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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Afinada uma ova!


Leio no Estadão o seguinte (grifos meus):

Conselheiros da Petrobrás questionam impacto da redução de preços da gasolina


Gasolina: Eventual redução de preços

RIO - A discussão sobre uma eventual redução nos preços de diesel e gasolina pela diretoria da Petrobrás provocou mal estar entre integrantes do conselho de administração.

terça-feira, 5 de junho de 2012

O inferno flex

Já com algum atraso, repasso a vocês trecho de uma coluna do Celso Ming no Estadão. Grifos meus.

Um pacote para o etanol

A mais importante conclusão que se pode tirar das informações de que se prepara, em Brasília, um pacote de incentivos para estimular o investimento na área de biocombustíveis – especialmente no segmento de açúcar e etanol – é a de que o governo deixou de ver o usineiro como mero aproveitador e oportunista. Passou a considerá-lo agente do crescimento econômico.

No ano passado, quando começou a faltar etanol no mercado, o governo Dilma o tratou como simples especulador com estoques. As duas principais decisões de então foram: reduzir a participação do etanol anidro na mistura com a gasolina (de 25% para 20%); e transferir a política do setor para a Agência Nacional do Petróleo, para que fosse enquadrado à política de combustíveis. Acompanharam as ameaças de confisco sobre exportações de açúcar, para que o usineiro aprendesse a ser responsável pelo suprimento de etanol.

Demorou para o governo ver que o setor não é o jogo de interesses de curto prazo que lhe parecia, mas que enfrenta disparada de custos sem contrapartida de retorno. Qualquer contratempo climático ou queda das cotações globais do açúcar – como as de hoje – pode bastar para derrubar a produção e inibir os investimentos.

No entanto, como já ocorre com o atendimento dado a todo o setor produtivo, o pacote em preparação leva todo o jeito de não passar de novo puxadinho, baseado na redução de alguns impostos, que não ataca os problemas de fundo.

A principal questão imediata, que atinge todo o setor de biocombustíveis e não só o do etanol, é a política de tabelamento dos preços dos derivados de petróleo, sobretudo da gasolina e do óleo diesel. Esse achatamento não debilita apenas a capacidade de investimento da Petrobrás. À medida que deprime também os preços do etanol, bloqueia investimentos tanto na cultura de cana-de-açúcar como na construção de usinas de destilação. E concorre para afundar um segmento altamente promissor da economia brasileira.

Isso significa que não basta distribuir alguma água benta para os usineiros para que seja garantida a recuperação do setor do etanol, hoje atolado em dívidas superiores a US$ 40 bilhões. É preciso que o governo reveja corajosamente a política de preços dos derivados de petróleo.

Mas só o restabelecimento da flutuação dos preços dos derivados do petróleo aos padrões internacionais não devolve competitividade estrutural ao setor sucroalcooleiro. Desdobramentos da crise global também poderiam baixar os preços do petróleo a níveis inferiores aos de hoje, a ponto de justificar o patamar atual dos preços dos combustíveis sem, no entanto, viabilizar o negócio do etanol.

E aí chegamos aos problemas dos altos custos estruturais, que derrubam a competitividade não só da área do açúcar e do álcool, mas também de todo o setor produtivo brasileiro: é a excessiva carga tributária, a precariedade e os custos elevados da infraestrutura, os onerosos encargos trabalhistas, a burocracia e tudo o mais.

Para resumir, ou o governo define claramente o que quer do setor de açúcar e do álcool e desenha uma política de longo alcance ou será responsabilizado pelo definhamento do setor de biocombustíveis – de que o governo Lula tanto se gabou.

Pois é, assim são os governos progressistas que eu prefiro denominar governos de palanque. Enquanto em campanha, desfilam o paraíso sobre a terra que todos nós usufruiremos sob sua batuta. Consumado o engôdo, descobrimos que não passam de um bando de incompetentes, ignorantes e vagabundos.

Uma das grandes conquistas do Plano Real foi a política de preços livres — o mercado dita o preço — que o PT nunca conseguiu entender. Preferiu o rotular de neoliberal e voltar com o velho tabelamento, ainda que velado, como acontece na vizinha Argentina que vai caindo pelas tabelas.

