domingo, 16 de agosto de 2015

Os protestos de 16 de Agosto


Acompanhei parte dos "comentários" sobre os protestos pelo rádio e TV. Fato: nenhuma TV aberta cobriu o evento, salvo flashes esporádicos. As rádios também deram ênfase ao futebol — questão de "segurança nacional" —, mas também deram flashes. Resumindo, o mainstream ignorou mais um grande evento nacional. Ainda bem que o Financial Times deu destaque na primeira página, com chamadas para duas matérias (links abaixo).

Das TVs, acho que só o GloboNews deu cobertura, ou seja, cobertura fechada — só para quem paga ou fez gatonet. Mas não se preocupem, quem não viu não perdeu nada. Foi a mesma lenga-lenga de sempre: a Cristiana Lobo, de voz manhosa (untuosa?), tentando minimizar ou desqualificar o evento. O Camarotti também comentou a efeméride "direto de Brasília", só que dava tanta volta naquele habitual tom monocórdio-modorrento que dormi umas duas vezes. Paulo Francis diria que ele é um Mogadon (vide link).

Mas foram democráticos. Deram cobertura também para o churrasquinho defronte ao Instituto Lula, aquele sob os auspícios da CUT, ou seja, pago por nós ainda que contra nossa vontade. Pelego é assim: em vez de defender ou arrumar emprego pros trabalhadores, faz churrasquinho.

Melhor parte da cobertura global foi uma turma de manifestantes que fazia coro atrás do repórter de campo, dizendo: "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo; o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo..." Valeu meu povo!

Ia escrever mais sobre a "cobertura da mídia" mas achei um texto muito bom, objetivo e sintético, que compartilharei com vocês (grifos meus):

Impossível saída
Márcio Accioly

A chamada “grande imprensa,” reunindo Folha de S. Paulo, Globo, etc., resolveu discutir o número de pessoas presentes nas manifestações, para saber se merecem crédito ou não. Ninguém faz nada. Milhões e milhões de pessoas vão às ruas, pedindo o impeachment da presidente e o fim da corrupção, mas o que se discute nos altos escalões é se os atuais protestos estão reunindo mais gente do que os anteriores.

O que desejam, afinal, os quadrilheiros do PT? Que se invada o Palácio do Planalto e se arranque Dilma de lá? O recado está mais do que dado. Todos sabem que a presidente, de quem se começa a duvidar seriamente a respeito da saúde mental, é cúmplice de ladrões, tolerante com a roubalheira, despreparada e que não consegue mais se deslocar sem ser vaiada nem é ouvida quando se propõe a falar pela televisão.

Quem desenha o cenário de mando político, dentro de um sistema como o nosso, é a economia. E a nossa se encontra inteiramente desorganizada, dependente do consumo exacerbado de bens de consumo e de automóveis que entopem as estradas, paralisando as cidades. Some-se a isso a corrupção generalizada, drenando todos os recursos financeiros disponíveis e irá se compreender o caos.

Mas ainda tem mais: a crise ambiental, sobre a qual ninguém fala, anunciando a falta de água e iminente colapso energético. O Brasil parece caminhar para uma ditadura. Vai ser impossível organizar sociedade tão desarrumada, onde o sistema educacional faliu, as instituições demonstram enorme fragilidade e as emissoras de televisão despejam pornografia o dia inteiro, banalizando canalhice e bandalheira.



Meu pitaco:

Após três manifestações gigantescas, sem paralelo na História mundial, nós já provamos nossa capacidade de mobilização popular. Isto é muito bom! Entretanto, manifestações assim, ainda que grandiosas, são dispersas. É hora de ajustar a mira ao alvo!

Minha sugestão é uma nova manifestação APENAS EM BRASÍLIA . Vamos lotar o eixão com dois ou três milhões de brasileiros e marchar até a Praça dos Três Poderes. É PRECISO DIZER A ESSES "TRÊS PODERES" QUEM MANDA AQUI!

Depois de uma manifestação dessas, até a Cristiana Lobo vai entender. Vai, não vai?

Links:

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