terça-feira, 26 de abril de 2016

O Brasil é mais embaixo

No meu último artigo eu saí com a frase "O Brasil é mais embaixo" , parafraseando aquela outra do "buraco". Curiosamente, ambos, Brasil e buraco, começam com bê, e assim a frase saiu fácil, fácil.
Leio um artigo do Noblat n'O Globo que reforça ainda mais a baixa conta onde tenho a política brasileira e seus players principais, FHC e Lula, não necessariamente nesta ordem, ambos seguidos por seu séquito interminável de acólitos e puxa-sacos. Agora, enquanto progride o processo de impeachment da presidente, os "papas" da nossa política mexem os pauzinhos para conservar seus feudos.
Seguem trechos do artigo (grifos meus). Volto depois.
 
Quem pariu Temer que o embale
| 03:29 | Ricardo Noblat |
Em algum momento no ano passado, o PSDB ficou contra o impeachment da presidente Dilma. Preferia que ela sangrasse até o fim do seu atual mandato. Assim seria mais fácil derrotar o PT na eleição presidencial de 2018.
A posição do partido depois mudou e ele aderiu à tese do impeachment. Para refugá-la poucos meses mais tarde. E para outra vez recepcioná-la com medo de que Lula voltasse a comandar o governo e acabasse sendo bem sucedido (sic).
Uma vez que o pedido de impeachment foi aprovado pela Câmara dos Deputados, e está a um passo de ter sua admissibilidade referendada por larga maioria no Senado, o PSDB – sempre ele! – enfrenta novo dilema: participar ou não do futuro governo Temer?
José Serra e Fernando Henrique Cardoso são a favor da participação. Serra está cotado para ser ministro de Temer. Aécio Neves e Geraldo Alckmin são contra. Os dois são aspirantes a candidato a presidente em 2018.
[…]
O impeachment foi aprovado com 367 votos favoráveis e 137 contrários. Para fazer qualquer reforma via proposta de emenda à Constituição, o governo [Temer] precisará de um mínimo de 308 votos. Se não tiver, adeus governo.
[…]
Do fim da ditadura militar até o fim do primeiro governo de Dilma, o Congresso jamais negou o que um presidente da República recém-empossado lhe pediu. Aprovou até o congelamento da poupança dos brasileiros promovido pelo então presidente Fernando Collor.
[…]
Se era para negar a Temer condições de governar, o PSDB e demais partidos deveriam ter arcado com a responsabilidade de sustentar Dilma.
Agora é tarde.
 
Meu pitaco:
Quero comentar logo os três primeiros parágrafos do Noblat. Começo por substituir "PSDB" por "FHC", e aí fica fácil de entender. Convenhamos, não existe essa coisa chamada PSDB, não há partido algum. O que existe é FHC e seu bando de acólitos e puxa-sacos, nada mais. Troque PSDB por PT e a mesma conclusão se aplica a Lula. A diferença, nesse último, é que gravitam no seu entorno também os acólitos e puxa-sacos de partidos satélites como o PSOL, o PCdoB e a Rede, além das franjas sindicais e "movimentos ditos sociais".
Como aconteceu no primeiro governo Lula, FHC também preferia deixar Lula sangrando para papá-lo, já morto, em 2010. Nós conhecemos esta história — princípio, meio e fim —, e FHC foi convencido de que o melhor era não arriscar outra sangria. O então Lula sangrado enfiou mais três mandatos presidenciais em FHC. Doeu.
Doeu mas não mudou nada. A incerteza é parte do DNA do "príncipe dos sociólogos". Dona Ruth lhe faz muita falta. Era ela (e não FHC) o real suporte do PSDB, a "escora" do esteio FHC.
Vamos em frente…
As aspirações de Aécio, Alckmin e Serra (não mencionado) à presidência, são sonho de uma noite de verão. Os dois primeiros detonaram suas chances — acredito — de forma irremediável: Aécio com sua pífia atuação como "líder da oposição" e Alckmin com um ora desastroso, ora apagado segundo termo de governo. Serra, por sua vez, aspira ser o que FHC foi para Itamar: ministro de destaque de um "governo de salvação nacional" a ser ungido por Temer seu natural sucessor. Precisa antes combinar com "o russo". No tempo de Itamar não havia reeleição, já agora…
Para terminar, uma triste constatação ao ler os últimos parágrafos: Os governos no Brasil se sucedem para emendar a Constituição. Notem que todos mandatários, sem exceção, procuram a maioria de três quintos da Câmara Baixa, e se possível o mesmo tanto na Alta. O mais correto e produtivo seria trocar o monte de estultices que fazem nossa Constituição de 1988, por uma outra, nova, pequena e enxuta. Uma Constituição deve ser um conjunto de princípios básicos, orgânicos, nunca um passo-a-passo a se seguir. Para tal se usam leis ordinárias que podem ser melhoradas ou substituídas por maioria simples. Quanto menos gente envolvida nisso, menor o tempo gasto, menor a corrupção, menos serão os impostos e o peso dos GOVERNOS em nossas costas.
E não, não se trata nem nunca se tratou de escolher entre "apoiar Dilma ou ao impeachment" — análise medíocre —, mas saber o que se seguiria a Temer. Na minha opinião, mais Temer. O Brasil é realmente mais embaixo, bem mais…
 
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