O.N.G — Olho Nos Gatunos |
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
terça-feira, 8 de novembro de 2011
E tome escândalo
Quando se pensa que a farra acabou, surge mais um escândalo: este governo Dilma [até agora] só produziu isso! Não se sabe de obra, novos projetos, nada! Salvo uma ou outra notícia, aqui e ali, o que se noticia mesmo são os escândalos do governo.
O nome da vez é Carlos Lupi — ministro do trabalho — as minúsculas ainda são grandes pelo "trabalho" que ele fez. Filiado ao PDT, outro dos muitos partidos da base aliada, Lupi se viu envolvido em denúncias de corrupção (faz-me rir) por cobrar propinas de ONGs vinculadas ao ministério.
E tem tudo para piorar... |
Sua incompetência na lide da Pasta é tamanha que atribuições desta foram transferidas — desde o governo Lula — para a Casa Civil, outra casa de tolerância do governo petista. É bom lembrar, a antiga ocupante da tal "casa" é aquela senhora que hoje ocupa o Alvorada. Depois dela, o comando foi ocupado pelo Palocci, outra sumidade petista que tem o dom de multiplicar o próprio patrimônio da mesma forma que Cristo multiplicava pães e peixes. Também ele foi afastado por corrupção e para o seu lugar foi uma senadora que não conhece Brasília (nas palavras de outro ministro exonerado, este por insubordinação). Ao todo, seis ministros indicados por Lula a Dilma deram problema no cargo, cinco com acusações de corrupção.
A coisa toda cheira muito mal. O governo não governa — apaga incêndios —, ora está refém da mídia, ora dos próprios políticos, muitos deles da "tal" base aliada. Para uma senhora com fama de "tocadora de obras" e "durona", Dilma está me saindo uma péssima gerente de bordel.
sábado, 5 de novembro de 2011
Lula está doente
Eu tinha prometido que não iria tocar no assunto da doença de Lula, mas não deu. Em todo lugar que se olha, cada palavra dita ou escrita, sempre vem a referência ao seu câncer. Pois bem, hoje eu achei um excelente texto do Augusto Nunes da Veja que repasso na íntegra para vocês (grifos meus):
Lula pode internar-se onde quiser, desde que pare de mentir sobre o sistema de saúde
Em abril de 2006, em Porto Alegre, o presidente Lula gabou-se de outra proeza hiperbólica: “Eu acho que não está longe da gente atingir a perfeição no tratamento de saúde neste país”. (Passados cinco anos e meio, pode-se presumir que esteja mais que perfeito.) Em novembro de 2009, condoído com as carências do sistema de saúde americano, presenteou o colega da Casa Branca com a solução: “Obama, faça o SUS”. Em janeiro de 2010, ao inaugurar no Recife uma Unidade de Pronto Atendimento, reafirmou que fizera em nove anos o que todos os outros não fizeram em 500: “Eu tava visitando a UPA, e eu tava dizendo que ela tá tão bem organizada, ela tá tão bem estruturada, que dá até vontade de a gente ficar doente para ser atendido aqui”, garantiu. Neste fim de outubro, surpreendido por um câncer, tratou de internar-se no Sírio-Libanês.
Tenho pouco a acrescentar ao excelente resumo da ópera feito por Reinaldo Azevedo. Integrante da reduzidíssima elite de brasileiros providos de muito dinheiro e plano de saúde cinco estrelas, Lula tem o direito de recorrer aos serviços dos melhores hospitais da rede privada. Ao consumar tal opção, contudo, confere a todos os pagadores de impostos o direito de exigir que pare de tentar enganá-los com bravatas, lorotas ou mentiras deslavadas sobre o sistema de saúde. Há bons hospitais e profissionais admiráveis, mas até as golas dos jalecos sabem que os deslumbramentos celebrados por Lula só existem no Brasil Maravilha registrado em cartório. No país real, a busca de socorro na rede pública acaba, com desoladora frequência, na morte sem atendimento.
Este é o cara! Passou por tudo: eleições, mensalões, escândalos e as mais variadas formas de corrupção. Nada disso colou nele (ou no seu verniz de teflon). Bom, já que aqui entre os mortais não há quem lhe faça sombra, penso então que Alguém achou oportuno lhe pregar uma peça. Que lhe sirva de lição, reduza sua arrogância e o melhore como homem. A Natureza é assim mesma, sempre no estilo "não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe". Pegue o substantivo que lhe aprouver.
Lula só me enganou uma vez e foi o bastante. Não me arrependo nem me envergonho de ter sido enganado, afinal, o erro é inerente ao ser humano. Mas procuro seguir ensinamentos como os de George Santayana (está aí nas pensatas ao lado): "Aqueles que não aprenderam com os erros da História estão condenados a repeti-los."
Eu aprendi!
Lula só me enganou uma vez e foi o bastante. Não me arrependo nem me envergonho de ter sido enganado, afinal, o erro é inerente ao ser humano. Mas procuro seguir ensinamentos como os de George Santayana (está aí nas pensatas ao lado): "Aqueles que não aprenderam com os erros da História estão condenados a repeti-los."
Eu aprendi!
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Alguém do setor elétrico pode me desmentir?
No dia 13 do mês passado (tinha que ser um 13) eu postei uma charge do Roque Sponholz sobre o horário de verão que se iniciava. Como está lá escrito, eu detesto a estrovenga. Não há nesse mundo argumento algum que me convença que tal medida tenha qualquer efeito prático aqui. No meu entender, ele não promove economia para o consumidor de energia, aliás, bem ao contrário. Ele não evita que ocorram apagões e outras falhas no sistema elétrico nacional — já experimentamos um, recentemente, aqui na região da Grande Belo Horizonte, e por aí vai. Na opinião desse escriba é só mais uma contrafação, um embuste.