No caso dos derivados de petróleo, duplo ato lesivo: prejudica a Petrobrás e aos seus acionistas (nós no meio) — forçada a vender por preço inferior o produto que importa (e.g. gasolina) — e ao setor sucaro-alcooleiro que compete com preços artificialmente deprimidos, tudo em nome da manutenção do mito do paraíso lulo-petista do bem-estar social. E o que fez o governo? Deu uma ajuda às montadoras para ajudá-las a desovar estoques encalhados, agora que a nova classe média está de volta ao conforto da letra "D"; sem cartão, sem crédito e cheia de dívidas impagáveis. Mentira tem pernas curtas.

Então nos compramos carros flex e o governo sabota-nos deliberadamente. Ao invés de exportarmos etanol para o mundo estamos importando dos EUA aquilo que nos falta. Agora que não existem barreiras tarifárias para a exportação de etanol nós não o temos. Se isso não é um atestado de incompetência, então eu não sei mais o que é.

Investimentos em infraestrutura, redução do esbulho tributário e da "burrocracia" — presença indesejável do Estado na economia —, atitudes que minorariam o esforço para o crescimento produtivo e a geração de riqueza, nem pensar! O lulo-petismo passará à História como o responsável por não apenas deter o nosso avanço para a modernidade e para o crescimento, como nos fará retroceder aos anos pré-Collor, das carroças, do clientelismo e do atraso, tudo em nome do culto a uma personalidade nefasta em cujo dicionário nunca constaram verbetes como trabalho, honestidade, decência e honradez.

Voltando à vizinha Argentina, até mesmo o efeito Orloff a era Lula reinaugurou. Lembra-se do "eu sou você amanhã"? Pois é, não vai demorar para nós entrarmos no mesmo buraco de Cristina Elisabet Fernández de Kirchner. Não há outra razão para os malabarismos do governo a não ser esconder a inflação que já se instalou. Hoje o governo manipula preços e acabará por manipular índices — tudo como no país vizinho —, ambos hábeis em varrer verdades para debaixo dos tapetes.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Tarifa alta; preguiça muita

Eu já falei muito sobre o absurdo do alto custo da energia aqui, um dos mais significativos componentes do Custo-Brasil, tanto que nem vou publicar links para os artigos. Ao invés disso, sugiro ao leitor curioso que use a ferramenta de pesquisa do blog — logo aí à sua direita — e procure por "custo-brasil" e/ou "energia" que diversos artigos correlatos serão sugeridos.

O fato da tarifa exorbitante nem é tão novo assim, como também não é privilégio da energia elétrica. Minha teoria é que a razão para tal distorção está na preguiça do Estado. Ele — o Estado — procura tributar mais bens ou serviços que são essenciais, facilmente (automaticamente) controláveis, oligopolizados ou mesmo monopolizados e que requeiram pouca ou nenhuma fiscalização. Dessa forma, itens como energia elétrica, combustíveis, telefonia, bebidas, cigarros (tabaco) e que tais tornam-se alvos preferenciais do fisco. Volto a dizer: por preguiça do Estado.

Repasso parte de um artigo do Celso Ming, publicado no Estadão, que servirá para ilustrar minhas ideias. Volto depois, grifos meus.

Energia cara demais

Celso Ming (colaboração de Gustavo S. Ferreira)

A maioria dos países produz energia elétrica a partir de matéria-prima cada vez mais cara: petróleo, gás, urânio enriquecido ou carvão mineral. No Brasil, 75% da geração provém de recursos obtidos a custo operacional próximo de zero: água de rios ou vento.

Seria o suficiente para garantir a tarifa mais barata do mundo. Mas, desgraçadamente, acontece o contrário: a energia elétrica tupiniquim para a indústria já é a quarta mais cara (veja tabela). É um dos itens que mais derrubam a competitividade da produção nacional.


Na média, a indústria brasileira paga R$ 329,00 por megawatt/hora (MWh), 35% acima da média mundial, de R$ 215,50 por MWh – aponta a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro.

Tomando-se apenas países da sigla Bric, a tarifa do Brasil é 43% superior à da Índia; 57%, à da China; e 72%, à da Rússia. (Cálculos feitos a partir de dados da Aneel e da Agência Internacional de Energia).

Além da China, Estados Unidos e Alemanha são os maiores concorrentes comerciais do Brasil. Lá o produtor paga, respectivamente, 35% e 62% a menos.

Quase um terço do custo do quilowatt/hora consumido pela indústria do Brasil é imposto – sobretudo ICMS e PIS-Cofins. Na Alemanha, no Chile, no México e em Portugal, o tributo embutido na energia é zero – seus governos entendem que não se pode prejudicar a competitividade da produção interna. Por aqui, a voracidade tributária dos Estados e do governo federal prevalece sobre a necessidade de criar empregos e de reduzir o custo Brasil.

