Passei as últimas semanas longe da TV. Até a programação não-noticiosa está de péssima qualidade. Documentários repetitivos, programas BBB-like, comentaristas boçais e que tais. Resultado: TV aqui se presta mesmo para filmes e séries, o resto é, na maioria, lixo.
Alguém pode até pensar que estou bancando o avestruz e enfiando a cabeça na areia para me esconder da realidade que nos ronda. Negativo! Primeiro porque tal comportamento do avestruz é lenda. Se algum dia você se encontrar com um avestruz e ele atacar, fuja!
Voltando ao tema, se alguém quiser se informar, é preciso garimpar notícias em todo lugar, aqui e lá fora, e filtrá-las. Informação sempre trás consigo algum viés. Quando não é declaradamente de uma corrente o é veladamente, caso da grande maioria da mídia brasileira: esquerdista e governista. Assim, não é de se estranhar que dentre os comentários sobre a reforma política, não há qualquer comentário sobre a INCONVENIÊNCIA de quem se propõe a fazê-la. Eu já atrevo a dar minha opinião aqui: Quem se propõe a reformar nossa porca política são os mesmos políticos eleitos sob suas leis e procedimentos, sob suas falhas e vícios. Para citar o filósofo Olavo de Carvalho, "Eles querem se limpar na própria merda."
Por incrível que possa parecer, quem chegou mais próximo de uma solução foi Dilma Rousseff. Foi mais por erro e desespero, mas foi ela quem mais se aproximou de uma solução — o PLEBISCITO. Entregar ao Congresso a tarefa de regulamentar o processo político é o mesmo que perguntar às raposas como querem que seja o galinheiro. A resposta será óbvia: o galinheiro será conveniente às raposas, nunca às galinhas.
"Mas são os congressistas que têm legitimidade para criar, modificar e revogar as leis!", como disse Reinaldo Azevedo. Certo, mas QUEM os regula, Reinaldo? Nós, correto? E o regulamento político existe para LIMITAR os políticos. Entregar a eles a tarefa de se auto-limitar é vício de lógica. Aliás, este foi o erro básico da Constituição de 1988, seu vício de origem. Querem um fato? Vamos lá...
Na Constituição promulgada em 1988, tida como a "mais moderna e progressista", ficou estabelecido que a população seria consultada sobre a forma de governo. A consulta seria se o Brasil seria republicano ou monarquista e se o sistema seria presidencialista ou parlamentarista. Qual fosse a escolha, TODAS contemplariam um CONGRESSO, sem exceção. Por que? Ora, porque foram congressistas que escreveram a tal constituição. Deputados e senadores JAMAIS fariam um texto constitucional que os excluísse ou os limitasse. E por que fariam diferente agora quanto ao sistema político? Resposta: não fariam e não farão .
Uma conduta minimamente honesta deveria passar pela aceitação de propostas oriundas da sociedade. Organizações das mais diversas deveriam enviar sua "Ideia de Ordenamento Político" para um foro adequado e lá feitas públicas. Essas propostas deveriam ser discutidas abertamente, com ampla divulgação pelas mídias, criticadas e emendadas por tantos quantos se dispusessem a fazê-lo, e, ao final de um período (meses ou mesmo anos), enviadas à população para aprovação em plebiscito.
Eu acredito que entidades colegiadas de advogados, juízes, jornalistas, confederações de profissionais ou patronais, assim como sindicatos e entidades como a Maçonaria, a CNBB (Olavo não vai gostar) ou a ACEB, têm muito a contribuir com propostas para um ordenamento melhor. Ao menos podem apresentar propostas mais isentas. Discutidas e criticadas abertamente, devidamente ajustadas à realidade, podem vir a ser aquilo que o Brasil procura há séculos.
A palavra agora está com vocês.
Meu pitaco:
É uma pergunta: O poder emana do povo, certo?
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