terça-feira, 8 de março de 2016

Ensaio geral, breve a estreia


Modéstia às favas, eu fui o primeiro (ao menos que eu saiba) a rotular a operação de Sexta passada (4/Mar) como um "ensaio geral" da Polícia Federal e do Ministério Público. Agora, vejo esta matéria no Diário do Poder que reproduzo para vocês (grifos meus):

Condução de Lula testou logística para prisão
PF avaliou tempo de resposta de PT e imprensa em eventual prisão

PF avaliou tempo de resposta de PT e imprensa em eventual prisão de Lula.
Foto: Márcio Fernandes/Estadão Conteúdo


A 24ª fase da Lava Jato, com a condução coercitiva de Lula, sexta (4), foi considerada um grande teste para eventual prisão do ex-presidente. A Polícia Federal pôde testar o tempo de resposta do PT e a agilidade da imprensa ao perceber a operação. Um jatinho da FAB (e não da PF) ficou a poucos metros do local do depoimento de Lula, no aeroporto de Congonhas, para eventual necessidade de evacuar o ex-presidente.

A avaliação é que foi um sucesso o cumprimento dos 44 mandatos, na 24ª fase da Lava Jato, incluindo a condução de Lula sob vara.

Ainda não é possível afirmar que Lula será preso, mas são gravíssimas as acusações contra ele: corrupção, lavagem de dinheiro etc.

Enquanto roubavam a Petrobras, empreiteiras “doaram” R$ 30 milhões a Lula, entre 2011 e 2014, por meio do seu instituto e sua empresa.


Meu pitaco:

Não sei como foi o dia 4 de Março para vocês, mas eu estive ocupado o dia inteiro. Acompanhei a repercussão dos fatos pela parte da mídia nacional confiável (nenhum jornalão ou rede de TV daqui, se querem saber) e por jornais e TVs internacionais.

A diferença é gritante. Nossos noticiosos são rápidos em formar um "juízo de valor" sobre a versão corrente e não sobre o fato . Enquanto um jornal estrangeiro diz "No Brasil, o ex-presidente Lula foi conduzido pela Polícia Federal até a um promotor público para dar explicações sobre seu patrimônio sem origem comprovada, suas ligações com empresas e pessoas investigadas e/ou condenadas por corrupção, lavagem de dinheiro, peculato, tráfico de influência, concussão etc.", aqui ficam colhendo impressões do populacho — contra e a favor. Em outras palavras, aqui não se noticia o fato para que o cidadão forme uma opinião sobre ele, mas dá a opinião, a versão do noticioso sobre o fato (quando este é mencionado). Não é por outra razão que digo "No Brasil a notícia é dada mastigada, deglutida e defecada: recebemos sempre o produto final."

Manifestação pró-Lula defronte "seu" apartamento (4/Mar/2016).
Vista em câmara aberta não se contam sequer 100 pelegos, mas a emissora
fechou o ângulo para "mostrar mais gente".
Foto: Rede Globo

O resultado não apareceria melhor numa comédia pastelão de baixíssimo orçamento. Filmam meia-dúzia de petistas correndo por uma avenida de São Paulo bradando bordões de pelego de sindicato, e pronto!, está feita a reportagem. Ali vê-se de tudo. De tiozinhos de cabelos prateados, oriundos de alguma sinecura municipal, aos bate-paus marombados da CUT, MST e MTST. Não há entre eles um único trabalhador sequer, apenas sanguessugas da coisa pública sob a égide dos "cargos comissionados". Lembrem-se: somos nós, ainda que por via oblíqua, que pagamos seus esteroides, suas academias e tatuagens, além do salário e do pão com mortadela.

O pior nem é o momento mas o day after. Ter que ouvir o midiático Marco Aurélio Mello, dentre outras "celebridades", criticar toda a operação, e ainda pior, nominando diretamente o Juiz Sérgio Moro, é de doer. Disse ele: "Condução coercitiva? O que é isso? Eu não compreendi. Só se conduz coercitivamente, ou, como se dizia antigamente, debaixo de vara, o cidadão que resiste e não comparece para depor. E o Lula não foi intimado." Não?! Qualquer cidadão razoavelmente informado sabe que Lula interpôs habeas corpus e mandatos de segurança para evitar depôr ao MP paulista e por mais de uma vez. Só não contava com um mandato federal contra o qual seu HC nada valia.

Marco Aurélio não fez a mise-en-scène de graça. Essas atuações, em geral, são pagas cash in advance. Não nos esqueçamos, há uma razão de peso. Sua filhinha Letícia foi nomeada por Dilma desembargadora do TRF. Convenhamos, sinecura é isto! Ainda assim, fiquei feliz em saber que o Juiz Moro o pôs em seu devido lugar. Perguntou-lhe, "Por que não se manifestou nas outras centenas de 'conduções coercitivas' da Lava-Jato, só na do Lula?" Touché!

Moro e a Lava-Jato têm uma tonelada de provas. Com aquelas que serão providas pelo Delcídio e pelas do Marcelo Odebrecht e toda a sua Diretoria, vai ficar difícil para Lula. Aliás, ele sabe disso. Volte à primeira foto e dê uma boa olhada na cara e nos olhos dele. Aquela é a expressão do PAVOR.


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