(Atenção: a comparação de todos esses custos está sujeita a variações cambiais e pode mudar todos os dias.)

Outros 17,5% do custo no Brasil são formados por encargos setoriais pagos ao governo para desenvolvimento do setor e pelo uso do sistema de transmissão.

Levando-se em conta apenas geração, transmissão e distribuição (média estimada em R$165,50), o custo do MWh no País ainda ultrapassa as tarifas cheias (incluídos aí os impostos) de China, Estados Unidos, Argentina e Rússia. É gol contra do Brasil especialmente agora quando a crise global – de desfecho ainda imprevisível – acirra a luta pela conquista dos mercados.

Carlos Eduardo Spalding, vice-presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira de Consumidores Industriais de Energia e conselheiro da Confederação Nacional da Indústria, lembra que, em 2015, vencem concessões equivalentes a 20% da capacidade de geração de energia. “Grande oportunidade para baixar tarifas.” Mas nada indica que o governo pense assim.

Para Spalding, o preço da geração da energia teria de cair no mínimo 35% para, ao menos nesse ponto, o produto brasileiro voltar a conferir competitividade.

A questão tributária envolve complicadas negociações, congeladas sempre que a reforma volta à pauta. Se prevalecer a visão de que o ICMS seja cobrado pelo Estado do destino da mercadoria (ou do insumo) e não pelo da origem, alguns perderão enorme fonte de renda, como o Paraná – onde está Itaipu, a maior hidrelétrica do País.

O resultado é este aqui, já descontada a inflação. E tome imposto!

O gráfico mostra como evoluiu (a preços deflacionados) a arrecadação da União nos últimos 5 anos.

Eu vou começar pelo final, porque o IVA — imposto que já deveria ter substituído, há tempos, o ICMS, o IPI (um imposto que só existe aqui no Brasil), PIS, COFINS et caterva — continua a ser uma ficção. A razão é simples: nem o governo federal, nem os estaduais, abrem mão de esfolar o contribuinte. Na verdade, eles já não nos esfolam; nossa pele já se foi há tempos, já devoraram nossa carne e agora disputam os ossos que sobraram. E o fato desses impostos serem cobrados na cadeia de produção — por preguiça, volto a dizer — só agrava o problema, porque os impostos incidem em cascata: é imposto sobre o imposto, mais o custo financeiro do impostos, mais o custo da gestão dos impostos e por aí vai. Nos EUA, Canadá, em toda a Europa, paga-se o IVA na hora da compra e só. Aqui não, o imposto fica escondido; você bebe uma cerveja e na verdade bebeu imposto.

Sabe-se que somos os campeões em número de impostos, mas somos muito mais. O Brasil é o local onde se gastam mais horas para o cumprimento das obrigações tributárias! Um levantamento realizado pela Price-Waterhouse-Coopers revelou que são gastas 2600 horas, apenas com o gerenciamento tributário, isto é: preenchimento de guias, escrituração de livros, arquivamento, etc. Por isso nos cabe a "honra" do primeiro lugar entre 183 países.

A razão que é sempre dada, é ridícula, para dizer o mínimo. Vejamos no exemplo citado do Estado do Paraná que ficaria sem o ICMS da energia de Itaipu. Balela! O Paraná fica, ou deveria ficar, com o preço da energia, daquilo que produziu. Ou não?! Ah! vocês podem dizer que o dinheiro ficará com Furnas e a sede de Furnas é no Rio de Janeiro e o Paraná não veria a cor da grana. Sei... E aí o Estado do Paraná esfola o consumidor e fica tudo certo, né? Essa mesma matemática macabra é feita com a maioria dos produtos — e os que não, como petróleo e derivados, pagam os royalties — o que é de doer. Assim, o consumidor de São Paulo que é um dos maiores usuários da energia de Itaipu, paga impostos ao Paraná, impostos estes cujos benefícios ele jamais verá ou usufruirá. Nosso sistema tributário É BESTIAL (e ponha bestial nisso aí).

É nessas horas que eu tenho que concordar com o Reinaldo Azevedo que chama nosso País de Banânia, tamanha a mansidão com que nos rebelamos contra o esbulho do Estado. E não pense que vocês removerão esses carrapatos passando a mão sobre eles. Carrapatos são removidos à força, geralmente com alguma dor e sangue, e depois de removidos devem ser sumariamente esmagados nas unhas ou nas solas dos nossos sapatos. Se preferir, use veneno. O que eu quero dizer é que não se tira essa súcia do poder com o voto — há muito perdi essa crença —, mas é pela intimidação mesmo. Político precisa temer o eleitorado, ter medo mesmo, ou ele roubará o erário alegremente.

