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quarta-feira, 11 de julho de 2012

O início do fim da farsa

Boquirroto, Lula jactava-se de fazer "o melhor governo da história dessepaiz", uma inverdade que nem ele nem dona Marisa jamais acreditaram. Apesar disso, a falácia ainda é esgrimida pela militância — a ignorante e a oportunista — como o marco político deste século. Pois bem, a farsa começa a ser desmascarada e já não sem tempo.

Uma das publicações mais sérias do mundo, o Financial Times, publicou ontem uma matéria sobre o Brasil. No oba-oba do crescimento fácil, o país esteve presente como destaque no Desfile de Carnaval (palavra usada pelo FT), mas a maquiagem borrou, as plumas estão quebradas, o cisne se transforma no Patinho Feio e o carro alegórico virou abóbora. Só os ratos não se transformaram até porque nunca deixaram de sê-lo. Ratos — a única coisa autêntica do lulo petismo!

Repasso a vocês o texto da Exame Online sobre a matéria do Financial Times. Se quiserem lê-la no original, usem o link Brasil: After the carnival. Pode ser necessário fazer sign-in, mas é gratuito. Grifos meus.

"Depois do carnaval", Brasil deve repensar sua direção, diz FT

Com um crescimento menor no governo Dilma, o jornal Financial Times analisa que o país deve se perguntar "que tipo de economia será" e "qual deve ser o papel do Estado"

Bandeira do Brasil: segundo o FT, o governo brasileiro é responsável
por boa parte dos problemas de investimento no país, o que
gera debate sobre como a economia deve crescer.

São Paulo - O Brasil está num "ponto de virada" depois do "carnaval" do crescimento no governo Lula, afirma uma análise publicada no jornal britânico Financial Times desta terça-feira. Depois de crescer 7,5% em 2010, a economia brasileira expandiu 2,7% no primeiro ano do mandato de Dilma Rousseff e é esperado uma alta de apenas 2% para este ano, segundo o texto de Joe Leahy. Por isso, segundo o FT, o momento é para debater para onde o Brasil deve levar esse "modelo estatal" de desenvolvimento.

De acordo com o jornal, essa discussão não é "preocupante somente ao Brasil, mas a todos os mercados emergentes", porque, com a Europa, o Japão e os Estados Unidos estagnados, há poucos padrões econômicos para guiar os países nas "nuvens de tempestade" da crise econômica global.
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Segundo o Financial Times, mesmo com a crise é consenso que o país precisa de investimento, principalmente em infraestrutura e educação. E, nesse caso, o governo brasileiro é responsável por boa parte dos problemas, porque ele "taxa como os europeus, mas gasta boa parte de seus ganhos com salários, pensões e pagamentos de juros".

O texto do FT afirma também que o governo Lula foi responsável pelo crescimento notável do Brasil nos anos anteriores, que permitiu mais renda para que os pobres chegassem na classe C, principalmente através do acesso fácil ao crédito. Diferente desse estilo de gestão, a "tecnocrata taciturna" Dilma Rousseff derrubou o desemprego para o nível de 6%, além de elevar o salário mínimo.

As palavras-chave no texto são carnival, turning point, state-led model, troubling e storm clouds, como já salientado na breve sinopse acima (recomendo encarecidamente a leitura do original — link acima). Passado o carnaval, atingimos o ponto de inflexão, onde a velocidade inicial do governo FHC perde para força gravitacional do pensamento esquerdopata mais retrógrado e o estado provedor começa a nos puxar para o buraco do atraso, atormentando nossos cidadãos e parceiros internacionais diante das intempéries que se avizinham.

Pode parecer repetição do mesmo tema, mas é inconcebível que esta massa de ignaros que tomou o poder desde 2002 não tenha se dado conta que o Muro de Berlim já caiu faz tempo. Não existe essa coisa de "socialismo salvador" a não ser em cabeças doentes. Não existe um único caso de sucesso socialista no mundo — independente de qual seja sua linha. O único produto real do socialismo é o dissidente.

Não é à toa que a China mudou completamente sua orientação econômica ou seria hoje uma enorme Cuba. Aliás, era assim mesmo nos tempos de Mao, até o advento de Deng Xiaoping. Nem mesmo o modelo de estado provedor a China quis adotar e a Europa deve estar pensando se segue nessa linha. Porque o país de maior sucesso na Europa — a Alemanha — abriu mão do modelo de welfare state desde o governo de Gerhard (Fritz Kurt) Schröder, aliás, o grande responsável pela pujança da sua economia e seu baixíssimo desemprego, apesar de pagar os melhores salários da zona do Euro.

