Aqui estou eu, num Sábado de Carnaval, sem nada melhor para fazer que tomar whisky com água carbonatada à sombra do meu pé de maracujá e à espera da chuva prometida que teima em não vir. Adoro Carnaval com chuva. Nada melhor para acabar um furdunço que água em cântaros. Além de baixar a temperatura infernal, instaura a paz dos justos, uma grandeza.
Mas como não consigo começar meu dia sem ler algo — "Democracy in America" de Tocqueville está escalado para o interregno momesco —, cá estou diante da tela do computador a passar os olhos por uma miríade de assuntos. Um, em particular, captou minha atenção e eu o repasso a vocês (grifos meus):
Let’s Make Brazil Great Again. Uma Das Propostas.
Stephen Kanitz
Nossos intelectuais são contra Trump por puro egoísmo.
Querem que o Estado Brasileiro, a Fapesp e a Capes financiem suas pesquisas e estudos, e quando se formarem querem emigrar e “servir” aos Estados Unidos e não ao povo brasileiro.
É a famosa “evasão de cérebros” onde você contribuinte brasileiro é o trouxa.
Vamos ajudar o Trump reduzindo a imigração de nossos cérebros, e recuperarmos impostos ao mesmo tempo.
Vamos criar uma lei em que todo cérebro brasileiro que abandona o Brasil em busca de “reconhecimento pessoal” e financeiro, devolva tudo que nós investimos na educação dos cérebros deles.
Nossos intelectuais, todos de esquerda, vendem a mentira que “ensino é investimento” .
E nós trouxas investimos neles “porque o retorno de investimento será enorme”, mas pelo jeito não para nós.
No caso dessa “evasão de cérebros” o retorno será exclusivamente americano.
Pior na tabela, 17, 71% confessam que fugiram porque procuravam “reconhecimento pessoal”. Egoísmo portanto.
Quem me segue aqui já percebeu que de tempos em tempos eu deixo transparecer uma mágoa, falha minha desculpem, que “boa parte do meu trabalho nunca foi reconhecido”.
Mas não é por isso que eu abandonei o Brasil.
Até sei que não fui “reconhecido” por culpa minha, porque eu não puxei o saco de políticos do PSDB, da Miriam Leitão e jornalistas como os outros fizeram.
Vamos propor ao Trump um ganha ganha.
Todo cérebro brasileiro de esquerda que foge do Brasil em busca de reconhecimento pessoal e financeiro, devolverá tudo que nós investimos em educação no cérebros deles.
Taxado por acordo pelo IRS americano até que o último real seja devolvido.
Se são os cérebros que são, que criem empresas ou departamentos de pesquisas de empresas aqui no Brasil, como faz a direita.
Essa será uma das propostas.
Vocês concordam e apoiam?
Meu Pitaco:
Eu não apenas concordo e apoio como acho que se devia ir muito além. Por que não privatizar o ensino superior? Eu até me arrisco a dizer que a privatização do ensino superior estaria muito mais ao gosto do Kanitz do que a eventual "cobrança" futura dos "investimentos" do Estado em alguns cérebros privilegiados.
Notem, não estou propondo esta medida no intuito de excluir dos bancos universitários os menos aquinhoados financeiramente — não me meçam pela régua da esquerda, por favor. Para os que não dispuserem de recursos, tanto o Estado como a iniciativa privada (e.g. fundações, associações, a própria instituição de ensino privada etc.) poderia provê-los de bolsas totais ou parciais. É aí, neste primeiro momento, que as contra-partidas devem ser negociadas entre mecenas e pupilo, não muito depois quando este último será um fracasso presente ou um sucesso além fronteiras.
Aliás, o fracasso do nosso modelo educacional deve ser cuidadosamente avaliado. Você já se perguntou quantos alunos do ensino público superior , nos quais se investiram bilhões de Reais, abraçaram o funcionalismo público como profissão em vez de serem médicos, engenheiros, pesquisadores, advogados, administradores, industriais etc.? Os impostos gastos na formação desses elementos produziu um retorno NEGATIVO, já que em vez de devolverem o investimento à comunidade passarão a cobrar dela os seus salários e até a aposentadoria. Bestial, ó pá!
Estou exagerando? Acho que não. Mesmo assim, vocês podem fazer o teste. Pergunte a dez jovens de seu círculo o que eles pretendem ser profissionalmente. Muitos, senão todos, almejam fazer um concurso público e se arrumar. E eu pergunto: quando todos forem funcionários públicos, quem pagará os impostos que pagarão seus salários e benefícios. Que ele pensem nisso enquanto há tempo.
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