Voltemos à energia. O Brasil tem então a energia elétrica mais barata na geração e uma das mais caras do mundo na ponta do consumo. Já sabemos quem é o culpado; agora vem a razão que já mencionei: preguiça. O governo não quer gastar seu tempo fiscalizando a ponta do consumo, isto é, nós, porque somos muitos. Ele prefere tributar na origem e assim, quando mais monopolizado ou oligopolizado for o setor, melhor. Bingo! Se é assim, para que então esse Estado tão inchado de gente, ministérios, autarquias, agências, etc., hein?

Em qualquer país sério do mundo apenas o consumo é tributado e apenas quando acontece. Aqui não. Aqui o tributo é cobrado antes mesmo de sair da fábrica. Assim, se o lojista não vende, problema dele. O Estado já abocanhou o seu. Qualquer semelhança com um assalto é intencional. Resumindo: nossos concorrentes, já mencionados no texto do Ming, produzem com energia barata, baixíssimos encargos sobre a folha de pagamentos e sem impostos sobre a produção. Aqui não, é tudo contra nós e ainda conseguimos ganhar uma ou outra. Brasileiro é um herói — burro —, mas herói.

E para terminar, porque o artigo já está muito longo, tem mais essa aqui: a matéria mostra que nossa energia mais cara é a da indústria. Pois a energia doméstica e a do comércio é, no geral, 85% mais cara! É isso mesmo; no nosso lombo a borduna tributária é ainda maior. Estou aqui — com a minha conta da CEMIG do mês passado — e lá está o preço do quilowatt-hora (kWh): R$ 0,60846082 o que dá R$ 608,46 pelo megawatt, ou seja, 85% a mais. E sabem  por que eu paguei? É porque não há outra opção, ou eu pago ou fico no escuro.

O Estado brasileiro não é apenas LADRÃO — é também EXTORSIONÁRIO e CANALHA. E eu fico a me perguntar por que não vejo um único político ou partido defender a reforma do Estado, a reforma tributária e a reforma política? É porque todos eles querem sugar essa teta, né?! Ninguém quer mudar nada, só dizem que querem, mas lá no fundo só esperam sua vez. Por isso eu afirmo: não se mudará nada pelo voto, trocaremos, quando muito, o seis pela meia-dúzia.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Verdadeira como uma nota de três

Já disse aqui mais de uma vez: "Dilma soa falso." Não que seja absolutamente verdade, não todo tempo, mas, via de regra, é como ela soa. Reproduzo a última coluna da Cristiana Lôbo no portal G1 (grifos meus):

Economia e política

Ao fazer o balanço do primeiro ano de seu mandato, a presidente Dilma Rousseff demonstrou que é muito mais preocupada com a economia do que com a política. Ela começou o encontro falando de sua expectativa otimista para a economia no ano que vem – de crescimento entre 4,5% e 5%, acima das previsões de economistas e do mercado financeiro, mas fez questão de ressaltar que seu otimismo está sustentado nas medidas adotadas pelo governo para enfrentar a dificuldade no cenário internacional.

Segundo ela, a inflação também deve ceder e ficar dentro da meta “em curva descendente” e lembrou que o Brasil “tem margem de manobra” na política monetária, o que não é o caso de muitos países da Europa. Mas realçou:

– Isso também porque nós nos antecipamos ao que vinha no cenário externo. A área econômica fez uma avaliação e viu que a crise era forte. Pouco antes da metade do ano, acendemos o sinal vermelho e percebemos que a crise seria de longo prazo com picos críticos – afirmou.

Quando o assunto era a política, a presidente fez questão de falar num tema que tem lhe dado aumento de popularidade, como revelou pesquisa divulgada hoje pela CNI/Ibope:

O governo não tem compromisso com mal-feitos; é tolerância zero – disse ela que deu indicações de que pretende ser mais criteriosa na indicação de ministros por indicação partidária. Ela afirmou que cada vez mais os critérios de governança internos devem prevalecer e não os partidários.

A indicação é feita pelos partidos, mas a partir da nomeação, o ocupante do cargo deve satisfações somente ao governo. Uma coisa é a governabilidade; uma fez nomeado, ele presta contas ao governo e a mais ninguém – disse.

