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sábado, 14 de julho de 2012

A Educação pós PT — Ai! meus sais...

Depois do Haddad e do Mercadante, é isso que temos aqui:

Enquete no jornal O Tempo:

Qual seria sua primeira medida como presidente da República?

Resposta: Investiria maçissamente em edudação. 12/07/2012 - 13h44

Uau! Três erros em uma frase de quatro palavras...

Ah! Em tempo: o nosso Camões acima deve ter estudado naquela famosa cartilha do Haddad já que é de uma cidade administrada pelo PT há longa data.

sábado, 28 de abril de 2012

Cotas: A unanimidade burra do Supremo

Estamos em meio a uma crise de qualidade. Para onde quer se olhe, a piora é nítida por mais que os índices de popularidade tentem desmentir.

A coisa começa nas bases, na sociedade mesmo. É preciso ter um mínimo de conhecimento sobre outros povos, outras realidades, para ter a noção do quão atrasados nós estamos. Numa palavra: somos toscos. O brasileiro comum é um misto de profunda ignorância e desprezo pelo conhecimento, arrogância e falsa autossuficiência, individualismo e antissocial. É como se fossemos uma tribo e não um país.

Daí não ser nenhuma surpresa as idiossincrasias de nossa "sociedade", como o alegado "racismo". Eu pus aspas nas duas palavras atrás porque eu não acredito em sociedade nem racismo aqui, não acredito nem mesmo no que alguns ousam chamar de "racismo velado". Quem fala em racismo no Brasil não sabe o que é racismo. Leu sobre racismo em algum lugar e acha que aqui ocorre o mesmo. Balela. Burrice. Ignorância. Miopia.

Eu queria saber quem foi o doente que julgou que um sistema de cotas para negros seria a resposta para um problema de exclusão social. Isso é reducionismo da pior espécie. Tomar o que ocorreu nos Estados Unidos da América — onde o sistema de cotas foi criado —, e copiá-lo aqui, só mostra o tamanho da burrice. Lá existia racismo institucionalizado. Eu, um branco, não podia sentar no mesmo banco de um negro — por lei! Não era questão de opção, era coerção legal, e nossos ministros do Supremo não souberam ver a diferença — bando de imbecis todos eles.

Por unanimidade !

Ao julgar o sistema de cotas constitucional eles cuspiram na Constituição. Se acham tão "supremos" em suas togas, tão acima da patuleia que os sustenta, que relevaram um dos primeiros artigos da Carta Magna. Dentre os Princípios Fundamentais da Constituição, está lá, no art. 3º, IV, "promover o bem de todos sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação." Eu creio que COTAS é um preconceito de raça e cor, uma forma de discriminação — não é necessário toga para saber ler. Mas tem mais!

O Título II da Carta — Dos Direitos E Garantias Fundamentais; reza o art. 5º, caput, que "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ..." e a COTA não é outra coisa que uma distinção, uma desigualdade se preferir. Eu já mencionei isto aqui, mas vale a reprise: "entortar a lei para um lado não corrige um feito torto para o outro." Teremos apenas e tão somente dois erros e não um acerto.

O que determina a exclusão do negro é a omissão do Estado. Ao não oferecer educação de base aos menos favorecidos, o Estado agrava sua condição de excluído. O Poder prefere o assistencialismo à solução. Ele dá a esmola e cobra o voto — e tudo se arruma no final. O resultado é espelhado por um dos piores IDH do mundo, graças, principalmente, à péssima qualidade de nossa Educação.

Nossa melhor universidade tem uma colocação de três dígitos — nada elogioso — quando comparada às demais. Como bem disse o jornalista Carlos Alberto Sardenberg, numa palestra aqui em minha cidade, "a Educação é o único equalizador entre o rico e o pobre.", isto é, o único fator que pode dar ao financeiramente menos favorecido igualdade de oportunidades. Não é por outra razão que nos EUA, tantos casos de sucesso brotam — literalmente — de garagens do proletariado classe média. Dois exemplos gritantes — Microsoft e Apple — nasceram assim, de um projeto de garagem para potências mundiais.

E Nélson Rodrigues nos rogou uma praga...
Agora, deem uma olhada no ranking das universidades e verão que os EUA têm 20 entre as 50 primeiras. Então, não é de se admirar que sejam a potência dominante, independentemente dos quesitos usados para a balizar. Mas aqui, como nossa educação básica pública é a pior possível, somente aqueles que podem pagar escolas particulares, ao final, poderão almejar uma universidade menos pior. Agora não, o racismo foi feito legal pelo Supremo e o negro já pode ser aluno da USP, ainda que a dita esteja na 169ª posição do ranking. É como disse lá atrás: "dois erros não fazem um acerto; no mínimo um erro duplo." E ainda querem que o Brasil enfrente o resto do mundo de igual para igual. Pode ser... Um dia alguém tão ignorante quanto nossa corte suprema invente um sistema de cotas para países incompetentes e — talvez assim — possamos gozar um pouco o que essa vida tem de bom.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Deputado inglês mostra o que espera o Brasil, isto é, como receberemos o resto do mundo

A matéria da Exame Online me fez lembrar dos meus tempos de ginásio, quando estudávamos os investimentos da Corôa Portuguesa na Escola de Sagres, para a formação de navegadores, pilotos, cartógrafos, etc., considerada o pilar central do grande domínio português sobre os mares, descobrimentos e riquezas de além mar — conhecimento como forma de se obter riqueza e poder — uma receita ainda em uso nos dias de hoje e, inexplicavelmente, ignoradas por alguns países, o Brasil entre estes.

O que se pode depreender de tal fato, acontecido ainda no século XV, é que só investimentos em infraestrutura permitem grandes avanços em relação aos competidores diretos e à manutenção dos eventuais ganhos. E mais: não há infraestrutura mais necessária que a educação e o conhecimento, o que me leva a parabenizar o Governo Dilma pelo movimento, ainda que tíbio, à formação de profissionais noutros países, já que aqui nossas escolas vão de mal a pior e as exceções não preenchem os dedos da mão esquerda de Lula. Falta ainda o ensino básico: do maternal ao colegial temos produzido mais analfabetos funcionais que técnicos.

E o resultado dessa imensa massa ignara é o cataclismo que se avizinha, seja via Copa ou Olimpíadas:
  1. Bebidas serão proibidas nos estádios porque a Polícia é incompetente (e temos duas!) para coibir e punir abusos. A nossa daqui chega a proibir duas torcidas em campo — não há atestado de incompetência maior.
  2. Será decretado feriado nos dias dos jogos porque não haverá condições mínimas de se ir e vir — vias públicas congestionadas, transporte de massa inexistente ou claudicante e (mais uma vez) segurança pública ineficaz ou ausente.
  3. Todas as escolas deverão estar em regime de férias — que se danem seus filhos e a sua já parca educação. Se eles não estudassem tanto talvez fossem hoje um Ronaldinho ou um Messi.
  4. Ainda há mais, mas paro aqui. Espero conseguir um local bem longe daqui nessa efemérides, talvez uma ótima oportunidade para voltar aos Estados Unidos da América.
Já no outro mundo...

Deputados britânicos temem caos aéreo durante Olimpíadas

A chegada em massa de atletas e turistas para os Jogos Olímpicos pode causar um colapso em Heathrow, principal aeroporto do Reino Unido
A Qantas Boeing 747-400 (registration unknown) lands over the roofs of Myrtle Avenue at London (Heathrow) Airport. Taken by Adrian Pingstone in August 2004 and released to the public domain.
Aqui resolveremos com "puxadinhos" à brasileira.


As aglomerações nos terminais de Heathrow podem obrigar muitos passageiros a permaneceram por longo tempo dentro dos aviões após aterrissarem

Londres - Um comitê do Congresso britânico alertou nesta quarta-feira que a chegada em massa de atletas e turistas para os Jogos Olímpicos de Londres pode causar um colapso em Heathrow, principal aeroporto do Reino Unido e o de maior tráfego da Europa.