Mas voltando ao texto, uma ressalva: não deixa de ser impressionante como se deixam enganar mesmo à luz dos fatos. Não é verdade que o Brasil cresceu enormemente na Era Lula (2003-2010). Também não existiu o que o FT chamou de "Lula model". O correto seria dizer que o Brasil cresceu a despeito de Lula e do lulo-petismo. Na verdade, nosso desempenho foi até mesmo pífio comparado aos demais países emergentes. A fabulosa inclusão social de 30 milhões de almas ao mercado de consumo, causa da imensa inadimplência atual, foi uma brincadeira lúdica quando comparada aos feitos de governos passados como mostrei aqui, aqui e aqui, principalmente quando em relação à população total (< 15%).

Essa tendência pueril de tentar exacerbar o real valor dos feitos se chama extrapolação. Não, não falo do processo matemático mas da interpretação dos fatos. Extrapolar (exceder) é generalizar com base em dados parciais ou reduzidos; estender a validade de uma afirmação ou conclusão além dos limites em que ela é comprovável.

Assim posto, basta refletir para ver que o que de bom ocorreu na "Era Lula" foi muito mais o que gostaríamos que tivesse acontecido e não o que de fato ocorreu. Vivemos um faz-de-conta — como pueris que somos — das fábulas e lullabies desse lulo-petismo que tarda em partir. Ou crescemos logo ou voltaremos às fraldas.

Publicado originalmente em 10/Jul/2012 às 17:55


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Açúcar de beterraba — Ou: Entre a chantagem e o subsídio

Do Blog do Camarotti peguei esta pérola (grifos meus):

O desabafo de Eduardo Braga para Guido Mantega


Recentemente, o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), teve uma dura conversa com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. E fez um desabafo pelo telefone: “Não sou como outros aliados que surpreendem o governo nas votações. Mas também quero receber tratamento de aliado”.

O líder foi surpreendido com a publicação no decreto da redução de IPI para concentrado de bebidas de 27% para 17%. O decreto afetaria as fábricas de refrigerantes instaladas na Zona Franca de Manaus. Como na Zona Franca há isenção de IPI, essas fábricas perderiam a competitividade.

“Olha Guido, sabe por que Lula teve 81% dos votos no Amazonas? Porque ele soube entender a Zona Franca. A Dilma também teve a maior votação do país no estado. Agora, não dá para ser surpreendido com um decreto, quando tínhamos combinado outra coisa”, avisou Braga.

No outro lado da linha, Guido garantiu que a redução do IPI ficaria em 20% e não mais, em 17%.

Eduardo Braga agora avalia se deixa a liderança do governo para disputar a Prefeitura de Manaus.

Ora, ora... o Brasil é mesmo o país das maravilhas, só não se sabe ao certo quem é a Alice. A Zona Franca de Manaus foi criada há 45 anos (em 1967, no governo militar) para impulsionar o desenvolvimento econômico da Amazônia Ocidental. Sei... Fosse esse impulso aquele de uma lesma manca e a ZFM estaria se movendo a uma velocidade superior à da luz! Eu sei, é impossível, mas depois de quarenta e cinco anos "impulsionando", era para ter dado algum resultado.

Pela dura (ui!) conversa do Braga e pelo recuo estratégico do Mantêga (nunca um sobrenome foi tão apropriado a um ministro tão mole), ainda não deu. É como se faz na França, onde o governo subsidia o açúcar de beterraba ao invés de comprar o nosso de cana, bem mais barato, além de insistirem em nos vender aviões Rafalle. Para ilustrar, somente em termos de produtividade, a cana é 20% mais eficiente que a beterraba; já em termos de safra a diferença sobe à estratosfera.

Mas voltando à ZFM, objeto da celeuma, tanto não deu que neste ano a presidenta Dilma Roussef anunciou que a vigência da zona franca será prorrogada por mais 50 anos! Bestial! Em 45 ela ainda se mostra dependente de subsídios como um guri de mamadeira, e ainda não contribui (ou contribui muito pouco) para o bolo fiscal do país, do estado ou da cidade onde se encontra. A ZFM dá isenção dos impostos de importação (II), de exportação (IE), ICMS (parte), de IPTU, da taxa de licença para funcionamento e da taxa de serviços de limpeza e conservação pública; tudo por 10 anos (ou mais).

