Em se tratando de "negócios" engendrados pela "competente" diplomacia brasileira — refiro-me àquela pós FHC, ora capitaneada pelo megalonanico Amorim, ora pelo submisso Patriota, porém sempre sob orientação do aspone Marco Aurélio "Top-Top" Garcia — até então o Itamaraty era reverenciado como o non plus ultra das chancelarias top do mundo, assunto para outro post.
Excetuando-se vidraças quebradas em Brasília, nossa Aeronáutica, assim como o Exército e a Marinha, pouco têm a oferecer ao País. Num eventual conflito com quaisquer de nossos vizinhos, excetuando-se talvez o Paraguai, perderíamos fragorosamente. A razão é uma só: nossas Forças Armadas inexistem de fato. Para um país de dimensões continentais, uma imensa costa oceânica e uma das maiores fronteiras secas do mundo, nosso plano imediato se resume a adquirir 16 caças supersônicos, até um máximo de 36. Tal frota é insuficiente para defender o Estado de São Paulo (para citar um), quanto mais o incipiente e distante pré-sal.
Aliás, a título de ilustração, cogitou-se uma incursão militar na Bolívia por época da expropriação de refinarias e campos de petróleo e gás da Petrobrás naquele país. Pois bem, passado o momento ufanístico, chegou-se à conclusão de que nossas tropas não teriam como se movimentar até o "país agressor" e que nossos aviões de combate não teriam autonomia sequer para ir até a metade do caminho. Resultado: sentamos em nosso orgulho e entregamos a refinaria e poços aos cocaleiros de Evo.
Feito o preâmbulo, repasso matéria da mídia escrita sobre a nova proposta dos EUA para contemplar o Projeto FX-2 e volto depois para arrematar. Grifos meus.
Boeing propõe ampliar projeto para vender caças
Empresa fala em 'potencial adicional' na transferência de tecnologia se o Brasil optar pela compra dos F-18 americanos
Boeing F/A-18E Super Hornet e armamento
O pacote de transferência de tecnologia dos caças F-18 Super Hornet ao Brasil poderá ser "ampliado" à medida que sejam aprofundadas a cooperação e a confiança entre os governos dos Estados Unidos e do Brasil e entre as companhias dos dois lados envolvidas no projeto.
Segundo o vice-presidente do Programa Boeing F/A-18, Mike Gibbons, o mesmo tratamento foi dado pela companhia aos seus atuais clientes desse segmento de defesa. "O Brasil e os EUA precisam um do outro. Os EUA precisam do Brasil para estar seguros. Por isso, se o Brasil comprar os F-18 Super Hornet e se tornar um aliado dos EUA, a parceria e a confiança mútuas vão se expandir e a transferência tecnológica será estendida para um potencial adicional", disse Gibbons ao Estado. "A transferência tecnológica para os nossos atuais clientes está em contínua ampliação, à medida que aumentam a parceria e a confiança dos dois lados", afirmou.
Desde o ano passado, a Boeing tem demonstrado forte interesse em ampliar negócios com o Brasil. Abriu escritório em São Paulo, enviou como representante a ex-embaixadora americana em Brasília Donna Hrinak e, recentemente, fechou acordos com a Embraer para o aperfeiçoamento do A-29 Super Tucano e para apoio nas vendas do cargueiro KC-390 aos EUA e a outros países.
A Boeing também fechou parceria com a AEL, subsidiária no Brasil da israelense Elbit Systems, para fornecer novas telas do painel de controle para os seus caças - inclusive os eventuais F-18 que venham a ser entregues ao Brasil. A companhia americana faz dessas parcerias exemplos da cooperação que pretende manter, seja como fornecedoras de peças ou parceiras na concepção de futuros aviões.
"O Brasil tem a opção de construir o seu próprio caça. Mas oferecemos uma melhor oportunidade para suas empresas que vierem a construir componentes, já em fase de desenho, para os novos Super Hornet e outros projetos futuros da Boeing", afirmou Gibbons. "Esse é um trabalho de alta qualidade e mais durável. Os americanos querem ainda oferecer melhor valor agregado para o desenvolvimento de novas aeronaves."
'Irrestrito'. A rigor, a promessa de transferência tecnológica americana não traz o adjetivo "irrestrito", presente na oferta da concorrente francesa Dassault com seus caças Rafale. A qualificação pesou na disposição do então presidente Luis Inácio Lula da Silva de dar preferência à França em 2009.
O compromisso americano está escudado sobretudo na palavra do presidente dos EUA, Barack Obama, que concorre à reeleição em novembro. Em visita ao Brasil, em abril passado, o secretário da Defesa, Leon Panetta, garantiu a ampla transferência tecnológica, inclusive nas áreas sensíveis, se o governo Dilma Rousseff optar pelos Super Hornet - mas a palavra final pertence ao Senado americano.
Na opinião de Gibbons, o Senado não teria como recuar. A Boeing, ressaltou ele, estaria preparada para iniciar a produção assim que fosse fechado o pacote de produção industrial. "Estamos prontos este ano, se for preciso", afirmou Gibbons, sem deixar transparecer o desapontamento da Boeing com o novo adiamento - desta vez para o fim do ano - da decisão de Brasília sobre todo o projeto. A expectativa era de anúncio do vencedor em junho.
No mês passado, o ex-chanceler Celso Amorim extraiu dos três concorrentes do FX2 - além da Boeing e da Dassault, a sueca Saab - a promessa de congelar suas ofertas de venda até 31 de dezembro. O anúncio deve ser feito antes dessa data.
Só mesmo indigentes mentais acreditam que 'irrestrito', em acordos de transferência de tecnologia sensível, significa mesmo sem restrições. Assim posto, não se espere transferência de muita coisa. Os EUA não fizeram tal libertinagem nem com seus maiores parceiros militares, como o Reino Unido e Israel, então não farão conosco.
Nos EUA o burro simboliza o Partido Democrata (Obama); no Brasil, Lula ou Dilma, tanto faz. |
O caça sueco — ao que se diz — seria totalmente produzido aqui. Muito bem, há neste caso real possibilidade de transferência total da tecnologia não fosse o senão de que todos os sistemas do Gripen-NG serem fornecidos por outros países tais como EUA, França, Reino Unido e que tais. Ora, então o 'irrestrito' deles e para pouco mais que nada, valendo portanto nada!
De volta à mesa de negociação, o Brasil deveria negociar bem mais do que meros 36 caças com os EUA. Deveria mesmo iniciar uma extensa cooperação militar com aquele país que envolva parcerias para o aparelhamento e modernização de nossas Forças Armadas, a criação de uma mais que necessária Guarda Costeira, desenvolvimento de um programa de monitoramento territorial por satélites e o que mais puder. São dois grandes países que muito têm a ganhar se resolverem apenas cooperar.
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