O presidente do Comitê de Cultura, Comunicação e Esportes, John Whittingdale, enviou carta ao ministro britânico de Cultura e Esportes, Jeremy Hunt, no qual fala da possibilidade de se formarem imensas filas nos guichês de controle de passaportes, dificultando o funcionamento do aeroporto.

Na carta, Whittingdale adverte que as aglomerações nos terminais de Heathrow podem obrigar muitos passageiros a permaneceram por longo tempo dentro dos aviões após aterrissarem no Reino Unido. 'A situação obrigaria algumas aeronaves a rodar em círculo sobre o aeroporto, enquanto outras ficariam retidas na pista', afirmou o deputado conservador.

O parlamentar relatou que membros do Comitê participaram de uma reunião com responsáveis pela empresa que administra Heathrow. Para os dirigentes da empresa, o principal desafio será no fim dos Jogos, quando a maioria dos visitantes tiver que deixar Londres em um período de poucos dias.

Contudo, os deputados, 'saíram da reunião sem estar convencidos de que Heathrow esteja preparado para a chegada de atletas, turistas e integrantes da 'família olímpica'', afirmou Whittingdale. Ele ressaltou que são perceptíveis as medidas tomadas para a chegada das pessoas e do material esportivo, mas que as filas de controle de imigração preocupam.

'Parece que se pensou pouco sobre como lidar com essas filas'. Ele ainda afirmou que a Agência de Fronteiras do Reino Unido garantiu que não há garantia de que seja possível abrir todos os guichês durante o período dos Jogos.

Entre as medidas tomadas pela direção do aeroporto, está um terminal provisório destinado exclusivamente ao retorno dos atletas e organizadores dos Jogos, nos dias seguintes a cerimônia de encerramento, no dia 12 de agosto.

O principal aeroporto londrino registrou em março deste ano, tráfego de 5,7 milhões de passageiros. Nos últimos 12 meses foi alcançada pela primeira vez a marca de 70 milhões de viajantes.

E a tal perguntinha de muitos bilhões de dólares: vocês acreditam que nossos eventos internacionais serão mesmo um sucesso? Para quem?

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Falta pouco para a queima de livros em praça pública

Eu confesso que não sei bem onde começou essa insanidade, só sei pelo que é conhecida. Estou falando do que se convencionou chamar "politicamente correto". O termo per si mostra-se um conundrum, um enigma. Porque política é descrita como a "habilidade no relacionar-se com os outros tendo em vista a obtenção de resultados desejados" em sentido figurado, ou ainda, por extensão, com "cerimônia, cortesia, urbanidade". Já o verbete "correto" é a qualidade do "isento de falha, erro ou defeito". Na minha visão, uma coisa antepõe à outra — onde uma admite o contraditório, a outra o exclui ad nutum.

Uma "política correta" não pode existir pelo simples fato de que a política não é absoluta, mas transitória. O que se presta para o momento atual pode não ter servido no passado, assim como poderá não servir — é quase certo — para o futuro. Nada é mais mutante que a política.

Mesmo assim, um grupo de pseudo-pensadores tem se esmerado em produzir uma tamanha quantidade de boçalidades, um sem-número de regras de conduta, que vão desde a forma como um grupo étnico deve ser cognominado a como devem ser referenciadas pessoas de determinada preferência sexual, alimentar, ecológica, etc. Foi assim que Monteiro Lobato se viu acusado, post mortem, de ser "politicamente incorreto", pela forma desrespeitosa pela qual se referiu à Tia Nastácia, uma criação literária sua. Bestial! O pior do imbróglio Lobato/Nastácia não foi ter nascido no MEC, mas a constatação de que a crítica "politicamente correta" feita a sua obra [Lobato] é prática comum no meio acadêmico.

A toga lhe subiu à cabeça...
Esta manhã, ouço pelo rádio que o Ministério Público Federal de Uberlândia/MG, na pessoa do procurador Cléber Eustáquio Neves, iniciou ação pública contra a Editora Objetiva e o Instituto Antônio Houaiss para a imediata retirada de circulação, suspensão de tiragem, venda e distribuição das edições do Dicionário Houaiss, que contêm expressões pejorativas e preconceituosas relativas aos ciganos. Como bem disse uma vez Albert Einstein, "duas grandezas são infinitas: o universo e a ignorância humana; e eu não estou muito certo quanto ao universo." Pois é, pode-se dizer que temos um ensino "universal" em nossas escolas, no mínimo...

Voltemos ao MPF. Um dicionário não é uma obra de ficção, não é romance nem opinião, não é literatura. É o compêndio dos verbetes de uma língua e do seu significado. No dicionário Houaiss não está aquilo que Antônio Houaiss ou sua Editora pensam sobre os diversos significados dados à palavra "cigano" ou a qualquer outra, mas apenas o relato do uso popular e histórico do verbete. Atribuir a eles tal ação só pode ser fruto de mau discernimento. Ao iniciar tal ação pública, o ilustre procurador mostra desconhecer o que é um dicionário — talvez por força de um viés reducionista marxista, ao qual foi injustamente exposto nos bancos escolares —, mas que põe em dúvida seu conhecimento das leis.

Outro dia li a frase: "...o marxismo é o ópio do mentalmente preguiçoso. O marxismo é fácil de ler, de entender, dá ao marxista a sensação de que ele é uma pessoa muito boa e preocupada com o social. Não há a necessidade de argumentações lógicas e consistentes. Basta apelar para lugares comuns, falar a respeito de oprimidos e opressores, e acusar o adversário de ser um opressor ("extrema-direita!"), mesmo que nada disso faça nenhum sentido e haja muito pouco raciocínio lógico envolvido."

Ora, basta consultar um dicionário (opa!) para ver que reducionismo é a mais pura expressão da preguiça. Bingo! Daí que eu não vou me espantar quando começarem a queimar livros em praça pública. A cantilena dos pseudo-pensadores é doce a ouvidos néscios, fácil de entender e aplicar — não exige prática nem tão pouco habilidade —, e nos passa a (falsa) sensação do dever cumprido. Afinal, o que é um Lobato ou um Houaiss quando esse pessoal tem por herói Macunaíma, aquele sem nenhum caráter, e a força do Ministério Público Federal.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Aqui, o exemplo baixo vem de cima

Aconteceu nos bastidores do programa "Roda Viva" da TV Cultura (grifos meus):

Minutos antes do começo da gravação do Roda Viva no Palácio do Planalto, o jornalista Paulo Markun aproximou-se do presidente Lula para combinar um derradeiro detalhe. Em meio às palavras de encerramento, o âncora diria que estava entregando a Lula uma trilogia com as melhores entrevistas ocorridas desde a estreia do programa da TV Cultura, 18 anos atrás.

Com expressão curiosa, Lula apanhou os livros. Antes que se sentisse logrado, Markun informou que só o primeiro volume fora concluído. Os outros, ainda em preparação, paravam na capa. As páginas estavam em branco. Lula devolveu o que estava pronto e folheou os desprovidos de palavras. Isso é que é livro bom, comentou. A gente nem precisa ler. O entrevistado parecia feliz. Os entrevistadores exibiam sorrisos constrangidos.

Ninguém no estúdio improvisado aparentou surpresa. Todos conheciam a aversão de Lula à leitura — qualquer tipo de leitura. Ler é pior que fazer exercício em esteira, confessou há tempos o presidente de um país atulhado de analfabetos, com um sistema educacional em frangalhos, incapaz de absorver multidões de crianças traídas.


Eu me lembro muito bem do fato. Nem vou dizer que fiquei envergonhado porque Lula já não me surpreende mais há muito tempo, mas àquela época ele era o queridinho da mídia internacional. Constrangidos devem ter ficado o Le Monde e o El Pais por considerá-lo "O Homem do Ano" em 2009; eles e um montão de universidades que lhe concederam títulos de Doutor Honoris Causa. Que honra há em Lula que justifique qualquer título?