Tudo bem, deve ser a proximidade do Natal e ela acredita em Papai Noel. Notem, não há uma só gota de verdade no que ela disse (ou pensa). Vejamos:
  1. Crescimento entre 4,5% e 5% no ano que vem nem por interferência divina! A Europa vai caindo pelas tamancas, os Estados Unidos estão fazendo para o gasto e a China não vai conseguir o mínimo de 10% que precisa para se manter porque seus principais mercados — Europa e EUA — estão em dificuldades.
  2. Seu otimismo está sustentado apenas nas mentiras do seu governo. Também já disse aqui mais de uma vez: "A política do PT é mentir sempre, até que a mentira ser aceita como verdade, como ensinou Herr Doktor Goebbels."
  3. A inflação está em curva ascendente e não há margem de manobra já que o crescimento é zero e os mercados mínguam. As commodities, que mantiveram as exportações em alta, também já encontraram seu ponto de inflexão. Por exemplo, a China já não está disposta a pagar aquilo que a Vale quer e a Vale não tem outro freguês para o lugar da China...
  4. O governo não se antecipou, como diz a presidenta. Na verdade, agiu tardiamente. Manteve uma política de juros altos e nenhum ou pouco investimento. Nossa indústria se encontra sufocada por altos tributos, burocracia, custos logísticos, etc. A tibieza do ministro Mantêga é tanta que perdi a conta das vezes em que precisou ir à mídia para se desdizer — falta apenas derreter no Verão. O cenário nào poderia ser pior para se enfrentar uma crise mundial.
  5. A tolerância para "mal-feitos", como gosta de dizer a presidenta, é total. Chegou ao cúmulo de não assinar o Tratado Anti-Corrupção de Genebra. Podia ter assinado, nem que fosse para manter as aparências, mas preferiu não arriscar. São muitos os pescoços de amigos que cabem na corda. Quanto aos seus "critérios de governo", eles se limitam a manter a base aliada a qualquer preço, nada mais. Se um partido pia, ela abre as asas como uma galinha choca.
  6. Se é verdade que os ministros devem satisfação ao governo, por que não se perguntou ao Pimentel o porquê de ter faltado à reunião da OMC, razão de sua ida à Suiça? Hein?! Ah! sei... era só para ele se afastar temporariamente do olho do furacão de mais um escândalo.
Escândalos, o único item da pauta em que o governo Dilma se esmerou nesse primeiro ano. Será que não dava para fazer alguma coisinha? Não é tarefa impossível. Vejamos, Itamar fez o Plano Real em menos de dois anos de governo. FHC consolidou o Real, fez privatizações, melhorou substancialmente a economia e o nível de emprego; modernizou o País. O lulo-petismo vem destruindo tudo isso sistematicamente. Basta abrir os olhos e ver. Basta perguntar: o que Lula e Dilma fizeram para o País em nove anos?

Não fosse a oposição tão fraquinha e mansa, este governo já estaria na latrina, destino certo e apropriado para governos petistas e seus afins.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Existem três tipos de mentiras...

Diz um dito popular e universal que são três as modalidades de mentiras: mentiras, mentiras cabeludas e estatísticas (lies, damned lies, and statistics). Eu concordo!

Não faz tanto tempo assim, vendo um gráfico apresentado num programa da GloboNews pela jornalista Míriam Leitão, a frase sobre mentiras me veio à cabeça imediatamente.Não, eu não estou dizendo que a Míriam estava mentindo, longe disso, mas o gráfico apresentado dava margem para outra interpretação além da exposta. Vou mostrar um pequeno trecho do programa "Espaço Aberto Míriam Leitão - 15 + 15", cuja íntegra pode ser vista aqui. No excerto, mantive um comentário do André Lara Resende a título de preâmbulo e paro logo após o comentário do José Pastore sobre o gráfico. Se você não viu, vale a pena ver todo o programa, senão, assista ao trecho abaixo.


Ricardo Paes Barros, o autor do gráfico apresentado, é pesquisador do IPEA e tabula dados sobre a pobreza no Brasil desde longa data. Dados estatísticos, via de regra, são apenas números — nada é tão impessoal —, cabe a nós tentar entender o que há por trás deles.

