quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Pitacos nas Eleições 2018 #11


Neste artigo eu pretendo analisar a última pesquisa publicada pelo Instituto Paraná Pesquisas (TSE nº BR-02891/2018) e compará-la com a pesquisa do mesmo instituto de nº BR-00884/2018, comentada aqui .


A pesquisa em questão contempla apenas dois cenários, um com Lula e o outro sem, todos eles na modalidade de pesquisa estimulada que é quando os nomes dos candidatos é oferecido ao entrevistado para que escolha uma única opção. A pesquisa foi estratificada por faixa etária, sexo, escolaridade, região geográfica etc. Apesar da pesquisa perguntar "Quais candidatos estariam presentes num eventual 2º turno?" um possível resultado para este cenário não foi amostrado e será avaliado apenas superficialmente ao final.


Pretendo me ater apenas aos números. Eventualmente posso dedicar mais tempo aos outros indicadores. Vejamos os números:



Meu Pitaco:


Cenário 1.

O instituto inverteu os cenários nesta pesquisa e assim o Cenário 1 é aquele com o candidato presidiário. No quadro acima o leitor perceberá que ambas pesquisas, a atual e a anterior, são mostradas. Para facilitar a comparação dos números os cenários foram invertidos na pesquisa atual.


Como se vê nos quadros acima, os únicos candidatos a apresentar uma melhora foram Bolsonaro e Lula. Especificamente neste cenário fica bastante claro que Lula retira ainda mais votos de todos os outros candidatos, exceto de Bolsonaro, diferentemente do que ocorreu na pesquisa anterior. Bolsonaro também aumentou seu percentual em relação aos Nenhum.


Ainda em comparação à primeira pesquisa, nota-se que uma parte dos votos Nenhum mudaram para Não sabe, possivelmente por influência das sabatinas e do debate recente, com a diferença de que não foram para Lula como seria esperado.


Acredito ser lícito afirmar que Bolsonaro não apenas já recebe parte dos votos Não sabe como também é possível afirmar que nem todos os votos Nenhum convertidos, que anteriormente iam para Lula, agora já não são privilégio dele. Em outras palavras, o que isto quer dizer é que uma parte considerável do voto Nenhum é na verdade um Não sabe enrustido e que certamente se manifestará no 1º ou no 2º turno para este ou aquele candidato.


Quanto aos demais, Marina piorou o que contraria algumas outras pesquisas que a dão como certo no 2º turno. Ciro também piorou, mas pouco. Suas chances, contudo, são poucas. Alckmin melhorou um pouquinho só, o que mostra que seu acordo com o Centrão e principalmente a adesão da senadora Ana Amélia à sua candidatura ainda não produziram os efeitos desejados por ele. Todas a suas fichas estão na propaganda de TV, mas será que sua duração será suficiente para alavancá-lo dos atuais 6,6% com Lula ou 8,5% sem? Eu tenho dúvidas.


Cenário 2.

No Cenário 2 o Instituto testa o eleitorado sem Lula que é como deve ser. A insistência dos institutos de pesquisa em avaliar cenários com ele é apenas para não serem pegos no contra-pé. Como vivemos em uma contínua insegurança jurídica, o impossível pode acontecer.


Neste cenário, o candidato Bolsonaro mostra que suas intenções de voto são tão consolidadas quanto as de Lula. Ainda que nem um nem outro possam garantir vitória no 1º turno, sua presença no 2º já é garantida salvo uma hecatombe de proporções oceânicas, como diria o jornalista Políbio Braga.


Como notado no cenário anterior, a queda nos Não Sei   é auspiciosa. Isto demonstra que o discurso dos candidatos começa a ser ouvido pela imensa massa de eleitores desiludidos. Aliás, é imperativo que os candidatos dirijam seus discursos a essas pessoas desde já. Não dá para ficar aguardando o 2º turno para só então garimpar os votos dispersos. Se houver uma chance de ganhar logo de saída, por que dar sopa para o azar? Eu defendo o estilo Mike Tyson e ganhar logo no primeiro assalto, no primeiro punch. Quanto mais demorar, maior a chance de perder.


Minha análise se baseia num único fato: à exceção de Bolsonaro, todos os demais candidatos com chances de disputar a eleição SÃO DE ESQUERDA, ou de centro-esquerda na melhor das hipóteses. Isto quer dizer, pelo histórico de eleições passadas, que qual seja este candidato a soma de quase todos esses votos migrarão para ele — O VOTO IDEOLÓGICO. Bolsonaro poderá contar apenas com os seus próprios, alguns do Alckmin e mais alguns de outros candidatos nanicos. Esta é a razão de pesquisas sobre o 2º turno darem a vitória a Marina num confronto direto com o candidato da Direita.


Curiosidades

Bolsonaro continua o preferido em todas as faixas etárias. Dentre as faixas de escolaridade, perde para Marina no ensino fundamental por 2,3% e dentre as regiões do país perde o Nordeste para Nenhum por 8,7%. É também o preferido entre os homens e nesta pesquisa também ganha da Marina entre as mulheres por 1,6%, uma melhoria de 2,4% em relação à pesquisa anterior. Entretanto, perde para as mulheres do Nenhum por 9,8%. Já se percebe que o nicho a ser explorado por ele está entre os Nenhum.


Como curiosidade final, esta pesquisa pesquisou a opinião do eleitor sobre quais seriam os candidatos no segundo turno. Bolsonaro é dado como certo por 43,3% dos pesquisados, Alckmin vem em seguida com 27,6%, depois Ciro com 21,0% e só então Marina com 20,7%. A se confirmar esta ordem e o momento atual, Bolsonaro estaria eleito. É preciso notar nesta pesquisa a avaliação um tanto fria do eleitor, já que ele aposta mais no tempo de propaganda de Alckmin, como determinante para sua ida ao mata-mata, que na dominante ideologia de (extrema-)esquerda dos outros candidatos.


Conclusão

Continuo desconsiderando a opção Lula por conta da sua situação penitenciária, pela Lei da Ficha-Limpa e pela impossibilidade dele transferir seus votos para Haddad, apenas uma pequena parte. A única chance deste é se em lugar de sua cara aparecesse a do sapo-barbudo na urna. Toda a estratégia de Lula e a do PT se baseia nisso.


Bolsonaro tem capitalizado bem os debates e sabatinas mais pela incompetência dos entrevistadores que propriamente por suas próprias argumentações. A retórica não é seu forte. Entretanto, suas cortadas têm rendido muitos memes   na Rede, e para ele, "caiu na rede é peixe" , ou seja, é voto!

  

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