Não discuto a necessidade dos subsídios, já que instalar um polo industrial naquelas latitudes exigiria mesmo algum esforço. Mas, convenhamos, passados 45 anos (!) prorrogar por mais 50 (!!) é admissão inconteste de incompetência, e pior, de má fé!

Diz-se sempre que quando uma coisa só existe no Brasil, temos uma jabuticaba. Pois acabamos de descobrir a nossa beterraba. É doce, mas vai custar uma montanha de dinheiro ano a ano por mais meio século. Brasileiro é tão bonzinho...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Atirando a esmo no que achou que viu

A coluna de hoje do Cláudio Humberto, em geral bastante responsável, destaca (grifos meus):

Na TAM, Rio-Ilhéus custa o mesmo que Rio-Paris


A falta de critério na exploração dos clientes atinge níveis absurdos na aviação civil. Quem mora no Rio e quiser passar o feriadão do Dia do Trabalho em Ilhéus (BA), a 1.002km de distância, terá de pagar à TAM R$ 3.732,52 por passagem ida e volta, mas só se quiser retornar às 9h45. Para voltar às 16h58, o preço sobe a R$ 4.486,52. No mesmo período, paga-se um pouco menos pela passagem Rio-Paris, ida e volta (R$ 3.727,50), ou menos da metade (R$ 1.714,47) Brasília-Miami.

Será também mais barato!
Não há outra leitura possível — “a TAM é uma exploradora do pobre povo brasileiro!” — o que não é verdade. E, acredite, não ganho um tostão da TAM para defendê-la, meu desejo é apenas alertar para o que está por trás do descalabro: falsas profecias. Afinal, ir do Rio a Ilhéus e voltar — um trecho de umas duas horas e meia — não pode custar mais que as onze horas da rota alternativa. Não mesmo!

Mesmo assim, acredite, nem a TAM, nem qualquer outra companhia do gênero, pratica tais preços por exploração. A palavra usada é forte, inapropriada e leviana. Não é a empresa que nos explora, é o País. Como bem disse uma vez o grande economista Roberto Campos, "o governo é o gigolô oficial de todos nós", TAM no meio. Nem me dei ao trabalho de pesquisar, mas vamos considerar alguns itens:
  1. O preço da passagem Brasil-França — por imposição do Brasil — é maior que qualquer França-outro_país de igual distância ou mesmo distância maior. Com a palavra, a ANAC.
  2. O Brasil tem um dos combustíveis de aviação mais caros do mundo. Indo a Paris, chances há de o combustível da volta ser bem mais em conta. ANP e Petrobrás que te expliquem.
  3. O custo de parking (valor cobrado da aeronave pelo uso do pátio — a Faixa Azul dos Boeings e Airbuses) também é dos mais obscenos aqui e certamente maior que o de lá. Mais um desconto por conta da Infraero.
  4. E já que falei no Demônio (aqui tudo é Infraero), ou seja, taxas aeroportuárias fixas, não importa se você vai pousar e decolar para pegar um brazuca ou dois ou duzentos. No outro caso, via de regra, vai gente até no maleiro — economia de escala, maximização dos custos.
  5. Por fim e para não me alongar, dizer que não é lícito comparar uma viagem internacional com uma nacional, procure saber o preço das viagens domésticas nos EUA. Lá se vai de costa a costa, distância maior que a do Rio-Paris, por muito menos que se vai de ônibus de BH a Guarapari.
Resumindo, o problema é tão nosso quanto nosso é o umbigo. Se vamos limpá-lo ou escondê-lo é que é a questão. À coluna do CH meus agradecimentos: já sei onde vou passar meu próximo feriadão. Ha! Ha! Ha!

E independente do destino, tenham todos uma boa viagem! Au 'voir!

sexta-feira, 23 de março de 2012

Contrariando a contradição

Um blog que eu costumava frequentar e que, invariavelmente, me presenteava com grandes análises políticas, agora mostra-se tomado (ou seria cooptado?) por "progressistas", razão pela qual minhas passagens por lá acontecem quase que por acidente.

Numa dessas efemérides, encontrei mais uma pérola sobre a derrocada do Capitalismo, talvez uma daquelas que não se deveria atirar aos porcos, como nos foi ensinado no Sermão da Montanha. Segue o texto publicado aqui, grifos meus.

