quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

"Disarm & Conquer"

A frase mais comum — e que você já deve ter ouvido — é "divide and conquer", literalmente dividir para conquistar, mas eu resolvi brincar com as palavras no Inglês e parafraseei para desarmar para conquistar. É, sou contra o desarmamento da população e tenho meus motivos...

O primeiro deles é porque o Estado quer tirar meu direito de defender a mim e a minha família. Eu não quero, com isso, advogar o "direito" de andar armado: sou suficientemente cônscio que meu direito termina onde começa o do meu vizinho. O que desejo é poder "repelir a injusta agressão, atual ou iminente" — como está no Código Penal e na Jurisprudência —, sem correr o risco de ser processado e condenado pelo Estado, que me tem por criminoso sem ao menos me conhecer. Por favor, preste atenção: o Estado o processará se você se defender e aos seus usando uma arma. Posto dessa forma, você pode escolher entre ser aviltado, roubado e morto pela bandidagem ou pelo Estado, sendo que esse último aí é pago por você justamente para defendê-lo e aos seus. Algum dia já ligou para a polícia e pediu proteção? Quem o fez nunca esperou menos que uma hora e meia! O ladrão, o estuprador, o assassino pode até fazer uma refeição completa e tomar um banho, que ainda dá tempo.

A propaganda oficial é pródiga em dizer todos os perigos de se ter uma arma. É verdade, existem até estatísticas bem acuradas sobre isso, mas a propaganda é ENGANOSA. Vou dar um exemplo bastante atual: carros, qualquer veículo de uso pessoal ou de transporte de passageiros ou carga, mata muito mais gente por ano no Brasil que as armas de fogo. Digo mais: matavam mais mesmo antes do desarmamento. Mesmo assim — ou a despeito disso — o governo nunca pensou em fazer um descarramento (perdoem-me o verbete forçado) da população, porque os carros são uma necessidade. Quero frisar meu ponto: você só pode conduzir veículos depois de receber treinamento e ser avaliado; mesmo assim os acidentes com veículos provocam mais mortes que as armas, independente da época; basta procurar as estatísticas. Por que não se faz o mesmo com as armas?

Eu já fui um praticante de tiro ao alvo há uns 30 anos. Frequentava o Clube Mineiro de Caçadores (nem sei se ainda existe) onde praticava carabina a ar e pistola (tiro prático/silhueta metálica). Na minha opinião, era por aí que o Estado deveria ter começado, como fez com os veículos. Quer ter uma arma? Aprenda como usar, pratique, treine. É bom saber com o que se mexe para o fazer com segurança. E haveria classes, como em tudo mais. Eu sou motorista habilitado para conduzir autos e motos de passeio (AB). Isso quer dizer que não posso entrar num caminhão reboque, com um bitrem de várias toneladas, e sair por aí; também não posso entrar num Fórmula 1, engatar a primeira e acelerar, porque acabaria por me matar ou a outrem em ambos os casos. Bom, eu acho que vocês já captaram a ideia — o perigo reside na imperícia do usuário, não na arma ou no veículo. Agora vou repassar um texto do Rich Wehr, escrito para o The Courier Press e traduzido por Julio Severo (grifos meus):

Os suíços têm a ideia certa sobre armas de fogo
Rich Wehr

A Suíça é o país mais seguro do mundo para se viver. Não porque é um país neutro ou qualquer coisa desse tipo.

Creio que é devido ao fato de que cada cidadão do sexo masculino é obrigado a manter uma arma de fogo em casa.

Quando um cidadão suíço do sexo masculino completa 20 anos, ele recebe um rifle militar totalmente automático.

Todo cidadão do sexo masculino é convocado para defender sua pátria se seu país o chamar.

Os suíços e as armas de fogo andam de mãos dadas como vão junto o arroz e o feijão (manteiga e geleia no original). O tiro ao alvo de estilo olímpico é o esporte nacional da Suíça e não é nada incomum ver um cidadão normal num trem, ônibus ou apenas caminhando pela rua com um rifle no ombro.

A política da Suíça de exigir que todos os lares tenham uma arma de fogo é uma das principais razões por que os nazistas não invadiram a Suíça na 2ª Guerra Mundial.

Tivessem os nazistas invadido, teria havido muito mais sangue alemão escorrendo pelas ruas do que sangue suíço.

A Suíça é o lugar mais duro do mundo para ser criminoso porque se você planejar arrombar a casa de alguém, você tem a certeza de que o dono da casa tem uma arma de fogo e foi treinado para usá-la. [O meliante tem a certeza de que sua vítima foi desarmada pelo Estado e está indefesa.]

Se você acha que os americanos são obcecados com a manutenção da Segunda Emenda [que protege o direito de eles terem e usarem armas para defesa], você ainda não viu nada até que visite a Suíça.

A Segunda Emenda da Constituição dos EUA foi inspirada nas políticas da Suíça. Se os suíços não tivessem as mesmas políticas do século XVII, é bem possível que a Segunda Emenda não existiria nos Estados Unidos hoje.