Em 18 de outubro de 2007, tendo por base um texto do Carlos Chagas publicado na finada Tribuna da Imprensa, eu me atrevi a desmascarar o embuste do horário de verão. Repasso a vocês o meu texto, desta vez revisado e ampliado.
[Horário de verão?] Eu detesto! Até não é pelo fato de ter que acordar mais cedo, etc. É pela ignorância dessa medida. Ela não visa economizar energia elétrica, ou água nos reservatórios das usinas, ou o que quer que você pense. Os motivos são bem outros...
O primeiro motivo é que não é possível economizar energia elétrica, ao menos não no nível em que estamos falando aqui. Dou alguns exemplos:
- Energia elétrica não pode ser armazenada para utilização posterior. Você pode fazer isso no seu carro quando transforma parte da gasolina queimada em energia química na bateria — esta sim, reversível —, ou quando armazena parte da energia disponível em sua casa na bateria recarregável do celular. Em que pese ser possível, as perdas e custos envolvidos no processo tornam este armazenamento inviável, como ainda é o caso dos carros elétricos.
- Nossa matriz energética também não contribui para tal "economia de energia". Neste caso especial, a estupidez da medida se mostra por inteiro. Energia elétrica é, na verdade, energia mecânica transmitida eletricamente. Dessa forma, quando você liga uma lâmpada ou um motor na sua casa, é a energia mecânica da água que desce do reservatório e gira a turbina que produz o "milagre" da luz se acender ou do motor girar. Entenda a coisa assim: se todos os dispositivos elétricos ligados a uma determinada usina fossem desligados, as turbinas da usina girariam como o motor de um carro em ponto morto. Grosso modo, todo o combustível do carro seria gasto mas ele não sairia do lugar.
- Então, quando se economiza energia elétrica no Brasil — via de regra — economiza-se água no reservatório. Lamentavelmente, tal economia se dá nos meses de maior pluviosidade (chove muito de Outubro a Fevereiro no Brasil) e a energia economizada (água) vai sair pelo ladrão (vertedouro, como é chamado nas usinas). Seu esforço foi, na verdade, para nada. Lamento.
- Por que então outros países usam o horário de verão? Ora, porque lá eles economizam de fato. A matriz energética dos países do hemisfério Norte é carvão, petróleo e gás. Assim, a energia elétrica economizada se traduz no carvão, no petróleo ou no gás economizado. Explicando melhor: a energia poupada hoje pode ser gerada amanhã com os mesmos recursos — eles não passarão por cima do vertedouro em momento algum.
- Vocês ainda podem dizer — e estarão certos — que também no Brasil temos termoelétricas que usam carvão ou petróleo ou gás. Verdade! Lembrem-se, contudo, que a maioria delas se localiza nos estados do Norte, Noroeste e Nordeste que não participam do horário de verão. É bestial!
O outro e principal motivo é diminuir a demanda de energia (a carga instantânea na rede) nos momentos de pico de consumo. Não vou entrar em detalhes sobre estes tais "momentos de pico", mas só naquilo que eles produzem. Os picos de consumo geram perda de energia nas linhas de transmissão, sejam elas de alta ou baixa tensão. Esta é uma perda das companhias distribuidoras, não sua, já que você só paga a energia que passa pelo medidor de consumo. Você até paga muito mais por kilowatt-hora (kWh) consumido em função disso. Entretanto, as distribuidoras de energia elétrica querem repassar suas perdas – um risco normal de negócio – para nós, tal e qual fizeram no ano do Apagão e nos subsequentes, lembra-se?
Quando eles adiantam o seu relógio em uma hora, as companhias distribuidoras desviam parte do pico de consumo para uma faixa de demanda menor. Distribuindo a carga eles racionalizam suas perdas. Bom, até aí eu entenderia, mas seu consumo médio vai subir, ao invés de cair, como se esperaria num programa de economia. Você acenderá luzes nas manhãs ainda escuras e se manterá acordado e ativo por mais tempo. O seu "dia útil" ficará maior, você consumirá mais energia (e esta energia você pagará integralmente), descansará menos (sua saúde pagará também por isso) e as distribuidoras lucrarão muito mais (consoante com sua intenção). Para elas, o horário de verão não é uma benção: é um maná!
E por que? Porque elas não precisarão fazer investimentos construindo novas linhas, contratando mais pessoal, melhorando seu serviço. Elas irão faturar mais com o mesmo capital investido – uma alavancagem. O governo, que poderia e deveria fazer algo útil, faz nada!
Quando se vive num país que recebe a maior carga de insolação do planeta e não existem linhas de crédito oficiais para, por exemplo, subsidiar a construção e instalação de aquecedores solares, tanto em residências como na atividade produtiva, o que acabaria com boa parte desses "picos de consumo", estenderia a vida útil da rede de distribuição de energia por mais 10 ou 20 anos, economizaria dinheiro e pouparia o meio ambiente ao evitar a construção de usinas geradoras e linhas "a toque de caixa". Isso tudo e outras barbaridades como a corrupção e o superfaturamento, comuns nessas obras. Logo, logo a gente entende que nada disso aí é feito em nosso nome ou para nosso proveito. É só uma outra mão no nosso bolso.
E todo dia eu acordo e vejo que ainda estou no mesmo Brasil.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Moonwalking 1 - IDH na Era Lula
Eu espero que vocês tenham aproveitado o feriado de ontem. Comigo, como acontece quase sempre, dia de feriado é dia de trabalho dobrado, boa parte dedicada à pesquisa de temas para este blog.
N.B. a partir deste artigo deixarei de grafar em itálico certos termos como blog, site, link e outros, por julgar que os mesmos já foram incorporados ao idioma corrente.
