segunda-feira, 23 de maio de 2016

Muita areia pro seu caminhãozinho?

A frase interrogativa que faz o título é usada por nós, informalmente, para inquirir de maneira quase sempre jocosa a alguém que deu um passo maior que as próprias pernas. No mundo masculino, a areia da frase é usada para designar femmes fatales que ficam muito além do nosso charme ou galanteios. Neste caso específico, isso não parece ser um problema para Temer…

Entretanto, eu gostaria de fazer um questionamento ao presidente interino Michel Temer sobre outra mulher fatal:


O governo da "dona" Nação é muita areia pro seu caminhãozinho, Michel?

Minha pergunta tem razão de ser. Há sinais inequívocos de que Temer pode estar experimentando problemas com o Congresso e mais especificamente no Senado, justamente a casa onde a presidente afastada será julgada. Condenada, o governo cai no colo de Temer; absolvida, volta para Dilma.

O recente caso da extinção/recriação do "MinC Leão Dourado", que é como chamo o Ministério da Cultura, pródigo que é em promover macaquices, parece indicar que Temer pode estar cedendo a pressões da sua "base de apoio", uma ficção criada por FHC para atender a uma Constituição parlamentarista num país presidencialista.

O resultado dessa "Concertación" mambembe é que nenhum dos partícipes detém o Poder de fato. Executivo e Legislativo brincam de mandar à custa do sofrimento da Nação — um refém do outro —, criando dificuldades para vender facilidades.

Desde José Sarney, só um único Presidente soube como conviver com esta constituição: Itamar Franco. E ele nem foi criativo, limitou-se a cumprir sua função de Chefe do Executivo, nada mais. É bom lembrar, quando assumiu, Itamar nem estava filiado a qualquer partido. Já havia rompido com o PRN de Collor há algum tempo e não tinha nenhum outro partido em vista. Preferiu manter a distância e deu-se bem.

Seu segredo foi não manter segredo dos seus planos, metas e compromissos. Comunicava ao povo que remetera ao Congresso "para discussão e aprovação" o projeto de lei "tal", ou a medida provisória "qual", que se destinavam a "tais" e "quais" objetivos do seu Governo. Traduzido em palavras, Itamar dizia ao povo que "a bola estava com o Congresso", e que o povo ficasse ciente de que os objetivos seriam ou não alcançados, pela celeridade ou omissão do Congresso. Foi assim com o Plano Real e com muitas outras reformas polêmicas mas necessárias. Numa república, é assim que age um Chefe de Governo, é assim que age um Congresso.

Projetos de leis ou medidas provisórias, podem ou não ser aceitas pelo Congresso. Por outro lado, leis de iniciativa do Legislativo podem ser sancionadas ou vetadas pelo Executivo — poderes e responsabilidades iguais. Um como o outro podem colher o bônus ou o ônus do exercício do Poder. FHC foi eleito pelo bônus do sucesso do Plano Real. No Poder, FHC pariu o "governo de coalizão" e desde lá sofremos o ônus.

E agora, como demonstram os últimos acontecimentos evolvendo o MinC, bastou o senador Renan Calheiros abrir seus braços paternos para "os artistas" que Temer cedeu. Eu sinceramente pensei que Temer pudesse vir a ser um novo Itamar, mas tudo indica que seu caminhãozinho se presta mais para belas mulheres.

2 comentários:

Jurema Cappelletti disse...

Nosso governo tanto é um grande caminhão para Temer quanto foi para Dilma. Desejo mais é que que todos eles vÃO para a DILMA QUE OS PARIU. Perdão se fui grosseira, mas não suporto mais essa gentalha nos sugando sem cessar.

irene disse...

É!!! Parece que é muiiiiita areia pro caminhãozinho de Temer!!!!!!!!!

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