O grande desemprego e a contradição do capitalismo

Welinton Naveira e Silva
O desemprego que segue rapidamente aumentando em todo o mundo é fruto de uma das muitas contradições do sistema capitalista. Das contradições, essa é a mais séria, mortal e insolúvel. Está empurrando o sistema capitalista para a bancarrota final.
É simples perceber que o desemprego na sociedade tecnológica avançada tende a ser cada dia maior, por conta dos mais variados recursos visando substituir o trabalho humano, em todas as áreas da produção de riquezas, aceleradamente excluindo a mão de obra braçal e intelectual, sem exceção alguma, em desenfreada busca de maior agilidade produtiva, sofisticados e complexos produtos, em quantidades e qualidades jamais pensadas.
As vantagens da substituição do trabalhador por máquinas são inúmeras, incontáveis e indiscutíveis, além da obtenção de produtos com alto grau de padronização, confiabilidades e de baixos custos, qualidades essas, extremamente importantes para não perder o poder de concorrência, cada vez mais feroz, em todo o mundo. Assim sendo, cedo ou tarde, o trabalhador acaba indo para o olho da rua. Fica desempregado e perde o poder de consumo.
Por outro lado, as consequências do desemprego no sistema capitalista são devastadoras. Pois que este sistema possui dois pólos. Um deles, na condição de pólo produtor (indústria, serviços e comércio) e o outro, na condição de pólo consumidor, constituído de milhares de trabalhadores comprando e consumindo tudo que é produzido pelo pólo produtor. Para viabilizar o sistema, surge o dinheiro girando entre esses pólos, conferindo grande liquidez ao sistema.
A existência de um dos pólos está condicionada a existência do outro. Se extinguir um dos pólos, o outro desaba, implodindo o sistema capitalista. Assim, como o pólo consumidor vai sendo aceleradamente reduzido em todo o mundo, decorrente do desemprego tecnológico, o sistema capitalista está com data marcada para falir. A grande pergunta é quando isso vai acontecer, bem como as imediatas consequências logo após a falência súbita e global do sistema. Poderá precipitar uma guerra nuclear? Ninguém sabe, só Deus.
Se o lado racional do homem prevalecer, será então possível iniciar a construção de um mundo mais justo, fraterno, seguro e mais limpo, para toda a humanidade. As mais sofisticadas tecnologias já estão prontas para a solução de praticamente todos os males que ainda afligem o homem. Quem está em estado terminal é o sistema capitalista, não a humanidade. Muito menos a tecnologia. Que Deus nos ilumine.

Raras vezes pude presenciar tamanha quantidade de sandices, mas não me espanta que a pessoa que as gestou não tenha pudores de as expor publicamente, afinal, está aí o lulo-petismo a fazer misérias por quase uma década.

É interessante notar as inúmeras vezes em que o autor se contradisse no texto, especialmente quando ele tenta explicar o "fracasso" do Capitalismo com o sucesso do Capitalismo. São as tais pérolas...

O mercado hoje é francamente empregador, salvo nos casos do candidato à vaga não possuir qualquer expertise. Diga-se, a título de galhofa, faltam até peões de curral para as fazendas, o que não se dirá de engenheiros, técnicos e que tais. Algo está errado na equação socio-econômica publicada no texto. Senão, vejamos, a mecanização aumentou em muito a produtividade na indústria e no campo, o que permitiu bens duráveis e alimentos mais baratos, gerando consumo e emprego. A utilização de máquinas e robôs certamente eliminou postos de trabalho — nunca o emprego — mas o fez entre aqueles que, via de regra, exigem pouca ou nenhuma acuidade mental e/ou são altamente insalubres. O know-how e o intelecto continuam a ser mercadoria valiosa. Assim, não há vantagem em se substituir trabalhadores se suas tarefas envolvem o pensar e não apenas o fazer — tiro no pé é pouco capitalista.

Fatores de produção (e não "pólos" (sic), como no texto) são os building blocks da Economia e, por que não, do Capitalismo. Este é um sistema simples, auto-regulável e que se mostra eficaz há séculos. Mas como nada é perfeito, ele tem detratores. Marx, possivelmente o maior deles, surgiu com os devaneios do socialismo, a solução para todos os males. Sabemos todos onde foram dar os devaneios de Marx, tanto que seus apologistas "abraçam" a economia de mercado com a ânsia dos afogados. Está aí, se existe um perigo para o Capitalismo, ele está nesse "abraço-dos-afogados".