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Moonwalking 3, ou "Brasil, seu futuro o condena"

Há muito perdi a fé, já não tenho esperanças. A juventude dessepaiz é fruto de uma geração de pessoas descompromissadas com a sociedade. Eu sei disso porque faço parte dessa geração, aquela que viveu 22 anos sob o regime militar e mais de meio século de inflação desenfreada. Uma nos alijou da vida política, a outra se encarregou de nos transformar no arquétipo do brasileiro, o do "cada um por si", o do "gosto de levar vantagem em tudo, certo?", também conhecida como a "Lei do Gérson" — cuja propaganda que a "consagrou" o protagonista se lamenta até hoje. O brasileiro é um povo sem alma e a situação atual conspira para piorar o quadro.

Uma matéria do Diário do Comércio ilustra como La Nave va... Acho que se acaba como o Costa Concordia, ou mesmo pior. Como de hábito, grifos meus.

Consumidor brasileiro gasta menos com educação

O consumidor diminuiu seus gastos com educação e leitura na última década, o que levará à perda de peso do grupo Educação, Leitura e Recreação, de 8,74% para 7,37%, no cálculo dos indicadores da família dos Índices de Preços ao Consumidor (IPCs). A atualização de ponderação entrará em vigor em fevereiro, e leva em conta o novo perfil do consumidor brasileiro apurado pelo IBGE em sua Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008 -2009.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), com a atualização de pesos, a participação do sub-grupo educação, dentro de Educação, Leitura e Recreação, cairá de 5,7% para 3,8% a partir do mês que vem. No caso do sub-grupo leitura, o peso diminuirá de 0,4% para 0,3%.

Em contrapartida, o brasileiro tem usado mais de seu orçamento familiar em atividades recreativas. O sub-grupo Recreação aumentará seu peso de 2,5% para 3,1%, a partir de fevereiro, dentro de Educação, Leitura e Recreação.

Veículos

O interesse crescente do consumidor na compra de veículos automotores puxou para cima o peso do grupo Transportes no cálculo da inflação varejista, que subirá de 11,72% para 19,15% dentro dos IPCs, a partir de fevereiro.

Somente o peso de veículos automotores subirá de 0,61% para 6,7% dentro do grupo Transportes. Para a FGV, isso é explicado pela forte expansão de crédito na última década, bem como o aumento da renda das famílias no período.

Por influência do maior gasto do consumidor com veículos, subirá de 0,51% para 1,22% e de 1,12% para 1,98% o peso dos itens "serviços de oficina"; e de "outros gastos com veículos", respectivamente, dentro do grupo Transportes.

À imagem do fracasso
Muita gente vê o quadro acima como sinal de progresso. Eu não. Onde há educação, pessoas estão abandonando o transporte pessoal pelo transporte público, exigem melhoria dos transportes de massa e nem por isso deixam de se divertir. Já aqui, não. O brasileiro se julga o máximo ao comprar um carro, apesar de culpar céus e infernos ao se ver entalado(a) no trânsito caótico que sua própria individualidade ajudou a criar.

Nós — brasileiros — temos a vocação para ser parte do problema, fechamos os olhos para a solução, quando há muito mais pedras em nosso caminho que aquelas no do Costa Concordia, o navio onde vários patrícios se divertiam em atividades recreativas.


N.B. A todos os passageiros e tripulantes do Costa Concordia, acidentado no litoral da Itália, minhas simpatias e respeitos. Não houve outra intenção ao associar seu sinistro com meu comentário à matéria jornalística.

Nunca antes na história "dessepaiz" o Brasil havia superado os Estados Unidos

Pois é, com Lula e Dilma superou. Vocês podem comprovar na revista Exame ou no Estadão. Grifos meus.

Custo de vida do Brasil supera o dos Estados Unidos

Dado é considerado preocupante para um país emergente



Rio - O custo de vida do Brasil superou o dos Estados Unidos em 2011, quando medido em dólares, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o PIB dos 187 países-membros. Este fato é extremamente anormal para um país emergente. Em uma lista do FMI de 150 países em desenvolvimento, o Brasil é praticamente o único cujo custo de vida supera o americano em 2011, o que significa dizer que é o mais caro em dólares de todo o mundo emergente.

Na verdade, há outros quatro casos semelhantes, mas referentes a São Vicente e Granadinas, um arquipélago minúsculo; Zimbábue, país cheio de distorções, onde a hiperinflação acabou com a moeda nacional; e Emirados Árabes Unidos e Kuwait, de população muito pequena, gigantesca produção de petróleo e renda per capita de país rico.

Considerando economias diversificadas como o Brasil, contam-se nos dedos, desde 1980, os episódios em que qualquer um de mais de cem países emergentes apresentasse, em qualquer ano, um custo de vida (convertido para dólares) superior ao dos Estados Unidos.

Há uma explicação para isso. O preço da maioria dos produtos industriais tende a convergir nos diferentes países, descontadas as tarifas de importação. Isso ocorre porque eles podem ser negociados no mercado internacional, e, caso estejam caros demais em um país, há a possibilidade de importar. Mas a maioria dos serviços, de corte de cabelo a educação e saúde, não fazem parte do comércio exterior. Assim, eles divergem muito em preço entre os países.

Em nações ricas, com salários altos, os serviços geralmente são muito mais caros do que nos emergentes. Isso se explica tanto pelo fato de que a renda maior tende a puxá-los para cima, como pelo fato de que a mão de obra empregada no setor de serviços recebe muito mais e representa um custo maior. Dessa forma, é principalmente o setor de serviços que faz com que o custo de vida seja mais alto no mundo avançado. Na comparação com os Estados Unidos, os países emergentes são quase sempre mais baratos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Eu só tenho este comentário: o Brasil tem a maior carga tributária do mundo emergente; tem o maior custo de produção do mundo emergente (o Custo Brasil); o pior IDH do mundo emergente e também a pior educação. Tudo isso e também o governo mais incompetente e mais corrupto do tal grupo de emergentes; daí o resultado. Queriam o que?!!

A patuleia pode continuar acreditando no Nosso Guia mas a coisa só vai piorar. Escrevam aí: inflação, desemprego, inadimplência... tudo isso vai aumentar. O Brasil é agora uma república sindicalista. Você que é trabalhador, pode me dizer o que foi que já recebeu do seu sindicato ou da sua central sindical? Hein?!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Afinal, "politicamente correto" é correto?

Eu acho que não. O eufemismo "politicamente correto" só serve para turvar razão daqueles que ainda a tem. Os exemplos são muitos mas vou me ater aos mais falados. Vamos lá:
1) não se pode referenciar um homossexual por "homossexual"; o termo politicamente correto é "homoafetivo", seja lá o que os boçais responsáveis pelo bestialógico que são as nossas leis. Em outras palavras, se você gosta do seu amigo(a) ou irm(ã)o, lamento informar mas você é veado ou sapatão.
2) Não se pode chamar uma pessoa de tez escura de negro. O termo "correto" é "afrodescendente", uma boçalidade sem tamanho, já que, na visão dos estudiosos, o gênero humano se originou na África, continente onde, aliás, nem todos são negros, apesar de todos serem afros. O termo é tão risível que negra é a denominação correta da raça, mas não é "politicamente correto" chamar a pessoa da etnia de negro ou negra — nada mais idiota.
3) Existe agora o preconceito linguístico, isto é, se uma pessoa não sabe ler e/ou escrever (a despeito de ter um diploma do MEC que ateste o contrário), você não pode dizer isso a ele ou a outrem. Deixe-me elaborar: você contrata um balconista para o seu boteco e descobre que ele não pode ler a lista de preços, não sabe somar, nem subtrair e muito menos dar um troco ao freguês; resumindo, é um analfabeto funcional. Não mais! Você vai ter que procurar um outro termo que não o ofenda, que não lhe faça baixar a auto-estima, que o faça se sentir muito bem quando você lhe disser que "infelizmente a vaga já foi preenchida". Eu sei, é triste, mas ele terá sua auto-estima bem alta enquanto estiver sentindo fome.

