Faço minhas estas palavras (e ainda emendo outras tantas)

Estive ausente. Minha mulher teve alta do hospital ontem à tardinha e ainda estamos nos re-adaptando à casa devagar. A cirurgia foi um sucesso — gratias ago Deo — e hoje retomo às atividades de hábito com alguma moderação.

Relendo minha correspondência e as últimas notícias, deparo com um post do Dr. Adolfo Sachsida, economista radicado em Brasília, que transcrevo abaixo.

Uma Pequena Homenagem aos Meus Amigos do MBL

Verdadeiros guerreiros! Um grupo liderado pelo Movimento Brasil Livre esta acampado em frente ao Congresso Nacional em Brasília (em frente ao espelho d'água). Protestam pedindo o impeachment da presidente Dilma.

Este post é um pequeno agradecimento ao enorme esforço de vocês. São pessoas de todas as partes do Brasil, que passam o dia em pequenas tendas pedindo o impeachment. Não há conforto algum. Pra complicar está chovendo aqui em Brasília. Eles seguem firmes lá. De dia o calor é insuportável, e eles continuam lá.

Sim, eu conheço as críticas que foram feitas a eles. Conheço o pensamento do professor Olavo de Carvalho. Mas aqui faço um pedido ao professor e a seus seguidores: reconheçamos ao menos a bravura e a abnegação dessas pessoas. Seu espírito de luta, coragem, e fibra é de fazer vergonha a diversos generais do exército brasileiro. Enquanto uns murmuram e não saem do facebook, esses bravos enfrentam desafios gigantes em prol de um Brasil mais livre.

Eles ao menos estão tentando algo, ao menos demonstraram bravura, ao menos deram o exemplo e se posicionaram a frente da batalha. Esse post é um pequeno agradecimento ao sacrifício dessas nobres pessoas que se sacrificam em prol da liberdade. Muito obrigado!!!

Peço que aqueles que leiam esse post demonstrem algum agradecimento aos nobres guerreiros, vão visita-los, passem e buzinem, mas, por favor, mostrem que vocês apoiam a causa. Faça um mínimo por quem está fazendo tanto por nosso país. Reserve uma hora desse final de semana e visite o acampamento pró-impeachment.

Meu pitaco:

Como está no título, faço minhas as palavras do Adolfo. E mais! Quero adicionar mais algumas de minha própria lavra e citar exemplos. Começo com uma célebre "filosofia de boteco" — e não é por ser "de boteco" que não é filosofia — que diz: "Você que está chegando agora, criticando o que está feito, deveria estar aqui na hora de fazer."

A frase acima é uma síntese de uma das célebre lições de Abraham Lincoln:

“Para você que está chegando agora, criticando o que está feito, deveria estar aqui na hora de fazer. Não sejas um especialista em usar a crítica ao que está feito como pretexto para nada fazer. Assina, aquele que fez, quando no momento de fazer, não sabia-se como.”

Esse pessoal do MBL (e não apenas eles) vêm sendo criticados por terem escolhido o caminho institucional, a via pragmática para alcançar seus (nossos) objetivos: o impeachment da Dilma, o processo dos corruptos e corruptores do sistema, a reforma do arcabouço jurídico-institucional, o retorno à moralidade no trato da coisa pública etc. A lista é longa e aumenta a cada dia. Eu acho a linha de ação deles tão válida como qualquer outra. O que não se justifica é a crítica vinda de gente que, supostamente, se encontra na mesma trincheira. NADA É MAIS ESTÚPIDO QUE FOGO AMIGO. Simplesmente, essa coisa de "fogo amigo" não existe: ou é fogo ou é amigo.

Li no Twitter, há algum tempo, o seguinte diálogo [de um seguidor do Olavo de Carvalho], seguido de um comentário:

— O preço do Chequer [Rogério Chequer, do Vem Pra Rua] Renan e do Kim [Renan Haas e Kim Kataguiri, do MBL] não é alto. Mas se venderam por insistir em querer virar as costas para o Olavo. O professor alertou!

— Tapinhas nas costas seduzem mais que puxões de orelhas. Não perdi a fé. Na idade deles @OdeCarvalho era comunista. ;)

Achei a referência ao "preço do" Rogério Chequer, Renan Haas e Kim Kataguiri no mínimo odiosa. Aliás, não é a primeira (nem será a última) desse "seguidor". Não faz tanto tempo ele publicou comentários lastimáveis sobre outro integrante do MBL que teceu comentários sobre o Olavo. Pelo fato de ser gay, foi agredido com termos baixos e chulos que salientavam, pejorativamente, o fato de ser gay. Certas pessoas confundem "seguir" com "idolatrar"…

E o pior, o dito pelo "seguidor" não reflete o pensamento de Olavo de Carvalho, bem o contrário. Termos como "se venderam" são CRETINOS, e "virar as costas" reflete, no mínimo, pouco conhecimento (ou nenhum entendimento) das lições do Olavo, razão mais que provável da resposta jocosa e em tom de pilhéria dada ao tweet.

De fato, Olavo de Carvalho foi militante do Partidão (e ele nunca escondeu isso de ninguém) até seus 30 anos de idade, ou algo assim. Já esses "moleques" do MBL, Vem Pra Rua, Revoltados Online, Movimento Brasil (do Pixuleko), Acorda Brasil, e tantos outros, PERCEBERAM precocemente que Socialismo, Comunismo e Bolivarianismo só levarão o Brasil para o mesmo buraco onde estão Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, China, Vietnã, Camboja, Angola…

De volta ao tema, pessoas diferentes seguem caminhos diferentes. O caminho escolhido pelos líderes dos movimentos sociais é de longe o mais árduo. Fica bem distante das nossas poltronas e teclados de computador, dos tweets nos tablets e smartphones. E não!, nós não precisamos concordar com eles — e nem eles nos exigem isto —, mas podemos (e devemos!) DEMONSTRAR UM MÍNIMO DE RESPEITO. Afinal, eles estão fazendo todo este esforço (também) em nosso benefício. E se você está entre os que acreditam que eles apenas estão "SE ARRUMANDO", você merece o País que tem!

Por fim, tomo por empréstimo as sábias palavras de um amigo francês da Alsácia quando lhe perguntei sobre o que ele achava da eleição para a Presidência da França, aquela entre M. Sarkozy, M. Hollande e Mlle. Le Pen, ao que ele me respondeu: "Eu estou muito distante da França para opinar." Touché! (ou será preciso desenhar?)