordem de 35% (alguns dizem 40%) do Produto Interno Bruto (PIB).
  • O Estado, em todos os seus níveis, retorna apenas 1,6% do PIB na forma de investimento (estradas, portos, aeroportos, PAC, escolas, etc.) e os restantes 98,4% gasta consigo próprio, isto é, despesas de pessoal, custeio, previdência, programas sociais e similares. Como precisa fazer algo mais que os 1,6% do PIB permitem o Governo tem que se endividar no mercado. Outra razão para Selics de 12,5% a.a.
  • O setor privado, ao contrário do que diz o Governo (e o Chagas) investiu muito mais, algo como 16% do PIB. É a isso que o Chagas, jocosamente, chamou de "capital-motel" e os investidores de "bandidos" e "especuladores". Claro, nenhum deles é santo, mas eu me arrisco a dizer que são bem melhores do que esses esquerdopatas que grasnam sandices por aí.
  • Resumindo, temos carga tributária elevada, juros altíssimos e completa ineficiência na aplicação desses recursos. E por aí vai...

Mas tomo apenas a PEC-300 como exemplo do tamanho da boçalidade. Diz o texto:
A PEC 300 é uma Proposta de Emenda à Constituição que, em sua proposta original, pretendia igualar os salários dos militares estaduais de todo o Brasil (ativos e inativos) aos salários dos militares do Distrito Federal, trazendo isonomia aos profissionais que desempenham a mesma função.
O menor salário a que se refere a tal PEC é R$ 3.031,38. Pode ser uma mirreca em Brasília, mas na minha cidade tem médico que não recebe isso aí. Professor então, nem fale, mas o "mecenas" quer que isso valha para todo o Brasil. Não dá, Chagas. O Brasil é muito maior que o seu amor ou a sua raiva. Não dá, nem é lícito. Da mesma forma que a gasolina — que já teve um preço nacional fixado em lei — não prosperou, isso também não vai. Tal proposta é ridícula, insana e inexequível.

Quer mais? Veja o que nos lembra Carlos Alberto Sardenberg sobre o que diz nossa Constituição "cidadã":
"A saúde no Brasil é universal, pública e gratuita." Isso quer dizer que todo brasileiro que ficar doente tem o direito constitucional de ser atendido num ambulatório, medicado, hospitalizado se necessário, etc., para tratamento da sua moléstia com a melhor qualidade possível. Verdade ou mentira? Mentira! 45 milhões de brasileiros estão segurados em algum plano de saúde complementar, para fazer frente as suas necessidades, inclusive os funcionários do Ministério da Saúde. É isso mesmo! O Ministério da Saúde paga um plano de saúde privado para seus funcionários e gastou, no ano passado, R$ 100 milhões com isto. Se eles, do Ministério, não acreditam no que diz a Constituição, seremos nós a acreditar?
O brasileiro precisar pagar por tudo duas vezes. Pagam-se impostos altíssimos e paga-se por serviços privados que deveriam, constitucionalmente, serem providos pelo Estado. É mole ou quer mais? Aumentar impostos dos mais ricos é mais uma balela; eles acabarão por repassá-los para os mais pobres. Entretanto, uma medida interessante como a taxação de 50% sobre heranças, como existe nos Estados Unidos, eu nunca ouvi falar por aqui. Porque isto sim, vai promover uma redistribuição de renda. Lá, nos EUA, ou metade da herança vai para o Fisco, ou o nababo vira mecenas e doa metade de tudo para uma instituição de ensino, pesquisa médica ou científica e coisas do gênero, que levarão o seu nome para a História. É o Estado fazendo Justiça ao invés de fazer discurso.

E Chagas, para terminar de vez, nem pense em comprar briga com a China. É o nosso atual maior parceiro e a único player da economia mundial que ainda se pode fazer um negocinho.