A deliciosa coluna de Leandro Narloch — O Caçador de Mitos — dá mais uma paulada na falácia e nos falaciosos:
Mito: “austeridade fiscal resulta em fracasso nas urnas”
Surpresa: quem gastou menos ganhou a eleição
Morando na Inglaterra entre 2013 e 2014, eu me divertia fazendo uma pequena intervenção num adesivo de protesto bem comum nas ruas de Londres. O adesivo dizia No more cuts! (“Não a mais cortes!”). Com a minha leve intervenção, o no desaparecia. More cuts!
Pelas mensagens e conversas de rua, parecia que os cortes no orçamento promovidos pelo governo de David Cameron resultariam em desastre eleitoral. O que pra mim fazia todo sentido: não é novidade a vantagem que governantes gastadores têm vantagem sobre os austeros. Alguém vai ganhar uma eleição prometendo menos dinheiro para “saúde, educação e segurança”?
Mas a reeleição do Partido Conservador derrubou esse mito. Desde 2010, governo britânico cortou o gasto público em 35 bilhões de libras. Segundo o Institute of Fiscal Studies, foi o maior corte de gastos entre 32 economias desenvolvidas. E o resultado foi uma vitória com vantagem mais larga que a da eleição anterior. O Partido Conservador pode agora governar sozinho, sem dividir o poder com os Liberais Democratas.
Além da mensagem dos votos, pesquisas mostram que o grosso do eleitorado aprova o fim da festa de pensões e benefícios a desempregados. De cada dez ingleses filiados a sindicados, oito aprovam o limite de 26 mil libras em benefícios. Na campanha que terminou ontem, Cameron tentou conquistar votos prometendo um teto ainda mais baixo, de 23 mil libras. Os eleitores também simpatizam com a criação de um limite de transferências a dois filhos por família.
A sorte do Partido Conservador foi ter tempo de colher os benefícios do ajuste fiscal. A economia inglesa é a que mais cresce na Europa, a inflação é de 0%, a criação de vagas de trabalho é a maior que a de todos os países da Europa continental somados. Com números tão bons assim, a surpresa seria David Cameron ter perdido a eleição.
Meu pitaco:
Ludwig von Mises já disse há tempos aquilo que se revelou o óbvio: "Government cannot make man richer, but it can make him poorer. *", assim como também é dele outra frase lapidar: "Depression and mass unemployment are not caused by the free market, but by government interference in the economy.**" Estas frases não apenas explicam o porquê do sucesso de ontem do Partido Conservador no Reino Unido, como também o do fracasso do lulo-petismo no Brasil. E não apenas o lulo-petismo. Em toda a América Latina, os resultados do esquerdismo na política e nos governos vem se revelando como a causa da falência do neo-socialismo.
Não satisfeitos com o insucesso da "roda quadrada" do socialismo europeu, latino-americanos, liderados pelo Foro de São Paulo, inventaram a "roda triangular" ou o neo-socialismo, tudo na vã esperança de que economizando um solavanco teriam sucesso onde o outro falhou. Não tiveram. Onde se instalou houve retrocesso econômico, desindustrialização e desemprego, escassez de alimentos e serviços básicos, aumento da violência, da criminalidade, da pobreza e da inflação; não há exceções.
Aqui não é diferente. E ainda há casos emblemáticos como o da Petrobrás. Após apenas três mandatos lulo-petistas e ela foi reduzida de 30ª maior empresa do mundo no ranking da Forbes para a 416ª posição. Uma queda de 386 posições é um feito de proporções históricas que não se explica nem pela gigantesca incompetência dos seus administradores, nem pela monumental corrupção de que foi alvo — a maior da História Mundial.
Não, foi preciso também a ação maléfica do Estado através da manipulação de preços, tarifação excessiva e punitiva, intervenção nos novos contratos de exploração do pós/pré-sal que a obrigaram a uma participação mínima de 30% em cada partilha, o que fez dela — Petrobrás —, a petroleira mais endividada do mundo. Fosse privada ela estaria hoje FALIDA. Por ser estatal, dividirá com o restante dos brasileiros seu infortúnio. É o governo fazendo todos nós mais pobres, somente os ladrões mais ricos.
O governo não "enriqueceu" a ninguém de bem, empobreceu a todos. O mesmo se deu com o BNDES, o Banco do Brasil e a CEF, assim como os fundos de pensão das estatais. Todos quebrados. Não é outra a razão dos "ajustes fiscais", parte aprovado ontem na câmara, que aumentará ainda mais o peso do estado em nossas costas. Posto assim desta maneira, não é por outra razão que no Reino Unido os conservadores obtiveram uma esmagadora vitória sobre o populismo irresponsável de esquerda. Os ingleses, definitivamente, não são como nós.
É sempre oportuno lembrar aquela que foi, junto com Reagan, o maior expoente do liberalismo econômico moderno, Margaret Thatcher. Ela disse: "Não existe esta coisa de dinheiro público. O que existe é o dinheiro do pagador de impostos, o fruto do seu trabalho e da sua poupança, de onde retiramos parte para as expensas do Estado." O que ela exortava ao proferir estas palavras era a parcimônia com que o Estado deveria ter para com o gasto público. Ela o fez a seu tempo, Cameron o faz agora; e ambos foram vitoriosos por respeitar o dinheiro alheio.
Já aqui em Banânia, nenhum dos 25 mil cargos em comissão do Executivo foi cortado, o governo continua loteado por quase quarenta ministérios, as tarifas dos preços administrados explodiram, os impostos escorchantes foram aumentados, tabelas de IR não foram corrigidas, programa sociais foram contingenciados etc., tudo para COBRIR O ROMBO, tudo isso sem o prejuízo de TRIPLICAR A VERBA DO FUNDO PARTIDÁRIO! E eles ainda estranham os panelaços...
Minhas traduções:
*) "O governo não pode enriquecer um homem, mas pode fazê-lo mais pobre."
**) "Depressão e desemprego em massa não são causados pelo livre mercado, mas pela interferência do governo na economia."
Links:
- Instituto Ludwig von Mises Brasil e sua Biblioteca onde há inúmeros e-books gratuitos de Mises e outros autores da Escola Austríaca de Economia, além de livros para comprar.
- O Caçador de Mitos
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