A pesquisa de temas ficou muito facilitada pelo uso da Internet — o material é farto e de fácil obtenção — entretanto, há muito mais trabalho envolvido como "fatiar" trechos de programas de rádio ou de vídeo e selecionar textos. Dá um certo trabalho, toma boa parte do meu tempo, mas o final é um artigo do qual se pode obter mais proveito. É bom deixar claro que não faço qualquer edição no material, isto é, nenhuma além de recortar a parte sobre a qual pretendo discorrer.
Hoje eu quero lançar uma nova série de artigos sob o título Moonwalking. O nome foi tirado de moonwalk, o passo de dança celebrizado por Michael Jackson, aquele que dá a impressão de se andar para a frente quando, na realidade, se move para trás. Assim — e sob esse título —, eu pretendo desmascarar certos "movimentos à frente" que na realidade foram (ou estão se revelando) retrocessos. Para esta série não pretendo me ater a nenhuma ordem que seja: se andou para trás quando devia ir à frente, cai no Moonwalking. Hoje falaremos sobre a divulgação do último IDH e começamos com um trecho de áudio veiculado pela CBN.
Uma rápida pesquisa no site do PNUD — Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, descobri alguns números interessantes:
- Em 2002, último ano do governo FHC, o Brasil ostentava a 73ª posição no ranking, com um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,757. Apesar de listado entre os "melhores" depois da mudança na metodologia de cálculo, ainda era muita distância para o 1º lugar — a Noruega. Até a mudança o Brasil ocupava o grupo dos IDHs medianos.
- Ao final do primeiro mandato de Lula, o Brasil aparece na 69ª posição no ranking do IDH 2006. É preciso explicar que, apesar da mudança de metodologia, posição é posição. Comparativamente a FHC, Lula melhorou (apenas) quatro posições, pouco para quem não teve crises e outros percalços, só vento a favor.
- Finalmente, findo os oito anos de governo "progressista", eis que o Brasil se mostra na 85ª posição, 12 posições abaixo do patamar de 2002 e 16 do de 2006!
- O IDH 2011, divulgado há pouco, põe o Brasil na 84ª posição, minúscula melhora em relação ao ano anterior. De nada adiantaram os bilhões gastos pelos programas assistencialistas do governo, nem a explosão do consumo alimentada pelo crédito fácil, nada: a montanha pariu um rato. Nesse "ganho" de um ponto, é mais fácil acreditar que alguém caiu do que acreditar que o Brasil subiu.
A despeito de toda a popularidade de Lula e dos altos brados com que é ovacionado nos palanques, o IDH mostra bem o que foi produzido nesses mais de oito anos: um moonwalking — andamos para trás a despeito do imenso gasto de tempo, energia e recursos. Dói, não?
Diz a reportagem que "a desigualdade entre ricos e pobres foi o fator preponderante para a queda, a despeito dos programas de redistribuição de renda". Mas isso só mostra que os tais "programas assistencialistas" desses governos só queimam recursos e rendem votos — não resolvem em nada a situação. Emprego e oportunidades de negócios (microempresas, financiamento para agronegócio, etc.) dariam as condições reais para o crescimento da renda e inserção dos mais pobres no economia formal. Nada foi feito nessa seara. Não existe crescimento fora do Capitalismo — só retórica.
Fosse mesmo Progressista (uso pê maiúsculo e dispenso as aspas), estes governos criariam os 20 milhões de empregos (10 para cada mandato) — promessa de campanha —, desonerando a produção, cortando o custeio da máquina pública e incentivando a pesquisa e o desenvolvimento. A melhor das estimativas fala de uns 6 milhões nos oito anos — resultado pífio. Para o campo, sua única contribuição foi o MST, com invasões de terras produtivas, prédios públicos e privados, além da destruição de patrimônio alheio.
E como puderam notar na reportagem da CBN, a Educação (ah! Haddad, seu passado, presente e futuro o condenam) foi um dos itens que mais nos puxou para baixo. Ironicamente, o que impediu nosso IDH de despencar para níveis africanos foi a teimosia do brasileiro que insiste em viver mais — teima em não morrer —, até porque há contas e mais contas a pagar. O brasileiro é teimoso (como um burro) e não desiste nunca!
terça-feira, 1 de novembro de 2011
O Barbeiro
Recebi esta mensagem por e-mail e repasso a vocês:
O florista foi ao barbeiro para cortar seu cabelo. Após o corte, perguntou ao barbeiro o valor do serviço e o barbeiro respondeu:
— Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana.
O florista ficou feliz e foi embora.
No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um buquê com uma dúzia de rosas na porta e uma nota de agradecimento do florista. Mais tarde, no mesmo dia, veio um padeiro para cortar o cabelo. Após o corte, ao pagar o barbeiro, o padeiro escutou dele:
— Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana. O padeiro ficou feliz e foi embora. No terceiro dia, ao abrir a barbearia, havia um cesto com pães e doces na porta e uma nota de agradecimento do padeiro. No terceiro dia veio um deputado para um corte de cabelo. Novamente, ao ser perguntado pelo valor, o barbeiro respondeu:
— Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana. O deputado ficou feliz e foi embora. No dia seguinte, quando o barbeiro veio abrir sua barbearia, havia uma dúzia de deputados fazendo fila para cortar cabelo.
Essa é a diferença entre a maioria dos cidadãos e a maioria dos políticos. Como disse uma vez Eça de Queirós, "Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão."
NA PRÓXIMA ELEIÇÃO TROQUE UM LADRÃO POR UM CIDADÃO!
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
domingo, 30 de outubro de 2011
O exame da OAB e minha pitada de mostarda
Escuto essa conversa desde que cursei Direito há uns bons anos. Não, eu não me formei. Descobri na segunda metade do curso que advocacia não seria a minha praia. Certas profissões exigem algo além do mero conhecimento e advocacia é uma delas — faltou-me estômago. Medicina é outra. Passar seis anos numa faculdade — por melhor que seja — não faz do aluno um bom médico, menos ainda um especialista. Para piorar o quadro, em cada porta de garagem surge uma nova "faculdade". Sem medo de cometer uma injustiça, a imensa maioria delas, senão a sua totalidade, meras arapucas para tomar dinheiro de incautos.