A "economia marxista", se é que tal coisa existe, de tão eficaz produziu umas das maiores pobrezas do mundo. Cuba e Coreia do Norte são exemplos do marxismo dogmático, a Venezuela corre atrás do modelo, ao menos enquanto o timoneiro for Chávez. China e Vietnã querem economia de mercado com estado forte, isto é, fascismo; enquanto alguns países europeus, que brincaram com o distributivismo estatal, estão às turras com rombos orçamentários — única coisa em que os comunistas são experts em produzir —, além da corrupção, é claro. O socialismo já passou do estado terminal, é de cujus.

Pegando o gancho do final do texto em crítica, "se o lado racional prevalecer", jogaremos esta corja fora, limparemos sua sujeira e continuaremos a construir nosso presente e futuro sob os mesmos paradigmas de séculos de capitalismo, com dignidade para todos, sob o império da Lei, da Ordem, e porque também não, sob Deus.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Grécia: A antevisão do tiro no pé

Certas coisas são tão óbvias que nem deveriam ser consideradas. Um exemplo disso é a Grécia considerar sair da zona do Euro. Ora, essa hipótese deveria ter considerada bem lá atrás, quando a Grécia decidia se deveria entrar ou não na zona do Euro, na União Europeia. Na minha opinião, a decisão — certa ou errada — foi tomada e não cabe revisão, ainda mais agora.

É como como num casamento. No início, via de regra, um casamento é só prazer. Passado algum tempo, vêm os filhos, responsabilidades com a sua educação, compra da casa própria, manutenção do emprego ou busca por outro mais conveniente, gestão da casa, administrar conflitos com vizinhos, etc. Não fosse o bastante, ainda fazem parte do dia-a-dia decisões como dedicar-se à casa e à família ou perseguir uma carreira profissional, apenas uma entre muitas. Resumindo, cedo ou tarde as obrigações do casamento baterão à porta, ache você importuno ou não. Alguém precisa avisar "dona Grécia" sua parcela de responsabilidade no seu casamento com a União Europeia e o Euro.

Porque o que se mostra pela mídia é que a Grécia — e ela não está sozinha aqui — parece ter ficado muito feliz com o dote que recebeu por ocasião das núpcias, deitou, rolou e se esbaldou no clube dos ricos e não se preocupou nem com a conta nem com a taxa de manutenção. Agora, à vista do tamanho da conta a pagar, isto é, suas responsabilidades para com o clube, ela quer se dizer "equivocada" e que o melhor seria "voltar para a draga da Dracma, de onde nunca deveria ter saído." Sim, você pode se arrepender; pode até dar o calote na conta; mas prepare-se para mancar por um bom tempo se é que voltará a andar pelos próprios pés um dia.

Celso Ming mostra o cenário em sua última coluna (trechos abaixo, grifos meus):

Dilema atroz

Celso Ming

No final de outubro, o então primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, avisava, em tom de advertência, que seu país nunca esteve, como naquela ocasião, tão perto de abandonar o euro. Como, de lá para cá, pouco mudou, conclui-se que a Grécia do atual primeiro-ministro Lucas Papademos continua próxima de abandonar a moeda única.

O governo grego parece sempre estar dizendo que o prejuízo maior de eventual saída do euro ficaria para os demais sócios, não para seu povo. O pressuposto seria o de que a troca de moedas provocaria brutal contaminação e o derretimento do próprio euro.

Depois que o Banco Central Europeu começou a despejar volumes ilimitados de recursos nos bancos do euro, o naufrágio à Titanic do bloco parece bem mais improvável – embora os problemas estejam longe de ser sanados.

[...]

Para o governo da Grécia, a primeira vantagem da volta à dracma seria poder emiti-la cada vez que tivesse de cobrir um rombo. Outra vantagem seria a de derrubar as despesas públicas. A operação de saída do euro viria acompanhada de alentado calote da dívida. Sem ter de pagar nem os juros nem o principal, o déficit ficaria mais administrável. Em terceiro lugar, uma dracma megadesvalorizada baratearia em moeda forte seus produtos de exportação e seus serviços de turismo. E, assim, com mais receitas em moeda estrangeira, a Grécia poderia recuperar o ritmo de sua atividade econômica.

Mas essa seria só a parte boa da maçã. O calote fecharia o crédito externo por anos. A Grécia teria de viver da mão para a boca, com o que arrecadasse. O precedente da Argentina, sempre lembrado, teria pouca aplicação. A Grécia não é grande produtora de commodities, não tem significativas receitas em moeda estrangeira, tampouco uma indústria competitiva.