A maioria dos meninos dos Estados Unidos joga em pequenos times de beisebol ou futebol.

Mas a maioria dos meninos da Suíça participa de competições locais de tiro ao alvo e se filia a clubes de tiro ao alvo quando completam 10 anos.

O passatempo nacional dos EUA é o beisebol. O passatempo da Suíça é tiro ao alvo de precisão.

Na Suíça, há menos de um homicídio por cada 100.000 cidadãos por ano, e em 99 por cento dos casos, não há envolvimento de uma arma de fogo.

apenas 26 tentativas de roubo por ano para cada 100.000 cidadãos.

A maioria desses roubos é cometida por estrangeiros e não envolve armas de fogo.

Os crimes violentos praticamente não existem, mas [apesar de] todo lar tem uma arma de fogo. Surpreso?

Está escrito na lei suíça: “O elevado número de armas de fogo per capita não leva a um índice elevado de crime violento”. Isso está solidamente confirmado na Suíça.

A Suíça é um dos países mais pacíficos do mundo. O resto do mundo precisa pegar essa dica.

Pois bem, acha que acabou? Não, tem mais. A má notícia é que o desarmamento aqui fez aumentar a violência no País a níveis alarmantes. Salvo algumas poucas localidades — como São Paulo, SP — a criminalidade aumentou barbaramente. Se quiser saber os detalhes, pode baixar o Mapa da Violência (em PDF) e conferir. Os dados do relatório são oficiais.

Cidades como São Paulo e Rio quase caíram nas mãos da Crime S/A. A presença ostensiva da polícia e a ação forte dos governos estaduais começam a dar resultado: a criminalidade reduziu. Note, entretanto, que a redução se deu mais porque os índices anteriores estavam muito altos. Dou exemplos tirados do Mapa da Violência:
  1. Na tabela 2.5.1. Taxas de Homicídio Jovem, Não-Jovem e Vitimização Juvenil (%) por Homicídio. Brasil, 2000/2010 (pag. 72), podemos comprovar efeitos do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Desarmamento.
    1. Em todos os anos da década considerada – 2000/2010 – as taxas juvenis mais que duplicam as taxas da população não-jovem;
    2. Ainda mais: vemos que, a partir de 2003, ano que entra em vigor o estatuto do desarmamento, a vitimização juvenil tende a cair, mas a partir de 2007 as taxas juvenis recuperam os antigos patamares, e até superam os níveis anteriores;
    3. A partir de 2003, com fortes oscilações, conseguiu-se estagnar a espiral de vitimização juvenil, mas em níveis muito elevados. Não temos conseguido, ainda, reverter o flagelo, que já dura longos anos.

  2. Na tabela PR1 (pag. 166), os efeitos do desarmamento no Paraná: “As taxas do estado, que já vinham crescendo de forma rápida, aceleram-se mais ainda [...] Com esse diferencial, o estado ultrapassa a média nacional já em 2004.”
    O que se pode depreender desses dois exemplos, é que políticas como as do Estatuto da Criança e do Adolescente e a do Estatuto do Desarmamento, não produzem os resultados que delas se esperam — e por razão simples (simplória) — não visam a causa do problema, mas apenas seu efeito. É como naquele dito popular: "Atirou no que viu e acertou no que não viu.", óbvia imperícia no trato da situação.

    E o Estado não sabe usar a dele...
    O Mapa da Violência é extenso e eloquente. Pincei pouca coisa, mas convido o leitor a se informar mais nas suas 245 páginas. Se não tiver paciência, procure ao menos as partes que se referem a sua área próxima (cidade ou estado) e comece por exigir mais dos governantes.

    Aqui em Minas, por exemplo, a coisa está piorando. Se você quiser ver um policial vai ter que se esforçar. A rua é o local mais improvável de se encontrar um; estão, quase sempre, aboletados atrás de uma mesa ou passeando de carro com as luzes do teto piscando, como para dizer "Ei! Bandidos! Estamos chegando. Disfarcem o andamento do crime para que não tenhamos que nos dar ao trabalho de cumprir com o nosso dever." Bom, não é uma regra, mas é mais ou menos assim...

    No fundo, no fundo, o que eu gostaria é que o Estado cuidasse da Lei e da Ordem nas áreas públicas, urbanas ou não, para que não precisássemos nos trancafiar dentro de casa, não precisássemos de carros blindados para ir ao supermercado ou ao shopping, e ainda pagar dos seguros mais caros do mundo para cobrir nossos bens e, eventualmente, nossas vidas. Preocupa-me sobremaneira o porquê do Estado querer me desarmar, o porquê dele ver em mim uma ameaça. Não sou ameaça, sou o cidadão — aquele que paga impostos voluntariamente ao Estado — e que se sente ameaçado ora pela bandidagem, ora pela politicalha que não quer trabalhar, só roubar. O Estado, como um lobo, quer nos enfraquecer como um bando de ovelhas, nos dividir e nos destroçar.

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