domingo, 9 de agosto de 2015

Galinhas, patos e tucanos


Lendo alguns posts de O Antagonista de hoje, deparo com esta série aqui:

PMDB ao PSDB: "Se nós formos para o impeachment, vocês vêm conosco?"

Na noite da última terça-feira, o PSDB ofereceu um jantar a Renan Calheiros e outros caciques do PMDB, em Brasília. Os jornais publicaram que o impeachment foi discutido, mas que os políticos de ambos os partidos concluíram que a "tese não está madura".

Não é bem assim. O Antagonista ouviu relatos de presentes ao jantar. Eles afirmaram que o senador Romero Jucá foi bastante explícito.

"Se nós formos para o impeachment, vocês vêm conosco?", perguntou Romero Jucá aos tucanos.


Opa! O assunto é quente. Ato contínuo, passei ao próximo post.


PSDB ao PMDB: "Sim, 100%"

A resposta à pergunta de Romero Jucá foi: "Sim, se o PMDB for para o impeachment, o PSDB vai junto 100%".

Animados, os peemedebistas fizeram uma segunda pergunta aos tucanos: "Vocês dariam sustentação ao governo de Michel Temer?"


Epa! Será que é a isso que chamam de "ir com muita sede ao pote"?


PSDB ao PMDB: "Não, não daríamos"

A segunda pergunta do PMDB foi respondida com um "Não, não daríamos sustentação formal ao governo de Michel Temer". O motivo alegado pelos tucanos é que "Michel Temer não é um Itamar Franco".

Não ser Itamar Franco significa que Michel Temer é PMDB demais. Ser PMDB demais, no caso, é estar muito ligado a Eduardo Cunha.

"E se o nome do Temer aparecer na Lava Jato depois do impeachment de Dilma, com ele já na Presidência da República?", indagou um dos presentes no jantar de terça-feira ao Antagonista.

"Mas há essa chance?", perguntamos.

"Ninguém sabe dizer", ouvimos como resposta.


Xi! Entrou areia em topetes...


O PSDB, o PMDB e a verdade relativa

Diante da resposta de que o PSDB apoiaria o impeachment, mas não se comprometia a dar sustentação a um governo Temer, O Antagonista perguntou aos interlocutores tucanos: "Qual é o plano?"

Ouvimos: "Um pedido de impeachment terá o nosso apoio, sem prejuízo do processo de cassação no TSE. Até o final de setembro, o tribunal deve julgar as fraudes cometidas pela campanha do PT."

Respondemos: "Se Dilma for cassada, Temer também será. Caso Aécio seja mesmo eleito, como vocês esperam governar sem apoio do PMDB?"

Ouvimos: "Dizem que governar sem o PMDB é impossível. Mas essa é uma verdade relativa. As coisas estão mudando".

O Antagonista pensou, repensou e concluiu que o PSDB acha que, uma vez no poder, implodirá o PMDB -- e, assim, poderá incorporar um monte de deputados e senadores à procura de um governo para chamar de seu.

Nascido de uma costela do PMDB, o PSDB quer ser, ele próprio, o novo PMDB.


Eu acho que o PMDB pensou: "Então, tá..." e tocou o seu plano em frente...


Meu pitaco:

Bom, agora vem o mais difícil que é entender o que se disse acima e dar um pitaco. Foi quando me lembrei de algo que alguém havia me dito há muito tempo atrás: "As galinhas são os bichos mais 'burros' do universo." Não é verdade. Já criei galinhas e sei que elas, digamos, à sua maneira de galinhas, conseguem demonstrar algum tipo de cognição.

Aí lembrei-me dos patos. Os patos, sim, são animais idiotas. Tanto são que a expressão "fazer alguém de pato" é (syntactically sugar) levar a melhor sobre alguém. Também não é verdade. A referência vem do fato de que patos (e estou falando de patos selvagens) podem ser enganados — com grasnados e patos de imitação — a pousar no alcance de um tiro. Ora, até nós caímos em engodos.

E onde é que entram os tucanos? Ora, no PSDB! Estes, sim, mostram-se asininos (ou seriam asnáticos). Da forma como vêm agindo e negociando, não os vejo reocupando o poder no Brasil tão cedo. E se quer saber minha opinião, ainda bem! No PMDB (e na política) não há lugar para galinhas, patos e — ora bolas — tucanos.

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