segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Pitacos nas Eleições 2018 #13



A mídia sem argumentos

Alguém já comentou em relação a eleições passadas que um candidato está ou não no páreo eleitoral quando este ganha o empresariado. Devo alertar, esta é uma peculiaridade bem nossa e ela tem sua razão de ser. De algumas semanas para cá, Bolsonaro vem recebendo suportes ostensivos de parcelas consideráveis do empresariado nacional. Primeiro foi de Flávio Rocha do Grupo Riachuelo/Guararapes que tem expressiva participação no Nordeste do país. Logo depois, o empresário Luciano Hang do Grupo Havan também declara apoio aberto ao Capitão. Apesar desses apoios não se traduzirem em tempo de TV ou de rádio, trazem votos, muitos votos, sem a necessidade de maiores explicações como no caso de Alckmin e "seu" Centrão de Corruptos.


Primeiramente — não devemos nos esquecer — o Brasil é um país aculturado e ignorante considerando-se a maioria de sua população. Não me entendam mal, não se sintam ofendidos, isto é apenas uma constatação que qualquer um pode verificar bastando por a cabeça para fora da sua janela. Saia de sua "zona de conforto" por um pequeno instante, converse com meia-dúzia de passantes e você poderá constatar a minha afirmação. É fato.


Juntamos à afirmação anterior o anátema de que aqui o voto é obrigatório e teremos a formula perfeita para que a contrafação, o embuste e a tramoia sejam emolduradas pelo manto da "democracia". É verdade. Ressalvados um sistema eleitoral que não pode ser auditado e um escrutínio que nunca é público, toda eleição aqui é democrática já que em tese refletiria a vontade de uma maioria, a mesma já qualificada de inculta e ignorante no parágrafo anterior. É o que temos e isto também é fato.


Postas na mesa estas duas constatações, está claro que toda eleição no Brasil é — vis-à-vis — resultado de influência e/ou manipulação da tal maioria inculta e ignara. A influência é uma ação justa, obtida que é pelo convencimento, pela orientação e em menor número pela argumentação, por razões óbvias. Este convencimento é exercido por grupos organizados da sociedade — elites, se assim o preferir — que são as entidades de classe, os clubes de serviços, associações civis, guildas profissionais e organizações religiosas e políticas. Já a manipulação, não, esta é sempre criminosa . Ela se manifesta pela compra de votos, como se deu com o Bolsa Família, pelas fraudes que não podem ser auditadas por conta da nossa urna eletrônica, pelo abuso do poder econômico e político, seja pela "compra" de espaços favoráveis na mídia ou pelo loteamento de cargos e favores nas diversas esferas governamentais.


O que se nota hoje é que a ala conservadora da sociedade, geralmente mais alinhada à direita, resolveu sair do armário e encarar o jogo político, terreno onde a esquerda há muito se estabelecera como num feudo indisputável. Fiel aos ensinamentos de Gramsci, a esquerda ocupou os espaços em todos os níveis do sistema educacional, nos sindicatos, nas chamadas "pastorais" da Igreja Católica, e claro, em toda a mídia. É nesta última que será travada a batalha final.


As manchetes dos noticiosos já espelham a contenda. Reproduzo um trecho de matéria do jornal espanhol El País (grifos meus, link abaixo):

 

Vitória de Bolsonaro pode tirar investimentos e isolar o Brasil, avaliam diplomatas

Sete de oito integrantes de embaixadas ouvidos pelo EL PAÍS acreditam que segundo turno se dará entre capitão e Alckmin. Para eles, dificilmente o país vai avançar numa agenda menos protecionista

Brasília - 20 AGO 2018 - 09:10 BRT — Quando o deputado federal Jair Bolsonaro começou a discursar de maneira descontraída em uma reunião da qual participaram quase 20 diplomatas estrangeiros de alto escalão em Brasília, a plateia se surpreendeu com o capitão reformado do Exército e candidato do PSL à Presidência da República. Acharam que aquele político acostumado a fazer discursos radicais, defender torturador da ditadura militar e retrucar mulheres que o atacam verbalmente tinha mudado. “Ficamos perplexos. Parecia uma pessoa moderada. Muito diferente do que estamos acostumados a ver nos noticiários e na tribuna do Congresso”, disse um dos presentes ao encontro. Minutos depois, quando passou a falar sobre o seu projeto de país, seus planos a para economia e relações exteriores, contudo, a surpresa positiva se tornou descontentamento. “Ele é muito raso. Sempre recorre a assessores. Nunca sabe dar uma resposta aprofundada. Não me parece que ele saiba o que fará se chegar à presidência”, afirmou outro espectador. Uma das conclusões de parte desses diplomatas foi que, sem saber o rumo a se dar às relações internacionais, em um primeiro momento, o Brasil pode se isolar.

 

Minha escolha pelo El País não foi fortuita, bem ao contrário. Este diário espanhol é tido como a mais esquerdista publicação europeia, a mais eurocêntrica e aquela descaradamente globalista. Vocês não precisam acreditar em mim, podem perguntar a qualquer europeu.


Basta ler o lead da matéria para antever todas as linhas e entrelinhas que se seguirão. Por exemplo, vocês acham mesmo que 20 diplomatas se surpreenderiam com Bolsonaro? Só se forem tolos rematados. Está claro que não há um factoide "Bolsonarinho Paz-e-Amor". O de hoje e o de ontem são a mesma pessoa e talvez isto os tenha surpreendido, acostumados com a contrafação. Bolsonaro não vai afagar ninguém; não vai transigir, não vai tergiversar. Ponto.


A outra referência derrogatória é de que "Ele é muito raso. Sempre recorre a assessores. Nunca sabe dar uma resposta aprofundada.", como se os seus antecessores que "sabiam de tudo" e estranhamente não fizeram nada ou fizeram tudo errado, fosse o correto na visão do pasquim. Bom, em se tratando do El País este é o paradigma a seguir.


Já eu prefiro um milhão de vezes um presidente que admita abertamente suas limitações e suas dúvidas, àqueles que só têm certezas. Como bem nos lembrou Albert Einstein, "Somente a estupidez humana e o universo são ilimitados", então entre uma dúvida e uma certeza escolha a primeira.


Por fim, os europeus temem o isolacionismo americano capitaneado pelo Trump. Na última semana, o Secretário da Defesa James Mattis fez um rápido périplo pela América do Sul. No Brasil ele foi homenageado na Escola Superior de Guerra — ESG onde proferiu um longo e elogioso discurso. Fico me perguntando qual foi a última vez que o Secretário de Defesa da América esteve aqui, mas acontecimentos como joint venture Boeing-Embraer, as trincas na União Europeia e o consequente esfriamento das relações na OTAN podem sugerir uma mudança no eixo geopolítico. Isto, e não o que Bolsonaro pretende fazer na relações internacionais, preocupa o europeus. Aliás, Bolsonaro foi bastante claro: vai seguir o modelo Trump de relações bilaterais, parcerias com os melhores e sem colorações ideológicas.


Está claríssimo e está certíssimo! Com Bolsonaro o País terá Norte.

 

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