Brexit, ou: "Esperteza quando é muita, vira bicho e come o esperto…"

What have I done…

Esta é a frase que deveria ser dita ao agora demissionário Primeiro Ministro, David Cameron. Há outras: "Não se cutuca onça com vara curta", que o digam os paspalhos do CIGS - Centro de Instrução de Guerra na Selva, e do COB - Comitê Olímpico Brasileiro; ou ainda: "Você já combinou com os russos?". Pois é, certas coisas são como merda: se mexe, fede.



Anteontem, comentando uma fala do Diogo Mainardi afirmando que o Reino Unido votaria pela permanência na União Europeia, eu afirmei que se daria justamente o contrário. Ontem, durante todo o dia, as notícias apontavam que Mainardi estava com a razão. As pesquisas, os experts, todos eram unânimes em afirmar que tudo continuaria como dantes. Won't happen!

Pois deu! Agora, num intervalo de até dois anos, o Reino Unido (que pode não continuar tão unido assim) vai negociar com a União Europeia os novos termos do seu relacionamento com o bloco, o fim de um casamento que durou mais de quarenta anos e que fez a riqueza da Ilha.

O que eu nunca entendi é como alguém, deliberadamente, brinca de roleta russa com os destinos de um país. Pior, chamam "o povo" a opinar como se a vontade popular fosse mesmo "a voz de Deus". Nada mais falso que o cantado "Vox populi vox Dei.", afinal, há certamente mais gente ignorante que sábios entre o populacho, salvo talvez nalgumas comunidades bem pequenas e muito fechadas.

Estados e governos existem por razões de ordem prática — por alguma ordem na orgia —, como diria o Marquês de Sade se ainda vivesse. Pois orgia é o que vive Londres hoje. Em todos os jornais, rádios e TVs o que fica claro é o clima de barata-voa. Se era este o risco, se sabiam qual seria o resultado da cisão, por que alguém em sã consciência se lança assim nos braços do povo? Agora, já era. Inês é morta e tudo o que se pode fazer é especular sobre os desdobramentos desse jogo de dados infeliz. Na Escócia já volta a campanha para sua separação do Reino Unido e consequente permanência na União Europeia. Muito ainda vai acontecer nesses próximos dois anos. Como dizia Murphy, "Everything that can go wrong will go wrong.", ou "Se algo pode dar errado, certamente dará errado." DEU !