sexta-feira, 23 de março de 2012

Contrariando a contradição

Um blog que eu costumava frequentar e que, invariavelmente, me presenteava com grandes análises políticas, agora mostra-se tomado (ou seria cooptado?) por "progressistas", razão pela qual minhas passagens por lá acontecem quase que por acidente.

Numa dessas efemérides, encontrei mais uma pérola sobre a derrocada do Capitalismo, talvez uma daquelas que não se deveria atirar aos porcos, como nos foi ensinado no Sermão da Montanha. Segue o texto publicado aqui, grifos meus.

O grande desemprego e a contradição do capitalismo

Welinton Naveira e Silva
O desemprego que segue rapidamente aumentando em todo o mundo é fruto de uma das muitas contradições do sistema capitalista. Das contradições, essa é a mais séria, mortal e insolúvel. Está empurrando o sistema capitalista para a bancarrota final.
É simples perceber que o desemprego na sociedade tecnológica avançada tende a ser cada dia maior, por conta dos mais variados recursos visando substituir o trabalho humano, em todas as áreas da produção de riquezas, aceleradamente excluindo a mão de obra braçal e intelectual, sem exceção alguma, em desenfreada busca de maior agilidade produtiva, sofisticados e complexos produtos, em quantidades e qualidades jamais pensadas.
As vantagens da substituição do trabalhador por máquinas são inúmeras, incontáveis e indiscutíveis, além da obtenção de produtos com alto grau de padronização, confiabilidades e de baixos custos, qualidades essas, extremamente importantes para não perder o poder de concorrência, cada vez mais feroz, em todo o mundo. Assim sendo, cedo ou tarde, o trabalhador acaba indo para o olho da rua. Fica desempregado e perde o poder de consumo.
Por outro lado, as consequências do desemprego no sistema capitalista são devastadoras. Pois que este sistema possui dois pólos. Um deles, na condição de pólo produtor (indústria, serviços e comércio) e o outro, na condição de pólo consumidor, constituído de milhares de trabalhadores comprando e consumindo tudo que é produzido pelo pólo produtor. Para viabilizar o sistema, surge o dinheiro girando entre esses pólos, conferindo grande liquidez ao sistema.
A existência de um dos pólos está condicionada a existência do outro. Se extinguir um dos pólos, o outro desaba, implodindo o sistema capitalista. Assim, como o pólo consumidor vai sendo aceleradamente reduzido em todo o mundo, decorrente do desemprego tecnológico, o sistema capitalista está com data marcada para falir. A grande pergunta é quando isso vai acontecer, bem como as imediatas consequências logo após a falência súbita e global do sistema. Poderá precipitar uma guerra nuclear? Ninguém sabe, só Deus.
Se o lado racional do homem prevalecer, será então possível iniciar a construção de um mundo mais justo, fraterno, seguro e mais limpo, para toda a humanidade. As mais sofisticadas tecnologias já estão prontas para a solução de praticamente todos os males que ainda afligem o homem. Quem está em estado terminal é o sistema capitalista, não a humanidade. Muito menos a tecnologia. Que Deus nos ilumine.

Raras vezes pude presenciar tamanha quantidade de sandices, mas não me espanta que a pessoa que as gestou não tenha pudores de as expor publicamente, afinal, está aí o lulo-petismo a fazer misérias por quase uma década.

É interessante notar as inúmeras vezes em que o autor se contradisse no texto, especialmente quando ele tenta explicar o "fracasso" do Capitalismo com o sucesso do Capitalismo. São as tais pérolas...

O mercado hoje é francamente empregador, salvo nos casos do candidato à vaga não possuir qualquer expertise. Diga-se, a título de galhofa, faltam até peões de curral para as fazendas, o que não se dirá de engenheiros, técnicos e que tais. Algo está errado na equação socio-econômica publicada no texto. Senão, vejamos, a mecanização aumentou em muito a produtividade na indústria e no campo, o que permitiu bens duráveis e alimentos mais baratos, gerando consumo e emprego. A utilização de máquinas e robôs certamente eliminou postos de trabalho — nunca o emprego — mas o fez entre aqueles que, via de regra, exigem pouca ou nenhuma acuidade mental e/ou são altamente insalubres. O know-how e o intelecto continuam a ser mercadoria valiosa. Assim, não há vantagem em se substituir trabalhadores se suas tarefas envolvem o pensar e não apenas o fazer — tiro no pé é pouco capitalista.

Fatores de produção (e não "pólos" (sic), como no texto) são os building blocks da Economia e, por que não, do Capitalismo. Este é um sistema simples, auto-regulável e que se mostra eficaz há séculos. Mas como nada é perfeito, ele tem detratores. Marx, possivelmente o maior deles, surgiu com os devaneios do socialismo, a solução para todos os males. Sabemos todos onde foram dar os devaneios de Marx, tanto que seus apologistas "abraçam" a economia de mercado com a ânsia dos afogados. Está aí, se existe um perigo para o Capitalismo, ele está nesse "abraço-dos-afogados".

A "economia marxista", se é que tal coisa existe, de tão eficaz produziu umas das maiores pobrezas do mundo. Cuba e Coreia do Norte são exemplos do marxismo dogmático, a Venezuela corre atrás do modelo, ao menos enquanto o timoneiro for Chávez. China e Vietnã querem economia de mercado com estado forte, isto é, fascismo; enquanto alguns países europeus, que brincaram com o distributivismo estatal, estão às turras com rombos orçamentários — única coisa em que os comunistas são experts em produzir —, além da corrupção, é claro. O socialismo já passou do estado terminal, é de cujus.

Pegando o gancho do final do texto em crítica, "se o lado racional prevalecer", jogaremos esta corja fora, limparemos sua sujeira e continuaremos a construir nosso presente e futuro sob os mesmos paradigmas de séculos de capitalismo, com dignidade para todos, sob o império da Lei, da Ordem, e porque também não, sob Deus.

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