É bom que se diga que a OAB, que não exigia qualquer exame de proficiência, foi forçada a adotá-lo pela péssima qualidade dos formandos que obtinham o registro para advogar. Muitos não sabiam sequer escrever o Português, menos ainda redigir uma inicial. Juízes recusavam petições e recursos simplesmente por não conseguir entender o que estava escrito no papel. Pergunto: você gostaria de ser representado por um "advogado" desses? Creio que não. Assim, o Exame da Ordem surge como uma medida profilática e sanitária, nada mais.
Pois bem, a OAB vem sendo bombardeada com ações em várias instâncias contra o tal exame. Uma, questionando sua constitucionalidade (ADI), foi julgada pelo Supremo. O exame foi considerado constitucional; fim das querelas. Mesmo assim — e como diz o título — Ich möchte für meinen Senf (quero por minha mostarda; dar meu pitaco).
Na ADI movida pelo advogado Ulysses Vicente Tomasini, em nome do bacharel João Volante, sustentava-se que "o exame limita o exercício livre da profissão" e "a OAB não tem legitimidade para exigir uma prova de quem já se formou", isto é, para ele "a educação é que qualifica, não uma prova imposta pela organização de classe". Está assim na imprensa.
Na minha imodesta opinião de leigo, uma tremenda bobagem! Primeiro, porque o exame não limita ninguém de trabalhar. Existem milhares de bacharéis trabalhando por aí, auferindo postos e rendimentos compatíveis com sua formação superior. Assim, logo de cara, a afirmação não se sustenta. O que a Ordem qualifica e outorga é a prerrogativa de um bacharel em Direito representar pessoas e seus interesses perante um juízo. Ponto.
Na minha imodesta opinião de leigo, uma tremenda bobagem! Primeiro, porque o exame não limita ninguém de trabalhar. Existem milhares de bacharéis trabalhando por aí, auferindo postos e rendimentos compatíveis com sua formação superior. Assim, logo de cara, a afirmação não se sustenta. O que a Ordem qualifica e outorga é a prerrogativa de um bacharel em Direito representar pessoas e seus interesses perante um juízo. Ponto.
Vocês perceberam que a diferença nem mesmo é sutil; é bem clara! A instituição de ensino, devidamente licenciada e fiscalizada pelo MEC, qualifica o aluno como bacharel não como advogado. A ele é permitido auferir todas as benesses do posto, mas, para falar em nome de outra pessoa em juízo ele precisará provar que está à altura da responsabilidade.
Ressalte-se, ainda, que à minha época prestávamos o exame com o conhecimento obtido na faculdade — não existiam esses "cursinhos" que pululam por aí — um claro sinal de que a qualidade dos formandos e/ou das escolas vem decaindo consistentemente, razão ainda maior para a manutenção do exame.
Ressalte-se, ainda, que à minha época prestávamos o exame com o conhecimento obtido na faculdade — não existiam esses "cursinhos" que pululam por aí — um claro sinal de que a qualidade dos formandos e/ou das escolas vem decaindo consistentemente, razão ainda maior para a manutenção do exame.
Exames como este são comuns em vários países e as razões são quase sempre as mesmas. Eu entendo que profissões regulamentadas (se há regras há limitação, outra premissa que desautoriza o advogado do Sr. Volante), deveriam sempre ser submetidas a exame de proficiência pelos seus pares, principalmente aquelas cuja imperícia na prática possa causar dano a terceiros. Como bem disse o ministro Celso de Mello no seu voto pela manutençao do exame (grifos meus),
"Não é, portanto, qualquer profissão que se expõe a possibilidade constitucional de intervenção regulativa do Estado, pelo contrário. Vê-se pois que profissões, empregos ou ofícios que não façam instaurar perigos à vida, à saúde, à propriedade ou à segurança de terceiros não têm necessidade de requisitos mínimos. Isso já é mostrado aqui desde a década de 10 e 20 do século passado assim como recentemente, em pleno terceiro milênio, quando votada a regulamentação da profissão de jornalista"Este "quase bacharel" acompanha o brilhante voto do relator.
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Não se mude do Brasil — mude o Brasil!
Vindo de uma pessoa que dedica boa parte do seu tempo a defenestrar tal figura, seu partido e "copanhêros", não deixa de ser inusitado. Mas é a pura verdade, Lula é mesmo "a cara" de nossa sociedade. Você pode até não concordar com isso — eu até me envergonho de dizê-lo — mas o fato é que a maioria de nossa sociedade é de baixa qualidade, seja no quesito educação/formação ou no ético/moral. Assim, sem meias palavras, uma gentalha.
E como disse há muitos posts atrás, este é um dos males da Democracia: se a choldra é quem faz a maioria, então teremos a governança da choldra. Mas não é sobre Lula — ou a caterva que o elegeu — a razão do post; oportunamente voltarei a este assunto.Eu quero mostrar um vídeo bem curtinho, ao mesmo tempo explicativo e educativo, que mostra bem como as coisas são e como podem ser mudadas para melhor e para o bem. Vamos a ele!
Viram?! Não é nenhum bicho de sete cabeças. E mais: nem mesmo novidade é! Usado e aprovado pelos países desenvolvidos do mundo, o voto distrital pode ser uma realidade aqui também, aproximando o eleitor do eleito. Mutatis mutandi, como diz aquela propaganda de pneus, "O cidadão não é nada sem controle."
