Li esta manhã, mas a notícia é de ontem, que o novo "suspeito" do surto de microcefalia é o larvicida usado no controle do mosquito aedes aegypti. Segue um trecho do Diário do Poder (grifos meus):
Larvicida pode ser causa de surto de microcefalia
Médicos suspeitam que causa da microcefalia é droga usada no combate ao mosquito
Estudo da PCST, organização argentina de médicos especialistas em pesquisas sobre o uso de agrotóxicos em plantações, aponta o larvicida pyriproxyfen como causa do surto de microcefalia no Brasil. O produto químico é inibidor de crescimento usado para incapacitar, e às vezes destruir, a larva do Aedes aegypti e é usado em reservatórios de água potável no Brasil desde 2014. O pyriproxyfen é produzido pela Monsanto, gigante dos transgênicos.
Segundo os pesquisadores do PCST, o zika vírus sempre foi tido como “benigno” e nunca havia sido associado a defeitos congênitos.
Segundo a PCST, a introdução do pyriproxyfen em 2014 coincide com o surto de microcefalia no Brasil. O zika pouco teria a ver com isso.
Meu pitaco:
Primeiro, não sei o que vem a ser PCST e nem me interessa muito saber. O que eles disseram faz sentido. Não, eu não estou endossando ou afirmando que o larvicida é o culpado, nem mesmo que o Zika (o nome é bem sugestivo) tenha algo a ver com o surto de microcefalia. Essa história cheira mal desde o seu início. Vamos levantar alguns pontos:
- A quase totalidade dos casos de microcefalia ocorreram no Nordeste, mas o larvicida é usado em todo o território nacional. Dizer também que é em razão da presença de armazenamento precário de água também não se sustenta, ou teríamos surtos em quase todas as favelas do Rio, São Paulo, Belo Horizonte etc. Não ocorreram. E mais: o larvicida vem sendo usado desde 2014, por que o surto só ocorre agora?
- Um jornal de Novo Hamburgo relata que na Colômbia 2.824 (!) grávidas com Zika pariram bebês normais, o que leva a crer que não há relação de causa e efeito entre o vírus e a má formação.
- No mesmo jornal foi relatado aumento de 66% de casos da síndrome de Guillain-Barré na Colômbia. Trata-se de uma doença auto-imune e não uma doença viral. Entretanto, doenças auto-imunes podem ser disparadas por um agente externo, como um vírus qualquer.
- Houve casos esporádicos de microcefalia fora do Nordeste, mas podem muito bem serem incluídos como simples má formação congênita ou oriunda de outros fatores externos como a rubéola.
- Complementando o item anterior, no Brasil, as crianças são vacinadas contra rubéola (vacina MMR — Mumps/Measle/Rubela), normalmente antes de um ano de idade. Mulheres adultas, não imunizadas, devem receber a vacina contra rubéola preventivamente. Porém, há um procedimento a ser observado: a) A mulher NÃO pode estar grávida. b) Após receber a vacina a mulher NÃO deve engravidar por um período de trinta (30) dias, segundo o MS. Será que os postos de saúde do Nordeste seguiram os procedimentos corretos (exame sorológico IgM/gravidez/acompanhamento pré-natal especial)?
Como se pode notar, parafraseando William, há mais mistérios entre o que é veiculado pela imprensa e a verdade dos fatos, do que imagina nossa vã filosofia. Nenhum jornalista, dos mais cacifados aos mais mequetrefes, teceu uma única dúvida que fosse sobre o que há de verdade sobre o surto. Aceitam e repetem, bovinamente, aquilo que a autoridade de plantão lhes relata. O público que arranque os cabelos. Algumas já estão arrancando fetos .
Um comentário:
De fato o que está sendo veiculado de forma massiva pela mídia não deve ser de confiança em sua totalidade. Devemos buscar mais informações a respeito e a propósito o que está sendo explanado pelo seu blog acredito ser uma verdade. Não acredito no que é dito comumente por aí (mídia).
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