quinta-feira, 23 de março de 2017

Eu queria falar sobre o atentado de Londres, mas…

Ontem eu fui irônico ao criticar o jornalismo de modo geral e o jornalismo de opinião, em particular, porque acredito que jornalismo e opinião são coisas bem distintas ainda que este último possa vir a ser consequência do primeiro. Se posso me explicar melhor, não cabe ao jornalista dar ao público sua opinião sobre uma notícia. Ponto. Quem deve fazer juízo de valor sobre a coisa informada é o público e ninguém mais. Opinião dada por quem dá a notícia e igual a elogio em boca própria: vitupério! Equivale a dizer ao público "vocês são muito burrinhos para entender, então vou explicar", ou algo assim. Como piada explicada, não tem graça.


Mas como disse no título, eu queria dar meu pitaco sobre o último atentado terrorista de Londres. Meu maior problema foi que a mídia local e internacional não relatavam nada. Quase nenhuma informação a não ser que havia uma dezena de feridos e, entre eles, quatro mortos. Sobre o terrorista, NADA.

Isso, por si só, já é indicação de terrorismo islâmico. Existe tamanho cuidado em ser "politicamente correto" com os muçulmanos que beira ao cabotinismo. Basta o assunto vir à tona que se esgota o estoque de luvas de pelica. É patético.

A tarde já se findava quando o "3 em 1" da Jovem Pan (endereço do canal nos links) anunciou que falaria sobre o assunto, inclusive com participação do correspondente da rádio em Londres que transmitiria do local do atentado, ali, ao lado do Big Ben. Hum, pensei, promete…

Infelizmente o que se viu/ouviu foi mais disse-me-disse, pouca ou nenhuma informação e juízo de valor sobre hipóteses. Corta essa, gente! Após o relato do correspondente, que mencionou, inclusive, o aniversário do ataque ao metrô e aeroporto de Bruxelas há um ano, assim como os ataques ao Le Bataclan e a bares de Paris, às comemorações do Dia da Bastilha em Nice e a uma feira de Natal em Berlim, disse que este fora perpetrado por um nativo convertido ao Islã. O correspondente tenta explicar que as autoridades não sabem lidar com terroristas nativos e convertidos à jihad islâmica, os tais "lobos solitários". Se assim for é admissão de incompetência pura e simples das autoridades.

Um dos comentaristas diz então "que [todo] o terrorismo recente é islâmico", dentre outras considerações, e aí se instala a celeuma. Um dos colegas minimiza o "baixo número de vítimas", como se por isso o atentado pudesse ser rotulado de "fracasso". Quando ouvi isso pensei: aí vem merda! Não deu outra. Começou a atacar os xenófobos, os intolerantes, isto é NOSOTROS, pelo ocorrido. Barbaridade! Mas a incontinência continuou. Segundo ele, poderia ser também um evangélico, um católico, um judeu ou um umbandista a cometer o mesmo ato terrorista. Esse aí surtou.

Provocado pelo primeiro a indicar quando foi que "evangélicos, católicos, judeus ou umbandistas" teriam praticados atos terroristas, vem o terceiro palpiteiro em socorro do outro, para citar os atos do IRA (Exército Revolucionário Irlandês), de religião católica, na sua guerra civil contra o domínio britânico no Ulster. Lembram-se quando me referi ao pouco pudor que certas pessoas têm ao exibir a própria ignorância? O conflito do Ulster era entre cristãos, católicos e protestantes, uns a favor da sua anexação pela Irlanda e outros pela manutenção do domínio britânico. Querem mais? O IRA não saiu bombardeando Bruxelas, Paris, Nice e Berlim, e antes desses, EUA, Espanha, França etc. pela sua causa — era um conflito interno. Esses comentaristas fariam um favor a si próprios se procurassem se informar melhor sobre a jihad islâmica, como com o Dr. Bill Warner, através de seus livros e vídeos (sugestões nos links). Aí, talvez, não perca mais meu tempo com abobrinhas.

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