Nas urnas, suíços rejeitam salário a todos os seus cidadãos
Jamil Chade - Correspondente em Genebra - O Estado de S. Paulo
O que ocorreria se um país ganhasse o direito e as condições financeiras de propor que cada um de seus cidadãos recebesse 2,5 mil dólares por mês, independente de seu nível social e até o último de seus dias? Na Suíça, a população foi chamada a decidir se aceitaria tal proposta e, nas urnas, o resultado foi claro: não.
Os autores da proposta, porém, não se deram por vencidos e apontaram que a votação serviu para "conscientizar as pessoas de que um novo contrato social é necessário". Num referendo realizado neste domingo, a população rejeitou a ideia de uma renda incondicional para todos os cidadãos, de seu nascimento até a morte e independente da situação social.
Proposta era que população tivesse um salário fixo
As primeiras projeções apontam que 78% dos eleitores se disseram contrários à ideia de dar um salários a todos. Em algumas cidades, como Lausanne, os resultados parciais apontam para 80% de rejeição.
Mas, numa avaliação geracional (sic), o maior apoio veio dos mais jovens, com quase 40% desse grupo apoiando a ideia. Para os autores do projeto, isso abre esperanças de que um dia a Suíça terá um salário para todos.
Pensada originalmente em 1516 pelo britânico Thomas More, essa foi a primeira vez que o que era apresentado como uma utopia ganhava a chance de se tornar uma realidade para todo um país. Ironicamente, seria justamente num dos países mais ricos do mundo, com um índice de desemprego de menos de 4% e com as menores taxas de criminalidade do mundo.
Os proponentes da ideia apontavam que esse salário seria a maneira de garantir "uma existência digna e a participação na vida pública", seja qual for a circunstância. Para a entidade Bien (sigla em inglês para Basic Income Earth Network), a proposta poderia erradicar a pobreza e acabar com a dependência em sistemas de ajuda social.
A tese é de que, sabendo que contam com uma renda básica, as pessoas teriam a liberdade de escolher suas profissões, agir de forma voluntária para causas sociais, passar por períodos de treinamento e mesmo se concentrar em suas famílias. O argumento aponta até mesmo para o fato de que a produtividade de uma economia poderia aumentar, com as pessoas livres para serem criativas, testar ideias e projetos.
Aqueles que defendiam a ideia trabalhavam com uma projeção de que ela seria estabelecida em cerca de 2,5 mil francos suíços por mês para cada adulto. Menores de 18 anos ganhariam 625 francos (ou R$ 2.244).
Mas a ideia contou com uma forte oposição do governo e de praticamente todos os partidos do país, alegando que os cofres públicos não teriam como pagar uma conta de US$ 208 bilhões por ano.
Meu pitaco:
Começo meu pitaco com um reparo ao autor da matéria: não é "referendo", mas plebiscito. Este é um engano frequente, provavelmente devido aos nossos dicionários que dão as palavras como sinônimas. O referendo ocorre quando uma lei (ou outro ordenamento), já votada pelos representantes, é apresentada à população para sanção — a população aceita ou rejeita a lei. Já no plebiscito, uma proposta é apresentada à população para aprovação ou rejeição. Se aprovada, os representantes do povo deverão confeccionar uma lei que expresse a vontade popular.Cercada de montanhas por todos os lados, a Suíça parece se preservar da loucura do resto do mundo. Todos os dias surgem grupos de illuminati querendo consertar o que não está quebrado. Alguém já disse que nosso mundo seria um lugar bem melhor se não houvessem tantas pessoas querendo "salvá-lo" todos os dias. Há exceções (ou não), mas não foram nossas guerras feitas por uma "salvação" qualquer? Todas elas não começaram por um "bom e justo motivo" na visão daqueles illuminati?
O problema com o Socialismo, ou com a "socialização dos meios", é que eles, os socialistas, nunca se preocupam com a produção dos tais meios. Eles chegam, se apropriam da riqueza existente — justamente aquela que nunca produziram — e começam a distribuí-la alegremente como se aquilo fosse um maná que caiu dos céus. E é óbvio, um dia o maná acaba e o paraíso socialista vira uma Venezuela bolivariana. Com o propósito de "erradicar a pobreza" num país rico, e "evitar a ajuda social" onde não é necessária, o risco real era justamente estragar o relógio suíço que funciona próximo à perfeição.
Os insucessos das esquerdas, onde quer que tenham tentado suas medidas, apresentam uma marca imbatível: 100%. Não há resultado tão previsível quanto o fracasso do Socialismo, razão mais que suficiente para um povo educado e culto rejeitar a tresloucada proposta pela vontade de mais de 75% da população, 80% em certas localidades.
Apesar de relatar com fidedignidade a notícia, fica patente o descontentamento do correspondente com o fracasso do pleito. Por todo o texto, que se inicia "dando o direito" da prodigalidade ao país andino, notam-se os "mas" de desapontamento. Por exemplo, quando a votação é mensurada por faixa etária, ou "geracional" como escrito, é dito de maneira até cândida que "o maior apoio veio dentre os mais jovens com 40%", e que tal marca dava "esperanças" aos propositores da bertoldice. Ora, o "apoio" de 40% é uma rejeição de 60%, e isto entre os mais bobinhos. Chega a ser hilário, para não dizer que é um entendimento boçal…
Diz ainda a matéria que a sandice foi inspirada nas ideias de Sir Thomas More, e aí me pergunto se este pessoal sabe ler Saint Thomas. Mesmo assim, foram exercitar sua própria jumentice num dos países mais ricos do mundo, onde o desemprego é praticamente inexistente e a possibilidade de se auferir BEM MAIS QUE os propostos 2,5 mil francos suíços é uma REALIDADE. Hum, mas aí eu estaria defendendo que a Comunidade Helvética é adepta da MERITOCRACIA, tabu para esquerdistas.
Esta lição eu já aprendi: É mais fácil e produtivo ensinar física quântica a um asno que um socialista entender que é preciso produzir antes de distribuir. Até o asno sabe disso…
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