Notem no vídeo como o André ressalta, repetidas vezes, que o combate das causas da inflação e do descontrole fiscal foi o que permitiu o crescimento do País e a consequente redução da pobreza. Notem, no gráfico, que até 1992 a pobreza cresce. A primeira redução drástica dá-se em 1993, pós Plano Real e no governo Itamar, continuando a cair até o primeiro ano do governo FHC, quando o índice se estabiliza até o ano de 2003, primeiro ano do governo Lula. A partir de 2004 e até 2009 (anos Lula) o índice decresce acentuadamente. A linha de "pobreza extrema", quase uma reta, mostra um declínio também a partir de 2004. À primeira vista, é Lula quem consegue reduzir a pobreza com seus programas de distribuição de renda (e.g. Fome Zero e Bolsa Família). Na minha imodesta opinião, uma meia-verdade ou meia-mentira, como queiram.

O Plano Real, obra dos governos Itamar/FHC, foi quem permitiu a Lula obter aqueles ganhos. Na verdade, os ganhos tornaram-se visíveis em seu governo, mas são frutos dos governos anteriores. Oportunisticamente, Lula se apropriou do sucesso alheio e ainda contou com o beneplácito dos partidos de oposição ao seu governo — PSDB e DEM — que não só não o desmentiram como se calaram. O sociólogo José Pastore mostra que foi a oferta de emprego, mais que os programas assistencialistas-populistas — Fome Zero e Bolsa Família —, este último uma corruptela do programa Bolsa Escola de FHC, a responsável pela queda da pobreza. Derrota da inflação, privatizações e responsabilidade fiscal (para citar os mais importantes) foram as molas-mestras para a formação dessa onda. Lula, como bom surfista, pegou-a na hora certa e ficou bem na foto. Para a onda, em nada contribuiu. Aliás, tenho dúvidas que ele saiba como ondas são formadas.

Fato não mencionado no trecho do programa acima é a razão da queda da pobreza no governo Lula, esta ainda mais acentuada que aquela do Plano Real. Fosse ela fruto de um "programa de governo", a curva de pobreza absoluta também sofreria um declínio, o que não ocorreu. Minha melhor explicação para o fato foi o aumento da oferta de crédito — fenômeno chamado de "Nova Classe Média" — nada mais que o endividamento das classes C, D e E. O nível do endividamento social atual é da ordem de 65% e já se noticia o aumento da inadimplência. A bolha da nova classe média começa a estourar. Resumindo, o que o gráfico mostrou foi o aumento da riqueza lastreado no endividamento financeiro, isto é, o IBGE mediu a posse, não a propriedade dos bens; mediu uma falsa riqueza. Mais para o final do governo Lula, o Bolsa Família mostrou outros resultados além do da compra de votos — a pobreza absoluta declina com vigor. Palmas. Entretanto, se aquela população não buscar e/ou obtiver emprego, logo voltará aos patamares anteriores ou mesmo a um pior.

Fica aqui a lição: números e gráficos, irrefutáveis como todo fato, devem ser tomados no seu contexto; no papel ou informação aos quais destinam. Sós e desacompanhados, sem uma explicação da sua finalidade, induzem o (e)leitor a erro, turvam-lhe a visão e desvirtuam seu julgamento. Ainda bem que tanto o André quanto o Pastore corrigiram Míriam — não havia quase nada de Lula naquele gráfico, quanto muito um terço.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Eu não sou cachorro não

O Brasil é um país sem medidas. Digo isso porque aqui as coisas não são feitas para se produzir um efeito; elas são simplesmente feitas. Se ninguém reclamar, colou. Se reclamarem, estuda-se uma alternativa, retira-se estrategicamente, muda-se de assunto.

Cito como exemplo a CPMF. Olha que Lula se empenhou em aprovar essa empulhação, e do alto dos seus 80% de aprovação, foi solenemente derrotado. É, com essa ele não contava, foi mesmo a sua maior derrota. O povo disse não e Lula ganhou essa mancha indelével no seu currículo. Tenho orgulho de haver contribuído para ela.

Resolvido a retirar a "desonra" do seu perfil, ele ensaiou a volta da CPMF, travestida de CSS, ainda no seu governo. Não encontrou ambiente, então deixou as castanhas quentes para Dilma pegar. Ainda não foi dessa vez, mas eles não desistem. É como também fazem com o voto em lista e o financiamento público de campanhas políticas. Empulhação é mesmo a marca registrada do PT; mentir, para eles, uma religião.

