quarta-feira, 4 de maio de 2016

Erro de avaliação

O PSDB — Aécio Neves à frente — vem cometendo erros grosseiros de avaliação do momento político. Cito um: O governo Temer, salvo eventuais atropelos no TSE, não será um governo tampão de dois anos e alguns meses. Na minha modesta opinião, Temer é candidatíssimo à reeleição em 2018.
Parto dessa premissa para analisar o que acabo de ler n'O Antagonista, texto de Mário Sabino, que transcrevo (grifos meus):
O que Aécio disse a Temer
| 09:32 | Mario Sabino |
Sobre a reunião de Aécio Neves com Michel Temer, ontem, O Antagonista ouviu o seguinte de uma fonte
"Entre outras coisas, Temer ouviu de Aécio que, numa presidência curta, o peemedebista teria apenas a chance da primeira impressão — e que a primeira impressão do ministério que Temer estava formando era péssima. Mais: que se o peemedebista não revisse o critério de distribuição de cargos em primeiro e segundo escalão, ficaria difícil convencer quadros técnicos tucanos a embarcar no governo. Aécio ainda disse que Temer deveria tratar com o PSDB via direção do partido [NB: isto é, ele próprio]. Não foi um ultimato, longe disso, mas a expressão de um sentimento generalizado entre os tucanos."
Ou seja, a fotografia do monstro estava ficando feia além da conta.
Concordamos com Aécio.
 
Meu pitaco:
Eu não! Não concordo com Aécio, assim como não concordo com a avaliação do Mário Sabino. Temer pode ser "um velhinho" mas não é míope como Aécio ou trapalhão como FHC. Nem tampouco parece ser covarde. Ele sabe que se render agora às exigências dos partidos — e isto inclui seu próprio PMDB —, estará acabado antes mesmo de começar.
Minha avaliação do governo Temer é de que será um revival do governo Itamar. Os momentos políticos são parecidos e bastará fazer o dever de casa para satisfazer ao público. Arroz com feijão sem muita firula. Cortes, cortes e mais cortes. Temer precisa acabar apenas com a boa vida da Corte e do seu séquito. Publico abaixo dois links para artigos sobre o Presidente Itamar que poderiam inspirar o futuro presidente Temer.
Como já disse Ulysses Guimarães uma vez, "O mal do Lula é que ele gosta de se cercar de obséquios." Daí a transformar o Planalto no Covil dos Puxa-Sacos foi ato contínuo. A invenção do clientelismo como forma de governo nem foi dele, mas do seu mestre FHC. Lula apenas somou o aparelhamento do Estado e a gatunagem das coisas públicas como meio para financiar um longo, quiçá eterno, projeto de poder.
Voltando ao tema, assim como fez Itamar, Temer não precisa temer errar. Demita quantos ministros se fizer necessário. Contrate quantos mais for preciso. O povo entenderá. Existe muita gente boa aí querendo fazer a coisa certa e o trabalho de um Presidente é apenas o de chamá-los a contribuir. Nada mais. Que ele não se deixe encantar pelo canto da sereia FHC, não se venda!
Muitos serão os obstáculos, subornos, ameaças e ultimatos. Que Temer faça como Itamar fez com Antônio Carlos Magalhães, o ACM, que disse a ele ter um dossiê contra si. Itamar chamou Toninho Malvadeza para conversar, e quando este chegou, encontrou a sala presidencial tomada pela imprensa. Malvadeza amarelou e se escafedeu. O ensinamento por trás deste fato histórico é que um Presidente não teme ameaças ou bravatas quando tem o público às costas. Que eu saiba, este foi o único revés de ACM.
Fechando a conta, este é o maior medo de Aécio. E por que não dizer que é também o maior medo do PSDB? O eventual sucesso de Temer no "governo-tampão" é a garantia para sua mais que provável reeleição. Se Temer cortar as benesses do Estado, saldar dívidas, vender estatais, privatizar e abrir o País aos mercados interno e externo, não haverá como dar errado. Aécio e o PSDB (para citar apenas dois) não pensam no País mas em si próprios. Gente assim merece o mesmo fim de Lula e do PT.
 
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