Na verdade, estou farto disso tudo. Alguns bestalhões que se dizem professores, meros ostentadores de diplomas universitários, andam por aí dizendo o que se pode e o que não se pode ser. Que direito têm essas pessoas ed fazerem o meu ou o seu juízo de valor? Pior, fazerem a cabeça dos nossos filhos; pensarem em nome da sociedade. Quem elas pensam que são?

Bom, elas se autodenominam "os novos arquitetos da sociedade moderna, os paladinos da virtude e os pilares do saber". Se você acredita nisso, vá em frente, mas eu não! Há muito discuto sobre educação e valores morais e vejo a juventude perdida em meio a essa geleia informe que se transformou a "sociedade moderna". Pais e mães que trabalham da primeira à última hora do dia enquanto os filhos são educados pelos motorneiros do "Bonde do Foucault". São esses mesmos vagabundos que inventam uma estultice como "preconceito linguístico" ou invés de educar o cidadão.

Aliás, é gente como Foucault e Nietzsche que baliza os pensamentos dos novos "formadores de opinião", gente que acredita que Vigiar e Punir é o suprassumo do pensamento social moderno. Soubessem os pais que Foucault era também um grande entusiasta da revolução iraniana e que acreditava que dali sairia o novo Norte da civilização moderna, não ficariam tão impressionados pela verborragia sem sentido que escutam dos filhos ou ouvem na televisão. Não, senhores pais, vocês não estão ficando (ou se descobrindo) burros: seus filhos é que estão se alienando nas escolas pagas por vocês.

Para se proteger dessa "tutela" é que muitos pais optam por educar seus próprios filhos. Confesso, não saberia dizer se "educar em casa" seria uma prática legal ou mesmo aceitável no Brasil, mas homeschooling é bastante comum em países como os Estados Unidos da América. A mãe, em geral, ou outro membro adulto da família, toma o encargo de educar suas crianças que prestam os mesmos testes de proficiência oficiais aplicados nas escolas regulares. Pelo nível das escolas do Brasil — públicas ou privadas — o homeschooling poderia ser não apenas uma opção econômica mas também uma opção pela qualidade, ainda que a maioria dos pais nem tenha noção do que seja isto.

A doutrinação esquerdista, que alguns livre pensadores chama de "esquerdopata" não se limita aos devaneios de Foucault. Eles chegam a requintes de um Georg Lukács, filósofo húngaro que faz a festa nos meios acadêmicos das universidades públicas brasileiras. Um dos pensamentos mais diletos de Lukács é aquele que diz que o partido representa a "consciência possível do proletariado", isto é, a consciência que o proletariado ainda não tem, mas que terá — na antevisão deles — daqui a cem anos ou mais. Assim posto, a vontade do povo hoje é irrelevante, desprezível e descartável. Melhor ainda: "apesar do povo pensar diferente de nós (partido) hoje, nós pensamos o que o povo deveria pensar e que pensará daqui a cem anos ou mais". Compreenderam? Eles se julgam os legítimos representantes do povo para fazer o contrário daquilo que ele (o povo) quer, baseados naquilo que, hipoteticamente, pensarão num futuro distante. Se isso não é fruto de uma mente doente ou drogada, então nada mais é.

Eu achei essa coisa toda completamente descabida, mas é assim que pensam os Zés Dirceus, os Marcos Aurélios "Top-Top" Garcias e que tais, e é assim que também pensam grande parte dos professores da USP, Unicamp, UFMG, UFRJ, etc., de onde não raro saem jovens de moral fraca e pensamento bambo. Tivesse eu filhos e eles leriam von Mises, Hayek, Bastiat, não esse estrume que aduba o pensamento esquerdopata. O politicamente correto não foi pensado para melhorar o mundo; é apenas mais uma forma de patrulhamento esquerdista da sociedade, de derrubar seus valores seculares, de minar seus alicerces como a família. Assim, não se assuste quando seu filho lhe puser o dedo em riste na face e o acusar de ser direitista, retrógrado e politicamente incorreto.

Eu ainda sou do tempo em que a consciência crítica era formada em casa. Nossos pais nos passavam valores — valores que receberam dos seus próprios pais e estes dos nossos bisavós —, acrescidos da experiência de vida de cada um. A sociedade, como a conhecemos, foi formada assim. Todos os livros santos; a Bíblia, o Talmude e a Torá, o Corão e outros que não me lembro são compêndios desses valores, uma longa cadeia de ensinamentos comprovada pelo exercício de milênios. Pois, o que gente como Gramsci, Lukács e seus seguidores ensinam nas escolas é justamente o oposto, é a decomposição mental daquilo que tem funcionado bem há milênios.

Pais e mães têm pouca ou nenhuma chance de discutir valores com seus filhos. Trabalham o dia todo e assumem que por terem matriculado seus rebentos numa boa (e quase sempre cara) escola, eles estão em boas mãos. Pois eu digo que quase sempre não. A probabilidade de seus filhos estarem sendo sistematicamente abduzidos para o nonsense do esquerdismo, para a satanização do Capitalismo e para a negação dos bons costumes mais básicos — lembrem-se da máxima comunista: "os fins justificam os meios" —, é bem próxima da certeza. Procure saber o que seu filho pensa a respeito do mundo e o que ele faria para melhorá-lo. Você pode se surpreender. Então, surpreenda-o: baixe um livro chamado "As Seis Lições", de Ludwig von Mises e dê para ele ler. Este livro pode ser comprado diretamente do Instituto Ludwig von Mises Brasil ou baixado gratuitamente no formato e-book (PDF, MOBI e EPUB) de lá mesmo. É uma síntese das palestras que Mises proferiu em Buenos Ayres para jovens universitários, aí no final da década de 50 quando a Argentina se preparava para reerguer-se dos destroços da Era Perón, leitura obrigatória, na minha modesta opinião, agora que nós precisamos nos reerguer dos destroços da Era Lula.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O lulo-ufanismo: bater bumbos e não bater a corrupção, o analfabetismo, a inflação, o atraso tecnológico, a ignorância crônica e a pequenês de ideias...

Fim de ano, época de festas, e o governo "progressista" ganha para seu arsenal de meias-verdades (i.e. meias-mentiras) mais um dado isolado, fora de contexto, porém apto a alegrar a imensa maioria da população que sofre daquele incurável complexo de vira-latas, aquele sentimento de inferioridade que insiste em aparecer quando se compara nossa realidade com o que se vê nos enlatados de Hollywood, Canadá ou Europa: o terceiro mundo é aqui. Publico a única matéria a respeito do tal fato que não se encontra contaminada pelo ufanismo barato, ou "autolouvação", como no texto da coluna do Celso Ming no Estadão — grifos meus.

Ficou maior. E daí?

O Guardian – importante diário de Londres – publicou matéria nesta segunda-feira que já considera o Brasil a 6.ª maior economia do mundo, ultrapassando a do Reino Unido – segundo conclusões de consultoria privada inglesa. A “novidade”, no entanto, já constava em dados divulgados pelo FMI em setembro, mas pouca gente deu importância à projeção (veja a tabela).

O risco é o de que agora o governo de Brasília e o cidadão médio deem mostras de subdesenvolvimento e recebam a informação com doses excessivas de autolouvação – e, assim, se perca o senso de realidade.



Também em economia, o brasileiro tende a se considerar maioral. E, como no futebol, continua nutrindo a sensação de campeão do mundo. Lá pelas tantas, sobrevém a lavada de 4 a 0 do Barcelona em cima do Santos para devolvê-lo ao rés do chão. Assim, é preciso ver com objetividade notícias assim e a confirmação que virá mais cedo ou mais tarde.

Tamanho do PIB é como tamanho de caneca. E o Brasil é um canecão. Tem quatro vezes a população do Reino Unido e 35 vezes a sua área territorial. Natural que, mais dia menos dia, ultrapasse o tamanho da economia de países bem mais acanhados em massa consumidora e extensão.

Enfim, é necessário examinar esses conceitos não só pela dimensão da caneca, mas também pela qualidade de seu conteúdo. A renda per capita britânica, por exemplo, é mais de três vezes maior do que a do Brasil e a partir daí se começa a ver as coisas como realmente são.

