Democracia dos idiotas e dos imbecis
Existe uma guerra sendo travada nos bastidores midiáticos. De um lado os operadores da mídia tradicional, isto é, TVs, rádios, jornais e revistas; e de outro a mídia do hiperespaço, da Internet, que são as redes sociais, blogs e o YouTube.
Antes da Internet era impossível ao cidadão comum se fazer ouvir. Ou ele era um multi-bilionário com dinheiro para queimar fundando um jornal, uma rede de televisão ou de rádio, ou era, de alguma forma, uma celebridade vendável por essas mídias. Assim nasceram os grandes magnatas da comunicação como os americanos Hearst, Pulitzer, Turner, Murdoch etc. Aqui seriam Marinho, Frias e Amaral de Carvalho, para citar alguns. Todos têm uma gigantesca e caríssima estrutura encarregada de ser o meio entre a notícia, o entretenimento e a informação e o cidadão. Há séculos esta estrutura midiática e o consumo do seu produto se mantiveram inalterados. Não mais. Depois do advento da Internet o cidadão descobriu que pode se informar, comunicar e se divertir sem ter que pagar um intermediário. E mais! Ele também pode dar o seu pitaco. Hein?
Muitos desses grandes nomes que citei acima deram sonoras gargalhadas quando alguém com uma visão mais clara do futuro que se anunciava lhes alertou que seus impérios estavam por ruir, por acabar completamente dentro de algumas décadas. Quem imaginaria que o New York Times, que ocupava sozinho um enorme edifício de 52 andares na Times Square (Praça do New York Times), precisou alugar ou vender a maior parte dele para cobrir seus custos.
O custo da indústria da mídia é basicamente fixo, ou o é em sua maior parte. Se o seu produto é vendido para um número sempre crescente de consumidores seu dono logo deixará de ser milionário para passar a ser um multi-bilionário. Mas se o consumidor for se informar noutra freguesia, a queda será vertiginosa e inexorável. E foi.
Nos Estados Unidos da América, como também aqui, a mídia mainstream viu como única saída a associação com o establishment político. Deixaram de ser os olhos da sociedade, os arautos dos bastidores do poder para se tornarem puxa-sacos do mandatário de plantão. E por que? Ora, para tomar o dinheiro do cidadão, não em troca de informação e entretenimento, mas de DESINFORMAÇÃO a serviço daquele a quem deviam investigar e reportar. Passaram a se servir das verbas institucionais dos governos em lugar de servir ao público. Os governos, claro, os pagavam com nossos impostos.
Ouvi outro dia no YouTube parte de uma seção em que se discutia o "direito de resposta", pedido pela TV Globo contra o candidato Jair Bolsonaro. Se concedido, possivelmente veríamos a logomarca da Globo nos 8 segundos de que dispõe o candidato, talvez até com o plim-plim. O pedido foi negado.
A razão da celeuma foi porque Bolsonaro disse que a Globo recebia mais de 10 bilhões em troca de contar à patuleia todas as maravilhas que o governo de plantão tem feito para ela, e claro, as suas expensas. Nossos governos veem mantendo esses puxa-sacos com o nosso dinheiro, entenderam? Não é por outra razão que quase sempre um governo se reelege ou faz seu sucessor. A verba é farta e o veículo quase universal e onipresente.
O primeiro a quebrar o arranjo foi Donald Trump. Passou a dar notícias da sua administração através de tweets. A mídia enfureceu-se. Foi acusado de tudo o que fez e que não fez, mas o homem foi cumprindo um a um todas as promessas de campanha. E claro, tuitava tudo para seus seguidores, que retuitavam em seguida, e a informação se propagava veloz e inexoravelmente. Ah! Tudo grátis!
Nas entrevistas coletivas ele ainda dava o troco em seus detratores. Cunhou o bordão "fake news" e carimbou com ele a testa dos maiores veículos da América. O resultado? Estão quase todos em estado falimentar, não por causa de Trump, mas porque não souberam cumprir o seu papel.
Aqui no Brasil, como já dito, foi Bolsonaro que bradou aos quatro ventos que vai retirar toda a propaganda institucional do governo federal, de todas as redes de TV, rádio, jornais e revistas, isto é, se for eleito. Cá como lá, não deu outra. Não há na mídia, em nenhum veículo, uma única palavra, um único editorial elogioso sobre ele. Pode-se até argumentar que Bolsonaro não possui qualidades para serem elogiadas — e eu discordo —, mas ignorar o candidato que se manteve na ponta todo o tempo, só para mostrar beicinho é patético.
Não assisto a nenhum canal de TV aberto. Não vejo Globo, Record, Band, SBT, nada! Não vejo seus jornais, não assisto suas novelas e muito menos seus programas lúdicos. São péssimos, péssimos, péssimos. Eu me admiro que uma pessoa se disponha a sentar-se diante da TV de plasma, LCD ou LED de alta definição para ouvir a William Bonner e sua sideshow, aquela que ganha um quinto do que ele ganha, coitada, a defenestrar ou tecer loas a quem o governo mandar. E a mamata vai acabar!
Os Marinho já estão vendendo o que sobrou. Quem vai comprar é o Carlos Slim, o mexicano multi-bilionário que já comprou a Net, a Embratel e já já vai comprar a Globo. Não fechou o negócio ainda porque sabe que Bolsonaro deve ganhar e aí a Globo sai por 20% dos que os irmãos Marinho estão pedindo. Roberto deve estar urrando na cova.
Não é outra a razão do #elenão . Já repararam em quem propaga a hashtag? Atores e atrizes globais como a ex-patricinha Secco e a ex-ex-ex-Pillar, a D.Bloch e outras de quem nunca ouvi falar. Repórteres e comentaristas como a Leitão e o Dimenstein também dão suas razões, afinal, em coisa de uns seis meses estarão todos na rua — literalmente. O Projakistão, joia da coroa global, deverá produzir uma versão moderna do Chávez ou do Chapolin Colorado. Moderna? Pode ser, mas não melhor.
Por décadas esse pessoal trabalhou para formar a democracia dos idiotas e dos imbecis. Façam o teste: assistam a qualquer programa de TV ou rádio, ou abra um jornal, e diga em alto e bom som que ficar ali vendo, ouvindo ou lendo vale o seu tempo, seu dinheiro. Tudo não passa de uma pantomima grotesca à qual a população se acostumou a seguir mecanicamente. Há quase duas décadas eu disse NÃO à teletela, mas já decidi que direi SIM a Bolsonaro.
E depois que ele se eleger, acompanharei seu governo pela Internet, pelos seus tweets, blogs e vídeos no YouTube. É melhor, é mais farto e mais rápido, e eu não preciso estar todo dia no lugar e na hora certos para ver e ouvir o Bonner da vez. Ninguém merece…
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