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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Jogue lixo no lixo

O Estadão e outras mídias reportaram hoje:

Esfera cai do céu e assusta moradores do Maranhão

Trata-se de lixo espacial; ninguém ficou ferido


Uma esfera metálica, pesando um pouco mais de 30 quilos, e com diâmetro de cerca de 1 metro, caiu na zona rural do município de Anapurus, em Maranhão, na quarta-feira, 22, assustando os moradores da região.

Segundo informações da Polícia Militar, acionada pelos moradores, a esfera atingiu um cajueiro que ficou totalmente destruído. Apesar de o objeto cair perto de uma residência no povoado Riacho dos Poços, ninguém ficou ferido.

A esfera foi retirada pelos policiais militares e levada para o quartel da PM na cidade vizinha, em Chapadinha. Segundo a delegacia da cidade, como nenhum morador foi atingido, ninguém registrou boletim de ocorrência.

Segundo a PM, os moradores disseram que ouviram quatro estrondos e depois encontraram a esfera com pelo menos três partes amassadas. O lixo espacial tem uma base que deveria ser usava como apoio para segurar o objeto em uma das partes e um orifício em outro local.

Os policiais militares já entraram em contato com a Aeronáutica, que deve retirar o objeto metálico entre hoje e amanhã e levá-lo para São Luís. De acordo com o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, o caso será apurado.

Não deixa de ser interessante notar a placidez das autoridades estaduais e federais num caso como este. Das autoridades maranhenses não se deve esperar nada mesmo — estão ali só por passatempo, entre um Sarney e outro — e não se darão a qualquer trabalho. Entretanto, chega a ser bisonha a irresponsabilidade das demais "autoridades".

O que a maioria não sabe é que boa parte daquilo que se convencionou chamar "lixo espacial" é formado por células de material físsil responsável pelo provimento de energia a satélites (RTG). Uma estrovenga dessas pode conter uma boa quantidade de material ativo, já que a meia-vida de certos elementos radioativos, como o Plutônio-238 usado nesses casos, é de 87,7 anos!

Por fim, lamento que a tal esfera tenha caído em Anapurus. Para se fazer justiça, o melhor lugar seria em Curupu, a lata do lixo do Maranhão, onde com sorte acertaria alguém do clã e não um pobre cajuzeiro.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Em tempo de "recesso da roubalheira" - 12

Senado fará dedetização nesta sexta após rato ter mordido uma servidora

O Senado divulgou nota informando todos sobre a desratização e dedetização que serão realizadas na tarde desta sexta 13 (ontem), isto devido a um rato ter mordido o pé de uma servidora da secretaria-geral do Senado nesta semana.

Um dos nossos senadores com fetiche por pés de secretárias

Como tudo que se faz por lá, avisaram a todos os ratos para que saíssem antes da desratização/dedetização. Todas as pragas voltarão após merecidas férias.

O resultado prático desta medida saneadora é que as pragas maiores não sofrerão concorrência de pragas menores, como de camundongos, baratas, pulgas e percevejos. Ha! Ha! Ha!

sábado, 1 de outubro de 2011

A justiça se espinha

Na mesma linha do post anterior — O poder e o que ele faz às pessoas —, os togados do STF se espinharam quando a ministra corregedora Eliana Calmon disse que "há bandidos escondidos atrás da toga". Não sei porque. Primeiro, porque é verdade: há bandidos entre os togados. Segundo, porque não é um privilégio dos tribunais ter bandidos em suas hostes: eles (os bandidos) habitam todos os níveis dos mais diversos segmentos da sociedade. Assim, quando o meritíssimo ministro Cezar Peluso proferiu seu veemente discurso intimidatório contra a corregedora (ela não foi citada, mas todos sabiam quem era o alvo), tudo o que ele conseguiu foi chamar a atenção para os bandidos de toga. No jargão popular, vestiu a carapuça. Ah, vestiu sim!

Outro que tomou as dores da sacrossanta corporação foi o Celso Mello. É brilhante magistrado, mas vez por outra escorrega na própria empáfia; efeito colateral da exposição ao poder, acredito. E o maioral, o presidente da Associação dos Magistrados do Brasil, Henrique Calandra, que moveu a ação no Supremo para tirar os poderes do Conselho Nacional de Justiça. Juiz não gosta de cumprir a lei quando o efeito desta recai sobre ele, ah não.


Então, por que o judiciário não aplica para si aquilo que preconiza para os outros? Será que ele se considera assim tão melhor? Mais branco? Mais limpo? Pois não é! É apenas e tão somente uma das partes úteis da sociedade, uma engrenagem se quiser, mas só isso. Do judiciário — e especialmente dele que conhece a Lei intimamente — se espera o seu cumprimento e o respeito irrestrito da legislação. É agravante séria quando um homem da Lei usa este saber para burlar e distorcer seus efeitos, ação torpe e hedionda.

