segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Moonwalking 3, ou "Brasil, seu futuro o condena"

Há muito perdi a fé, já não tenho esperanças. A juventude dessepaiz é fruto de uma geração de pessoas descompromissadas com a sociedade. Eu sei disso porque faço parte dessa geração, aquela que viveu 22 anos sob o regime militar e mais de meio século de inflação desenfreada. Uma nos alijou da vida política, a outra se encarregou de nos transformar no arquétipo do brasileiro, o do "cada um por si", o do "gosto de levar vantagem em tudo, certo?", também conhecida como a "Lei do Gérson" — cuja propaganda que a "consagrou" o protagonista se lamenta até hoje. O brasileiro é um povo sem alma e a situação atual conspira para piorar o quadro.

Uma matéria do Diário do Comércio ilustra como La Nave va... Acho que se acaba como o Costa Concordia, ou mesmo pior. Como de hábito, grifos meus.

Consumidor brasileiro gasta menos com educação

O consumidor diminuiu seus gastos com educação e leitura na última década, o que levará à perda de peso do grupo Educação, Leitura e Recreação, de 8,74% para 7,37%, no cálculo dos indicadores da família dos Índices de Preços ao Consumidor (IPCs). A atualização de ponderação entrará em vigor em fevereiro, e leva em conta o novo perfil do consumidor brasileiro apurado pelo IBGE em sua Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008 -2009.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), com a atualização de pesos, a participação do sub-grupo educação, dentro de Educação, Leitura e Recreação, cairá de 5,7% para 3,8% a partir do mês que vem. No caso do sub-grupo leitura, o peso diminuirá de 0,4% para 0,3%.

Em contrapartida, o brasileiro tem usado mais de seu orçamento familiar em atividades recreativas. O sub-grupo Recreação aumentará seu peso de 2,5% para 3,1%, a partir de fevereiro, dentro de Educação, Leitura e Recreação.

Veículos

O interesse crescente do consumidor na compra de veículos automotores puxou para cima o peso do grupo Transportes no cálculo da inflação varejista, que subirá de 11,72% para 19,15% dentro dos IPCs, a partir de fevereiro.

Somente o peso de veículos automotores subirá de 0,61% para 6,7% dentro do grupo Transportes. Para a FGV, isso é explicado pela forte expansão de crédito na última década, bem como o aumento da renda das famílias no período.

Por influência do maior gasto do consumidor com veículos, subirá de 0,51% para 1,22% e de 1,12% para 1,98% o peso dos itens "serviços de oficina"; e de "outros gastos com veículos", respectivamente, dentro do grupo Transportes.

À imagem do fracasso
Muita gente vê o quadro acima como sinal de progresso. Eu não. Onde há educação, pessoas estão abandonando o transporte pessoal pelo transporte público, exigem melhoria dos transportes de massa e nem por isso deixam de se divertir. Já aqui, não. O brasileiro se julga o máximo ao comprar um carro, apesar de culpar céus e infernos ao se ver entalado(a) no trânsito caótico que sua própria individualidade ajudou a criar.

Nós — brasileiros — temos a vocação para ser parte do problema, fechamos os olhos para a solução, quando há muito mais pedras em nosso caminho que aquelas no do Costa Concordia, o navio onde vários patrícios se divertiam em atividades recreativas.


N.B. A todos os passageiros e tripulantes do Costa Concordia, acidentado no litoral da Itália, minhas simpatias e respeitos. Não houve outra intenção ao associar seu sinistro com meu comentário à matéria jornalística.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Todos os comentários são bem-vindos — inclusive anônimos —, sejam para criticar, corrigir, aplaudir etc. Peço apenas que sejam polidos, pertinentes à postagem e que não contenham agressões ou ofensas.