Uma forte desvalorização da dracma em relação ao euro, por si só, teria forte potencial inflacionário. Como os gregos são dependentes de suprimento de alimentos e de energia (combustíveis) do resto do mundo, especialmente da Europa, o preço dos importados dispararia.

O calote e a troca de barco seriam operações de graves consequências. Os maiores credores da Grécia são os bancos gregos. É provável que muitos deles viessem a quebrar. Além disso, a população grega tem depósitos e aplicações financeiras em euros nos bancos locais. A troca de moeda exigiria a conversão desses ativos para dracmas. [...]

Enquanto o dilema for morrer de morte morrida ou de morte matada, fica compreensível que o grego prefira fingir: fingir que aceita a dureza do plano; fingir que vai cumprir o acordo; fingir que não aguenta mais; e fingir que dará o abraço do afogado e que não será a única vítima.

Como eu comecei com a analogia do casamento, fico aqui pensando se a animação em stop-motion "A Noiva Cadáver (Corpse Bride)", de Tim Burton, não ilustraria bem o imbróglio em que se meteram os gregos. Quem assistiu ao filme sabe que o cerne da trama é o desejo de duas famílias "se arrumarem" pelo casamento dos filhos. Uma quer a projeção social que a outra (ainda) tem; a outra, o dinheiro da primeira. Os filhos nubentes (as populações dos países envolvidos) não foram levados muito em conta nesse arranjo, embora fossem sinceros no propósito matrimonial. Com a entrada em cena da noiva cadáver (a crise), a Grécia fica sem saber se assume seu real papel ou se muda para o de Lord Barkis Bittern — o vilão oportunista que leva a pior no final.

No meu maior atrevimento, sugiro aos gregos refletir sobre o que fizeram: no fundo, no fundo mesmo, a culpa é exclusivamente deles. Afinal, os signatários do Tratado foram eleitos, democraticamente, pela maioria da população; eram os seus legítimos representantes. Não adianta protestar agora pela burrice feita, assim como não se chora sobre o leite derramado. Só há um caminho possível: assumir o amargo ônus e sonhar com o retorno dos bônus. Dar um tiro no pé agora não resolverá o problema, causará muita dor e certamente arruinará com o pé irremediavelmente.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Krugman é "oba-oba-Obama" desde menininho

É preciso ser no mínimo atrevido para criticar um laureado pelo Nobel, mas nunca dei muita bola para títulos e comendas, ainda mais para o Nobel. Então, não restam dúvidas quanto a minha impertinência em criticar Paul Krugman, economista e colunista do Estadão. Leio suas colunas com frequência, as versões traduzidas e as originais em Inglês, ambas igualmente insípidas e superficiais — Krugman deve ser melhor fazendo outra coisa. Abaixo, sua última coluna no Estadão, grifos meus.

A exposição dos Estados Unidos à Europa

Paul Krugman


Hoje é fato aceito que o destino da economia dos Estados Unidos nos próximos três trimestres – e também as chances de reeleição de Obama – dependem dos eventos na Europa. Portanto, talvez seja um bom momento para expressar um certo ceticismo.

O mapa acima – tirado daqui – nos revela que no total, as exportações para a Europa representam apenas 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Alguns Estados, particularmente a Carolina do Sul, estão mais expostos (possivelmente por causa de fábricas de montadoras europeias instaladas lá). Mas, de qualquer maneira, Obama não vencerá na Carolina do Sul. E num sentido mais amplo, mesmo uma queda brusca das exportações para a Europa só terá um pequeno impacto direto sobre a demanda.

OK, um alerta: a medida acima é apenas das exportações de produtos, e devemos aumentar a porcentagem talvez em 25% para levar em conta os serviços. Além disso, as exportações não são o único canal: se a situação na Europa provocar um evento tipo Lehman, transtornando os mercados financeiros em todo o mundo, tudo muda completamente.

E preciso dizer que existe um quebra-cabeça antigo envolvendo os ciclos econômicos em todo o mundo – as economias funcionam em sintonia mais do que é explicado pelos vínculos concretos em forma de exportações.

Com tudo isso, no entanto, ainda é bastante duvidoso se a iminente recessão na Europa terá realmente um impacto muito negativo aqui. Uma desvinculação não se sustentou em 2008-2009, mas foi um desastre memorável. Desta vez pode ser diferente.