Quando se trata de impostos, então, nem se fala. Criam-se tributos, os mais variados, simplesmente para justificar a contratação de algumas dezenas de milhares de funcionários públicos. Eu digo "funcionário público" porque não existe outra denominação; aqueles aos quais me refiro são os que nunca têm função, só salário. Estranhamente, os funcionários públicos legítimos não fazem qualquer moção contra a corja que denigre a classe. Como dito acima, se ninguém reclama, cola, vão ficando.


Tamanha é a sangria do erário com o custeio da máquina pública que torna-se imperativo obter mais recursos — e tome imposto! Estrategicamente, impostos são concebidos para incidirem (ao final da cadeia) sobre nós, os pobres contribuintes. Faz sucesso na Internet uma frase do jornalista Joelmir Beting sobre a carga tributária em medicamentos de uso humano e veterinário: "Se você entrar na farmácia tossindo, paga 34% de imposto; se entrar latindo, paga só 14%." Trocando em miúdos, remédios veterinários pagam menos da metade dos impostos dos nossos medicamentos! Sabe por que? Simples: medicamento veterinário é insumo de produção — impacta o preço final, por exemplo, da carne. Nossos medicamentos não impactam nenhum preço; só impactam a nós mesmos. No primeiro caso, há reflexo na direto na inflação; no segundo, não. Assim, o governo mantem a arrecadação sem "aumentar" a inflação. Espertos, não?!

E inspirado pelo frasista Joelmir, eu me atrevo a soltar a minha: "Se medicamentos veterinários contribuem para a inflação, o preço dos nossos contribui para nossa extinção." Infame, eu concordo, mas verdadeiro.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Inflação, decepção: a volta depois do oba-oba

Diz o dito popular que "alegria de pobre dura pouco". Isto é uma meia-verdade ou meia-mentira, como queiram, mas pobreza não tem nada a ver com isso. Irresponsabilidade e ignorância, sim.

O país fez um esforço imenso, por várias vezes, e finalmente venceu a inflação. Onde todos os outros fracassaram, o Plano Real vingou. Não foi barato nem fácil, mas deu certo. Saímos daquele círculo vicioso, paramos de correr atrás do próprio rabo. Começamos um novo ciclo de crescimento econômico, agora com moeda de verdade. Os resultados conquistados eram palpáveis, não mais o lucro fátuo de antigamente. O dinheiro podia voltar a ficar na carteira ao invés do overnight. No início, foi com surpresa que notamos que os preços das compras não mais subiam a cada dia, cada semana. E pasmem, os preços estavam (e estão) livres! Não havia nenhuma lei proibindo a remarcação — vivíamos a "utopia" do livre mercado, da estabilidade.

Dentre as muitas distorções causadas pela inflação, a principal e mais evidente é na distribuição de renda, já que assalariados não têm a mesma facilidade para repassar seus "aumentos de custos" como o empresariado e os governos. Para quem podia "jogar o jogo", especialmente os bancos, um bom negócio. O ônus do festim ia para os burros de carga da sociedade, geralmente os trabalhadores de baixa qualificação e os pobres. Acabar com a inflação foi o maior ato de justiça para com a classe operária e para com os pobres nestepaiz. Ponto. Estranhamente, havia gente contra. Muitos dos chamados "partidos progressistas" — PT à frente — repudiaram a novidade. Alguns petistas foram sumariamente expulsos do partido por se alinhar com Itamar ou FHC.

