A coluna de hoje do Cláudio Humberto, em geral bastante responsável, destaca (grifos meus):
Na TAM, Rio-Ilhéus custa o mesmo que Rio-Paris
A falta de critério na exploração dos clientes atinge níveis absurdos na aviação civil. Quem mora no Rio e quiser passar o feriadão do Dia do Trabalho em Ilhéus (BA), a 1.002km de distância, terá de pagar à TAM R$ 3.732,52 por passagem ida e volta, mas só se quiser retornar às 9h45. Para voltar às 16h58, o preço sobe a R$ 4.486,52. No mesmo período, paga-se um pouco menos pela passagem Rio-Paris, ida e volta (R$ 3.727,50), ou menos da metade (R$ 1.714,47) Brasília-Miami.
Será também mais barato! |
Não há outra leitura possível — “a TAM é uma exploradora do pobre povo brasileiro!” — o que não é verdade. E, acredite, não ganho um tostão da TAM para defendê-la, meu desejo é apenas alertar para o que está por trás do descalabro: falsas profecias. Afinal, ir do Rio a Ilhéus e voltar — um trecho de umas duas horas e meia — não pode custar mais que as onze horas da rota alternativa. Não mesmo!
Mesmo assim, acredite, nem a TAM, nem qualquer outra companhia do gênero, pratica tais preços por exploração. A palavra usada é forte, inapropriada e leviana. Não é a empresa que nos explora, é o País. Como bem disse uma vez o grande economista Roberto Campos, "o governo é o gigolô oficial de todos nós", TAM no meio. Nem me dei ao trabalho de pesquisar, mas vamos considerar alguns itens:
- O preço da passagem Brasil-França — por imposição do Brasil — é maior que qualquer França-outro_país de igual distância ou mesmo distância maior. Com a palavra, a ANAC.
- O Brasil tem um dos combustíveis de aviação mais caros do mundo. Indo a Paris, chances há de o combustível da volta ser bem mais em conta. ANP e Petrobrás que te expliquem.
- O custo de parking (valor cobrado da aeronave pelo uso do pátio — a Faixa Azul dos Boeings e Airbuses) também é dos mais obscenos aqui e certamente maior que o de lá. Mais um desconto por conta da Infraero.
- E já que falei no Demônio (aqui tudo é Infraero), ou seja, taxas aeroportuárias fixas, não importa se você vai pousar e decolar para pegar um brazuca ou dois ou duzentos. No outro caso, via de regra, vai gente até no maleiro — economia de escala, maximização dos custos.
- Por fim e para não me alongar, dizer que não é lícito comparar uma viagem internacional com uma nacional, procure saber o preço das viagens domésticas nos EUA. Lá se vai de costa a costa, distância maior que a do Rio-Paris, por muito menos que se vai de ônibus de BH a Guarapari.
Resumindo, o problema é tão nosso quanto nosso é o umbigo. Se vamos limpá-lo ou escondê-lo é que é a questão. À coluna do CH meus agradecimentos: já sei onde vou passar meu próximo feriadão. Ha! Ha! Ha!
E independente do destino, tenham todos uma boa viagem! Au 'voir!
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