Pois bem, sabemos que isso ocorre. Tanto ocorre que Daniel Dantas proferiu a célebre frase "Só tenho medo da polícia e da primeira instância. Lá em cima eu resolvo." A tradução não pode ser outra: "quanto mais longa a toga, mais seguro o porto." Foi usando-as que Dantas, Dirceu, Sarney e até aquele juiz Lalau (prova viva que juiz come bola) se safaram. Onde está o processo contra a quadrilha dos mensaleiros? Quer saber? Está perto da prescrição, porque uma toga conveniente sentou-se em cima e de lá não saiu.


Pra terminar: os juízes de bem e sua Associação dos Magistrados do Brasil, deveriam enaltecer a existência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). É por se permitir ao escrutínio que a instituição se torna confiável e crível. Aproveito para retirar uma pequena parte do discurso que Sua Santidade o Papa Bento XVI proferiu ao Bundestag, no último dia 22:
A política deve ser um compromisso em prol da justiça e, assim, criar as condições de fundo para a paz. Naturalmente um político procurará o sucesso, sem o qual não poderia jamais ter a possibilidade de uma ação política efetiva; mas o sucesso há de estar subordinado ao critério da justiça, à vontade de atuar o direito e à inteligência do direito. É que o sucesso pode tornar-se também um aliciamento, abrindo assim a estrada à falsificação do direito, à destruição da justiça. «Se se põe de parte o direito, em que se distingue então o Estado de um grande bando de salteadores?» — sentenciou uma vez Santo Agostinho (De civitate Dei IV, 4, 1).
Íntegra do discurso aqui.
Bando de salteadores? Ui! Essa doeu...

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O Poder e o que ele faz às pessoas

Depois que alcançam o Poder as pessoas mudam. Não é uma fatalidade — regras têm sempre exceções — mas pode-se dizer que ninguém é imune. Alguém aí se lembra de FHC antes de exercer o poder? E Lula então? Lembram-se como ele era antes? Eu me lembro bem de como eram ambos e como ficaram depois — basta olhar para comprovar. Eles se tornaram pessoas completamente diferentes e não foi só na cor dos cabelos.

Peguei Lula e FHC porque são exemplos mais recentes, mas podemos ir bem longe nessa argumentação. Ouvi hoje, pela manhã, o Jabor dizer que existe no Youtube um vídeo do Glauber Rocha sobre a posse do Sarney no Maranhão, há 45 anos! Quem vê o vídeo pode se enganar e até pensar "o Sarney já foi gente boa"... Pode? Acreditem, pode. Se estiverem interessados, procurem por Maranhão 66 no Youtube ou no Google. É fácil achar. Só não ponho aqui porque o Sarney é por demais abjeto para eu me dar esse trabalho. Também não gosto do Glauber, fazer o que.

O próprio Glauber, dizem, era um entusiasta do Sarney. Achava o cara o máximo, um progressista (ai, ai... lá vem a palavra maldita de novo) que poderia salvar o Maranhão da miséria e do atraso. Não só não salvou como manteve o Maranhão como há 45 anos — miserável e atrasado — só que com ele e a famiglia no comando. Aquilo lá virou um feudo. Eu ainda vou postar aqui um artigo do The Economist sobre o Sarney e que eu traduzi. É a biografia de um estado e seu governador em duas páginas A4. A diferença é que o Sarney não pode fazer com o The Economist o que os seus juízes de bolso de colete fizeram com o Estadão.

"O poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente." A frase de John Emerich Edward Dalberg-Acton serve como uma luva aqui. A corrupção no Poder nunca foi tão endêmica e absoluta como agora. E pensar que ela ocorre justamente sob a égide da Democracia. Não nos limitemos apenas ao Executivo e ao Legislativo — casas onde a corriola, sabemos, é solta — mas o Judiciário balança suas togas e mostra sua cara. Não são só morosos e gastadores; muitos deles são bandidos que se acoitam nos bolsos de colete de figurões como os Sarneys, Dantas e que tais. É revoltante; aviltante.

Há dias em que eu preciso vomitar minha indignação, meu sofrimento e revolta. Peço, por isso, desculpas. O texto fica pesado e difícil de ler. Acredite, é ainda pior de se escrever. Mas deixo a imaginação viajar e vejo o dia em que brasileiros saídos de algum lugar deixarão suas casas e famílias; tomarão paus e pedras, bastões e forcados, aquilo mais que estiver à mão e rumarão para Brasília. Eu os imagino cantando algo assim:
Allons ! Enfants de la Patrie !
Le jour de gloire est arrivé !
Contre nous de la tyrannie,
L'étendard sanglant est levé ! (bis)
Entendez-vous dans nos campagnes
Mugir ces féroces soldats?
Ils viennent jusque dans vos bras.
Égorger vos fils, vos compagnes !

