Já falei noutro artigo sobre os beócios, denominação dos naturais da Beócia, etc. Os beócios eram tidos em baixíssima conta pelos atenienses que os qualificavam como "de espírito pouco cultivado, indiferentes à cultura; grosseiros, boçais" (Houaiss). A má fama desses povos atravessou os milênios e seu nome hoje serve para adjetivar, via de regra, os toscos, ignorantes, grosseiros e boçais.
Tratar mal assim um povo, convenhamos, só podia ser mesmo coisa de atenienses, a zelite da Grécia na época. Eram de lá os sábios e os grandes filósofos; foi de lá que brotaram grandes ideias, como uma tal de Democracia. Na Grécia tinha também outro grande povo, os espartanos, cujo nome também atravessou os milênios para adjetivar as virtudes da austeridade, do rigor e do patriotismo (Houaiss). À sua moda, Esparta também tinha sua zelite, nada tão refinado como em Atenas, mas ainda assim, zelite. Diz a lenda que espartanos "não-conformes" eram atirados do penhasco ao mar. Rude, mas eficaz.
Berço da cultura, sabedoria, da austeridade, do rigor e do patriotismo, a Grécia podia nos poupar dos beócios. Mas não, o pacote veio completo. Está por conta do destinatário separar o joio do trigo. Assim, em alguns lugares, a maioria dos cidadãos são honestos, procuram se aprimorar pelo estudo e pela boa prática, são austeros com seus recursos e ainda mais austeros com os recursos alheios, usados com parcimônia e rigor para obtenção do bem comum. Exemplos simples, patrióticos, de como deve ser uma Nação.
Não é de se admirar que nosso País esteja vivendo tamanha crise de valores tal é a quantidade de escândalos, de malfeitos e malfeitores. Não é possível existir uma "Democracia de Boçais", ao menos não uma que funcione e viceje. Ou mudamos a qualidade do povo ou continuaremos República da Beócia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos os comentários são bem-vindos — inclusive anônimos —, sejam para criticar, corrigir, aplaudir etc. Peço apenas que sejam polidos, pertinentes à postagem e que não contenham agressões ou ofensas.