A economia brasileira ainda é um garrafão de mazelas: baixo nível de escolaridade, concentração de renda, bolsões de miséria, déficit habitacional, grande incidência de criminalidade, infraestrutura precária, enorme carga tributária, burocracia exasperante, Justiça lenta e pouco eficiente, corrupção endêmica… e por aí vai.

É claro que isso não é tudo. O potencial é extraordinário não só em recursos naturais, como também em capacidade de inovação e de flexibilidade da brava gente.

Mas há a energia que domina um punhado de emergentes – e não só o Brasil. Enquanto o momento é de relativa estagnação dos países de economia avançada, é ao mesmo tempo de crescimento bem mais rápido das economias em ascensão.

Esse grupo, liderado pela China (que ultrapassou neste ano o Japão como 2.ª economia do mundo), responde hoje por cerca de 40% do PIB mundial, ou seja, por 40% de tudo quanto é produzido no planeta. É também o destino de nada menos que 37% do investimento global – registra levantamento do grupo inglês HSBC.

Tal qual em outros temas, estimativas variam de analista para analista. Mas é praticamente inexorável que, até 2050, pelo menos 19 emergentes estarão entre as 30 maiores economias do mundo.

Mais impressionante é a velocidade do consumo. Só a China incorpora ao mercado perto de 30 milhões de pessoas por ano. Na Ásia, a classe média – diz o mesmo relatório do HSBC – corresponde a 60% da população (1,9 bilhão de pessoas).

Boa pergunta consiste em saber se o mundo aguenta esse novo ritmo de produção e consumo.

CONFIRA



Estouro. Falta incluir os números de dezembro. É grande a probabilidade de que neste ano a inflação medida pelo IPCA estoure a meta (já admitidos os 2 pontos porcentuais de escape). Os levantamentos feitos em cerca de 100 instituições financeiras e consultorias pelo Banco Central apontam para inflação de 6,54%.

Por trás, a gastança. Embora não configure perda de controle, esse esticão é resultado da forte elevação das despesas públicas em 2010, ano de eleições, que o Banco Central acabou por tolerar.

Pois bem, o que existe por trás da notícia: nada! Nadinha mesmo. Porque como disse o Ming, não é o tamanho da caneca que importa, mas seu conteúdo. De nada adianta um PIB gigantesco (vejam o da própria China) se em relação à população ele é irrisório. A China ainda faz um barulhão porque é um governo totalitário, com estado forte e intervencionista. Assim posto, o PIB chinês é bem mais do estado chinês que do povo chinês, embora digam o contrário. O quadro apresentado acima passa a ser mais significativo se vocês prestarem atenção à terceira coluna. Para onde é que foi a China? E o Brasil e a Índia? Números bem menos expressivos, não é?

O PIB per capita dos países ricos do mundo — aqueles que formam o G7 — é de quase 4 (quatro) vezes o do Brasil e Rússia; quase 10 (dez) vezes o da China e 32 (trinta e duas) vezes maior que o da Índia. Este indicador dá uma boa ideia do tamanho do mercado deles e o do nosso. Como se pode ver, d. Dilma falou muita bobagem em Bruxelas, mas duvido muito que a levaram a sério por lá.

Em que pese os esforços de uma esquerda cada vez mais intervencionista no Brasil, especialmente na mídia, nossos dirigentes ainda precisam observar a Constituição e uma ou outra lei, apesar do fôro privilegiado. Mas é preocupante que veículos de grande alcance como a Rede Globo tenham embarcado na canoa ufanista. Já fomos mais que a Itália e Reino Unido de fato, não esse bate-bumbo com jeito de corta-luz.

A coisa é tão descabida, tão despropositada, que fiquei pensando se é mesmo verdade que o metrô de Belo Horizonte se encontra como está há 40 anos; a tão propalada obra ELEITOREIRA da transposição das águas do rio São Francisco se encontra interrompida e abandonada; que nossas estradas só conhecem o "progresso" nas operações tapa-buracos e os portos e aeroportos do País são insuficientes, tacanhos, mal gerenciados e vergonhosos. Basta olhar para a infraestrutura desses países que acabamos de "superar" para ver o tamanho da mentira. Basta comparar a nossa EDUCAÇÃO com a deles, nosso IDH e o espetáculo do nosso crescimento. Balela!

Há muito eu critico o servilismo da mídia — cada vez mais amestrada —, sua submissão ao Poder. Tudo bem, sempre haverá a mídia "pró", mas no Brasil é uma quase unanimidade. Eu preciso ler vários jornais, dezenas de colunas, para encontrar uma opinião isenta, ou, quando muito, uma menos viciada. É bem verdade que quem paga a mídia são os anúncios e o Estado é o maior anunciante, mas poderiam ao menos disfarçar um pouco. Ainda verei uma direita responsável neste País e uma mídia isenta.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Por uma boa palmada

Quando se pensa que o estoque de merda acabou, nossos representantes arrumam mais alguma na latrina que contém seus cérebros. Agora é a Lei da Palmada, mais uma estultice para acabar de vez com o que resta da sociedade.

Eu não sei de onde saiu esse pessoal, que violências sofreram em casa, mas é cada coisa que inventam que parecem produtos de hospícios, filhos de pais assassinos e mães depravadas. Eu, como acredito a maioria de vocês, tive uma infância normal onde pratiquei minhas traquinagens e tomei minhas palmadas. Acredito ser — ao contrário do que acham os ilustres membros da Comissão Especial, criada na Câmara dos Deputados para apreciar a matéria — uma pessoa de caráter reto e conduta ilibada. Pela análise "abalizada" da dita comissão, deveria ser violento, criminoso, sei lá o quê... Para ilustrar, repasso a matéria que encontrei no Portal G1 (grifos meus — vide N.B. ao final):

Comissão vota nesta terça projeto que proíbe pais de bater nos filhos
Texto será aprovado e seguirá para Senado, avalia presidente da comissão.  Jair Bolsonaro diz vai recorrer para matéria ser apreciada em plenário.


Autora do novo texto da Lei da Palmada, deputada
Teresa Surita (PMDB-RR) diz que objetivo não é
impedir que pais imponham limites aos filhos.
(Foto: Beto Oliveira/Agência Câmara)
O projeto de lei que proíbe os pais de baterem nos filhos será votado em caráter conclusivo nesta terça-feira (13), às 14h30, na Comissão Especial criada na Câmara dos Deputados para analisar a matéria. Se aprovada, a chamada "Lei da Palmada" irá direto para votação no Senado, a não ser que seja protocolado recurso com assinatura de 10% dos deputados para que a matéria seja apreciada em plenário.

Após a realização de uma série de audiências públicas com especialistas, a relatora da proposta na Comissão Especial, deputada Teresa Surita (PMDB-RR), apresentou substitutivo ao projeto, com pequenas alterações ao texto original.

Foi incluído artigo que prevê multa de três a 20 salários mínimos a médico, professor ou ocupante de cargo público que deixar de denunciar casos de agressão a crianças ou adolescentes.

"Educar batendo traz transtornos e consequências graves à vítima da violência para o resto da vida. Não se trata de impedir que os pais imponham limites aos filhos, mas sim que esses limites não sejam impostos por meio de agressões", disse a deputada ao G1.

Para a presidente da Comissão Especial, deputada Érika Kokay (PT-DF), a proibição de castigo corporal no âmbito familiar tornará a sociedade como um todo menos violenta. "Com a lei, as famílias vão formar pessoas mais íntegras e honestas, porque você elimina a relação do forte dominar o mais fraco. Quem é agredido aprende a resolver conflitos através da violência e a subjugar o mais fraco", defendeu.

Segundo ela, a expectativa é de que o texto seja aprovado por ampla maioria. "Não conheço ninguém que seja contra a proposta na comissão. A comissão está bem madura para oferecer à sociedade uma lei que assegure os direitos das crianças sem castigos corporais", afirmou.