    Aux armes, citoyens !
    Formez vos bataillons !
    Marchez, marchez !
    Qu'un sang impur
    Abreuve nos sillons !

    Aux armes, citoyens !
    Formez nos bataillons !
    Marchons, marchons !
    Qu'un sang impur
    Abreuve nos sillons !

Que o sangue impuro desses crápulas acabe com a aridez do planalto central. Agora eu entendo melhor o porquê da Campanha Nacional do Desarmamento...

Aux armes, citoyens !


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Não haverá Justiça enquanto nos faltarem juízes

Há alguns dias foi noticiado, nas mais variadas mídias, que todas as provas reunidas contra Fernando Sarney — filho e braço direito do nosso Darth Vader —, sua mulher e empresas da famiglia, obtidas através de escutas judicialmente autorizadas, foram declaradas ilegais pelo Superior Tribunal de Justiça e anuladas. Segundo o STJ, nossa Polícia Federal cometeu um erro. Huuummm, deve ter sido um baita erro, embora a pulga atrás da minha orelha tenha dúvidas.

Segundo matéria publicada no Portal G1, esta é a versão do advogado dos Sarneys (grifos meus):
O advogado Eduardo Ferrão, que defende a família Sarney, a decisão que anulou as provas "em momento algum implica em impunidade". "O tribunal anulou as provas, mas deixou claro que as investigações devem prosseguir. (...) Os investigados têm maior interesse que as apurações continuem", disse Ferrão.

Conforme o advogado, o STJ considerou que as decisões que autorizaram as quebras de sigilo não foram "bem fundamentadas".

"Não pode haver uma devassa indiscriminada e por isso o STJ considerou que as decisões não estavam fundamentadas."

Ferrão lembrou que não se trata de decisão inédita, uma vez que já foram anuladas provas obtidas pela Polícia Federal em outras ações, como a Operação Satiagraha, que investigou o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, e a Operação Castelo de Areia, que apurou supostas irregularidades relacionadas à atuação da Construtora Camargo Corrêa.
Verdade! quando a "justiça" livra um dos poderosos, não há nada de inétito. Inédito seria o contrário. É do Daniel Dantas, citado acima pelo advogado dos Sarneys, a frase:
“Só tenho medo da polícia e da primeira instância. Lá em cima eu resolvo.”
A frase acima foi tirada do artigo "Daniel Dantas: o homem que não erra nem mente", texto do brilhante jornalista Helio Fernandes que eu os convido a ler. No fim, o resultado foi o mesmo. "Lá em cima" esse pessoal resolve tudo. A polícia é manietada, os ladrões soltos e o [nosso] dinheiro roubado nunca é recuperado. Mas atenção: esta mamata não é pra qualquer um não. Justiça "boa" assim, só para quem pode pagar; não é "pra cidadão qualquer", como disse Sarney. É preciso muito dinheiro, tempo e influência para comprar a fidelidade de uma penca de togas. Muitas delas ganharam suas sinecuras pela interferência direta de gente como Sarney e Dantas, isso para me limitar aos dois.

O que mais me espanta são as razões alegadas pela "justiça colegiada" para detonar com todas as provas obtidas. A Agência Estadão relata:
A Polícia Federal informou que vai tentar refazer todas as provas levantadas contra o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), na operação Faktor (ex-Boi Barrica) que foram anuladas pela Justiça.
O órgão ainda não tomou conhecimento das falhas apontadas pela Justiça, mas segundo o diretor executivo Luiz Pontel de Souza, irá seguir a decisão judicial:
- Não nos cabe questionar, mas cumprir integralmente a decisão judicial. Se for o caso, todo o inquérito será refeito.
O procedimento será idêntico ao adotado pela PF em várias investigações relevantes, entre as quais a Operação Satiagraha.
A anulação de parte da Boi Barrica ocorreu porque as provas foram baseadas na interceptação de e-mails de funcionários do Grupo Mirante, da família Sarney, que não eram alvo da investigação. Pelo menos dez mil correspondências teriam sido interceptadas.
Segundo a PF, todos os dados, inclusive as interceptações de e-mails, foram obtidos com autorização judicial.
Eu confesso que fiquei confuso. Em qualquer lugar do Brasil, atos ou omissões de funcionários de uma empresas são atos ou omissões DA EMPRESA. Se funcionários do Grupo Mirante tiveram seus e-mails interceptados — por ordem judicial, diga-se — era porque trabalhavam para a empresa da famiglia que estava sendo investigada. Não houve abuso, apenas diligência; apenas os juízes do STF entenderam que era hora de proteger o patrono. Na visão de Suas Excelências, só se poderia grampear e-mails enviados pela empresa... e eu fico imaginando como seria "Dona Mirante" — uma ficção jurídica — apertando a tecla ENTER. É cada uma...

Obedece quem pode, manda quem tem juízes