terça-feira, 31 de julho de 2018

Pitacos nas Eleições 2018 #04

Este post está restrito à última pesquisa publicada pelo Instituto Paraná Pesquisas (TSE nº BR-00884/2018). Gostaria de também comentar a entrevista do candidato Bolsonaro, entrevistado ontem à noite pelo programa Roda Viva da TV Cultura, mas como o programa não é retransmitido para a minha região por interferência expressa do nosso Governador Pilantrel , precisei baixar o vídeo da Internet. Ainda não o vi na íntegra, apenas as piores partes, todas elas do rol de entrevistadores. Comento sobre o Roda Viva depois.
A pesquisa em questão contempla três cenários, todos eles na modalidade de pesquisa estimulada que é quando os nomes dos candidatos é oferecido ao entrevistado para que escolha uma única opção. A pesquisa foi estratificada por faixa etária, sexo, escolaridade, região geográfica etc. A pesquisa se limita à eleição no Primeiro Turno.
Pretendo me ater apenas aos números. Eventualmente posso dedicar mais tempo aos outros indicadores. Vejamos os números:

 
Meu Pitaco:
Cenário 1
No Cenário 1 estão os candidatos lícitos, isto é, aqueles que estão elegíveis pela lei. Este e o Cenário 3 são os únicos dignos de análise, mas os institutos de pesquisa insistem em incluir o Lularápio em ao menos um deles. Mesmo assim, o Cenário 1 é o utilizado para todas as comparações.
Como se vê no quadro acima, o maior percentual está com Nenhum, beirando quase 1/4 do universo pesquisado. Se nós somarmos com os Não sabe vamos chegar ao número histórico das abstenções nas últimas eleições, isto é, algo em torno dos 30% do eleitorado que simplesmente não comparece para votar, vota em branco ou vota nulo. Quaisquer dessas três, o TSE considera como um Não-voto ou Voto Inválido. Ele não conta para nada, nem legenda, nem coeficiente eleitoral. Puro descarte.
Feita a ressalva, o maior percentual é do Bolsonaro, acima dos 23%. Seu concorrente mais próximo é Marina Silva com 14,4% e um gap de -9,2%, uma folga considerável. Este percentual do Bolsonaro o garante no Segundo Turno mas é insuficiente para ganhar no Primeiro. Com tal número de candidatos uma vitória no Primeiro Turno é sonho de uma noite de Verão.
Vale ressaltar aqui que Haddad, o candidato-poste, ficou apenas em 6º lugar, prova que o "poder de transferência de votos" de Lula é outra falácia. Este fato também vai se repetir, com igual intensidade, no Cenário 3. Lula teria mais chances se ungisse Ciro seu candidato, já que ele ao menos tem o grelo duro, como é do gosto do presidiário.
Cenário 2
No Cenário 2 o Instituto testa Lula como candidato e aí não tem pra ninguém. Ele assume a ponta com 29% seguido de Bolsonaro com 21,8% e um gap de -7,2%. Neste caso os dois iriam para o Segundo Turno, com ligeira vantagem para Lula, considerando a transferência para ele da maioria de votos da esquerda, o que resultaria num percentual de 41,8%. Já Bolsonaro conseguiria algo como 36%, o que daria um gap de -5,8%, teoricamente impossível de se reverter com os 3% de Não Sei.
Interessante notar neste cenário que Lula consegue "virar" 1,7% de votos Não Sei a seu favor. Outro fato interessante é que Lula também retira votos de TODOS os candidatos. Na coluna Diferença C1-C2, todos estão negativos em maior ou menor grau. No meu entendimento, isto só pode ser atribuído a uma grande transferência de votos quando os candidatos são de esquerda. Em uma outra análise, uma parte destes votos que se encontram temporariamente alocados neste ou naquele candidato podem vir a migrar para o candidato-poste atendendo à requisição do babalorixá. A conferir.
Agora, quando a retirada de votos é de candidatos de centro ou de direita, só posso atribuir o fato a uma certa desinformação do eleitorado, o que nos leva a concluir que uma parte dos votos em candidatos como Jair Bolsonaro é de efeito manada. Também a conferir.
Independente de outras análises o percentual obtido por Lula é o percentual que ele sempre teve até ser eleito pela primeira vez para a Presidência. Acredito que Lula retornou ao patamar pré-vitória, ou seja, tem votos para chegar ao Segundo Turno mas não conseguirá vencê-lo qualquer que seja o oponente.
Cenário 3
Neste cenário o candidato-poste é trocado. Sai Haddad e entra Jacques Wagner. Comparado ao Cenário 1 as variações entre eles são desprezíveis. O que se pode depreender novamente é que uma parte considerável de votos-Lula já se encontram distribuídos entre vários candidatos de esquerda, enquanto que o voto direitista está majoritariamente concentrado em Bolsonaro. O único candidato que poderia dividir esse voto conservador seria Alckmin. Resta saber se sua recente composição com o fisiológico Centrão em troca de tempo de TV e rádio vai lhe render votos ou pás-de-cal. Uma próxima pesquisa pode lançar luzes nesta variável.
Curiosidades
Bolsonaro é o preferido em todas as faixas etárias, todas as faixas de escolaridade e todas as regiões do país exceto o Nordeste. É também o preferido entre os homens e perde entre as mulheres para Marina por apenas 0,8%.
Com Lula em jogo, este ganha entre as mulheres e Bolsonaro entre os homens. Lula também ganha em todas as faixas etárias e dentre os de menor educação. Lula ganha no Sudeste e no Nordeste, enquanto que Bolsonaro ganha no Norte, Centro-Oeste e Sul.
Conclusão
Descartada a opção Lula por conta da sua situação penitenciária e pela Lei da Ficha-Limpa, e pela alargada vantagem entre Bolsonaro e Marina, a tendência é a vitória do primeiro no Segundo Turno. Pelos números deste momento, por modesta margem, mas estes podem mudar para qualquer direção dependente de como se darão as propagandas na mídia convencional e na Internet.
Por fim, a seção Curiosidades expõe o ponto fraco de Bolsonaro: a Região Sudeste. Nesta ele já detém São Paulo e Rio, falta ganhar Minas. Sem Minas ele corre sério risco de morrer na praia. E é bom lembrar que esta expressão "morrer na praia" vem dos desembarques de soldados na Normandia durante a 2ª Guerra Mundial. Que isto lhe sirva de advertência.

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