Pelo projeto, crianças e adolescentes "têm o direito de serem educados e cuidados sem o uso de castigo corporal ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar, tratar, educar ou proteger".

Para os pais ou responsáveis que agredirem as crianças, a "Lei da Palmada" prevê encaminhamento a programa oficial de proteção à família e a cursos de orientação, tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de advertência. A criança que sofrer a agressão deverá ser encaminhada a tratamento especializado.

A relatora do projeto destacou que não há punições severas aos agressores, como a perda da guarda dos filhos, o que garante que a cultura de evitar "palmadas" no processo de educação da criança seja inserida progressivamente na sociedade. "O projeto não prevê interferência do Estado na família. A mudança dessa cultura vai se dar ao longo dos tempos", disse.

Contrário, Jair Bolsonaro (PP-RJ) argumenta que lei
representa interferência do Estado na família.
(Foto: Leonardo Prado / Agência Câmara)
Recurso
Contrário à proposta, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirmou ao G1 que vai protocolar recurso para que o texto precise passar por votação no plenário da Câmara antes de seguir para o Senado. "Eu vou entrar com recurso. Tem outros deputados contrários, principalmente da bancada evangélica", disse.

Para Bolsonaro, a palmada é instrumento "importante" dos pais na educação dos filhos. "O ser humano só respeita quando teme. Tem que botar ordem no negócio. A palmada é o último argumento, mas a criança precisa saber que pode levar", argumentou.

O deputado afirmou que a lei é uma "interferência do Estado na família". "Na ditadura militar se dizia: 'O país se constrói com homens e livros. Hoje, pelo visto, se constrói com gays, kit anti-homofobia do MEC [Ministério da Educação], e abolindo chinelos," protestou.

Sou casado há quase 25 anos e não tive filhos, mas preocupa-me a forma — irresponsável a meu ver — como o Estado interfere na família, núcleo da sociedade. Neste ponto, concordo com Bolsonaro. Não quero, com isto, defender a palmada ou o castigo mas o livre arbítrio dos pais. Havendo excessos, cabem punições, mas não acredito que se possa nivelar tudo ao texto de regras legais. O mal do positivismo jurídico é exatamente este: só vale o que está escrito; o que não está, não existe.

A proposta de lei reza que "crianças e adolescentes 'têm o direito de serem educados e cuidados sem o uso de castigo corporal ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar, tratar, educar ou proteger'". 

Dito assim pode até soar bonito, mas enquanto o Estado tolhe as mãos dos pais, não oferece a ALTERNATIVA para coibir excessos e voluntarismos dos nossos filhos. Isso não quer dizer que concorde com tudo o que o Bolsonaro disse. Não acho que "a palmada é instrumento importante dos pais", é tão somente um expediente passível de ser usado conforme a circunstância, ou você está dentre os que acreditam poder educar os filhos discutindo filosofia com ele?

Pois é isso que o pessoal da tal Comissão quer que se faça! E já que são tão sábios e nós tão ignorantes, que tal nos dessem exemplos práticos de como tratar nossos filhos? Que tal nos explicassem, tim-tim por tim-tim como é que se faz? Garanto que isso dará um nó nos cérebros deles e vocês já sabem o cheiro que vai sair... Aprovada a tal lei, quando seu filho fizer uma "birrinha" no shopping liguem para a deputada Surita — nome de remédio ela tem, terá ela a solução?

Da forma como está, TUDO aquilo que pode ser usado para mostrar à criança e ao adolescente que passaram do limite é "castigo corporal ou de tratamento cruel ou degradante". Proibi-los de acessar à Internet, ir ao cinema ou festa é forma de humilhação e degradação. O fim a que se propõem (humilhações, degradações e mesmo palmadas) é que as justifica. Ninguém precisa acreditar no que eu digo, mas basta estudar um pouco de Filosofia que se aprenderá que a humilhação pedagógica é não só lícita como, em certas condições, a única forma possível de educar. Mas é a vocês pais que cabe o ônus da decisão. São vocês as pessoas que mais conhecem seus filhos, não um bando de deputados e deputadas que se julgam no direito de opinar sobre SUA FAMÍLIA, consubstanciados nalguma filosofia de almanaque.

Eu NÃO reconheço no Congresso qualquer competência para educar meus filhos se os tivesse; acredito que vocês também não. Muitas crianças e adolescentes — já protegidas pelo seu Estatuto — estão "melhor formadas, já são pessoas mais íntegras e honestas porque foi eliminada a relação do forte dominar o mais fraco", como reza o almanaque da deputada Kokay. Assim melhores, assaltam, matam e estupram impunemente; aviltam professores e enfrentam até mesmo a polícia armada. Reconheçamos, eles estão muito mais preparados para o crime.



N.B. Discorrer sobre texto de terceiros não é fácil, salientar, então, é bem mais difícil. Neste meu comentário introduzo uma nova forma de grifamento, utilizando o vermelho para indicar minha discordância e o azul para anuência. Espero que isto torne a compreensão do meu ponto de visto mais claro, ainda que prejudique um pouco a leitura.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Quem foi o mentiroso que disse que o governo Lula fez "opção pelos pobres" ?

Saiu no Financial Times de hoje, fresquinha, a notícia de que Lula gosta mesmo é dos ricos... Como se diz no anedotário da TV, "Nããooo! Só contaram pra vocês..."  Repasso o texto na íntegra porque o FT exige cadastro prévio, mas vocês são livres para conferir a matéria lá. Faço uma tradução rápida das partes grifadas.

2010 census shows Brazil’s inequalities remain

Brazil has a long way to go to become a more egalitarian society in spite of significant advances over the past decade, when millions of poor joined the ranks of the middle classes, the country’s 2010 census shows.

Among the most glaring inequalities, the figures found that 25 per cent of the population still lived on an average monthly income per capita of up to R$188 ($106) and half the population on up to R$375. This was compared to the minimum wage in 2010 of R$510.1

“The results of Census 2010 show that income inequality is still very strong in Brazil, despite the declining trend observed in recent years,” the government data bureau, the Brazilian Institute of Geography and Statistics – known as the IBGE – said.

Once notorious for its rich/poor divide, Brazil has made great strides over the past decade. The rise of a new middle class, which is attracting a flurry of international investment as multinationals from car companies to snackfood producers compete to grab a share of the market, was made possible by increases in the minimum wage, improved welfare benefits and stable economic management.

In particular, successive governments were able to put an end to runaway inflation, which eroded the value of the wages and savings of lower income earners while benefiting those rich enough to buy property or save in dollars.

According to a study by the Getúlio Vargas Foundation, an academic institution, an estimated 33m people have risen to the ranks of the so-called “new middle classes” or above since 2003. Today, 105.5m Brazilians out of a total population of 190m are members of this group, earning between R$1,200 and R$5,174 per household.

But the census indicates tens of millions of people have yet to catch up or have been left behind completely. Discrepancies between races are among the greatest. The average monthly income of whites was R$1,538 and Asians R$1,574, nearly double that of blacks and those of mixed race with R$834 and R$845 respectively, and more than twice as much as indigenous people with R$735.2

Whites were also living longer while blacks and those of mixed race accounted for a higher proportion of people below 40 years. “Whites have a higher proportion of elderly people – over 65 years and especially over 80 years of age – which is probably linked to differences in living conditions and access to healthcare, and unequal distribution of income,”3 the IBGE said.

The same pattern was represented in levels of illiteracy. Although the national rate of illiteracy among the population aged 15 years or older had fallen from 13.63 per cent in 2000 to 9.6 per cent in 2010, it was still as high as 28 per cent in some medium-sized municipalities in the poorer north-east.4

Illiteracy among blacks was at 14.4 per cent and among those of mixed race 13 per cent in 2010, nearly triple that of whites at 5.9 per cent.