Fiquei com clara impressão desse artigo ser uma opinião tendenciosa do autor sobre o assunto tratado — a crise europeia —, mas pode ser apenas uma impressão. Na minha imodesta opinião, Krugman erra ao separar a crise iniciada pela falência do Lehman Brothers (2008-2009) da atual. Na verdade, a crise europeia atual é a extensão da outra, ou ainda melhor, consequência dela.

Isto porque a Europa (leia-se bancos europeus) está entre os principais credores dos títulos da dívida imobiliária americana (i.e. subprime). Na mesma linha, ainda existem muitas dúvidas na, digamos, pseudo-estatização da Fanny Mae e da Freddy Mac, as principais operadoras do mercado imobiliário americano, salvas da falência — dizem algumas línguas — por influência direta da administração Obama. Se a Europa anda no fio da navalha, então os EUA deveriam se preocupar sim senhor, até porque não há China que chegue para todos.

Fica, então, um travo de oportunismo eleitoreiro no ar ao se ler o artigo. Na opinião das tais línguas mencionadas no parágrafo anterior, e na minha, os Estados Unidos da América estão cada vez mais a cara do Brasil... Eu, hein! Seria a obamização da América igual a lulalização do Brasil? Se for, eles então sífu (royalties para "Nosso Guia"), que nem nós aqui.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Afinal, "politicamente correto" é correto?

Eu acho que não. O eufemismo "politicamente correto" só serve para turvar razão daqueles que ainda a tem. Os exemplos são muitos mas vou me ater aos mais falados. Vamos lá:
1) não se pode referenciar um homossexual por "homossexual"; o termo politicamente correto é "homoafetivo", seja lá o que os boçais responsáveis pelo bestialógico que são as nossas leis. Em outras palavras, se você gosta do seu amigo(a) ou irm(ã)o, lamento informar mas você é veado ou sapatão.
2) Não se pode chamar uma pessoa de tez escura de negro. O termo "correto" é "afrodescendente", uma boçalidade sem tamanho, já que, na visão dos estudiosos, o gênero humano se originou na África, continente onde, aliás, nem todos são negros, apesar de todos serem afros. O termo é tão risível que negra é a denominação correta da raça, mas não é "politicamente correto" chamar a pessoa da etnia de negro ou negra — nada mais idiota.
3) Existe agora o preconceito linguístico, isto é, se uma pessoa não sabe ler e/ou escrever (a despeito de ter um diploma do MEC que ateste o contrário), você não pode dizer isso a ele ou a outrem. Deixe-me elaborar: você contrata um balconista para o seu boteco e descobre que ele não pode ler a lista de preços, não sabe somar, nem subtrair e muito menos dar um troco ao freguês; resumindo, é um analfabeto funcional. Não mais! Você vai ter que procurar um outro termo que não o ofenda, que não lhe faça baixar a auto-estima, que o faça se sentir muito bem quando você lhe disser que "infelizmente a vaga já foi preenchida". Eu sei, é triste, mas ele terá sua auto-estima bem alta enquanto estiver sentindo fome.

Na verdade, estou farto disso tudo. Alguns bestalhões que se dizem professores, meros ostentadores de diplomas universitários, andam por aí dizendo o que se pode e o que não se pode ser. Que direito têm essas pessoas ed fazerem o meu ou o seu juízo de valor? Pior, fazerem a cabeça dos nossos filhos; pensarem em nome da sociedade. Quem elas pensam que são?

Bom, elas se autodenominam "os novos arquitetos da sociedade moderna, os paladinos da virtude e os pilares do saber". Se você acredita nisso, vá em frente, mas eu não! Há muito discuto sobre educação e valores morais e vejo a juventude perdida em meio a essa geleia informe que se transformou a "sociedade moderna". Pais e mães que trabalham da primeira à última hora do dia enquanto os filhos são educados pelos motorneiros do "Bonde do Foucault". São esses mesmos vagabundos que inventam uma estultice como "preconceito linguístico" ou invés de educar o cidadão.

Aliás, é gente como Foucault e Nietzsche que baliza os pensamentos dos novos "formadores de opinião", gente que acredita que Vigiar e Punir é o suprassumo do pensamento social moderno. Soubessem os pais que Foucault era também um grande entusiasta da revolução iraniana e que acreditava que dali sairia o novo Norte da civilização moderna, não ficariam tão impressionados pela verborragia sem sentido que escutam dos filhos ou ouvem na televisão. Não, senhores pais, vocês não estão ficando (ou se descobrindo) burros: seus filhos é que estão se alienando nas escolas pagas por vocês.