O deboche do escárnio
No último post eu me alonguei um pouco sobre a corrupção. Neste serei sucinto: corrupção no Brasil é tão visceral que virou deboche. O escárnio pela coisa pública vem de vereadores e vai até a Praça dos Três Poderes em Brasília. Prestem atenção no que uma dessas "figurinhas" disse:
E não satisfeito em nos esculhambar, ainda se acha no direito de cuspir na nossa cara. Ficam falando que Gaddafi, Saddam e que tais exploraram seus compatriotas por décadas e tal... Eu pergunto a você, cidadão, há quantos anos você acha que essa corja aí nos explora? Perceberam, né? Nós damos o duro aqui, nos matamos de trabalhar, estudamos, pagamos impostos e o nosso sangue vai para um crápula sem vergonha desses.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Bons tempos em que a saúva era o que preocupava o Brasil
64% dos brasileiros acreditam que a corrupção aumentou nos últimos três anos, ou seja, de cada 10 pessoas, seis acreditam que a corrupção cresceu. |
Desde que iniciei este blog, a tag "corrupção" não sai do primeiro lugar. "Dilma" vem logo a seguir, mas também ela é a bola da vez, o foco de todas as luzes, apesar de sempre dar sua contribuição para a outra tag. Ontem, por exemplo, caiu mais um ministro do seu enorme ministério — o sexto em seu primeiro ano de governo, o quinto por denúncia de corrupção — um recorde. Já "corrupção", não dá tréguas; é campeã inconteste dos assuntos tratados aqui e tudo indica ficará assim por um longo tempo.
Se vocês me acompanham há algum tempo, lembrarão que o mote aqui sempre foi a crítica. Desde o primeiro post, malhamos o ferro mesmo frio. Mais que isso, o que faço aqui é a crítica indignada, porque tenho a clara percepção que os governos Lula e Dilma/Lula passaram dos limites. Chega!, o copo transbordou. Já não basta franzir o cenho quando do coaxar do Sapo Barbudo ou daquela narrativa monocórdia e sem alma da Dilma. Aliás, ela sempre me passa a ideia de outra pessoa falando. Como um boneco de ventríloquo ela empresta a estampa canhestra, os gestos desengonçados e a voz desagradável ao Sapo — sabemos bem quem lhe puxa os cordéis.
O lulo-petismo é como uma Hidra venenosa |
Não é de se admirar então que todos os ministros achados em desgraça sejam de sua indicação direta. É bastante inusitado que um ex-presidente indique ao sucessor ministros para o seu Gabinete. É preocupante que desse Gabinete, seis ministros caíram em desgraça em menos de um ano (o primeiro!) de governo — cinco por corrupção e um por insubordinação. Dilma, qual a um cão, se mostra mais fiel ao dono que a si mesma — tocante, não fosse por demais alarmante. É preciso também reconhecer a criatividade do lulo-petismo para "aparelhar" nossas instituições. Em todos os níveis do Poder eles cravaram sua bandeira, em cada repartição existe um tentáculo, como se fosse uma Hidra de muitas cabeças, hálito venenoso e quase impossível de se matar.
Já não é mais possível mudar o canal da TV ou a estação de rádio; deixar de ler jornais ou revistas também não é opção — a corrupção desses governos, o escândalo, a bandidagem oficial insistem em chutar nossa porta, a bater em nossa cara e a nos encher de vergonha. Já é passada a hora de bater de volta, devolver os insultos e retomar um pouco do nosso amor próprio. Eu digo aqui e lá fora, todos os dias, "Não! Não! Não!, vocês não podem! Chega! Basta! Fora!"
O Brasil está entre os países mais corruptos do mundo. |
O que me parece é que este estado de indignação vai lentamente tomando conta da população. É verdade que este sentimento não é de todos — "a voz rouca das ruas" ainda é de uma pequena minoria — mas cresce a cada dia. Já promoveram atos públicos contra a corrupção em várias cidades. Apesar do número de pessoas nessas manifestações ser ainda pequeno, seu número cresce a cada dia. Cresce porque vão tomando conhecimento da rapinagem que se pratica lá no Planalto. Cresce porque os tributos que pesam em nossas costas é insuficiente para satisfazer a ganância e a voracidade dos ratos encastelados no Executivo, no Legislativo e no Judiciário; e o pior, quase nada daquilo que nos tiram retorna a nosso favor. Você já pensou o que seria possível fazer com esses 724 bilhões?
Dizem que o movimento contra a corrupção é coisa de uns poucos burgueses, filhinhos de papai e que tais. Pode ser, mas não devia ser. A campanha pelas eleições diretas também começou assim. No início, uns poucos populares em comícios em Abreu e Lima, PE e em Goiânia; algum tempo depois milhões e milhões por todo o Brasil. Quem de vocês não se emocionou ao ver aquelas ruas e avenidas de Belo Horizonte, São Paulo e Rio tomadas pela multidão pedindo Diretas Já! em alto e bom som? Aliás, é bom que se diga que essas eleições diretas se encontram em risco pela proposta do PT e com o aval de Lula e Dilma. O projeto de lei (inconstitucional, é bom que se diga) pelo voto em lista fechada decreta o fim desse mesmo voto direto, o mesmo voto que elegeu Lula, Dilma e a única forma de tirá-los do poder. É por desejarem se perpetuarem lá que eles preparam mais essa violência contra o povo.
"Por este y otras cositas..." |
Não falta muito não. Cedo ou tarde acontece aquela coisa inesperada — o elemento catalisador — e o rastilho se acende. No lugar de Lula e Dilma estaria muito preocupado. A força de uma população esbulhada e aviltada contra seu opressor chega às dimensões de uma catástrofe natural. É algo incontrolável. Como num sismo, a montanha que inerte por séculos se movimenta, acendem-se vulcões e entornam-se rios de lava, arrasa-se a superfície e suas entranhas. Os episódios recentes da África e do Oriente Médio são bastante eloquentes. Estará o lulo-petismo disposto e pagar para ver?
