terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Aqui, o exemplo baixo vem de cima

Aconteceu nos bastidores do programa "Roda Viva" da TV Cultura (grifos meus):

Minutos antes do começo da gravação do Roda Viva no Palácio do Planalto, o jornalista Paulo Markun aproximou-se do presidente Lula para combinar um derradeiro detalhe. Em meio às palavras de encerramento, o âncora diria que estava entregando a Lula uma trilogia com as melhores entrevistas ocorridas desde a estreia do programa da TV Cultura, 18 anos atrás.

Com expressão curiosa, Lula apanhou os livros. Antes que se sentisse logrado, Markun informou que só o primeiro volume fora concluído. Os outros, ainda em preparação, paravam na capa. As páginas estavam em branco. Lula devolveu o que estava pronto e folheou os desprovidos de palavras. Isso é que é livro bom, comentou. A gente nem precisa ler. O entrevistado parecia feliz. Os entrevistadores exibiam sorrisos constrangidos.

Ninguém no estúdio improvisado aparentou surpresa. Todos conheciam a aversão de Lula à leitura — qualquer tipo de leitura. Ler é pior que fazer exercício em esteira, confessou há tempos o presidente de um país atulhado de analfabetos, com um sistema educacional em frangalhos, incapaz de absorver multidões de crianças traídas.


Eu me lembro muito bem do fato. Nem vou dizer que fiquei envergonhado porque Lula já não me surpreende mais há muito tempo, mas àquela época ele era o queridinho da mídia internacional. Constrangidos devem ter ficado o Le Monde e o El Pais por considerá-lo "O Homem do Ano" em 2009; eles e um montão de universidades que lhe concederam títulos de Doutor Honoris Causa. Que honra há em Lula que justifique qualquer título?

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