Só os ignorantes acreditaram (dentre os quais um amigo meu) na bazófia lulo-petista do "opção pelos pobres". Lula, desde muito cedo, já tomara gosto pelas coisas boas da vida, aquelas que só muito dinheiro pode comprar; depois de assumir a Presidência então... Há quem pense que ele "escorregou" naquela famosa garrafa de Romanée-Conti, presente de Duda Mendonça pela sua eleição em 2002 e que custou uns 6 mil reais à época (hoje seriam uns 15 mil), o que o levou para o "lado negro". Nem uma coisa, nem outra: o gosto de Lula por coisas "finas" vem desde seu tempo de pelego de sindicato, além do que, ser rico (ou pobre) não é demérito para ninguém — tudo reside na forma de como se apropriar das coisas. Por exemplo, Lula se apropriou da adega do Alvorada...

O "bom" pelego é aquele que obtém o máximo dos patrões para si, enquanto acena promessas para os "companheiros" de infortúnio. Foi assim que Lula, muito cedo, trocou as salas sujas e quentes do sindicato pelos confortáveis e refrigerados salões da FIESP: foi lá que Lula fez sua opção pelos ricos.

Lula nunca foi burro, ele também sabia que o poder político — numa democracia — vem do voto do povão, daí a necessidade de acenar aos mais pobres com uns trocados. Collor, mais refinado, os chamou de "descamisados de pés descalços", mas não lhes deu nada. Lula rebatizou o Bolsa-Escola tucano, um programa assistencialista que cobrava a frequência escolar como contrapartida, pelo Bolsa-Família; assistencialismo puro e simples. Foi um sucesso!

Aliás, foi um sucesso bem maior que o programa que o PT criara — o Fome Zero — que hoje ninguém mais se lembra. Não, Lula preferiu entregar a grana diretamente para a patuleia. Eu vi gente comprando de cachaça a celular pré pago com o dinheiro; afinal, ninguém tinha nada a ver como a choldra gastava a grana do "Padim Lula", o novo santo nordestino. Lula disse uma vez que "era muito barato atender ao pobre"; estava certo. Barato mesmo foi comprar os votos e almas do brasileiro ignorante, e ele o fez com dinheiro público. Lula conseguiu fazer corar o mais empedernido coronel nordestino — pôs todos eles no bolso do colete do seu Armani.

O resultado é este aí acima, noticiado para o mundo pelo FT, que nada mais fez que traduzir para o Inglês aquilo que o IBGE apurou no último censo. Ao contrário da melhora prometida — a diminuição das desigualdades —, como acredita(va) e espera(va) aquele meu amigo, o resultado foi o seguinte:

  1. "Dentre as maiores desigualdades, os números mostraram que 25% da população brasileira ganha até R$188 per capita, e metade da população percebe até R$375; base no salário mínimo de R$510."
    Puxa!, não sabia que estava ruim assim. Quer dizer que ¾ da nossa população ganha menos que um mínimo/mês. Sei... aqueles 20 milhões de postos de trabalho (10 em cada mandato) eram só promessa de campanha... Eu já disse noutro artigo: no governo Médici, 35 milhões de brazucas saíram da miséria para o consumo (39'% da população!), um banho na presunção messiânica do lulo-petismo.
  2. "Outra grande desigualdade diz respeito a raças. Caucasianos (i.e. branco politicamente correto) percebem R$1.538/mês em média, asiáticos R$1.574 (?!), negros e pardos R$834 e R$845 respectivamente (aprox. metade), enquanto indígenas apenas R$735 (menos que metade)."
    Eu detesto comparações de raças, principalmente quando é para demonstrar vantagens ou desvantagens. A razão aqui é bem simples: o grau de qualificação dos menos favorecidos é, em geral, inferior. Quando a qualificação é igual o salário é igual, ao menos aqui é assim. Lamentavelmente, escolas públicas e gratuitas ou são de péssima qualidade (ensino fundamental) ou são inacessíveis aos menos favorecidos (ensino superior). Essas últimas aí estão cheias dos filhos dos potentados, enquanto a patuleia estuda à noite nas escolas "pagou-passou".
  3. "Existe um maior número de velhos brancos, acima dos 65 e até 80 anos de vida. Certamente vivem mais por desfrutar de melhor qualidade de vida e acesso à assistência médica diferenciada, pelas razões apontadas no item anterior."
    Bom, nem preciso comentar. Entretanto, é bom lembrar que o SUS melhorou muito na era Lula — ele disse que se trataria lá... Vá Lula, rezarei por ti.
  4. "Apesar do analfabetismo da população com mais de 15 anos ter caído de 13,63% em 2000 para 9,6% em 2010, na média, ainda apresentou índices altíssimos de 28% em algumas localidades do Nordeste mais pobre."
    Eu questiono esses números aí. Não culpo o IBGE — o senso é feito a partir de declarações, não se aplicam provas —, mas o nível de ensino atual é péssimo e pior disso que está aí, especialmente o fundamental. Os alunos estão todos diplomados mas não sabem sequer assinar o próprio nome, quanto mais ler e aprender. A tal da progressão automática é uma coisa criminosa., que o diga o último IDH.

Pois é gente:  o Brasil está lindo!  Agora durma com o barulho, porque o mentiroso é o próprio Lula.

    quinta-feira, 3 de novembro de 2011

    Moonwalking 1 - IDH na Era Lula

    Eu espero que vocês tenham aproveitado o feriado de ontem. Comigo, como acontece quase sempre, dia de feriado é dia de trabalho dobrado, boa parte dedicada à pesquisa de temas para este blog.
    N.B. a partir deste artigo deixarei de grafar em itálico certos termos como blog, site, link e outros, por julgar que os mesmos já foram incorporados ao idioma corrente.
    A pesquisa de temas ficou muito facilitada pelo uso da Internet — o material é farto e de fácil obtenção — entretanto, há muito mais trabalho envolvido como "fatiar" trechos de programas de rádio ou de vídeo e selecionar textos. Dá um certo trabalho, toma boa parte do meu tempo, mas o final é um artigo do qual se pode obter mais proveito. É bom deixar claro que não faço qualquer edição no material, isto é, nenhuma além de recortar a parte sobre a qual pretendo discorrer.

    Hoje eu quero lançar uma nova série de artigos sob o título Moonwalking. O nome foi tirado de moonwalk, o passo de dança celebrizado por Michael Jackson, aquele que dá a impressão de se andar para a frente quando, na realidade, se move para trás. Assim — e sob esse título —, eu pretendo desmascarar certos "movimentos à frente" que na realidade foram (ou estão se revelando) retrocessos. Para esta série não pretendo me ater a nenhuma ordem que seja: se andou para trás quando devia ir à frente, cai no Moonwalking. Hoje falaremos sobre a divulgação do último IDH e começamos com um trecho de áudio veiculado pela CBN.


    Uma rápida pesquisa no site do PNUD — Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, descobri alguns números interessantes:
    1. Em 2002, último ano do governo FHC, o Brasil ostentava a 73ª posição no ranking, com um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,757. Apesar de listado entre os "melhores" depois da mudança na metodologia de cálculo, ainda era muita distância para o 1º lugar — a Noruega. Até a mudança o Brasil ocupava o grupo dos IDHs medianos.
    2. Ao final do primeiro mandato de Lula, o Brasil aparece na 69ª posição no ranking do IDH 2006. É preciso explicar que, apesar da mudança de metodologia, posição é posição. Comparativamente a FHC, Lula melhorou (apenas) quatro posições, pouco para quem não teve crises e outros percalços, só vento a favor.
    3. Finalmente, findo os oito anos de governo "progressista", eis que o Brasil se mostra na 85ª posição, 12 posições abaixo do patamar de 2002 e 16 do de 2006!
    4. O IDH 2011, divulgado há pouco, põe o Brasil na 84ª posição, minúscula melhora em relação ao ano anterior. De nada adiantaram os bilhões gastos pelos programas assistencialistas do governo, nem a explosão do consumo alimentada pelo crédito fácil, nada: a montanha pariu um rato. Nesse "ganho" de um ponto, é mais fácil acreditar que alguém caiu do que acreditar que o Brasil subiu.
    A despeito de toda a popularidade de Lula e dos altos brados com que é ovacionado nos palanques, o IDH mostra bem o que foi produzido nesses mais de oito anos: um moonwalking — andamos para trás a despeito do imenso gasto de tempo, energia e recursos. Dói, não?