Houve um tempo em que a praga dessa terra era a saúva; até se dizia "Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil". Pois bem, acabamos com ela, ou melhor, a saúva está sob controle. Ela existe aqui e ali, mas já não destrói nossas plantações nem afeta nossas colheitas. O Brasil venceu aquela saúva, temos outra a vencer.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
E eu a-cre-di-teeei!!!
Há uns 18 anos atrás eu era um feliz proprietário de um Ford Escort a álcool. O motor era o velho Ford 1.6 CHT, derivado dos Renault dos Ford Corcel de antigamente. Para quem viveu naquela época, esses motores equipavam os Renault Dauphine/Gordini trazidos pela extinta Willys Overland do Brasil, também fabricante do Aero Willys, da Rural Willys e dos Jeep Willys, posteriormente adquirida pela Ford que dela herdou o Projeto M (o Corcel). O tal motor, muito problemático no Gordini e no esportivo Interlagos, revelou-se maravilhosamente no Corcel, "culpa" — dizem — de um radiador selado de maior capacidade. Na versão original, complicada ainda pela montagem na traseira dos carros, o motor superaquecia e quebrava com frequência.
Esse mesmo motor converteu-se no melhor "motor a álcool" do mercado, aquele que permitia as maiores taxas de compressão e o melhor aproveitamento das características do "novo" combustível nacional. Era a pura verdade. Relevada a pequena inconveniência das partidas em dias mais frios, o carro era uma beleza. Tudo conspirava a favor do novo combustível não fosse a crise de abastecimento do produto que sobreveio, o que nos deixou literalmente à pé. Eu perdi a conta das vezes em que precisava levantar às 2 ou 3 horas da madrugada, a tempo de sair para entrar numa fila de um posto qualquer que esperava pelo produto. Era uma loteria. Um posto podia receber, quando muito, uns 5 ou 10 mil litros de álcool hidratado para toda a semana ou mais, quantidade que acabava em um par de horas. Eu jurei que nunca mais teria um carro a álcool — promessa que acredito, todo "feliz proprietário" de um desses veículos tenha feito também. O Proálcool foi para o vinagre, como bem sabem...
As razões do fracasso são controversas, mas na minha modesta opinião, faltou governança, administração. Grosso modo, tanto a matéria prima quanto as instalações industriais, que servem para produzir o etanol (nome correto para o álcool etílico) ou o açúcar, deveriam contribuir para o sucesso do empreendimento. Visto pelo lado dos produtores, quando o preço do açúcar — uma commodity — é maior ou mais atraente que o do etanol, a indústria privilegia sua produção e dá-se o desabastecimento do combustível. Em que pese que o governo tenha financiado (crédito subsidiado) muitas dessas usinas para a produção de etanol, não de açúcar, não há como ir contra as leis de mercado; seria suicídio.
Faltou, como já disse, melhor gestão, ou melhor, administrar melhor as características sazonais (safra) e mercadológicas (demanda interna/externa) dos produtos, por exemplo, pela formação de estoques reguladores. Nada disso foi feito. Alguém pensou que com o advento dos motores flex a coisa se resolveria. Não resolveu! Ao contrário, a coisa piorou. Vejam um trecho da Coluna do Ming no Estadão de 24/Out/2011, grifos meus:
A diretoria da Petrobrás faz um jogo contraditório. De um lado, defende a atual política de preços dos combustíveis, como fez todos esses anos seu presidente, José Sérgio Gabrielli. De outro, avisa o governo que, enquanto pagar um pedaço da conta do consumidor (subsídio), suas receitas não custearão investimentos.
Há cinco anos os preços pararam no tempo. Quando do último acerto, o barril de petróleo Brent, referência da Petrobrás, valia US$ 63. Hoje estão na faixa dos US$ 110.
Matéria publicada nesta segunda-feira pelo Estadão relata que o Centro Brasileiro de Infraestrutura calcula perda de faturamento pela Petrobrás, em oito anos, de R$ 9 bilhões. Mas dentro da empresa, conta a reportagem, avalia-se o rombo em mais do que isso.
Além de minar as finanças da Petrobrás, essa política está esvaziando o Programa do Álcool. Fácil entender por quê. O álcool tem apenas 70% do poder energético da gasolina comum. Se seus preços sobem para acima desse nível, proprietários de carros flex (40% da frota nacional e mais de 80% dos carros novos vendidos hoje) optam pela gasolina. Ou seja, o teto dos preços do álcool corresponde a 70% dos da gasolina. O problema é que os custos da produção do álcool subiram cerca de 40% nos últimos seis anos – conforme os cálculos da Unica, instituição que defende interesses do setor. E tanto a produção de álcool como a de açúcar estão caindo (veja o gráfico). Isto é, o álcool já não consegue competir com a gasolina subsidiada às atuais proporções.
Há três semanas, o governo federal diminuiu de 25% para 20% o teor de álcool anidro na mistura com a gasolina para baixar o consumo do produto, escasso em plena safra. A principal consequência será o avanço da importação de gasolina pela Petrobrás, para suprir um consumo que cresceu 19% no ano passado e deve avançar mais 7% neste ano.
Gabrielli tem justificado a política de distribuição de subsídios com o argumento de que é melhor para a Petrobrás trabalhar com preços estáveis a longo prazo. Nesse caso, não está defendendo a Petrobrás, mas, sim, razões do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que não quer um aumento da inflação. Gabrielli vem dizendo que a Petrobrás “não tem problemas de caixa”. Mas, ao mesmo tempo, não consegue esconder a hemorragia em suas finanças. Outros diretores reconhecem informalmente que podem faltar recursos quando a Petrobrás mais precisa deles, para tocar os projetos do pré-sal.
Com o intuito de reduzir perdas, a diretoria da Petrobrás defende a redução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), tributo aplicado sobre o preço do combustível com a função de dar flexibilidade à política de combustíveis do governo. Em cada litro de gasolina, cobra-se hoje uma Cide de R$ 0,19.