Moeda forte e inflação controlada, o país precisou se ajustar. Lei de Responsabilidade Fiscal, Regime de Metas de Inflação e Câmbio Flutuante foram alguns ajustes. Novamente, PT e "progressistas" foram contra. Como no chavão anarquista: "Si hay gobierno, soy contra!". Por anos rimos deles, até Lula chegar ao poder. Estranhamente, e contrário ao que dizia na sua "Carta ao Povo Brasileiro", o governo Lula foi bastante conservador. Para lhe fazer justiça, nada é mais conservador que Henrique Meirelles — um tucano — na presidência do Banco Central. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, conseguiu ser mais conservador que seu antecessor, Pedro Malan. Mas eu os desafio a ler a carta novamente para constatar o que foi cumprido daquilo que foi dito. Lula dizia na "carta" que no governo FHC:
  1. "economia não cresceu" — verdade, cresceu pouco, especialmente por enfrentar várias crises internacionais, inclusive aquelas especulativas contra a moeda.
  2. "corrupção em alta" — brincadeira, quando se compara com os níveis que a corrupção atingiu nestepaiz; primor de eficiência do lolupetismo.
  3. "crise social e a insegurança tornaram-se assustadoras" — outra brincadeira, já que agora se matam juízes na rua e explodem ATMs de bancos aos montes.
  4. "fracasso do atual modelo" — modelo este mantido por Lula e sua equipe; onde enfiaram o tal "alternativo"?
  5. "o enorme endividamento público acumulado no governo FHC" — uma pérola; trocamos dívida externa (R$295 bilhões) a juros de 5% a.a. por uma dívida interna (R$892,4 bilhões para R$1,5 trilhões) a uma taxa média de 15 a.a. (26,5 a 11,25) nos seus 8 anos — explicando: comprou-se uma dívida de 295 bi, que pagava 14,8 bi de serviço, por um adicional de 607,6 bi na dívida interna que pagava 91 bi de serviço — negoção!
  6. "reforma tributária que banisse o caráter regressivo e cumulativo dos impostos" — será que eu preciso comentar a maior carga tributária da história destepaiz?
  7. "Compromisso pela Produção, pelo emprego e por justiça social" — ele ainda está devendo parte dos 10 milhões de empregos dos primeiros 4 anos e todos os 10 do segundo mandato; a produção cresceu porque o mercado mundial cresceu (i.e. cresceu para todos e até para nós, apesar de Lula) e fez justiça social comprando votos com o Bolsa Família, criando uma nova classe de párias da sociedade.

Passado o oba-oba, vem a cobrança implacável. Nossa indústria se mostra incapaz de competir com o mercado externo, ao ponto de precisar de uma ajudinha (i.e. sobretaxa) de 30% sobre produtos de alguns concorrentes asiáticos. A inflação retorna, já teria explodido em nossa cara não fosse o governo manter o preço da gasolina artificialmente baixo — a Petrobrás chega a perder 30 centavos em cada litro de gasolina importada —, dentre outras chicanas. Sucesso mesmo, só na corrupção e no aparelhamento do estado. A canalha, encastelada em todas as esferas do poder, não dá sinais de cansaço. Se deixarmos eles vão ficando, ficando, ficando...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Resumo da ópera: reflexos da queda da Taxa Selic

A semana começa em clima de "barata-voa" nos mercados. Baixa geral nas bolsas de todo o mundo, exceto nos EUA onde é feriado (ufa!), assim como aqui. Mas tem mais. O Focus Relatório de Mercado (i.e. a opinião do mercado privado sobre a nossa economia), refletindo as medidas do Bacen da semana passada, aponta o seguinte quadro:
  1. Redução da previsão de juros futuros, que impacta diretamente na queda do serviço da dívida. O governo espera promover um crescimento econômico de 4% ainda neste ano e de 5% no próximo, mas o mercado não acredita em nada além de 4% nos dois anos (na verdade trabalham com valores mais para 3,5% que para 4%). Convenhamos, em ambos os casos, ficamos entre o extremamente ruim e o pífio.
  2. Aumento da taxa de inflação futura. Traduzindo, maior tolerância do governo com o aumento da inflação, ou ainda, a meta de 4,5% a.a. vai para o vinagre. Para os que acreditam que alguma inflação possa ser benéfica eu sempre respondo que o único benefício prático da inflação é esconder a incompetência. A inflação destrói a meritocracia, talvez a razão de ser defendida por "governos [ditos] progressistas".
  3. E claro, a "independência do Banco Central" foi para as cucuias. Quem manda é a presidente (é?) e o Tombini se perdeu pelo nome: tombou.
Alguém sempre pode pensar que o mercado é um bicho insensível, que eu faço parte da "zelite", que o povão está satisfeito e é isso que importa. Vá lá! No curto prazo tudo é festa e a longo prazo estaremos todos mortos, mas já existem sinais de que a "nova classe média" — eufemismo para a ascensão das classes C, D e E para os patamares de consumidores contumazes — dá sinais de "cansaço".

Consumir, quando se tem crédito, é uma beleza. O problema sempre está na conta do cartão, no cheque-especial negativo e na impossibilidade de se garantir a perenidade do emprego. O brasileiro é imediatista — quer consumir agora, não importa a que preço (ou taxa). Mais que demonstrar ter atitude inconsequente, revela total irresponsabilidade com seu próprio futuro. Existe aumento constante da inadimplência, isso é fato. O último aumento foi de 6,37% (em relação ao ano passado) e foi a sétima alta consecutiva do índice! Resta ver até quando se manterá o crédito aberto. Com a redução das taxas de juros, não será por muito tempo, ou será por custo muito maior. É esperar para ver.