Para se proteger dessa "tutela" é que muitos pais optam por educar seus próprios filhos. Confesso, não saberia dizer se "educar em casa" seria uma prática legal ou mesmo aceitável no Brasil, mas homeschooling é bastante comum em países como os Estados Unidos da América. A mãe, em geral, ou outro membro adulto da família, toma o encargo de educar suas crianças que prestam os mesmos testes de proficiência oficiais aplicados nas escolas regulares. Pelo nível das escolas do Brasil — públicas ou privadas — o homeschooling poderia ser não apenas uma opção econômica mas também uma opção pela qualidade, ainda que a maioria dos pais nem tenha noção do que seja isto.

A doutrinação esquerdista, que alguns livre pensadores chama de "esquerdopata" não se limita aos devaneios de Foucault. Eles chegam a requintes de um Georg Lukács, filósofo húngaro que faz a festa nos meios acadêmicos das universidades públicas brasileiras. Um dos pensamentos mais diletos de Lukács é aquele que diz que o partido representa a "consciência possível do proletariado", isto é, a consciência que o proletariado ainda não tem, mas que terá — na antevisão deles — daqui a cem anos ou mais. Assim posto, a vontade do povo hoje é irrelevante, desprezível e descartável. Melhor ainda: "apesar do povo pensar diferente de nós (partido) hoje, nós pensamos o que o povo deveria pensar e que pensará daqui a cem anos ou mais". Compreenderam? Eles se julgam os legítimos representantes do povo para fazer o contrário daquilo que ele (o povo) quer, baseados naquilo que, hipoteticamente, pensarão num futuro distante. Se isso não é fruto de uma mente doente ou drogada, então nada mais é.

Eu achei essa coisa toda completamente descabida, mas é assim que pensam os Zés Dirceus, os Marcos Aurélios "Top-Top" Garcias e que tais, e é assim que também pensam grande parte dos professores da USP, Unicamp, UFMG, UFRJ, etc., de onde não raro saem jovens de moral fraca e pensamento bambo. Tivesse eu filhos e eles leriam von Mises, Hayek, Bastiat, não esse estrume que aduba o pensamento esquerdopata. O politicamente correto não foi pensado para melhorar o mundo; é apenas mais uma forma de patrulhamento esquerdista da sociedade, de derrubar seus valores seculares, de minar seus alicerces como a família. Assim, não se assuste quando seu filho lhe puser o dedo em riste na face e o acusar de ser direitista, retrógrado e politicamente incorreto.

Eu ainda sou do tempo em que a consciência crítica era formada em casa. Nossos pais nos passavam valores — valores que receberam dos seus próprios pais e estes dos nossos bisavós —, acrescidos da experiência de vida de cada um. A sociedade, como a conhecemos, foi formada assim. Todos os livros santos; a Bíblia, o Talmude e a Torá, o Corão e outros que não me lembro são compêndios desses valores, uma longa cadeia de ensinamentos comprovada pelo exercício de milênios. Pois, o que gente como Gramsci, Lukács e seus seguidores ensinam nas escolas é justamente o oposto, é a decomposição mental daquilo que tem funcionado bem há milênios.

Pais e mães têm pouca ou nenhuma chance de discutir valores com seus filhos. Trabalham o dia todo e assumem que por terem matriculado seus rebentos numa boa (e quase sempre cara) escola, eles estão em boas mãos. Pois eu digo que quase sempre não. A probabilidade de seus filhos estarem sendo sistematicamente abduzidos para o nonsense do esquerdismo, para a satanização do Capitalismo e para a negação dos bons costumes mais básicos — lembrem-se da máxima comunista: "os fins justificam os meios" —, é bem próxima da certeza. Procure saber o que seu filho pensa a respeito do mundo e o que ele faria para melhorá-lo. Você pode se surpreender. Então, surpreenda-o: baixe um livro chamado "As Seis Lições", de Ludwig von Mises e dê para ele ler. Este livro pode ser comprado diretamente do Instituto Ludwig von Mises Brasil ou baixado gratuitamente no formato e-book (PDF, MOBI e EPUB) de lá mesmo. É uma síntese das palestras que Mises proferiu em Buenos Ayres para jovens universitários, aí no final da década de 50 quando a Argentina se preparava para reerguer-se dos destroços da Era Perón, leitura obrigatória, na minha modesta opinião, agora que nós precisamos nos reerguer dos destroços da Era Lula.