Aparentemente, Mantega se recusa a baixá-la para não perder arrecadação. Se for isso, a motivação é equivocada. A Cide não existe com objetivos arrecadatórios. Tem características regulatórias.
Caso o governo concorde em diminuir a Cide, estará dando uma solução precária para um problema provocado por uma política que gera mais distorções do que benefícios.
Então, parece-me que dessa vez os últimos governos têm conseguido se superar. Depauperam as finanças de uma sólida empresa nacional — posta assim à custa de décadas de monopólio de mercado — e condena ao seu segundo fracasso um modelo de energia renovável que até copiado foi — o gráfico acima é bastante eloquente — nesse ritmo alcançaremos os níveis de 2005 em mais três anos, ou seja, uma década de estagnação no setor.
A incompetência com que ele (governo) administra o abastecimento de combustíveis é tamanha que hoje importamos etanol dos Estados Unidos da América, aquele país que outro dia mesmo — nos copiando — se iniciou na produção de etanol (lá usam milho ao invés da cana, com menor produtividade e maior custo) e que hoje já é o maior produtor mundial. Nós, que temos terra, clima e cana, compramos deles aquilo que nos falta por culpa da preguiça, incúria e nenhuma gestão governamental.
Àqueles que sempre condenam FHC por ter feito privatizações, eu digo que lamento ele não ter tido a coragem ou oportunidade de ter privatizado a Petrobrás. Vendo o que aconteceu com a Vale, que trabalha com commodities tão pobres como os minérios, fico a imaginar onde estaria hoje a Petrobrás se tivesse sua sorte. Certamente, muito melhor do que está hoje, e sem ter que aturar um Gabrielli na sua presidência. A Petrobrás, o Proálcool e os brasileiros estariam muito melhores sem o governo — o atual e os antecedentes —, até sobrevenha um que tenha coragem de fazer política séria de abastecimento ao invés de combustíveis.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
O que foi que mudou?

Eu digo isso com certa mágoa porque eu vi um dia um helicóptero pousar na Praça Barão do Rio Branco, aqui na minha cidade, então apenas uma grande área de terra vermelha batida. Lá tinha apenas o prédio novo da Prefeitura, da Câmara, as oficinas e a administração da Auto Mecânica e algumas residências. Perto ficavam a Cia. Telefônica e o Mercado Municipal. Naquele dia a praça estava cheia, era dia de comício do PSD (não, não era o PSD do Kassab) para as eleições municipais. Baixada a poeira, surge o personagem esperado: JK em carne e osso. Nada menos que Juscelino Kubitschek vinha dar seu apoio ao candidato local do seu partido. Comício feito, uma fila enorme de populares se formou para cumprimentar o ex-Presidente — nós lá no meio. JK cumprimentava a todos com sorrisos; pedia votos, dava e recebia abraços. A muitos chamava pelo primeiro nome, perguntava pela família. Este era JK, de infinito carisma e proverbial memória.
Findo os cumprimentos, JK embarcou no helicóptero e decolou rumo a outras cidades, outros comícios, até a escala final em BH. Naquele dia, ainda muito menino, dei meu primeiro aperto de mão num Grande Homem. O candidato apoiado por ele não venceu as eleições. Ganhou um outro — outsider —, pela extinta UDN. Eram aqueles ventos loucos de Jânio e da vassourinha (Varre, varre, varre vassourinha...) que todos sabemos no que foi dar.
Eu me encontraria com JK uma outra vez apenas, já nos meus dezesseis anos, numa das suas andanças por essas bandas. Foi numa fazenda aqui, onde passava alguns dias para descansar. A família toda foi até lá. Naquela ocasião hospedávamos uma estudante estadunidense que também foi ao encontro. Após os cumprimentos, abraços e mesmo algumas lágrimas (JK fora — e ainda estava — cassado pelos militares), ele falou conosco e com a estudante estrangeira por vários minutos. O porquê da construção de Brasília, diferenças e semelhanças com Washington/DC, crescimento demográfico, industrialização, etc. Deu uma aula de política e administração pública, assim, assim... de graça! Falou dos seus projetos futuros — ele se preparava para voltar. Só não contava com a "má sorte" no futuro próximo.
Algum tempo depois, recebemos da família daquela estudante estrangeira efusivos agradecimentos pela oportunidade única proporcionada a sua filha — aquele encontro com JK. Nós, acostumados a sermos reconhecidos no exterior apenas por Pelé, encontramos povos que reconheciam a grandeza e a importância de Juscelino Kubitschek, antes de nós mesmos. Incompreendido até hoje por muitos, JK será sempre um marco na nossa História. E hoje, vendo a choldra que transformou Brasília num esgoto a céu aberto, sinto saudades de JK e lamento que ele não tenha podido voltar à Presidência nos braços do povo.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Pense nisso quando achar "válido" o governo cobrar CPMF e outros impostos
Talvez por ser mineiro — e dizem que mineiros não gostam de pagar impostos — mas tenho sido um crítico feroz da CPMF desde que foi criada, lá atrás, ainda como IPMF, pela ingenuidade de um certo Doutor Bocó e de outros tributos e taxas. Muito já se falou sobre este imposto e, recentemente, sobre o IR. Mas a verdade é que o grosso da carga tributária não ocorre aí. Veja a tabela de alguns produtos e o percentual de tributos que compõem o seu preço. Prepare-se, a lista é grande e os impostos um horror. No final eu arremato.
