quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Devagar com este andor

A coluna de anteontem do Celso Ming põe o dedo na ferida. Políticos e ambientalistas — via de regra — esgrimem soluções para a salvação do planeta sem conhecer bem os fatos, ou com apenas um conhecimento parcial deles. Vejam o texto abaixo (grifos meus), íntegra aqui.

Carro elétrico?

Muita coisa no Brasil reluz, mas não é ouro – especialmente quando se pretende resultado verde.

Uma dessas ideias reluzentes é a construção do carro elétrico, também chamado de carro verde, como se fosse instrumento ecologicamente correto – e nacional.


Quem pensa em carro elétrico pode imaginar que se trate sempre de uma máquina livre de poluição. E, no entanto, não é verdade que esse tipo de transporte não ejete gás carbônico na atmosfera. Pode até não emitir pelo escapamento, mas libera poluição pela chaminé, quando se produz a energia elétrica com a qual a bateria é carregada por meio da queima de derivados de petróleo ou de carvão.

Na matriz energética global (veja o gráfico) apenas 19% da eletricidade é gerada por fontes não poluidoras [biomassa, nuclear, hidrelétrica e outras], incluída aí a nuclear. E aqui no Brasil, onde as usinas térmicas estão sendo chamadas a aumentar sua participação no mercado em que, hoje, predominam os recursos hídricos, a intenção de substituir carros convencionais por movidos a energia elétrica também não faz sentido, sobretudo quando se buscam respostas ambientalmente corretas.

Se 30% da atual frota (de 30 milhões de unidades) fosse movida a energia elétrica de fonte hídrica, seriam necessárias nada menos que 13 usinas do tamanho da hidrelétrica de Itaipu para abastecê-la.

Essas considerações já deveriam ser suficientes para que o novo regime automotivo em elaboração no governo reveja a intenção de incentivar a produção de carros elétricos no Brasil.

Mas há outras. Uma delas tem a ver com a bateria que vai nesses veículos. O carro elétrico está sendo desenvolvido há mais de dez anos nos grandes centros produtores de veículos. No entanto, até agora, pouco progresso se obteve na obtenção de baterias eficientes. Seu peso enorme (em torno de 500 kg) compromete o desempenho do automóvel. E sua baixa autonomia complica o recarregamento. Há quem argumente que a recarga pode ser feita à noite, na garagem do proprietário. Mas não se pode esquecer de que uma operação dessas exigiria elevação da capacidade das instalações elétricas, principalmente nos edifícios de condomínio residencial.

[...]

Além do mais, não se pode ignorar o potencial do pré-sal. Nos próximos cinco anos, o Brasil se tornará grande exportador de petróleo e, potencialmente, de seus derivados. E é necessário saber se, em vez de um pacote de incentivos ao carro elétrico, não seria melhor estimular a fabricação de novos motores a gasolina e diesel, mais eficientes e menos nocivos.

Assim, no papel, tudo fica bonito. Vá lá, eu até me sujeitaria a andar com um "peso morto" de meia tonelada no meu carro elétrico se fosse para colaborar com o meio ambiente e evitar o efeito estufa, mesmo que para isso o País (isto é, nós) tenha que construir mais uma dúzia de Itaipus. Um problema, entretanto, o Ming se esqueceu de mencionar. Apesar de termos a energia elétrica mais barata do mundo na geração, ela é a mais cara do mundo (ou das mais caras) na distribuição, ou seja, quando do seu consumo; culpa da nossa maldita carga tributária e das "políticas públicas".

O governo brasileiro tem especial predileção em tributar itens de consumo essenciais, quase sempre aqueles providos pelo próprio Estado, por monopólios ou oligopólios. Basta verificar o quanto há de imposto em combustíveis; água, esgoto e saneamento; telefonia; bebidas, tabaco, correios e concessões de serviços públicos como transporte urbano. E sabe por que? Porque você não tem para onde fugir. É o clássico "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come."

Seja "comida indigesta": grite, esperneie! Nós precisamos nos rebelar contra esse esbulho oficial e há meios para isso. Aí, do lado direito desta página, na barra vertical, eu presto meu apoio a movimentos sérios que lutam pela melhoria do País. Um, é aquele pelo Voto Distrital, que vocês já conhecem. O outro, é o Movimento Brasil Eficiente que visa não apenas redução de tributos, mas também a aplicação criteriosa e parcimoniosa dos recursos arrecadados. Juntos, esses movimentos pretendem melhorar nossa representatividade e valorizar nossas contribuições. Eu os recomendo e avalizo!

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