sábado, 28 de julho de 2018

Pitacos nas Eleições 2018 #02


Diversos candidatos se lançam às campanhas brandindo a bandeira da novidade. Com a exceção de um ou outro, são todos velhos guerreiros da política, inclusive Bolsonaro. A novidade, no caso dele, não é o cargo que disputa mas as propostas que ele apresenta.

Notem que são as propostas que fazem de Bolsonaro o fenômeno que ele é. Enquanto candidatos como Alckmin e Ciro oferecem o mesmo café requentado de outras campanhas, o capitão reformado é o único a atender o clamor popular por Segurança, Combate à Corrupção, Restabelecimento dos Valores Morais Nacionais dentre outras. Promessas como melhor educação, saúde e mais empregos caíram no vazio. Não que não sejam importantes, pois são e muito, mas porque se tornaram secundárias. É isto mesmo! De nada valem saúde, educação e emprego se você é morto ao ir à escola, ao médico ou ao trabalho. Em outras palavras, o candidato precisa mais ouvidos do que boca, ou ainda melhor, escutar antes de falar.

Isto me faz lembrar da recente campanha para a presidência do Estados Unidos vencida pelo Trump. A quase totalidade da mídia impressa e televisada dava como barbada a vitória da ungida Hillary Clinton. E não apenas apupavam a ex-Primeira Dama como também defenestravam Trump impiedosamente. Silentes com eles estavam também todas as redes de TV e jornais da Europa e daqui. Descaradamente! Programas como o Manhattan Connection de Lucas Mendes, Caio Blinder e Diogo Mainardi fizeram um especial para a apuração da barbada. Quem assistiu ao programa viu como terminou o convescote.

O alerta vale para todos. O Brasil não é os Estados Unidos da América; É PIOR! A frase não é minha, mas de Brian Winter, um brasilianista. Transcrevo uma parte do texto publicado no site do Políbio Braga (link para a íntegra ao final):

Alerta da trumplândia: atenção a Bolsonaro

Todas as manhãs, ao ler os jornais brasileiros e navegar pelo Twitter, sinto vontade de largar minha xícara de café, abrir a janela, virar minha cabeça para o sul e gritar:

Pelo menos uma dúzia de vezes na campanha de 2016, os repórteres e comentaristas políticos mainstream aqui nos Estados Unidos aproveitaram alguma gafe para declarar que a candidatura de Donald Trump estava morta. Logo no primeiro dia, quando Trump se referiu aos imigrantes mexicanos como “estupradores”, o New York Daily News proclamou em sua primeira página: “Palhaço concorre à Presidência”. Quando ele ridicularizou o herói de guerra republicano John McCain, a revista eletrônica Politico declarou que “Trump pode ter finalmente cruzado a linha”. Quando atacou a família de um soldado americano morto em combate, um ex-assessor de Barack Obama previu com confiança: “Um homem insensível e cruel como este não pode ser presidente”.

Sabemos agora que essas “gafes” tiveram o efeito oposto. Em uma eleição tradicional — mesmo em 2012 —, elas poderiam ter destruído o candidato. Mas neste novo mundo antiestablishment e antipolítica, as declarações inflamadas de Trump provaram aos eleitores que ele não era como outros políticos. Em vez de se sentir ofendido, um eleitorado furioso viu um caminho seguro para a mudança que desejavam.

Esse padrão se repetiu, até certo ponto, na Polônia, na Itália, na Grã-Bretanha e no México, entre outros países. Deve ser agora do conhecimento comum. Na semana passada, no entanto, luminares brasileiros cometeram os mesmos erros de interpretação em relação à versão tropical de Trump, Jair Bolsonaro. Seus fracassos na busca de um companheiro de chapa, sua admissão para O Globo de que “realmente não entendo de economia” e sua foto de “pistoleiro” ao lado de uma garotinha foram apresentados como novas evidências de seu fracasso iminente.

Sim, sim. Eu sei que o Brasil não é como os Estados Unidos.

O Brasil é pior.

O que eu quero dizer é o seguinte: enquanto os Estados Unidos vêm criando empregos desde 2010, o Brasil destruiu aproximadamente 2,8 milhões de vagas formais nos últimos anos. A candidata do establishment americano foi envolvida numa controvérsia fabricada sobre seu servidor de e-mail, enquanto vocês tiveram o maior caso de corrupção já visto. Os crimes nas cidades dos EUA têm caído de forma constante desde os anos 1990, enquanto… Bem, você entendeu. Se os americanos estavam furiosos o bastante com a corrupção, a violência urbana e a economia para votar em 2016 em um demagogo despreparado, imagine o que os brasileiros farão em outubro.

Acho que deu pra notar que Brian Winter não é nem um pouco "trumpista", né? Mas mesmo não gostando do atual presidente, Mr. Winter não pode negar que o que ele vem fazendo está dando resultado, como se pode ver no meu artigo anterior.

Não creio que Bolsonaro será um Trump tupiniquim. São pessoas muito diferentes tanto nas ações quanto no modo de pensar. Se um transborda auto-confiança, o outro exorta humildade. De comum entre eles o amor à Pátria e algumas trapalhadas. De certa forma, prefiro o nosso Trump. Ele já atrai um bom círculo de conselheiros para seu governo (falarei mais sobre isto amanhã) e vai dando rumo e forma as suas propostas.

Humildade é melhor conselheira que o excesso de confiança, além do que não dispomos de dólares para queimar. Sucesso aos Trumps!

 

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