quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Bebês chorões


Acabo de ler no feed do blog do jornalista Políbio Braga um artigo curto mas interessante. Nele, o jornalista informa as preocupações do setor calçadista com a cotação do Dólar…
Este "Quem não chora não mama" , já que estamos em ritmo de Carnaval, é meu velho conhecido e bem mais velho que eu — é bom deixar claro. Reproduzo a íntegra abaixo. Grifos meus, links abaixo.
Queda de 22,75% na cotação do dólar volta a inviabilizar exportação de calçados
Preocupação dos setores exportadores de calçados, segundo informe desta manhã ao editor, é a queda dólar:
Um ano atrás: R$ 4,00
Hoje: R$ 3,09
( - ) 22,75 %
O dólar calibrado para exportação não pode cair de R$ 3,40
 
Meu Pitaco:
Por que não?! Calçado não é commodity , isto é, não tem seu preço fixado por uma bolsa de mercadorias como é o caso do café; de grãos como soja, milho e trigo; do petróleo, do gás, do cobre etc. O produtor de calçados pode fixar o preço que o satisfaz em Reais e o comprador que compre/pague — se assim o quiser — pelo equivalente em Dólar. É tão simples...
O problema com o setor calçadista — e não apenas ele — é a China e não o Dólar. A China pratica dumping descaradamente mas ninguém quer brigar com a China — exceto o Trump, talvez — e aí inventam deviacionismos compensatórios. No caso descrito acima: o Dólar. Os mais novos nem sabem disso, mas eu já vi nossa moeda nacional ser equiparada ao Dólar umas cinco vezes (link abaixo). No final das contas, todas, inclusive o Real, foram jogadas no lixo para atender a conveniências particulares de setores da Economia, ou do próprio Governo como confisco indireto.
Voltando à pauta, em vez de denunciar a China pela má prática comercial, calçadistas querem que o restante do país pague seu risco de negócio — sua eventual má sorte, infortúnio ou incompetência —, inflacionando o país pela alta da moeda comercial de referência.
Aliás é bem ao contrário. Havendo queda do Dólar em relação ao Real como agora, associações de industriais (para citar um grupo) são expeditos em exigir do Governo barreiras tarifárias, não tarifárias e até sanitárias como forma de bloquear importações, isto é, na hora de beneficiar o consumidor com preços mais baixos, proíbe-se. Na hora de penalizá-lo, nihil obstat.
Conclusão: Este é um processo que usa via de mão única. Não está implícito que, na eventualidade de se obter bons negócios eles venham a compensar a sociedade pela boa fortuna. Aqui, neste país, o lucro é sempre PRIVADO, enquanto o prejuízo é socializável sempre que possível. Bestial, ó pá!
O mimimi
Desculpe-me se não me faço entender, mas nunca engoli esse mimimi de exportadores e importadores. Cada um no seu quintal, estão sempre a puxar a brasa para sua sardinha — a cotação do dólar para sua melhor conveniência. Vivendo em um país continental como o Brasil, com centenas de milhões de consumidores, mendigar mercados externos beira ao surrealismo. Tudo bem, pode-se argumentar que são consumidores pobres em sua maioria, consumidores de baixíssimo poder aquisitivo, e assim sendo, formadores de um mercado pouco atrativo. Bullshit! Balela! Cascata! Embromação!
Querem um exemplo? Celulares! Qualquer esmoler tem um ou até mais de um. Se um esmoler pode ter um celular — produto caro, de alta tecnologia embarcada — pode ter um sapato! Existe mercado, mas existe também a macunaímica preguiça dos produtores e comerciantes. Preferem gastar milhões fazendo lobby nos governos e bancos estatais a gastar as solas dos sapatos — olha o mercado aí, calçadistas! — desenvolvendo seu modelo de negócio e seu mercado.
Reajuste o preço dos seus produtos para acomodá-los no mercado interno e venda seus excedentes de produção! Não penalize a população e a economia do país pelos riscos de seu negócio. Mantenha os ciclos econômico e financeiro próximos; não terceirize aquilo que você já tem próximo de si. O que está próximo é mais facilmente recuperável do que aquilo que está distante, mais ainda quando o "distante" é na China.
Por fim, gostaria de sugerir a leitura de um artigo do Kanitz que cai como uma luva nisto que estou falando. Parece que só eu e o Kanitz, não necessariamente nesta ordem, estamos vendo o óbvio. Quero dizer, nós e o Trump, mas este a Globo já diz ser o anticristo. Juízo, juízo senhores…
 
Links:
 
Dicas de leitura:

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