    Diz a reportagem que "a desigualdade entre ricos e pobres foi o fator preponderante para a queda, a despeito dos programas de redistribuição de renda". Mas isso só mostra que os tais "programas assistencialistas" desses governos só queimam recursos e rendem votos — não resolvem em nada a situação. Emprego e oportunidades de negócios (microempresas, financiamento para agronegócio, etc.) dariam as condições reais para o crescimento da renda e inserção dos mais pobres no economia formal. Nada foi feito nessa seara. Não existe crescimento fora do Capitalismo — só retórica.

    Fosse mesmo Progressista (uso pê maiúsculo e dispenso as aspas), estes governos criariam os 20 milhões de empregos (10 para cada mandato) — promessa de campanha —, desonerando a produção, cortando o custeio da máquina pública e incentivando a pesquisa e o desenvolvimento. A melhor das estimativas fala de uns 6 milhões nos oito anos — resultado pífio. Para o campo, sua única contribuição foi o MST, com invasões de terras produtivas, prédios públicos e privados, além da destruição de patrimônio alheio.

    E como puderam notar na reportagem da CBN, a Educação (ah! Haddad, seu passado, presente e futuro o condenam) foi um dos itens que mais nos puxou para baixo. Ironicamente, o que impediu nosso IDH de despencar para níveis africanos foi a teimosia do brasileiro que insiste em viver mais — teima em não morrer —, até porque há contas e mais contas a pagar. O brasileiro é teimoso (como um burro) e não desiste nunca!

    domingo, 30 de outubro de 2011

    O exame da OAB e minha pitada de mostarda

    Escuto essa conversa desde que cursei Direito há uns bons anos. Não, eu não me formei. Descobri na segunda metade do curso que advocacia não seria a minha praia. Certas profissões exigem algo além do mero conhecimento e advocacia é uma delas — faltou-me estômago. Medicina é outra. Passar seis anos numa faculdade — por melhor que seja — não faz do aluno um bom médico, menos ainda um especialista. Para piorar o quadro, em cada porta de garagem surge uma nova "faculdade". Sem medo de cometer uma injustiça, a imensa maioria delas, senão a sua totalidade, meras arapucas para tomar dinheiro de incautos.

    É bom que se diga que a OAB, que não exigia qualquer exame de proficiência, foi forçada a adotá-lo pela péssima qualidade dos formandos que obtinham o registro para advogar. Muitos não sabiam sequer escrever o Português, menos ainda redigir uma inicial. Juízes recusavam petições e recursos simplesmente por não conseguir entender o que estava escrito no papel. Pergunto: você gostaria de ser representado por um "advogado" desses? Creio que não. Assim, o Exame da Ordem surge como uma medida profilática e sanitária, nada mais.

    Pois bem, a OAB vem sendo bombardeada com ações em várias instâncias contra o tal exame. Uma, questionando sua constitucionalidade (ADI), foi julgada pelo Supremo. O exame foi considerado constitucional; fim das querelas. Mesmo assim — e como diz o título — Ich möchte für meinen Senf (quero por minha mostarda; dar meu pitaco).

    Na ADI movida pelo advogado Ulysses Vicente Tomasini, em nome do bacharel João Volante, sustentava-se que "o exame limita o exercício livre da profissão" e "a OAB não tem legitimidade para exigir uma prova de quem já se formou", isto é, para ele "a educação é que qualifica, não uma prova imposta pela organização de classe". Está assim na imprensa.

    Na minha imodesta opinião de leigo, uma tremenda bobagem! Primeiro, porque o exame não limita ninguém de trabalhar. Existem milhares de bacharéis trabalhando por aí, auferindo postos e rendimentos compatíveis com sua formação superior. Assim, logo de cara, a afirmação não se sustenta. O que a Ordem qualifica e outorga é a prerrogativa de um bacharel em Direito representar pessoas e seus interesses perante um juízo. Ponto.

    Vocês perceberam que a diferença nem mesmo é sutil; é bem clara! A instituição de ensino, devidamente licenciada e fiscalizada pelo MEC, qualifica o aluno como bacharel não como advogado. A ele é permitido auferir todas as benesses do posto, mas, para falar em nome de outra pessoa em juízo ele precisará provar que está à altura da responsabilidade.

    Ressalte-se, ainda, que à minha época prestávamos o exame com o conhecimento obtido na faculdade — não existiam esses "cursinhos" que pululam por aí — um claro sinal de que a qualidade dos formandos e/ou das escolas vem decaindo consistentemente, razão ainda maior para a manutenção do exame.

    Exames como este são comuns em vários países e as razões são quase sempre as mesmas. Eu entendo que profissões regulamentadas (se há regras há limitação, outra premissa que desautoriza o advogado do Sr. Volante), deveriam sempre ser submetidas a exame de proficiência pelos seus pares, principalmente aquelas cuja imperícia na prática possa causar dano a terceiros. Como bem disse o ministro Celso de Mello no seu voto pela manutençao do exame (grifos meus),
    "Não é, portanto, qualquer profissão que se expõe a possibilidade constitucional de intervenção regulativa do Estado, pelo contrário. Vê-se pois que profissões, empregos ou ofícios que não façam instaurar perigos à vida, à saúde, à propriedade ou à segurança de terceiros não têm necessidade de requisitos mínimos. Isso já é mostrado aqui desde a década de 10 e 20 do século passado assim como recentemente, em pleno terceiro milênio, quando votada a regulamentação da profissão de jornalista"
    Este "quase bacharel" acompanha o brilhante voto do relator.

    terça-feira, 13 de setembro de 2011

    A Beócia é aqui!

    Já falei noutro artigo sobre os beócios, denominação dos naturais da Beócia, etc. Os beócios eram tidos em baixíssima conta pelos atenienses que os qualificavam como "de espírito pouco cultivado, indiferentes à cultura; grosseiros, boçais" (Houaiss). A má fama desses povos atravessou os milênios e seu nome hoje serve para adjetivar, via de regra, os toscos, ignorantes, grosseiros e boçais.

    Tratar mal assim um povo, convenhamos, só podia ser mesmo coisa de atenienses, a zelite da Grécia na época. Eram de lá os sábios e os grandes filósofos; foi de lá que brotaram grandes ideias, como uma tal de Democracia. Na Grécia tinha também outro grande povo, os espartanos, cujo nome também atravessou os milênios para adjetivar as virtudes da austeridade, do rigor e do patriotismo (Houaiss). À sua moda, Esparta também tinha sua zelite, nada tão refinado como em Atenas, mas ainda assim, zelite. Diz a lenda que espartanos "não-conformes" eram atirados do penhasco ao mar. Rude, mas eficaz.

    Berço da cultura, sabedoria, da austeridade, do rigor e do patriotismo, a Grécia podia nos poupar dos beócios. Mas não, o pacote veio completo. Está por conta do destinatário separar o joio do trigo. Assim, em alguns lugares, a maioria dos cidadãos são honestos, procuram se aprimorar pelo estudo e pela boa prática, são austeros com seus recursos e ainda mais austeros com os recursos alheios, usados com parcimônia e rigor para obtenção do bem comum. Exemplos simples, patrióticos, de como deve ser uma Nação.

    E a Democracia? outro presente grego. A Democracia tem um defeito. Para dar certo, ela precisa que a grande maioria de uma sociedade seja de homens de bem, que cultivem bons valores como a educação, a cultura, as ciências. Que sejam gente honesta e proba, legião de trabalhadores. Temos esse "material" aqui, falta-nos a quantidade. Não é suficiente que sejam uma coisa ou outra — é preciso ser tudo.


    Não é de se admirar que nosso País esteja vivendo tamanha crise de valores tal é a quantidade de escândalos, de malfeitos e malfeitores. Não é possível existir uma "Democracia de Boçais", ao menos não uma que funcione e viceje. Ou mudamos a qualidade do povo ou continuaremos República da Beócia.