Percentual de Tributos sobre o Preço Final
| |
PRODUTOS / SERVIÇOS
|
%
|
DE CONSUMO | |
Passagens aéreas
|
8,65%
|
Transporte rodoviário interestadual de passageiros
|
16,65%
|
Transporte rodoviário interestadual de cargas
|
21,65%
|
Transporte aéreo de cargas
|
8,65%
|
Transporte urbano de passageiros - metrô
|
22,98%
|
Medicamentos
|
36,00%
|
Conta de água
|
29,83%
|
Conta de luz
|
45,81%
|
Conta de telefone
|
47,87%
|
Cigarro
|
81,68%
|
CD
|
47,25%
|
DVD
|
51,59%
|
MÓVEIS E UTENSÍLIOS
| |
Móveis (estantes, cama, armários)
|
37,56%
|
Mesa de madeira
|
30,57%
|
Cadeira de madeira
|
30,57%
|
Sofá de madeira ou plástico
|
34,50%
|
Armário de madeira
|
30,57%
|
Cama de madeira
|
30,57%
|
Vassoura
|
26,25%
|
Tapete
|
34,50%
|
VEÍCULOS E CORRELATOS
| |
Automóvel
|
43,63%
|
Motocicleta de até 125 cc
|
44,40%
|
Motocicleta acima de 125 cc
|
49,78%
|
Bicicleta
|
34,50%
|
Gasolina
|
57,03%
|
ALIMENTÍCIOS BÁSICOS/INSUMOS | |
Carne bovina
|
18,63%
|
Frango
|
17,91%
|
Peixe
|
18,02%
|
Sal
|
29,48%
|
Trigo
|
34,47%
|
Arroz
|
18,00%
|
Óleo de soja
|
37,18%
|
Farinha
|
34,47%
|
Feijão
|
18,00%
|
Açúcar
|
40,40%
|
Leite
|
33,63%
|
Café
|
36,52%
|
Macarrão
|
35,20%
|
Margarina
|
37,18%
|
Molho de tomate
|
36,66%
|
Ervilha
|
35,86%
|
Milho verde
|
37,37%
|
Biscoito
|
38,50%
|
Chocolate
|
32,00%
|
Achocolatado
|
37,84%
|
Ovos
|
21,79%
|
Frutas
|
22,98%
|
Fertilizantes
|
27,07%
|
BÁSICOS DE HIGIENE E LIMPEZA | |
Sabonete
|
42,00%
|
Xampu
|
52,35%
|
Condicionador
|
47,01%
|
Desodorante
|
47,25%
|
Aparelho de barbear
|
41,98%
|
Papel higiênico
|
40,50%
|
Pasta de dente
|
42,00%
|
Álcool
|
43,28%
|
Detergente
|
40,50%
|
Saponáceo
|
40,50%
|
Sabão em barra
|
40,50%
|
Sabão em pó
|
42,27%
|
Desinfetante
|
37,84%
|
Água sanitária
|
37,84%
|
Esponja de aço
|
44,35%
|
EDUCAÇÃO E MATERIAL ESCOLAR | |
Caneta
|
48,69%
|
Lápis
|
36,19%
|
Borracha
|
44,39%
|
Estojo
|
41,53%
|
Pastas plásticas
|
41,17%
|
Agenda
|
44,39%
|
Papel sulfite
|
38,97%
|
Livros
|
13,18%
|
Papel
|
38,97%
|
Agenda
|
44,39%
|
Mochilas
|
40,82%
|
Régua
|
45,85%
|
Pincel
|
36,90%
|
Tinta plástica
|
37,42%
|
Brinquedos
|
41,98%
|
Mensalidade escolar (ISS DE 5%)
|
37,68%
|
BEBIDAS | |
Refresco em pó
|
38,32%
|
Suco
|
37,84%
|
Água
|
45,11%
|
Cerveja
|
56,00%
|
Cachaça
|
83,07%
|
Refrigerante
|
47,00%
|
LOUÇAS | |
Pratos
|
44,76%
|
Copos
|
45,60%
|
Garrafa térmica
|
43,16%
|
Talheres
|
42,70%
|
Panelas
|
44,47%
|
DE CAMA, MESA E BANHO | |
Toalhas (mesa e banho)
|
36,33%
|
Lençol
|
37,51%
|
Travesseiro
|
36,00%
|
Cobertor
|
37,42%
|
ELETRODOMÉSTICOS | |
Fogão
|
39,50%
|
Micro-ondas
|
56,99%
|
Ferro de passar
|
44,35%
|
Telefone celular
|
41,00%
|
Liquidificador
|
43,64%
|
Ventilador
|
43,16%
|
Refrigerador
|
47,06%
|
Videocassete
|
52,06%
|
Aparelho de som
|
38,00%
|
Computador
|
38,00%
|
Batedeira
|
43,64%
|
Roupas
|
37,84%
|
Sapatos
|
37,37%
|
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
| |
Casa popular
|
49,02%
|
Telha
|
34,47%
|
Tijolo
|
34,23%
|
Vaso sanitário
|
44,11%
|
Tinta
|
45,77%
|
Fonte: IBPT - Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário
|
Considere ainda que você paga de 15 a 27,5% de IRRF, paga plano de saúde complementar, escola particular, IPVA, IPTU, INSS, DPVAT, TRLAV, Taxa do Lixo, etc. Ufa!, e ainda tem gente que acredita que pobre não paga imposto no Brasil. Lula — aquele prometeu reduzir impostos —, aumentou violentamente a carga deles em nosso lombo; Dilma vai pelo mesmo caminho e pior. Até quando vamos suportar tamanho esbulho e humilhação?
Nós mineiros somos mesmo arredios a tributos — todo mundo no fundo é. Nossos conterrâneos mais antigos fizeram uma revolta por conta da Derrama. Pois eu leio sobre a Derrama e sinto inveja! Fizeram uma revolta contra um imposto de 20%, com penas variadas que incluíam o degredo e execuções na forca, mas fizeram! Nós somos escravos do Estado por quase seis meses do ano e ainda fazemos salamaleques para aqueles pulhas. É revoltante!
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