quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Eu não sou cachorro não

O Brasil é um país sem medidas. Digo isso porque aqui as coisas não são feitas para se produzir um efeito; elas são simplesmente feitas. Se ninguém reclamar, colou. Se reclamarem, estuda-se uma alternativa, retira-se estrategicamente, muda-se de assunto.

Cito como exemplo a CPMF. Olha que Lula se empenhou em aprovar essa empulhação, e do alto dos seus 80% de aprovação, foi solenemente derrotado. É, com essa ele não contava, foi mesmo a sua maior derrota. O povo disse não e Lula ganhou essa mancha indelével no seu currículo. Tenho orgulho de haver contribuído para ela.

Resolvido a retirar a "desonra" do seu perfil, ele ensaiou a volta da CPMF, travestida de CSS, ainda no seu governo. Não encontrou ambiente, então deixou as castanhas quentes para Dilma pegar. Ainda não foi dessa vez, mas eles não desistem. É como também fazem com o voto em lista e o financiamento público de campanhas políticas. Empulhação é mesmo a marca registrada do PT; mentir, para eles, uma religião.

Quando se trata de impostos, então, nem se fala. Criam-se tributos, os mais variados, simplesmente para justificar a contratação de algumas dezenas de milhares de funcionários públicos. Eu digo "funcionário público" porque não existe outra denominação; aqueles aos quais me refiro são os que nunca têm função, só salário. Estranhamente, os funcionários públicos legítimos não fazem qualquer moção contra a corja que denigre a classe. Como dito acima, se ninguém reclama, cola, vão ficando.


Tamanha é a sangria do erário com o custeio da máquina pública que torna-se imperativo obter mais recursos — e tome imposto! Estrategicamente, impostos são concebidos para incidirem (ao final da cadeia) sobre nós, os pobres contribuintes. Faz sucesso na Internet uma frase do jornalista Joelmir Beting sobre a carga tributária em medicamentos de uso humano e veterinário: "Se você entrar na farmácia tossindo, paga 34% de imposto; se entrar latindo, paga só 14%." Trocando em miúdos, remédios veterinários pagam menos da metade dos impostos dos nossos medicamentos! Sabe por que? Simples: medicamento veterinário é insumo de produção — impacta o preço final, por exemplo, da carne. Nossos medicamentos não impactam nenhum preço; só impactam a nós mesmos. No primeiro caso, há reflexo na direto na inflação; no segundo, não. Assim, o governo mantem a arrecadação sem "aumentar" a inflação. Espertos, não?!

E inspirado pelo frasista Joelmir, eu me atrevo a soltar a minha: "Se medicamentos veterinários contribuem para a inflação, o preço dos nossos contribui para nossa extinção." Infame, eu concordo, mas verdadeiro.

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